domingo, 31 de maio de 2015

Maria, a mulher eucarística


O mês de maio é um dos meses mais bonitos do ano. Ele está longe do barulho do carnaval, está distante da agitação do fim do ano, tem a leveza e a ternura das noivas; está envolto nos mistério da palavra mãe pronunciada com delicadeza e doçura pelos filhos; rememora Maria, a mãe de Jesus; e tem um toque eucarístico que nos leva a adorarmos o divino redentor.

Maria é a mãe de Jesus. Geneticamente a carne de Jesus é toda proveniente de Maria uma vez que na concepção do Filho de Deus não houve a participação de José. Por isso na Eucaristia encontramos Maria.

Jesus instituiu a Eucarística que é seu corpo e sangue dados para a vida do mundo. Esse corpo e sangue santos foram gerados em Maria por ação de Deus. Não há como entrar em comunhão com Jesus sem viver a ternura de Maria que o gerou, o acompanhou nos seus dias terrenos e esteve presente no início da Igreja sendo presença de Mãe que muito acreditou na obra de seu Filho.

Transubstanciação: o que é?


A palavra “transubstanciação”exprime a conversão da substância ou da realidade íntima do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo. A verdade assim formulada está nos escritos do Novo Testamento (cf. Mt 26,26-28 e paralelos), foi aprofundada na teologia posterior, que recorreu a um termo próprio para significar o mistério da fé. – O artigo subsequente explana a história e o sentido do vocábulo “transubstanciação”.

Frente a cristãos que rejeitam o vocábulo “transubstanciação”, o presente artigo expõe o significado desta palavra após esboçar o seu histórico.

A presença real do Senhor na Eucaristia é professada como consequência da transubstanciação do pão e do vinho, ou seja, consequência da conversão da substância do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo.

O termo transubstanciação, na linguagem teológica, só se tornou corrente a partir do século XII, embora a realidade por ele expressa já fosse professada pela S. Escritura e pelas subsequentes gerações cristãs. Esse vocábulo representa todo o esforço de inteligência cirstã que, procurando no decorrer dos tempos uma ilustração racional do depósito revelado ou do mistério da fé, finalmente a encontrou, e encontrou muito profunda e harmoniosa.

Um pouco de história

No século Xl um concílio regional de Roma (1079), recolhendo os dados da tradição teológica anterior, redigiu a seguinte profissão de fé:

“Intimamente creio e abertamente confesso que o pão e o vinho colocados sobre o altar, meidante o mistério da oração sagrada e as palavras do nosso Redentor, se convertem substancialmente (substantiater convert) na verdadeira, própria e vivifica carne e no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo; e... que depois da consagraçào, há o verdadeiro corpo de Cristo, o qual nasceu da Virgem, foi oferecido para a salvação do mundo, pendurado a cruz e ora está assentado à direita do Pai;  há tambem o verdeiro sangue de Cristo, que jorrou do seu lado... na propriedade da sua natureza e na realidade da sua substância”(DS 700).

No século Xlll o Concílio de Constança (1415 – 1417) e Florença (1438 – 1444) repetiram, em suas definições, o temo que assim se tornara clássico na teologia.

S. Agostinho (+ 430) observa:

“O que vedes, caríssimos, na mesa do Senhor, é pão e vinho; mas esse pão e esse vinho, acrescentando-se-lhes a palavra, tornam-se corpo e sangue de Cristo... Tira a palavra, e tens pão e vinho; acrescenta a palavra, e já tens outra coisa. E essa outra coisa que é? Corpo e Sangue de Cristo. Tira a palavra, e tens pão e vinho; acrsecenta a palavra, e tens um sacramento. A isso tudo vós dizeis: ‘Amem’. Dizer ‘Amem’ é subscrever. ‘Amem’ em latim significa: ‘É verdade’. (Sermão 6,3)

O Concílio de Trento em 1551 professou:

“Uma vez que Cristo nosso Redentor disse que aquilo que oferecia sob a espécie de pão era verdadeiramente o seu corpo (Mt 26,26; Mc 14,22; Lc 22,19; 1Cor 11,24), sempre houve, na Igreja de Deus, esta mesma persuasão que agora este Santo Concílio passa a declarar: pela consagração do pão e do vinho efetua-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue. Esta conversão foi com muito acerto e propriedade chamada pela Igreja Católica transubstanciação” (DS 1642; cf DS 1652)

Pergunta-se agora: como entender o vocábulo-chave? 

sábado, 30 de maio de 2015

A mensagem de Fátima, os três "segredos" e a posição oficial da Igreja Católica


CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

A MENSAGEM   
DE FÁTIMA


APRESENTAÇÃO
  
Na passagem do segundo para o terceiro milénio, o Papa João Paulo II decidiu tornar público o texto da terceira parte do « segredo de Fátima ». 

Depois dos acontecimentos dramáticos e cruéis do século XX, um dos mais tormentosos da história do homem, com o ponto culminante no cruento atentado ao « doce Cristo na terra », abre-se assim o véu sobre uma realidade que faz história e a interpreta na sua profundidade segundo uma dimensão espiritual, a que é refractária a mentalidade actual, frequentemente eivada de racionalismo. 

A história está constelada de aparições e sinais sobrenaturais, que influenciam o desenrolar dos acontecimentos humanos e acompanham o caminho do mundo, surpreendendo crentes e descrentes. Estas manifestações, que não podem contradizer o conteúdo da fé, devem convergir para o objecto central do anúncio de Cristo: o amor do Pai que suscita nos homens a conversão e dá a graça para se abandonarem a Ele com devoção filial. Tal é a mensagem de Fátima, com o seu veemente apelo à conversão e à penitência, que leva realmente ao coração do Evangelho. 

Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas. A primeira e a segunda parte do « segredo », que são publicadas em seguida para ficar completa a documentação, dizem respeito antes de mais à pavorosa visão do inferno, à devoção ao Imaculado Coração de Maria, à segunda guerra mundial, e depois ao prenúncio dos danos imensos que a Rússia, com a sua defecção da fé cristã e adesão ao totalitarismo comunista, haveria de causar à humanidade. 

Em 1917, ninguém poderia ter imaginado tudo isto: os três pastorinhos de Fátima vêem, ouvem, memorizam, e Lúcia, a testemunha sobrevivente, quando recebe a ordem do Bispo de Leiria e a autorização de Nossa Senhora, põe por escrito. 

Para a exposição das primeiras duas partes do « segredo », aliás já publicadas e conhecidas, foi escolhido o texto escrito pela Irmã Lúcia na terceira memória, de 31 de Agosto de 1941; na quarta memória, de 8 de Dezembro de 1941, ela acrescentará qualquer observação. 

A terceira parte do « segredo » foi escrita « por ordem de Sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Bispo de Leiria e da (...) Santíssima Mãe », no dia 3 de Janeiro de 1944. 

Existe apenas um manuscrito, que é reproduzido aqui fotostaticamente. O envelope selado foi guardado primeiramente pelo Bispo de Leiria. Para se tutelar melhor o « segredo », no dia 4 de Abril de 1957 o envelope foi entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo, foi avisada a Irmã Lúcia pelo Bispo de Leiria. 

Segundo apontamentos do Arquivo, no dia 17 de Agosto de 1959 e de acordo com Sua Eminência o Cardeal Alfredo Ottaviani, o Comissário do Santo Ofício, Padre Pierre Paul Philippe OP, levou a João XXIII o envelope com a terceira parte do « segredo de Fátima ». Sua Santidade, « depois de alguma hesitação », disse: « Aguardemos. Rezarei. Far-lhe-ei saber o que decidi ».(1)

Na realidade, a decisão do Papa João XXIII foi enviar de novo o envelope selado para o Santo Ofício e não revelar a terceira parte do « segredo ». 

Paulo VI leu o conteúdo com o Substituto da Secretaria de Estado, Sua Ex.cia Rev.ma D. Ângelo Dell'Acqua, a 27 de Março de 1965, e mandou novamente o envelope para o Arquivo do Santo Ofício, com a decisão de não publicar o texto. 
   
João Paulo II, por sua vez, pediu o envelope com a terceira parte do « segredo », após o atentado de 13 de Maio de 1981. Sua Eminência o Cardeal Franjo Seper, Prefeito da Congregação, a 18 de Julho de 1981 entregou a Sua Ex.cia Rev.ma D. Eduardo Martínez Somalo, Substituto da Secretaria de Estado, dois envelopes: um branco, com o texto original da Irmã Lúcia em língua portuguesa; outro cor-de-laranja, com a tradução do « segredo » em língua italiana. No dia 11 de Agosto seguinte, o Senhor D. Martínez Somalo devolveu os dois envelopes ao Arquivo do Santo Ofício.(2)

Como é sabido, o Papa João Paulo II pensou imediatamente na consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria e compôs ele mesmo uma oração para o designado « Acto de Entrega », que seria celebrado na Basílica de Santa Maria Maior a 7 de Junho de 1981, solenidade de Pentecostes, dia escolhido para comemorar os 1600 anos do primeiro Concílio Constantinopolitano e os 1550 anos do Concílio de Éfeso. O Papa, forçadamente ausente, enviou uma radiomensagem com a sua alocução. Transcrevemos a parte do texto, onde se refere exactamente o acto de entrega

« Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo, acolhei o nosso brado, dirigido no Espírito Santo directamente ao vosso Coração, e abraçai com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles que mais esperam por este abraço e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega também Vós esperais de maneira particular. Tomai sob a vossa protecção materna a família humana inteira, que, com enlevo afectuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança ». (3)

Mas, para responder mais plenamente aos pedidos de Nossa Senhora, o Santo Padre quis, durante o Ano Santo da Redenção, tornar mais explícito o acto de entrega de 7 de Junho de 1981, repetido em Fátima no dia 13 de Maio de 1982. E, no dia 25 de Março de 1984, quando se recorda o fiat pronunciado por Maria no momento da Anunciação, na Praça de S. Pedro, em união espiritual com todos os Bispos do mundo precedentemente « convocados », o Papa entrega ao Imaculado Coração de Maria os homens e os povos, com expressões que lembram as palavras ardorosas pronunciadas em 1981: 

« E por isso, ó Mãe dos homens e dos povos, Vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos directamente ao vosso Coração: Abraçai, com amor de Mãe e de Serva do Senhor, este nosso mundo humano, que Vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos. 

De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade. 

“À vossa protecção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus”! Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação! ». 

Depois o Papa continua com maior veemência e concretização de referências, quase comentando a Mensagem de Fátima nas suas predições infelizmente cumpridas: 

« Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: “Eu consagro-Me por eles — foram as suas palavras — para eles serem também consagrados na verdade” (Jo 17, 19). Queremos unir-nos ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu Coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e de conseguir a reparação. 

A força desta consagraçãopermanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações; e supera todo o mal, que o espírito das trevas é capaz de despertar no coração do homem e na sua história e que, de facto, despertou nos nossos tempos. 
Oh quão profundamente sentimos a necessidade de consagração pela humanidade e pelo mundo: pelo nosso mundo contemporâneo, em união com o próprio Cristo! Na realidade, a obra redentora de Cristo deve ser participada pelo mundo por meio da Igreja

Manifesta-o o presente Ano da Redenção: o Jubileu extraordinário de toda a Igreja. 

Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas Vós, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento Divino! 

Louvada sejais Vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho! 

Mãe da Igreja! Iluminai o Povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai de modo especial os povos dos quais Vós esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo. 

Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno. 
Oh Imaculado Coração! Ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro! 

Da fome e da guerra, livrai-nos

Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a espécie de guerra, livrai-nos

Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos

Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos

De todo o género de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos

Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos

Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos

Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos

Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos

Acolhei, ó Mãe de Cristo, este clamor carregado do sofrimento de todos os homens!

Carregado do sofrimento de sociedades inteiras! 

Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o “pecado do mundo”, enfim o pecado em todas as suas manifestações. 

Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da Esperança! ».(4)

A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: « Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 » (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento. 

Na documentação apresentada, para além das páginas manuscritas da Irmã Lúcia inserem-se mais quatro textos: 1) A carta do Santo Padre à Irmã Lúcia, datada de 19 de Abril de 2000; 2) Uma descrição do colóquio que houve com a Irmã Lúcia no dia 27 de Abril de 2000; 3) A comunicação lida, por encargo do Santo Padre, por Sua Eminência o Cardeal Ângelo Sodano, Secretário de Estado, em Fátima no dia 13 de Maio deste ano; 4) O comentário teológico de Sua Eminência o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. 

Uma orientação para a interpretação da terceira parte do « segredo » tinha sido já oferecida pela Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre a 12 de Maio de 1982, onde dizia: 

« A terceira parte do segredo refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” (13-VII-1917). 

A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao facto de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc”. 

Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros. E se não vemos ainda, como facto consumado, o final desta profecia, vemos que para aí caminhamos a passos largos. Se não recuarmos no caminho do pecado, do ódio, da vingança, da injustiça atropelando os direitos da pessoa humana, da imoralidade e da violência, etc. 

E não digamos que é Deus que assim nos castiga; mas, sim, que são os homens que para si mesmos se preparam o castigo. Deus apenas nos adverte e chama ao bom caminho, respeitando a liberdade que nos deu; por isso os homens são responsáveis».(5)
    
A decisão tomada pelo Santo Padre João Paulo II de tornar pública a terceira parte do « segredo » de Fátima encerra um pedaço de história, marcado por trágicas veleidades humanas de poder e de iniquidade, mas permeada pelo amor misericordioso de Deus e pela vigilância cuidadosa da Mãe de Jesus e da Igreja. 

Acção de Deus, Senhor da história, e corresponsabilidade do homem, no exercício dramático e fecundo da sua liberdade, são os dois alicerces sobre os quais se constrói a história da humanidade. 

Ao aparecer em Fátima, Nossa Senhora faz-nos apelo a estes valores esquecidos, a este futuro do homem em Deus, do qual somos parte activa e responsável. 
  

Tarcisio Bertone, SDB 
Arcebispo emérito de Vercelli 
Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé 
  

É necessário fazer um curso de catequese na Igreja para receber a Primeira Comunhão?


É permitido ao cristão católico aproximar-se da Sagrada Comunhão sem que tenha feito qualquer curso de catequese. Tal diretriz consta do Cânon 912, do Código de Direito Canônico, que é a norma da Igreja para o mundo inteiro:

"Cân. 912 Qualquer batizado, não proibido pelo direito, pode e deve ser admitido à sagrada comunhão."

O mesmo Código relaciona as pessoas impedidas de comungarem, ou seja, os excomungados, os interditos ou aqueles que estão em pecado grave. Eis:

"Cân. 915 - Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditados, depois da imposição ou declaração da pena, e outros que obstinadamene persistem no pecado grave manifesto.

Cân. 916 - Quem está consciente de pecado grave não celebre a missa nem comungue o Corpo Senhor, sem fazer antes a confissão sacramental, a não ser que exista causa grave e não haja oportunidade para se confessar; nesse caso, porém, lembre-se que é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes."

Assim, todo adulto batizado que não esteja impedido por lei, pode aproximar-se da Sagrada Comunhão. Já para as crianças, o Código de Direito Canônico reserva o cânon 913 e seguintes:

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Noivado é etapa importante de conhecimento recíproco para preparar para o matrimônio, lembrou o Papa


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 27 de maio de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Prosseguindo estas catequeses sobre família, hoje gostaria de falar sobre o noivado. O noivado – se ouve na palavra – tem que ser feito com a confiança, a confidência, a confiabilidade. A confidência com a vocação que Deus dá, porque o matrimônio é, antes de tudo, a descoberta de um chamado de Deus. Certamente é uma coisa bonita que hoje os jovens possam escolher se casar na base de um amor recíproco. Mas justamente a liberdade da relação requer uma consciente harmonia da decisão, não somente uma simples compreensão da atração ou do sentimento, de um momento, de um tempo breve…requer um caminho.

O noivado, em outros termos, é o tempo no qual as duas pessoas são chamadas a fazer um bom trabalho sobre o amor, um trabalho participativo e partilhado, que vai em profundidade. Veem uns aos outros: isso é, o homem “aprende” a mulher aprendendo esta mulher, a sua noiva; e a mulher “aprende” o homem aprendendo este homem, o seu noivo. Não desvalorizemos a importância deste aprendizado: é um empenho belo, e o próprio amor pede isso, porque não é somente uma felicidade despreocupada, uma emoção encantada… O relato bíblico fala de toda a criação como de um belo trabalho do amor de Deus; o livro do Gênesis diz que “Deus contemplou toda a sua obra, e viu que era tudo muito bom” (Gen 1, 31). Somente no fim Deus descansou. Desta imagem entendemos que o amor de Deus, que deu origem ao mundo, não foi uma decisão de improviso. Não! Foi um trabalho belo. O amor de Deus criou as condições concretas de uma aliança irrevogável, sólida, destinada a durar. 

“Charlie Charlie” – O Sim e o Não de uma prática bem real e oculta de “invocar os espíritos.”


Nestes últimos dias as redes sociais exponenciaram a “brincadeira” denominada “Charlie, Charlie” que consiste em um jogo no qual dois lápis são colocados em uma cruz sobre um papel, e escreve-se "sim" e "não" em cada aresta do cruzamento e “convida-se” através de uma invocação, o “Charlie”, um suposto espírito mexicano a responder se está ali ou não. Não são poucos os relatos de experiências com esta “brincadeira”, desde situações sérias até situações humorísticas que está ganhando proporção dia após dia. Somente a hashtag #CharlieCharlieChallenge foi usada por 2 milhões de pessoas nos últimos dois dias.

Segundo a BBC News, que investigou o caso da brincadeira e sua invocação demoníaca e a ligação com a cultura mexicana, não há registros desta prática no folclore mexicano. Segundo Maria Elena Navez da BBC, “Não há nenhum demônio chamado ‘Charlie’ no México”. Segunda ela,  “Lendas mexicanas muitas vezes vêm de histórias antigas dos Aztecas e Maias, ou a partir das muitas crenças que começaram a circular durante a conquista espanhola. Na mitologia mexicana pode encontrar deuses com nomes como ‘Tlaltecuhtli’ ou ‘Tezcatlipoca” na língua Nahuatl.”

Outra explicação possível seria um vídeo publicado em 6 de junho de 2014 no Canal YouTube que mostra a invocação de espíritos através do uso de lápis de uma forma diferente da “brincadeira” atual – O vídeo pode ser visto neste link: Jugando Charlie Charlie

Relata-se também que a “brincadeira” seria uma versão simplificada do Ouija ou Tábua Ouija, criada para ser usada como método da necromancia ou comunicação com espíritos, que é realizada usando superfície plana com letras, números ou outros símbolos em que se coloca um indicador móvel e é proveniente dos Estados Unidos no ano 1848. No Brasil realiza-se esta mesma prática, sendo conhecida como “brincadeira ou jogo do copo”.  

Viver com Jesus e Maria: teste de conhecimento sobre os mistérios mais antigos do rosário.


Vamos fazer um teste sobre os mistérios mais antigos do rosário: gozosos, dolorosos e gloriosos. Vejamos se você é conhecedor das Escrituras. Os mistérios do rosário ajudam-nos a conhecer e meditar sobre a vida de Jesus e de Maria. Vamos iniciar este teste com os mistérios gozosos. Comece pelo nº 1 e siga as demais indicações.


1. A anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria: onde estava Maria quando o Anjo Gabriel lhe disse que ela fora escolhida para ser a mãe do Salvador?

a)   No Templo (vá ao nº 7).
b)   Em Nazaré (vá ao nº 20).

2. Está certo. E, provavelmente é correto afirmar que Zacarias, Maria e os pastores acharam que isto era mais fácil de ser dito do que ser feito. Agora vá ao nº 10.

3.    Correto. A palavra em hebraico diz que este era um horto de oliveiras- lugar onde as olivas eram espremidas para a produção de azeite (muitos anos se tinham passado e acontecimentos tinham ocorrido desde que o menino Jesus fora encontrado no Templo até sua agonia naquele lugar- a distância física entre os dois lugares é muito pequena, cerca de 150 metros). Agora vá ao nº 27.

4. Jesus carregando a cruz: segundo a Bíblia, sábios e historiadores, quanto pesava a cruz de Jesus?

a)   Mais de 130 quilos (vá ao nº 9).
b)   Entre 34 e 57 quilos (vá ao nº 39).

5. Este é um assunto que não podemos esquecer. Lucas termina o seu Evangelho e começa os Atos dos Apóstolos com a Ascensão. Agora vá ao nº 29.

6. Sim. Pela lei, um judeu condenado deveria receber 39 chicotadas. A perda de sangue causada pelas chibatadas apressava a morte do prisioneiro quando era crucificado. Agora siga para o nº 18.

7.  Não. O Templo era em Jerusalém, na Judéia (no Sul), e o Anjo foi à Galiléia (no Norte). Volte ao nº 1.

8. Este é um assunto que não podemos esquecer. Lucas termina o seu Evangelho e começa os Atos dos Apóstolos com a Ascensão. Agora vá ao nº 29.

9. Sim, mas não significa que Jesus tenha carregado todo aquele peso. Alguns sábios mencionam o contido em Romanos para afirmarem que os criminosos condenados carregavam somente a viga horizontal da cruz. Ela devia pesar entre 34 e 57 quilos. Eles dizem que a haste vertical da cruz ficava fincada no chão do local da crucificação. Agora vá ao nº 30.

10.    A apresentação do menino Jesus no Templo: por que Maria e José apresentaram Jesus no Templo quando ele tinha 8 dias de idade?

a)   Esta era a lei e o costume para algumas crianças hebréias (vá ao nº 23).
b)   Eles estavam fazendo o que o Anjo Gabriel havia dito a Maria (siga para o nº 40).

11.    Os mistérios dolorosos começam com a agonia no jardim chamado Getsêmani. O que significa a palavra Getsêmani?

a)   “Lugar do azeite”. (vá ao nº 3).
b)   “Porta dos horrores”. (vá ao nº 41).

12.    Não, esta altura era muito menor. (Vá ao nº 30).

13.    Eles devem ter pensado aquilo, mas não é isto que Lucas diz a respeito deles. (Vá ao nº 29).

14.    O nascimento de Jesus em Belém: este acontecimento também tem participação de anjos. No nascimento de Jesus Cristo eles disseram aos pastores o mesmo que o Anjo Gabriel tinha dito a Maria e a Zacarias. O que foi dito a Nossa Senhora?

a)   Não tenhas medo (vá ao nº 2).
b)   Reze para obter o perdão de Deus. (Siga para o nº 28).

15.    Sinto muito. Vá ao nº 26.

16.    A ascensão de Jesus aos Céus: em que livro Lucas nos fala a respeito de Jesus subindo aos Céus?

a)   Em seu Evangelho. (vá ao nº 5).
b)   Nos Atos dos Apóstolos. (vá ao nº 8).

17.    Com certeza ele sabia. O Anjo Gabriel havia aparecido a Zacarias falando a respeito do nascimento de seu filho, João Batista. Agora vá ao nº 14.

18.    Jesus é coroado de espinhos: por que o soldado romano pôs em Jesus a coroa tecida com ramos de um arbusto espinhento?

a)   Porque era um castigo comum aplicado antes de o condenado ser crucificado (vá para o nº 22).
b)   Foi uma humilhação adicional para aquele que era o Cristo Salvador (vá ao nº 34).

19. Infelizmente, não. Um menino de 12 anos não tinha viajado por sua própria vontade. O evangelho de Lucas diz que Jesus estava com seus pais (2,41-52). Volte ao nº 38.

20. Está correto. Maria estava em um pequeno lugarejo a nordeste onde ela e José iriam criar Jesus. Agora vá ao nº 26.

21. Não. Lucas fala muito sobre Nossa Senhora, mas não fala de sua assunção ou coroação. Vá ao nº 24.

22.    Não. Retorne ao nº 18.

Se Cristo deu o seu corpo a Judas.


O segundo discute-se assim. — Parece que Cristo não deu o seu corpo a Judas.

1. — Pois, como lemos no Evangelho, depois de ter o Senhor dado o seu corpo e o seu sangue aos discípulos, disse-lhes: Não beberei mais deste fruto da vida até àquele dia em que o be­berei de novo convosco no reino de meu Pai. Donde se conclui que aqueles a quem deu o seu corpo e o seu sangue de novo haviam de beber com ele. Ora, Cristo não o bebeu de novo com ele. Logo, não recebeu com os outros discípulos o corpo e o sangue de Cristo.

2. Demais. — O Senhor cumpriu o que mandou, segundo aquilo da Escritura: Começou Je­sus a fazer e a ensinar. Mas ele próprio orde­nou: Não deis aos cães o que é santo. Logo, sabendo que Judas era pecador, parece que não lhe deu o seu corpo nem o seu sangue.

3. Demais. — O Evangelho narra em particular, que Cristo deu a Judas o pão molhado. Se, portanto, deu-lhe o seu corpo, parece que lh'o deu como um bocado. Tanto mais quanto lemos no mesmo lugar que atrás do bocado en­trou nele Satanás. Ao que diz Agostinho: Daqui aprendamos o quanto devemos nos acautelar de receber mal o bem. Se, pois é condenado quem não distingue, isto é, não discerne dos outros ali­mentos o corpo de Cristo, como não o será quem, fingindo-se-lhe amigo, achega-se-lhe à mesa como inimigo? Ora, com o bocado molhado não recebeu o corpo de Cristo, conforme adverte Agostinho, comentando aquilo do Evangelho: ­Tendo molhado o pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes: Mas então Judas não recebeu o corpo de Cristo, como o pensam certos, que lêem desatentamente. Logo, parece que Judas não recebeu o corpo de Cristo.

Mas, em contrário, diz Crisóstomo: Judas, sendo participante dos mistérios, não se conver­teu. Por isso mais monstruoso se lhe tornou o crime, tanto por se ter achegado ao sacramento, cheio já do seu mau propósito, como por não se ter tornado melhor, achegando-se a ele, nem pelo medo, nem pelo beneficia nem pela honra. 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Se Cristo tomou o seu próprio corpo e sangue.


O primeiro discute-se assim — Parece que Cristo não tomou o seu próprio corpo e sangue.

1. — Pois, não devemos afirmar dos atos e ditos de Cristo senão o que não nos transmitiu a autoridade da Sagrada Escritura. Ora, os Evangelhos não referem ter Cristo comido, o seu corpo nem bebido o seu sangue. Logo, também nós não podemos afirmá-la.

2. Demais. — Nenhum ser pode estar em si mesmo, salvo talvez em razão das partes, isto é, enquanto uma parte está em outra, como o en­sina Aristóteles. Ora, o que é comido e bebido está em quem come e bebe. Logo, estando Cris­to totalmente sob ambas as espécies do sacra­mento, parece impossível que ele próprio rece­besse este sacramento.

3. Demais. — De dois modos podemos re­ceber este sacramento — o espiritual e sacra­mental. Ora, recebê-lo espiritualmente não ca­bia a Cristo, pois, nenhuma graça tinha a rece­ber deste sacramento. E por conseqüência nem o modo sacramental, que sem o espiritual é imperfeito, como se estabeleceu. Logo, Cristo de nenhum modo recebeu este sacramento.

Mas, em contrário, diz Jerônimo: Nosso Senhor Jesus Cristo foi ao mesmo tempo conviva e o banquete, ele próprio a si mesmo se comeu. 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A confusão mental dos seguidores de Olavo de Carvalho


Há alguns meses publiquei neste blog dois textos sobre um jornalista que se auto-intitula filósofo chamado Olavo de Carvalho. Para minha surpresa, nos últimos dias tenho recebido um enxurrada de comentários raivosos, de pessoas que vêm aqui xingando e descarregando todo tipo de insanidades contra essas duas postagens. Só aprovei aqueles comentários de pessoas que falam com o mínimo de civilidade. Pois bem: todas essas pessoas são seguidoras e admiradoras do tal Olavo de Carvalho.

A questão é que acompanhei durante alguns meses as postagens de textos e vídeos do site do qual Olavo é dono: o Mídia sem Máscara. Como já falei em outras postagens, o site é exclusivamente voltado a falar mal (nem posso dizer que são análises porque não há análises sérias ali, apenas esculachos) da esquerda, do marxismo, do PT, do MST, de Lula, da Dilma, de tudo o que não seja de extrema direita e que não esteja vinculada a uma visão de mundo conservadora, fascista e cristã.

Mas os colunistas são uma verdadeira piada: há um tal de Julio Severo, um protestante homofóbico; Graça Salgueiro, uma senhora que vive desejando golpes militares de direita na América Latina (uma característica desses colunistas: golpes militares podem, desde que sejam de direita e mesmo que sejam contra governos de esquerda eleitos democraticamente); Nivaldo Cordeiro, que praticamente repete as mesmas asneiras ditas e escritas por Olavo de Carvalho, entre vários outros.

Entre um desses admiradores de Olavo está um tal de Leonardo Bruno, que edita um blog chamado Conde Loppeux de La Villanueva e também escreve para o Mídia sem Máscara, mas em quem eu nunca tinha prestado atenção até ele vir aqui me anunciar uma postagem que ele fez respondendo à minha “Olavo de Carvalho e a pieguice intelectual brasileira”. Leonardo é um blogueiro de orientação fascista que xinga a todos os que não estão alinhados a suas ideias. Em um desses comentários, me falou que não interessa que eu tenha publicado artigos e livros porque a universidade brasileira é tão insignificante quanto eu. Agora vejam só: um homem que considera a universidade insignificante apenas porque ela não é a imagem e semelhança do que ele acha que tem que ser. O sujeito é tão ignorante que não entende nada de linguística e antropologia (segundo ele próprio) e fala que essas duas áreas do conhecimento servem apenas para empregar pessoas. Mas pessoas de orientação fascista não suportam a universidade enquanto centro de livre discussão de ideias; ela só é útil pra eles se estiver livre de qualquer oposição e rigidamente controlada por um Estado de extrema direita. Ora, a academia ainda é um dos poucos espaços na sociedade onde convivem ideias pluralistas, há intelectuais de direita, de esquerda, outros que estabelecem diálogos com ambos sem necessariamente aderir a um lado ou a outro. 

Trinitarismo na mídia


Assustou-me ouvir um pregador católico terminar, para milhares de pessoas, a sua pregação com estas palavras: Em nome do Deus Pai, em nome do Deus Filho e em nome do Deus Espírito Santo. Estranho, porque, falando ele a milhões de católicos que acreditam na palavra do seu pregador, ensinou doutrina contrária ao catecismo católico. Certamente não o fez com má intenção, mas errou e alguém deveria fraternalmente corrigi-lo. Imagino que ele terá suas explicações a dar.

O trinitarismo foi uma heresia que, ao afirmar excessivamente a individualidade das três pessoas da Santíssima Trindade, acabou por afirmar a existência de três deuses iguais e não de um só Deus. Ao invés de serem cristãos monoteístas trinitários, os adeptos desta doutrina desembocaram no triteismo. Anunciavam não um, mas três deuses iguais. O Dogma dos cristãos católicos, ortodoxos e evangélicos afirma que no Deus único, vivo e verdadeiro há três pessoas co-eternas e co-iguais, mas Deus é um só, o mesmo em substância, distinto em existências. 

terça-feira, 26 de maio de 2015

Nota da Diocese de Pesqueira e Decreto de suspensão do uso de ordens do pe. Severino de Melo


Homilética: Santíssima Trindade - Ano B: "União com Cristo e o Pai no Espírito".



Depois de ter celebrado os mistérios da Salvação, desde o nascimento de Cristo (Natal) até a vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos o mistério central de nossa fé, a fonte de tudo e à qual tudo deve voltar: a Trindade. 

A fé da Igreja nos ensina que há um só Deus em três pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. Nós queremos dizer hoje com a liturgia da Igreja: “Sede bendita, ó Trindade indivisível, agora e sempre e eternamente pelos séculos, vós que criais e governais todas as coisas” (Ant.do Cântico evangélico de Laudes). E pedimos: “Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente” (oração coleta da Missa).

Toda a vida da Igreja está impregnada pelo Mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.

A revelação da Trindade é, portanto, uma cascata de amor: é o gesto supremo da condescendência divina para com o homem. Os gregos diziam: “ Nenhum Deus pode se misturar com o homem” ( Platão). Nosso Deus, em vez disso, se misturou com o homem; tramou sua vida com a do homem preparando-o para a comunhão eterna com ele.

Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Cf. Jo16, 12-15).

O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.

Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Três Pessoas que são um só Deus, porque o Pai é amor, o Filho é amor e o Espírito Santo é amor. Deus é tudo e somente amor, amor puríssimo, infinito e eterno. Não vive numa solidão maravilhosa, mas é sobretudo fonte inesgotável de vida que se doa e se comunica incessantemente.

Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida. É um caminho que é preciso percorrer continuamente.

A Santíssima Trindade habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Cf. Rm 5, 5). E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. Dizia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade eterna, sois mar profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”.

Imensa é a alegria por termos a presença da Santíssima Trindade na nossa alma! Esta alegria é destinada a todo cristão, chamado à santidade no meio dos seus afazeres profissionais e que deseja amar a Deus com todo o seu ser; se bem que, como diz Santa Teresa, “há muitas almas que permanecem rodando o castelo (da alma), no lugar onde montam guarda as sentinelas , e nada se lhes dá de penetrar nele. Não sabem o que existe em tão preciosa mansão, nem quem mora dentro dela”. Nessa “preciosa mansão”, na alma que resplandece pela graça, está Deus conosco: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Desde pequenos, aprendemos de nossos pais a fazer o sinal da cruz e chamar a Deus: de Pai, Filho e Espírito Santo.

Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando o mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã: Santíssima Trindade que hoje celebramos.

Só Cristo nos revelou claramente essa verdade: Fala constantemente do Pai: Quando Felipe diz: “Mostra-nos o Pai…”, Jesus responde: “Felipe… quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,8).

Jesus promete o Espírito Santo: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena Verdade”.

Quando se despede, no dia da Ascensão, afirma: “Ide… e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

A contemplação e o louvor à Santíssima Trindade são a substância da nossa vida sobrenatural, e esse é também o nosso fim: porque no Céu, junto de Nossa Senhora , a nossa felicidade e o nosso júbilo serão um louvor eterno ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. Estes vieram em nós no Batismo. Estabeleceram em nós sua habitação e nos são mais íntimos do que nós mesmos, diz Santo Agostinho. Em seu nome e no diálogo com eles desenvolve-se toda a nossa vida de fé, desde o berço até o túmulo. No limiar da existência fomos batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. No ocaso dela, partiremos deste mundo ainda “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Em nosso coração fomos criando falsas imagens de Deus que não correspondem ao Deus que nos foi manifestado por Seu Filho Jesus Cristo. As leituras deste domingo ajudam-nos a purificar o nosso coração dessas falsas imagens.

Fazendo o sinal da Cruz, nós declaramos a cada vez, nossa vontade de pertencer à Trindade.

É verdade que a Igreja Católica não apoia a Monarquia?

 

Outro dia, conversando com um sacerdote da Igreja onde frequento, falamos sobre a Monarquia e este mostrou-se contrário a esta forma de governo, sob a alegação de que, nos tempos do Império, a Igreja teria sido "sufocada" pelos Imperadores. Corri atrás de uma resposta para este descontentamento, visto que, durante o Império, a Igreja Católica era declarada a Religião Oficial do Brasil, basta ver o "detalhe" no topo da Coroa Brasileira - a Cruz de Cristo.

Convido, antes, o leitor a ler este artigo, dando especial atenção ao subtítulo: "As Tensões entre o Estado e a Igreja".

Em uma conversa agradável com um amigo, exímio conhecedor de História, o advogado Dr. Carlos Vasconcelos, pude sanar algumas destas questões.

Dr. Vasconcelos disse que o que houve, de fato, foi a tal "Questão Religiosa" em que D. Pedro II se envolveu e que, talvez, o tenha estigmatizado um pouco - por isso, acusado de favorecer os maçons em detrimento da Igreja.

A Questão Religiosa foi a seguinte:

As coroas dos imperadores
Pedro I e Pedro II.
Vigorava no Brasil o chamado "Padroado e Beneplácito". Pelo Padroado, a Igreja Católica, no Brasil, era subordinada ao Imperador.

Pelo Beneplácito e Padroado, toda ordem do Papa, para ser obedecido no Brasil, precisaria, antes, ser aprovada por D. Pedro II, ou seja, o Imperador controlava politicamente a Igreja Católica no Brasil.

Já no final do Império, por volta de 1870, veio a Questão Religiosa que foi o seguinte: os Bispos de Olinda e Belém simplesmente resolveram obedecer ao Papa antes do Beneplácito (da aprovação) de D. Pedro II. Na ocasião, o Papa mandou punir religiosos ligados à maçonaria. E os Bispos puniram mesmo. Isso, à revelia de D. Pedro II.

D. Pedro II, então, pediu aos Bispos que sobrestassem (suspendessem) as punições. Eles recusaram-se a fazê-lo. Como desobedeceram o Imperador, acabaram presos e condenados a 4 anos de cadeia.

O problema não foi a punição dos maçons - D. Pedro II não quis proteger os maçons! O problema foi que os Bispos resolveram obedecer às ordens do Papa (ordens de fora) antes de D. Pedro II dar seu Beneplácito, de terem agido à sua revelia.

Se os Bispos houvessem esperado pelo Beneplácito, dificilmente D. Pedro II iria contra a orientação da Santa Sé e a maçonaria poderia ser punida, no Brasil, pela Igreja e com o apoio do Imperador.