segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Papa na Suécia: diálogo confirma desejo de plena comunhão.


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À SUÉCIA

EVENTO ECUMÊNICO NA ARENA EM MALMÖ
por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma

DISCURSO DO SANTO PADRE
Malmo, 31 de outubro de 2016

Queridos irmãos e irmãs,

Dou graças a Deus por esta comemoração conjunta dos quinhentos anos da Reforma, que estamos a viver com espírito renovado e conscientes de que a unidade entre os cristãos é uma prioridade, porque reconhecemos que, entre nós, é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa. O caminho empreendido para a alcançar já é um grande dom que Deus nos concede e, graças à sua ajuda, estamos reunidos aqui hoje, luteranos e católicos, em espírito de comunhão, para dirigir o nosso olhar ao único Senhor, Jesus Cristo.

O diálogo entre nós permitiu aprofundar a compreensão mútua, gerar confiança recíproca e confirmar o desejo de caminhar para a plena comunhão. Um dos frutos produzidos por este diálogo é a colaboração entre distintas organizações da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica. Hoje, graças a este novo clima de compreensão, Caritas Internationalis e Lutheran World Federation Service assinarão uma declaração comum de acordos que visam desenvolver e consolidar uma cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social. Saúdo cordialmente os membros de ambas as organizações que, num mundo dividido por guerras e conflitos, foram e são um exemplo luminoso de dedicação e serviço ao próximo. Exorto-vos a prosseguir pelo caminho da cooperação.

Ouvi atentamente os testemunhos de como, no meio de tantos desafios, dia após dia dedicam a vida a construir um mundo que corresponda cada vez mais aos desígnios de Deus. Pranita referiu-se à criação. É verdade que toda a criação é uma manifestação do amor imenso de Deus para conosco; por isso podemos também contemplar a Deus por meio dos dons da natureza. Compartilho a tua consternação pelos abusos que danificam o nosso planeta, a nossa casa comum, com graves consequências também sobre o clima. Como justamente recordaste, os maiores impactos recaem frequentemente sobre as pessoas mais vulneráveis e com menos recursos, que se veem forçadas a emigrar para se salvar dos efeitos das mudanças climáticas. Todos somos responsáveis pela salvaguarda da criação, e de modo particular nós cristãos. O nosso estilo de vida, os nossos comportamentos devem ser coerentes com a nossa fé. Somos chamados a cultivar uma harmonia com nós mesmos e com os outros, mas também com Deus e com a obra das suas mãos. Pranita, encorajo-te a continuares no teu compromisso a favor da nossa casa comum. 

Declaração conjunta na Suécia entre a Igreja Católica e a Igreja Luterana


DECLARAÇÃO CONJUNTA
por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma
Lund, 31 de outubro de 2016


«Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em Mim» (Jo 15, 4).

Com coração agradecido

Com esta Declaração Conjunta, expressamos jubilosa gratidão a Deus por este momento de oração comum na Catedral de Lund, com que iniciamos o ano comemorativo do quinto centenário da Reforma. Cinquenta anos de constante e frutuoso diálogo ecuménico entre católicos e luteranos ajudaram-nos a superar muitas diferenças e aprofundaram a compreensão e confiança entre nós. Ao mesmo tempo, aproximamo-nos uns dos outros através do serviço comum ao próximo – muitas vezes em situações de sofrimento e de perseguição. Graças ao diálogo e testemunho compartilhado, já não somos desconhecidos; antes, aprendemos que aquilo que nos une é maior do que aquilo que nos separa.

Do conflito à comunhão

Ao mesmo tempo que estamos profundamente gratos pelos dons espirituais e teológicos recebidos através da Reforma, também confessamos e lamentamos diante de Cristo que luteranos e católicos tenham ferido a unidade visível da Igreja. Diferenças teológicas foram acompanhadas por preconceitos e conflitos, e instrumentalizou-se a religião para fins políticos. A nossa fé comum em Jesus Cristo e o nosso Batismo exigem de nós uma conversão diária, graças à qual repelimos as divergências e conflitos históricos que dificultam o ministério da reconciliação. Enquanto o passado não se pode modificar, aquilo que se recorda e o modo como se recorda podem ser transformados. Rezamos pela cura das nossas feridas e das lembranças que turvam a nossa visão uns dos outros. Rejeitamos categoricamente todo o ódio e violência, passados e presentes, especialmente os implementados em nome da religião. Hoje, escutamos o mandamento de Deus para se pôr de parte todo o conflito. Reconhecemos que fomos libertos pela graça para nos dirigirmos para a comunhão a que Deus nos chama sem cessar.

O nosso compromisso em prol dum testemunho comum

Enquanto superamos os episódios da nossa história que gravam sobre nós, comprometemo-nos a testemunhar juntos a graça misericordiosa de Deus, que se tornou visível em Cristo crucificado e ressuscitado. Cientes de que o modo como nos relacionamos entre nós incide sobre o nosso testemunho do Evangelho, comprometemo-nos a crescer ainda mais na comunhão radicada no Batismo, procurando remover os obstáculos ainda existentes que nos impedem de alcançar a unidade plena. Cristo quer que sejamos um só, para que o mundo possa acreditar (cf. Jo 17, 21).

Muitos membros das nossas comunidades anseiam por receber a Eucaristia a uma única Mesa como expressão concreta da unidade plena. Temos experiência da dor de quantos partilham toda a sua vida, mas não podem partilhar a presença redentora de Deus na Mesa Eucarística. Reconhecemos a nossa responsabilidade pastoral comum de dar resposta à sede e fome espirituais que o nosso povo tem de ser um só em Cristo. Desejamos ardentemente que esta ferida no Corpo de Cristo seja curada. Este é o objetivo dos nossos esforços ecumênicos, que desejamos levar por diante inclusive renovando o nosso empenho no diálogo teológico. 

Holywins ou Halloween? Festa de Todos os Santos!


Nos últimos anos, várias dioceses, paróquias e comunidades católicas de várias partes do mundo têm recuperado o 31 de Outubro como a Véspera de Todos os Santos. Assim nasceu a celebração do “Holywins” (A santidade vence) para comemorar com as crianças o dom da vocação universal à santidade.

  

Nesta matéria estão algumas fotos para ilustrar a grande festa infantil que muitas paróquias e dioceses vão realizar nesta sexta-feira 31 a partir de 18 horas.

Humorista Paulo Gustavo condena Parada Gay


O humorista Paulo Gustavo, conhecido pela atuação em programas  de TV fechado e shows por todo país declarou em entrevista ao jornal O Dia que é contra a Parada Gay. “Eu sou contra a Parada Gay, acho que não tem que ter isso. Não existe Parada Hétero. Acho que, com isso, a gente fica só valorizando os idiotas. Os que são preconceituosos devem ser ignorados simplesmente”.

“Eu não teria problema em falar se sou gay ou se sou hétero. Mas acho que ficar levantando bandeira para esse assunto é que gera o preconceito", disparou o humorista que interpreta personagens do universo gay em seus shows.

Papa: olhar ao nosso passado, reconhecer o erro e pedir perdão


Viagem do Papa Francisco à Suécia 
por ocasião dos 500 anos da Reforma Protestante

Oração ecumênica na Catedral Luterana de Lund
Segunda-feira, 31 de outubro de 2016


«Permanecei em Mim, que Eu permaneço em vós» (Jo 15, 4). Estas palavras, pronunciadas por Jesus no contexto da Última Ceia, permitem-nos sondar o coração de Cristo pouco antes da sua doação definitiva na cruz. Podemos sentir as suas palpitações de amor por nós e o seu desejo de unidade para todos os que creem n’Ele. Diz-nos que Ele é a videira verdadeira, e nós os ramos; e, como Ele está unido ao Pai, assim devemos nós estar unidos a Ele, se quisermos dar fruto.

Neste encontro de oração, aqui em Lund, queremos manifestar o nosso desejo comum de permanecer unidos a Ele para termos vida. Pedimos-Lhe: «Senhor, com a vossa graça ajudai-nos a estar mais unidos a Vós para darmos, juntos, um testemunho mais eficaz de fé, esperança e caridade». É também um momento propício para dar graças a Deus pelo esforço de muitos irmãos nossos, de diferentes comunidades eclesiais, que não se resignaram com a divisão, mas mantiveram viva a esperança da reconciliação entre todos os que creem no único Senhor.

Nós, católicos e luteranos, começamos a caminhar juntos pela senda da reconciliação. Agora, no contexto da comemoração comum da Reforma de 1517, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos cinquenta anos no diálogo ecumênico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica. Não podemos resignar-nos com a divisão e o distanciamento que a separação gerou entre nós. Temos a possibilidade de reparar um momento crucial da nossa história, superando controvérsias e mal-entendidos que impediram frequentemente de nos compreendermos uns aos outros.

Jesus diz-nos que o dono da vinha é o Pai (cf. 15, 1), que cuida dela e a poda para dar mais fruto (cf. 15, 2). O Pai preocupa-Se, sem cessar, com a nossa relação com Jesus, vendo se estamos verdadeiramente unidos a Ele (cf. 15, 4). Fixa-nos, e o seu olhar de amor anima-nos a purificar o nosso passado e a trabalhar no presente para realizar aquele futuro de unidade por que tanto anseia.

Também nós devemos olhar, com amor e honestidade, para o nosso passado e reconhecer o erro e pedir perdão, só Deus é o juiz. E, com a mesma honestidade e amor, temos de reconhecer que a nossa divisão se afastava da intuição originária do povo de Deus, cujo anélito é naturalmente estar unido, e, historicamente, foi perpetuada mais por homens de poder deste mundo do que por vontade do povo fiel, que sempre e em toda parte precisa de ser guiado, com segurança e ternura, pelo seu Bom Pastor. Entretanto havia, de ambos os lados, uma vontade sincera de professar e defender a verdadeira fé, mas estamos conscientes também de que nos fechamos em nós mesmos com medo ou preconceitos relativamente à fé que os outros professam com uma acentuação e uma linguagem diferentes. Dizia o Papa João Paulo II: «Não devemos deixar-nos guiar pelo intento de nos tornarmos árbitros da história, mas unicamente pela intenção de compreendermos melhor os acontecimentos e de sermos portadores da verdade» (Mensagem ao Cardeal Johannes Willebrands, Presidente do Secretariado para a União dos Cristãos, 31 de outubro de 1983). Deus é o dono da vinha, que a cuida e protege com imenso amor; deixemo-nos comover pelo olhar de Deus; tudo o que Ele deseja é que permaneçamos como ramos vivos unidos ao seu Filho Jesus. Com este novo olhar ao passado, não pretendemos fazer uma correção inviável do que aconteceu, mas «contar essa história de maneira diferente» (Comissão Luterana-Católica Romana para a Unidade, Do conflito à comunhão, 17 de junho de 2013, 16). 

Crivella garante respeito ao Magistério Católico


Marcelo Crivella (PRB) elegeu-se o novo prefeito da cidade do Rio de Janeiro, derrotando Marcelo Freixo, o candidato do Psol, considerado o novo PT. Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o que inspirou temor do voto a muitos católicos. 

Ainda durante a campanha Crivella escreveu uma carta compromisso em respeito à diversidade religiosa, enfatizando respeito ao Magistério Católico.”Eu, Marcelo Crivella, na qualidade de candidato ao cargo de Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, pelo PRB, nas próximas eleições de 2016, assumo o público compromisso de, se eleito for, respeitar o Magistério da Igreja Católica“.


O novo prefeito ainda se compromete a “defender e promover o direito pleno à vida, desde a concepção até a morte natural; a família, constituída de acordo com a doutrina da Igreja; a infância e a juventude; o respeito à fé católica e todos os seus símbolos, ritos, manifestações e templos; respeitar todas as crenças e a diversidade religiosa desta cidade na construção do bem comum”.

Renovar os sentimentos de paz


Evitem os homens confiar apenas nos esforços de alguns, sem tratarem de modificar a sua própria mentalidade. Os governantes dos povos, que são os responsáveis pelo bem comum do seu povo e ao mesmo tempo os promotores do bem do mundo inteiro, estão muito influenciados pela opinião pública e pela mentalidade geral dos homens. Nada poderão fazer em favor da paz, se os sentimentos de hostilidade, desprezo e desconfiança, os ódios raciais e as ideologias obstinadas dividem e opõem os homens entre si. Daí a urgente necessidade duma renovada educação das mentalidades e duma nova orientação da opinião pública. 

Aqueles que se consagram à obra da educação, sobretudo da juventude, ou contribuem para formar a opinião pública, têm o gravíssimo dever de inculcar no espírito de todos novos sentimentos de paz. Todos temos de reformar o nosso coração, de olhos postos no mundo inteiro e no trabalho que podemos realizar em conjunto, para o progresso do género humano. 

Não nos engane uma falsa esperança. Se não desaparecerem as inimizades e os ódios e não se estabelecerem tratados firmes e honestos para o futuro de uma paz universal, a humanidade, já hoje ameaçada por graves perigos, apesar dos seus admiráveis progressos científicos, talvez seja funestamente arrastada para aquela hora em que não conhecerá outra paz além da horrenda paz da morte. Mas enquanto recorda esta realidade, a Igreja de Cristo, que participa das angústias do nosso tempo, não deixa de alimentar a mais firme esperança. Aos homens de hoje ela propõe com insistência, quer queiram quer não, a mensagem do Apóstolo: Eis o tempo favorável para a conversão dos corações, eis os dias da salvação. 

Para edificar a paz, é preciso, antes de mais, eliminar as causas da discórdia que alimentam as guerras entre os homens, sobretudo as injustiças. Muitas delas provêm das excessivas desigualdades económicas e também da lentidão em lhes dar os remédios necessários. Outras, porém, nascem da ambição de domínio e do desprezo das pessoas; e se procuramos descobrir causas mais profundas, encontramos a inveja, a desconfiança, a soberba e outras paixões egoístas. 

Como o homem não pode suportar tantas desordens, a consequência de tudo isso é que o mundo, mesmo sem as atrocidades da guerra, vê-se continuamente envolvido em contendas e violências. Além disso, como estes mesmos males se verificam nas relações entre as diversas nações, é absolutamente necessário, para os vencer ou evitar e para conter as violências desenfreadas, que as instituições internacionais desenvolvam cada vez mais e melhor a sua cooperação e coordenação e que se estimule sem cessar a criação de organismos promotores da paz.


Da Constituição pastoral Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, sobre a Igreja no mundo contemporâneo (Nn. 82-83) (Sec. XX)

O que foi a Reforma Luterana?


1. Quando foi que começou o Movimento Protestante?

Depois de afixar, a 31 de outubro de 1517, as suas teses atacando o ensino tradicional do Cristianismo, a 18 de abril de 1520, Martinho Lutero rompeu com a Igreja Católica, e começou a edificar uma nova Igreja de acordo com as suas ideias.

2. Protestantes não são aqueles que protestam contra os erros de Roma?

Muitos protestantes hoje em dia aceitariam essa descrição da sua posição. Mas aquilo que eles acreditam ser erros de Roma não são realmente erros, se na verdade são ensinamentos da Igreja Católica. Acrescento esta última condição porque muitas doutrinas têm sido atribuídas à Igreja Católica, as quais ela nunca ensinou, ao passo que outras têm sido interpretadas de um modo que ela mesma condenaria. Por mal-entendido, muitos escritores protestantes têm gasto o seu tempo e o dos seus leitores refutando laboriosamente aquilo que a Igreja Católica absolutamente não ensina! E a sua linha de aproximação aos problemas do Catolicismo mal necessita de revisão.

3. Qual foi exatamente a origem do termo “Protestante”?

A palavra deriva do célebre “Protesto” tido pelos príncipes germânicos na Dieta de Espira em 1529. Grande número de príncipes alemães haviam-se aproveitado da revolta religiosa de Martinho Lutero para conseguir a independência política dos seus Estados. Naturalmente, em troca, eles apoiaram o Luteranismo como uma grande força entre o seu povo para os desprender de antigos laços, e começaram suprimindo a religião católica dentro dos seus territórios. Ora, o Decreto da Dieta de Espira concedia liberdade religiosa a todo aquele que já houvesse abraçado o Luteranismo nos Estados dos príncipes germânicos, mas exigia tolerância para com os católicos residentes dentro dos limites deles.  Os príncipes luteranos protestaram não conceder tolerância aos católicos, e disseram que a religião do povo deve ser a mesma que a dos seus príncipes. “Cujus regio, illus religio”, diziam aqueles príncipes. “Seja qual for o governante, dele deve ser a religião”.  Por outras palavras, os príncipes germânicos exigiam o direito de impor ao seu povo qualquer religião que lhes aprouvesse.  E o protesto deles era contra qualquer obrigação de tolerar os católicos. A palavra “Protestante”, portanto, de acordo com o seu significado histórico e religioso, nasceu de uma denegação de liberdade de consciência; e os que assim protestaram contra a liberdade de culto para os católicos foram denominados Protestantes.

4. Quais as causas que em primeiro lugar levaram à Reforma Protestante?

A Reforma Protestante não foi realmente uma reforma.  Foi antes uma revolução. Ela tirou reinos inteiros à Igreja Católica, e introduziu ideias inteiramente novas sobre as relações religiosas entre os cristãos e Cristo. Quanto às causas que levaram a essa revolução, é certo que não houve coisa alguma errada na religião católica em si mesma. Houve, porém, muita coisa errada em grande número de católicos, do contrário Lutero nunca teria alcançado o êxito que alcançou. Não é uma só e simples causa que pode explicar isto. Podemos dizer que aqueles que deixaram a Igreja Católica o fizeram por infidelidade à graça de Deus nas suas vidas pessoais. Mas que tantos devessem provar-se infiéis, isto reclama maior explicação; e essa maior explicação deve ser achada nas condições religiosas, culturais, políticas e sociais do tempo.

5. Qual era então o estado de coisas religioso e cultural?

Devemo-nos lembrar de que, durante o século anterior à Reforma, o Renascimento trouxera a revivescência dos clássicos pagãos gregos e latinos, e estes não só desviavam as mentes dos homens do estudo da filosofia católica, mas levavam à corrupção da vida entre as classes educadas. Ademais, muitos bispos e sacerdotes, grandemente desviados de Roma, haviam sido demasiado subservientes à autoridade secular, e haviam descurado reforçar a disciplina da Igreja, enfraquecendo-lhe assim a influência sobre o povo. O relaxamento no seio do clero produzira grande desedificação; e a demora na reforma dele preparara o caminho para uma reforma errônea, pelo rompimento com a Igreja. Sacerdotes descuidados haviam deixado o povo sem instrução e incrivelmente ignorante da sua religião; e, não conhecendo a sua própria fé, grande número de simples católicos não discerniam o verdadeiro mal contido no movimento separatista. Não conhecendo a verdade, eram manejados pelas ideias dos reformadores, que denunciavam Roma sem exigir qualquer padrão mais alto de virtude do que o que até ali prevalecera.

6. Então você admite que a queda da Igreja Católica se deveu á sua própria depravação?

A Igreja Católica não caiu.  Muitos dos seus membros haviam caído dos seus padrões de virtude, e multidões faziam disto pretexto para abandonarem a fé pela heresia. Um dos grandes opositores de Martinho Lutero foi Tomás More, na Inglaterra. Tomás More estava tão cônscio do triste estado das coisas como Lutero, mas não cometeu o erro de censurar a Igreja por causa dos membros relapsos nela existentes. Nem seria correto imaginar que só havia relaxamento na Igreja imediatamente antes da Reforma. Havia Santos naqueles dias tanto como havia pecadores. Leia esse maravilhoso livrinho A Imitação de Cristo, por Tomás a Kempis. Esse tesouro espiritual foi escrito por um monge católico durante aqueles anos de suposta corrupção universal. E esse livro reflete os verdadeiros ideais da Igreja Católica.

7. Você diria que Lutero errou declarando necessária uma reforma?

Não nego que era necessária uma reforma. Havia muitos abusos a ser corrigido. Mas Lutero não introduziu um movimento de real reforma. Fez dos abusos reinantes pretexto para ao mesmo tempo deixar a Igreja, ao invés de ficar nela e procurar efetuar a conversão dos seus membros relapsos para melhores caminhos. Ademais, ele manteve muitos dos próprios abusos, apenas procurando justificá-los pela negação de que eles fossem errados, e ainda sancionou ulteriores renúncias às normas do verdadeiro Cristianismo.

8. Você disse que, além dos fatores religiosos e culturais, condições políticas contribuíram para o sucesso de Lutero.

E assim foi. O prestígio do Papado em negócios de Estado através da Europa diminuíra sensivelmente durante os dois séculos anteriores à Reforma, e a autoridade do Imperador também havia sido grandemente minada. No tocante ao prestígio do Papado, importa lembrar que, na maior parte do século quatorze, os Papas tinham sido forçados a viver fora de Roma, em Avinhão, na França, expondo-se à acusação, por outras nações, de estarem sob influência política da França. Quase imediatamente após o regresso deles a Roma, teve lugar aquilo que é conhecido como “Grande Cisma do Ocidente”, quando, além do Papa legal, houve dois antipapas, cada qual pretendendo possuir a autoridade suprema sobre a Igreja. No seu reconhecimento desses papas as nações se dividiram sobre linhas políticas, e isto enfraqueceu grandemente a influência do Papado na Europa. Depois que esse desastre foi sanado pela eleição do Papa Martinho V, em 1417, e pela supressão de todos os Papas rivais, surgiram dificuldades de dinheiro. O Papado estava empobrecido. Era preciso dinheiro para a construção da basílica de S. Pedro em Roma, e neste sentido foram feitos apelos a toda a cristandade, concedendo-se indulgências a todos os que contribuíssem para a causa. A acusação de traficância nessas indulgências veio a ser a razão imediata para a revolta de Lutero; mas, se ele alcançou tamanho êxito foi porque Roma, havia muito, perdera em grande extensão o amor e o respeito. Enquanto isso, a autoridade imperial era apenas uma sombra do que tinha sido. O feudalismo estava desmoronando na Europa. Vassalos governantes nas províncias estavam-se tornando cada vez mais rebeldes e independentes. Lutero teve apenas de soprar sobre chamas já ateadas; e fê-lo explorando a ambição e o espírito de independência reinantes entre os príncipes germânicos, excitando à revolta contra o Imperador. E lisonjeou-lhes a cupidez e o orgulho aconselhando-os a esbulharem a Igreja da sua propriedade nos domínios deles, e a tomarem sobre si o controle da doutrina e da moral dos seus súditos.

9. Como foi que o estado da sociedade contribuiu para o êxito de Lutero?

Pelo simples fato de haver o descontentamento permeado cada camada dela. A sociedade sofre quando grande número de pessoas estão descontentes com a sua sorte. Além disto, clero, príncipes e camponeses estavam igualmente insatisfeitos. Os bispos eram mundanos, desfrutando ricos benefícios, ao passo que sacerdotes ignorantes e acossados pela pobreza abundavam como um “proletariado clerical”. Os mosteiros, igualmente, ressentiam-se da interferência e das exações dos bispos; e, por sua vez, eram de frouxa observância, com consequentes dissensões internas. Por isto, muitos membros do clero, tanto diocesano como regular, estavam prontos para jogar fora as suas batinas e para seguir o ainda mais atenuado Evangelho de Lutero. Entre os pequenos príncipes alemães reinava o ciúme e a anarquia, e eles estavam mais do que prontos para as guerras de religião que em breve deviam seguir-se. Os camponeses, espezinhados e miseráveis, pensavam também poder ganhar muito com a revolução protestante, embora na realidade viessem a achar-se logrados e trucidados.

10. O poder do Romanismo não foi quebrado por Martinho Lutero, de imoral memória?

Martinho Lutero é, sem dúvida, uma figura saliente na história. Mas, conforme o expliquei, a situação toda constituía o momento histórico em que um homem podia desencadear à tempestade. Enquanto isso, a memória imortal de Lutero tornar-se-á cada vez menos grata à medida que os fatos a ele concernentes forem sendo mais conhecidos. Os que o idealizam só podem fazê-lo ignorando uma imensa soma de informação inconveniente.

11. Sem dúvida os historiadores católicos têm pintado Lutero com as cores mais negras.

Estou de pleno acordo em admitir que muitos escritores católicos deram uma informação deturpada sobre Lutero, tal qual como livros escritos por protestantes têm dado uma visão deturpada da posição católica – e em extensão muito maior. Mas, ainda assim, digo que um estudo imparcial da história só pode é desacreditar Lutero como reformador religioso. 

Santo Afonso Rodrigues


Afonso Rodrigues nasceu na Espanha, em 25 de julho de 1532. Pertencia à uma família pobre e profundamente cristã. Após viver uma sucessão de fatalidades pessoais, Afonso encontrou seu caminho na fé. A primeira provação foi a morte do pai. Diante da ausência paterna, Afonso assumiu os negócios da família. 

Com 23 anos Afonso casou-se e o seu matrimônio gerou dois filhos. Mas aí veio a segunda provação: sua esposa adoeceu gravemente e faleceu. Em seguida seus filhos também faleceram. A perda da família fez Afonso descuidar-se dos negócios. 

Afonso entrou então numa profunda crise espiritual. Retirado na própria casa, rezou e meditou muito e resolveu dedicar sua vida completamente à serviço de Deus servindo os semelhantes. Ingressou como irmão leigo na Companhia de Jesus em 1571 e um noviciado de sucesso, foi enviado para trabalhar no colégio de formação de padres jesuítas na ilha de Maiorca. 

No colégio exerceu somente a simples e humilde de porteiro, por quarenta e seis anos. Se materialmente não ocupava posição de destaque, espiritualmente era dos mais engrandecidos entre os irmãos. Recebera dons especiais e muitas manifestações místicas o cercavam, como visões, previsões, prodígios e cura. 


Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de Santo Afonso Rodrigues, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. 

domingo, 30 de outubro de 2016

O Dia Nacional da Proclamação do Evangelho


Pela lei 13.246 de 13/ 01/ 2016 foi substituída a festa chamada de Samhain (fim do outono) mais conhecida como o dia das bruxas ou Halloween, como se denomina nos EEUU, pelo Dia Nacional da Proclamação do Evangelho, a ser comemorado no 31 de outubro. 

Nos alegra muito pois a nossa cultura é vitalmente cristã, e as tradições druidas e célticas não pertencem a nossa matriz religioso-espiritual, tratando-se apenas de um mimetismo da indústria midiática e cultural. Esta comemoração reúne a todos os cristãos pois em razão do batismo assumimos o direito-dever de anunciar e testemunhar o Evangelho. 

Para os católicos e luteranos e também em chave ecumênica envolvendo a todos os que promovem a unidade dos cristãos, esta data lembra a assinatura do acordo sobre a doutrina da justificação no dia 31 de outubro de 1999. Esta caminhada nos faz olhar com uma perspectiva mais esperançosa e alvissareira rumo a comemoração dos 500 anos da Reforma que vai acontecer em 2017.

É importante assinalar que o processo histórico denominado como Reforma tem antecedentes que vão desde Cluny, passando pelos mendicantes, a devotio moderna, com muitas nuances e movimentos, fazendo lembrança da frase conciliar Ecclesia semper reformanda. Por primeira vez será lembrada conjuntamente por católicos e luteranos, mostrando que estamos fazendo um caminho muito edificante, que vai do conflito para a comunhão, como se intitula a Carta da Comissão Católico-Luterana que prepara esta comemoração conjunta.  

Terremoto na Itália destrói Igreja de São Bento


Um terremoto de 6,6 pontos na escala Ricther destruiu a histórica Igreja de São Bento em Nórcia, na Itália. Imagens divulgadas na televisão italiana apresentam o resgate de religiosos do templo logo após o desastre.


No coração da Itália, em meio às montanhas da região da Úmbria, está a pacata cidade de Núrsia (Norcia, no italiano), com suas estreitas ruas de pedra e paisagens extraordinárias. Famoso por suas linguiças suínas e trufas negras, o povoado de quase 5 mil habitantes é também a terra natal de São Bento, pai da vida monástica.

A promoção da paz


A paz não é mera ausência de guerra, nem se reduz a um equilíbrio entre as forças adversárias nem se origina de um domínio tirânico, mas com toda a propriedade se chama obra da justiça (Is 32,17). É fruto da ordem, inserida na sociedade humana por seu divino fundador e a ser realizada de modo sempre mais perfeito pelos homens que têm sede de justiça. Em seus fundamentos o bem comum do gênero humano é regido pela lei eterna. Contudo, nas contingências concretas, está sujeito a incessantes mudanças com o decorrer dos tempos. Por isso a paz nunca é conquistada de uma vez para sempre; deve ser continuamente construída. Além disto, sendo a vontade humana volúvel e marcada pelo pecado, a busca da paz exige de cada um o constante domínio das paixões e a atenta vigilância da autoridade legítima.

Isto, porém, não basta. Aqui na terra não se pode obter a paz a não ser que seja salvaguardado o bem das pessoas e que os homens comuniquem entre si, com confiança e espontaneidade, suas riquezas de coração e de inteligência. Vontade firme de respeitar a dignidade dos outros homens e povos, ativa fraternidade na construção da paz, são coisas absolutamente necessárias. Deste modo a paz será também fruto do amor, que vai além do que a justiça é capaz de proporcionar. Pois a paz terena, oriunda do amor ao próximo, é figura e resultado da paz de Cristo, provinda de Deus Pai. Seu Filho encarnado, príncipe da paz, pela cruz reconciliou os homens com Deus. E recompondo a unidade de todos em um só povo e um só corpo, em sua carne destruiu o ódio (cf. Ef 2,16; Cl 1,20.22),  e exaltado pela ressurreição, infundiu nos corações o Espírito da caridade.

É a razão por que todos os cristãos são insistentemente chamados a que, vivendo a verdade na caridade (cf. Ef 4,15), se unam aos homens verdadeiramente pacíficos, a fim de implorar e estabelecer a paz. Movidos pelo mesmo espírito, queremos louvar calorosamente aqueles que renunciam à ação violenta para reivindicar seus direitos e recorrem aos meios de defesa, que de resto estão ao alcance dos mais fracos também, contanto que isto não venha lesar os direitos e deveres de outros ou da comunidade.


Da Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja no mundo de hoje, do Concílio Vaticano II (N. 78) (Séc.XX)

Indulgência: A Igreja Católica realmente vendia a Salvação?


Existem poucos dogmas da Igreja Católica tão pouco compreendidos, ou tão grosseiramente mal representados por seus adversários, como a sua doutrina sobre as indulgências. Por esse motivo, faz-se necessário, aliás, imprescindível, à Apologética Católica que se trate do tema, tanto para a edificação do próprio católico quando para a justa defesa da Santa fé face aos não raros ataques.

Uma das razões para o equívoco popular sobre indulgências pode ser atribuída à falta de entendimento sobre o significado desse termo, ao qual ele foi gradualmente submetido. A palavra Indulgência originalmente significava remissão, favor ou perdão. Agora, ela é comumente usada no sentido de gratificação ilegal, e de alcance livre às paixões. Por isso, quando algumas pessoas ignorantes ou preconceituosas ouvem sobre concessão de uma indulgência pela Igreja, a idéia de “licença para pecar” é  apresentada às suas mentes.

A indulgência é simplesmente uma remissão, no todo ou em parte, pelos méritos superabundantes de Jesus Cristo e Seus santos, da pena temporal devida a Deus por causa do pecado depois da culpa e do castigo eterno terem sidos remetidos.

Deve-se ter em mente que, mesmo depois de nossa culpa ser removida, freqüentemente resta alguma pena temporal a ser submetida, seja nesta vida ou na próxima, como uma expiação para a santidade divina e da justiça. A Sagrada Escritura nos fornece muitos exemplos dessa verdade.  Maria, irmã de Moisés, foi perdoada do pecado que tinha cometido por murmurar contra seu irmão. No entanto, Deus infligiu sobre ele sua pena de lepra e de separação do povo por sete dias. [Num.21]

Natan, o profeta, anunciou a Davi que seus crimes haviam sidos perdoados, mas que ele deveria sofrer muitos castigos da mão de Deus. [2 Reis 12].

Que nosso Senhor deu à Igreja o poder de conceder indulgências é claramente deduzido a partir do Texto Sagrado. Ao líder dos Apóstolos Ele disse: “tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que tu desligares na terra será desligado também no céu.” [Mat. 16. 19.] E à todos os Apóstolos reunidos Ele fez a mesma declaração solene. [Ibid., 18. 18.] Com estas palavras, nosso Senhor deu poder à Sua Igreja para livrar seus filhos (se bem dispostos) de todos os obstáculos que poderiam retardar-los ao Reino dos Céus. Agora, existem dois impedimentos que detêm um homem do reino celestial – o pecado e o castigo temporal incorrido por ele. E a Igreja, tendo o poder de remeter o maior obstáculo, que é o pecado, tem também o poder para remover o menor obstáculo, que é a pena temporal devida por conta do mesmo.

A prerrogativa de conceder Indulgência foi exercida pelos pais da Igreja, desde o início de sua existência.

São Paulo exerceu isso em nome dos Corintios incestuosos que ele havia condenado a uma severa penitência proporcional à sua culpa, ” para que seu espírito seja salvo no dia do Senhor.” [I Coríntios. 5, 5] E tendo ouvido depois da contrição fervorosa daqueles coríntios, o apóstolo absolve-os da penitência que ele os tinha  imposto:. “Para ele, que é de tal modo, esta repreensão é suficiente, que é dado por muitos Então, que pelo contrário. você deveria perdoar e confortá-lo, para que, talvez, um tal ser engolido com o excesso de muita tristeza …. E para quem você perdoou nada, eu também. Pois, o que tenho perdoado, se eu lhe perdoei nada , por amor de vós o fiz na pessoa de Cristo. “[II Coríntios. ii. 6-10.]

Aqui nós temos todos os elementos que constituem uma indulgência. Primeiro – A penitência, ou castigo temporal proporcional à gravidade da infracção, é imposta ao transgressor. Segundo – O penitente é verdadeiramente contrito (arrependido) por seu crime. Terceiro – Esta contrição determina ao Apóstolo remeter a pena. Quarta – O apóstolo considera o relaxamento da penitência ratificada por Jesus Cristo, em cujo nome ela é transmitida.

Verificamos que os Bispos da Igreja,  sucessores  dos Apóstolos,  detém esse mesmo poder. Ninguém contesta o direito, que alegaram desde os tempos primeiros, de infligir penitências canônicas sobre os criminosos graves, que eram submetidos a longos jejuns, abstinências graves e outras mortificações, por um período que se estendia desde alguns dias até cinco, dez anos e até mesmo por toda a vida, de acordo com a gravidade da infracção. Essas sanções eram, em vários casos, mitigadas ou canceladas pela Igreja, de acordo com seu critério, pois se uma entidade pode infligir uma punição ela também pode remetê-la. Nosso Senhor deu o Seu poder à Igreja não só para ligar, mas também para desligar. Esta prerrogativa discricionária era muitas vezes exercida pela Igreja pela intercessão daqueles que haviam sido condenados ao martírio, quando os mesmos penitentes davam fortes sinais de uma arrependimento  fervoroso, como nós aprendemos com os escritos de Tertuliano e Cipriano.

São Geraldo


Hoje, o Martirológio Romano fixa a memória de são Geraldo, bispo de Potenza, na Lucânia. Ele era natural de Placência, e transferiu-se para Potenza. Foi escolhido como bispo por suas virtudes e suas atividades taumatúrgicas. Morreu apenas oito anos após sua escolha ao episcopado. Seu sucessor, Manfredo, escreveu-lhe uma vida exageradamente panegírica e sobretudo obteve uma canonização a viva voz (ou seja sem documentação escrita) por parte do papa Calisto II (1119-24). Mas existe outro Geraldo, também ele de Potenza, que teve uma fama bem superior ao bispo medieval. Trata-se de São Geraldo Majela, um dos santos mais populares da Itália meridional. E há motivo para esta popularidade: ele era invocado sobretudo pelas gestantes ou parturientes.

Nos inícios de 1800, cerca de cinquenta anos após a sua morte, um médico de Grassano (Matera) declarava: “Há muitos anos eu não exerço a profissão de médico. Exerce-a por mim o irmão Geraldo.” Este médico levava tanto a sério o patrocínio de são Geraldo, proclamado bem-aventurado só em 1893, que antes que remédios preferia dar as suas pacientes uma imagem do bom religioso. E Tannoia declarava: “O irmão Geraldo é o protetor especial dos partos. Em Foggia não há mulher parturiente que não tenha sua imagem e que não o invoque como protetor.” Singular revanche de santo pelos sofrimentos por que passou advindos de calúnias de uma mulher, uma ex-monja para a imprensa, o que foram mui facilmente aceitos pelos seus superiores.

Na realidade são Geraldo, que no leito de morte podia afirmar não saber nem o que fosse uma tentação impura, tinha sobre a mulher uma concepção superior: olhava toda mulher como uma imagem de Nossa Senhora, “louvor perene a SS. Trindade.” Eram os entusiasmos místicos de uma alma simples, mas cheia de amor espiritual. Exclamava frequentemente “Meu querido Deus, meu Espírito Santo,” sentindo íntimos a ele a bondade e o amor infinitos de Deus. Mais que um asceta, era um místico.

Sua vida está repleta de privações, de sofrimentos, de humilhações, mas tudo está profundamente animado, finalizado com um encontro vivo e pessoal com Deus. É isso que ficou dele, para além de algumas extravagâncias, que possam desconcertar ortodoxos. Há algo de autêntico e de genuíno também nos seus exageros que talvez os hipies de nossos dias os tornam novamente atuais. Mas São Geraldo fez uma contestação vinda de dentro.


Ó São Geraldo, nós nos alegramos pela felicidade de vossa glória. Nós bendizemos a Deus pelos dons sublimes de vossa graça a vós dispensados com tanta largueza. Nós vos felicitamos por haverdes correspondido fielmente a tanta bondade do Senhor.

Ó São Geraldo, ajudai-nos a imitar vossa fidelidade à Vontade divina: vosso amor a Jesus Sacramentado: vossa devoção singular a Maria Santíssima; vosso espírito de penitência; a pureza de vossa vida e, enfim, vossa grande caridade para com os pobres, para com as mães e para com os mais abandonados.

Ó São Geraldo, socorrei-nos em todas as nossas precisões espirituais e materiais. Alcançai-nos uma piedosa conformidade nas agruras, doenças e sofrimentos da vida. Abençoai as mães, de quem sois o especial padroeiro. Protegei nossa paróquia. Alcançai-nos de Deus muitas vocações sacerdotais e religiosas. Orai pela Igreja de Jesus Cristo e pelo Santo Padre, o Papa.

São Geraldo, nosso padroeiro, rogai por nós. Amém.

sábado, 29 de outubro de 2016

ONU relata massacres do Estado Islâmico no Iraque


Pelo menos 232 pessoas foram massacradas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) nesta semana perto de seu reduto de Mossul, segundo as Nações Unidas, enquanto o fantasma de um grande deslocamento de civis no Iraque está crescendo a cada dia.

Os assassinatos, que “foram corroborados na medida do possível”, segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, são apenas os últimos de uma série de atrocidades perpetradas pela organização extremista desde 2014.

Alguns relatos dizem respeito a “execuções por fuzilamento na quarta-feira”, 26 de outubro, de 232 pessoas, informou a porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, a jornalistas em Genebra.

Entre as vítimas haviam “190 ex-oficiais da segurança iraquiana”, acrescentou, observando que o número total de pessoas mortas pode ser maior.

Estas informações foram divulgadas um dia após a atribuição do prestigiado Prêmio Sakharov pelo Parlamento Europeu a duas vítimas da brutalidade do EI.

Nadia Murad e Haji Bashar Lamia, que sobreviveram a uma série de perseguições – sequestro, estupro, escravidão – tornaram-se símbolos da defesa da comunidade Yazidi perseguida pelos extremistas islâmicos.

A ofensiva lançada em 17 de outubro pelas forças de segurança iraquianas para retomar o controle do último grande reduto do EI no Iraque permitiu apertar o cerco sobre Mossul pelo norte, leste e sul, mas o número de pessoas fugindo da organização radical aumenta.

As organizações humanitárias organizavam nesta sexta-feira acampamentos para acomodar os civis em fuga.

“Constatamos um aumento enorme de civis em fuga nos últimos dias, e eles serão acomodados nos acampamentos”, declarou à AFP Karl Schembri, conselheiro regional do Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC).

Segundo ele, a situação “é preocupante” porque as forças iraquianas ainda não entraram na cidade. Quando isso acontecer, “vamos assistir a um deslocamento em massa”, acrescentou.

‘Independência’ curdaMas os deslocados da guerra são apenas um dos muitos problemas que assombram o Iraque. 

McDonald's expõe imagem da Virgem sangrando com o Menino Jesus decapitado para celebrar 'Halloween'.


Um estabelecimento do McDonald na Espanha decidiu comemorar o Dia das Bruxas colocando uma imagem de Nossa Senhora do Carmo sangrando, levando o menino Jesus decapitado, o que levou a condenação dos católicos nas redes sociais.

A imagem foi colocada em um local do McDonald na cidade de Talavera de la Reina, na província de Toledo.

O delegado das missões episcopais da diocese de Toledo, Fernando Redondo, condenou o incidente através de sua conta no Twitter, onde ele perguntou: "Assim que se respeita a liberdade religiosa? Vergonha".

Enquanto isso, o Padre Emilio Palomo, um sacerdote da Arquidiocese de Toledo, também repudiou no twitter a colocação da imagem manifestando “dor e repulsa”.

Jerusalém: Túmulo de Cristo é aberto pela primeira vez em cinco séculos


A equipa responsável pelo restauro do túmulo de Cristo, na Basílica do Santo Sepulcro, Jerusalém, abriu pela primeira vez em cinco séculos a laje de mármore que cobre o local onde o corpo de Jesus foi depositado.

A informação é avançada pela ‘National Geographic’, que acompanha a intervenção na edícula, estrutura construída no século XIX para proteger o espaço, aberto aos visitantes de forma limitada.

O patriarca Ortodoxo de Jerusalém e a Custódia da Terra Santa (Igreja Católica) anunciaram no início do ano que o túmulo de Cristo iria ser restaurado depois das solenidades da Páscoa ortodoxa (1º de maio).


Um estudo científico, previamente realizado, confirmou a existência de sérios problemas de humidade “ligados à condensação da respiração dos visitantes” e também de oxidação provocada pelo fumo das velas.

O restauro é possível graças ao acordo conseguido entre as três principais confissões (Ortodoxa-grega, Latina e Armênia) responsáveis pela Basílica do Santo Sepulcro.

Estas instituições, que obedecem ao que foi regulamentado pelo acordo Status Quo, de 1852, esperam que a equipa de cientistas atenienses restaure o local depois de acabadas as investigações, em Março de 2017.

Os trabalhos foram confiados a uma equipa grega chefiada pela professora Antonia Moropoulo, da Universidade Técnica Nacional de Atenas.

Como é bom e suave teu Espírito, Senhor, em todas as coisas!


Com a indizível benignidade de sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar:

“Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens. Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele eu cuido sempre. Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da suprema providência.

E o motivo está em que, tendo criado com providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.

Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças. Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência vise e conhecesse.

Isto fez minha doce providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.

Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai. Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa morte sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de sua humanidade, mas da divindade”.



Do Diálogo sobre a Providência divina, de Santa Catarina de Sena, virgem (Cap.134,ed. latina, Ingolstadi 1583, fº215v-216)        (Séc.XIV)

Deus é responsável por nascer crianças com deficiências?


O primeiro parágrafo do Catecismo da Igreja afirma que “Deus é Perfeito e Bem-aventurado”, n’Ele não há sobra, erro nem maldade. “Deus é amor” (1Jo 4,8); “Eterna é a Sua misericórdia” (Sl 117,1).

A Bíblia é repleta de passagens que falam do amor de Deus por nós. “Deus amou o mundo a tal ponto que deu o Seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). São Paulo disse que “essa é prova do amor de Deus por nós, porque, ainda quando éramos pecadores, Cristo morreu por nós” (Rom 5,8). Será que pode haver maior prova de amor por nós? Diante de tudo isso, não há como alguém pensar que Deus possa ser responsável por uma criança nascer com deficiência. Então, de onde vem esse mal?

Deus é suficientemente bom para tirar do próprio mal o bem

A resposta católica para o problema do mal e do sofrimento foi dada de maneira clara por Santo Agostinho († 430) e por São Tomás de Aquino († 1274):

“A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal, porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem” (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2). Como entender isso?

Deus, sendo Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, logo, esta é a própria criatura, que pode falhar, já que não é perfeita como seu Criador. Só Deus é infalível e isento de imperfeições. Na verdade, o mal, ensina a filosofia, é a carência do bem. Por exemplo, a doença é a carência do estado de saúde, a ignorância é a carência do saber, e assim por diante. Por outro lado, o mal pode ser também o uso errado, mau, de coisas boas. Uma faca é boa na mão da cozinheira, mas na mão do assassino… Até mesmo a droga é boa, na mão do anestesista.

Deus permite que as criaturas vivam conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas respectivas. Assim, o sofrimento é, de certa forma, inerente à criatura. Mas por que Deus permite o sofrimento? Ele é Amor e Onipotência, poderia evitá-lo!

Para que o homem fosse “grande”, digno e nobre, Deus o fez livre, inteligente, dotado de mãos maravilhosas, sensibilidade, vontade, memória etc., que nem as pedras, árvores e animais receberam. A liberdade é o toque maior de nossa semelhança com Deus. Ele teve de correr o risco de nos fazer livres, para que fôssemos dignos, mesmo sabendo que a criatura poderia lhe voltar as costas. Deus não poderia impedir o homem de lhe dizer “não”, senão, tiraria dele a liberdade, e ele seria apenas um robô. Deus não quis isso, mas Ele nos deu também a inteligência, como uma luz para guiar nossos passos; e nos deu a vontade para permanecer no bem e evitar o mal.

Ele quis fazer a criatura humana livre como Ele, criou-o da melhor maneira possível, à Sua imagem. É a liberdade que nos diferencia dos animais, dos robôs e teleguiados. Podemos escolher espontaneamente o rumo de nossa vida e o teor de nossas ações. E nisso podemos errar, cometendo graves danos, especialmente quando usamos mal da nossa liberdade e inteligência, desobedecendo a Deus.

É Deus quem nos sustenta e nos mantém vivos, mas Ele não tira a nossa liberdade. Do contrário, não haveria merecimento nem culpa de nossa parte. Não haveria dignidade no homem. Então, por isso, Ele não quer, mas permite a morte e o sofrimento no mundo. Aqui está o nó da questão: Deus respeitou e respeita a liberdade da criatura que lhe diz ‘não’, embora pudesse e possa obrigá-la ao ‘sim’ – o que evitaria sofrimentos –, mas isso destruiria a grandeza do homem, que consiste em sua liberdade de opção.