sábado, 31 de março de 2012

Domingo de Ramos

A partir de hoje memorizamos a figura de um justo sofredor, Jesus Cristo, que vence a batalha pela coerência, que enfrenta todo tipo de insulto, tortura e perseguição. Sua atitude foi sempre contra a violência e a opressão, e acaba vencendo. Não só isto, mas também convencendo os opressores de que estavam errados.

É a Semana Santa, momento em que o aparente fracasso se transforma em vitória, o que era considerado maldição pelos judeus, isto é, a morte acontecida na cruz, transforma-se em glória. Foi a realização plena daquilo que já era previsto no Antigo Testamento, nas palavras sábias e inspiradas proferidas pelos profetas.

Jesus, em toda a sua paixão e morte na cruz, mostra que a violência não é vencida com outra violência e com vingança. Revela também que o sofrimento nunca pode ser causa de desânimo e de perda total de esperança. Deve ser sim, fonte de atenção aos apelos do momento e ao caminho de conquista de uma cultura de paz.

Entrar com Jumento

 
Jesus, o Rei dos reis, quis usar um meio de transporte simples. Poderia entrar triunfalmente numa carruagem dourada na capital de seu país. Aliás, queremos ver um Deus poderoso com todas as honras que costumamos dar às mais importantes autoridades. Sabemos que Ele, no entanto, não precisa disso. Está muito acima de tudo o que podemos imaginar das ambições humanas. O que Ele quer mesmo é um novo encaminhamento para nossa vida. O que mais vale não é ter tudo o que imaginamos de conforto sensível na ordem física e material. Isso não é finalidade de vida realizadora. É apenas instrumento. Se for usado adequadamente, como a boa saúde, pode nos ajudar a entrar, como Jesus, para um estágio de vida realmente feliz. Ele vai à frente, com seu jumentinho emprestado, para nos dizer sobre outra forma de vida, a de darmos de nós pela convivência digna, justa e fraterna. Enquanto não houver isso, o sacrifício da própria vida, continuarão acontecendo muitos mecanismos de morte e falta de promoção da dignidade humana. O divino Mestre não sai da raia, indo até o fim com sua doação total, para nos dar vida de sentido e realmente realizadora.

A vida simples e solidária nos gratifica muito mais do que trabalhar com a finalidade absoluta de conquista de mais dinheiro, fama e busca de satisfações passageiras como objetivo de vida. Jesus, o Rei pobre, enriquece-nos com sua riqueza do ser humano-divino. Na sua trilha aprendemos a olhar a vida com ternura, amor, misericórdia, compaixão e doação de nós pelo bem do semelhante.

No lançamento de mantos e ramos à passagem do Rei, o povo gritava seus vivas a Ele. A euforia reinava. Jesus indicava o caminho da vida de sentido para nós. O “viva!” não pode ser só para um momento. Aliás, se não for compromisso para o seguimento do Senhor, pouco adianta. Seria como a oração sem o consequente esforço para a realização da vontade de Deus. Que vontade? Não será a de imitarmos o Rei pobre, com a pobreza do ser? Isto é, com o esvaziamento dos ídolos que não nos deixam encher o vaso de nosso eu com a riqueza do amor de Deus? Este nos leva a olhar para as necessidades do semelhante, a partir do doente, do sofredor, do empobrecido, do drogado, do alcoolizado, do que vive sem sentido, do casal brigado, da criança agredida e abandonada, do povo que precisa de políticas públicas adequadas a resolver suas necessidades, da promoção do voto para quem tem condição ética e com capacidade de governar ou legislar bem!

Como poderíamos ter uma vida mais modesta nas exigências materiais para sermos mais solidários e promovermos realmente o bem comum! Nosso progresso pessoal, familiar, empresarial e social não pode ser feito somente com o acúmulo de bens para o enriquecimento de minorias ou com políticos que trabalham, acima de tudo, para se elegerem e reelegerem com métodos ilícitos e sem compromisso com o povo, principalmente o mais sofrido. Às vezes é esse o mais enganado, recebendo alguns pequenos favores em troca do voto.

A entrada na Semana Santa nos convida a ter a atitude de Jesus, que nos deu a vida, até a última gota de sangue, para termos condição de mudança, chegando com Ele à verdadeira ressurreição, no que compete a nós, para uma vida de autêntico amor!
 
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros
Presidente do Regional Leste II da CNBB
 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012


Entre os dias 20 e 27 de maio, cristãos de todo o Hemisfério Sul estarão unidos celebrando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC). Será uma semana muito especial, pois pessoas das mais variadas etnias e culturas estarão dedicadas à reflexão sobre a importância da unidade na diversidade.

A SOUC, que este ano tem como tema “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo”, baseado na carta do apóstolo Paulo, pretende contribuir para que irmãos de diferentes congregações se juntem em momentos únicos de partilha, comunhão e integração.

Acesse o blog da SOUC e saiba tudo sobre o evento, baixe o cartaz e saiba a programação de sua região. O endereço eletrônico é http://semanadeoracaopelaunidade.blogspot.com.br/.

Leia abaixo uma carta assinada pelos integrantes do Conselho de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.


Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 
carta das Igrejas-membro do CONIC

Brasília, 09 de março de 2012

Irmãos e irmãs da caminhada ecumênica!

cartaz_concluido-1Nós, representantes das igrejas-membro do CONIC, reunidos neste dia 09 de março em Brasília nos dirigimos a vocês na paz  e na graça do nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos aproximamos de mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, estaremos unidos/as em oração de 20 a 27 de maio, sob o lema bíblico da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Coríntios 15. 51 – 58).  Irmãos e irmãs da Polônia, país marcado por histórias de sofrimento, mas também por muita coragem no testemunho da fé, vencendo inúmeros desafios, prepararam esta semana de oração.

Convidamos a cada um/a de vocês a se unirem a este grande mutirão, que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos produz. Cada um/a é chamado/a a  transformar a realidade onde vive e a construir  um mundo melhor. Temos diante de nós muitos desafios, oremos e mostremos sinais concretos na  busca de superação!

Que a reflexão desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos nos anime a confiar sempre mais na transformação possível, com a fé alimentada na certeza que vem da vitória do Ressuscitado.

Com nossa benção e Fraterna Saudação,

Dom Maurício José Araújo de Andrade
Bispo Primaz da Igreja Anglicana

Pastor Dr. Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Dom José Belisário da Silva
Vice- Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Rev. Cacilene Aparecida Nobre
Rep. da Igreja Presbiteriana Unida

Dra. Zulmira Inês Lourena Gomes da Costa
Rep. Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
 
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Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/8945-semana-de-oracao-pela-unidade-dos-cristaos-2012

terça-feira, 27 de março de 2012

Roteiro da Peregrinação da Cruz e do ícone de N. Senhora, da JMJ, no Maranhão


Durante o mês de abril, o Maranhão será a terra da Cruz dos Jovens e do Ícone de Nossa Senhora. Os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude chegam ao Estado, que corresponde ao Regional Nordeste 5 da CNBB, no dia 1° e peregrinam por 12 dioceses até o fim do mês. O ponto alto do trajeto acontecerá no dia 28, quando a Arquidiocese de São Luís promove a grande celebração Bote Fé. Em maio, os Símbolos seguem para o Tocantins e demais Estados do Regional Centro-Oeste.

Veja a seguir o roteiro da peregrinação no Maranhão:


1 e 2 de abril - Diocese de Caxias;

3 e 4 de abril - Diocese de Brejo;

5 e 6 - Diocese de Coroatá;

7 e 8 - Diocese de Bacabal;

9 e 10 - Diocese de Grajaú;

11 e 12 - Diocese de Balsas;

13 e 14 - Diocese de Carolina;

15 e 16 - Diocese de Imperatriz;

17 a 19 - Diocese de Viana;

20 a 22 - Diocese de Zé Doca;

23 a 26 - Diocese de Pinheiro;

27 a 30 - Arquidiocese de São Luís.

domingo, 25 de março de 2012

Solenidade da Anunciação do Senhor - 25 de março


“O Anjo espera a tua resposta, e também nós esperamos... Logo que tiveres dado o teu consentimento estaremos livres... todo mundo, de joelhos, diante de ti espera... De tua palavra depende a salvação do gênero humano... Aí está Aquele que todos os povos esperam com paciência, está ali fora e bate à porta... Levanta-te e apressa-te a abrir-lhe” (São Bernardo).


Desde sempre, o pensamento cristão interpretou a saudação do anjo, que indica em Maria, a “Cheia de Graça”, como uma afirmação que proclama muito mais do que a simples preservação de Maria do pecado e a sua participação na graça Divina. É uma saudação ou um título que indica algo particular e único de Maria.

O anjo Gabriel antepõe três importantes formulações ao seu anúncio a Maria:

“Saúdo-te, ó Cheia de Graça, o Senhor é contigo”.
“Saúdo-te”: ecoa nos textos dirigidos a Jerusalém[1].
“O Senhor está contigo”: Emanuel = Deus conosco.


[1] cf. Sf 3,14; Zc 9,9; Jl 2,21;21,23

Texto extraído do livro "O Culto a Maria Hoje", Paulinas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Coleta da Solidariedade


O começo da Campanha da Fraternidade, no início da década de 1960, foi motivado pela necessidade de buscar recursos financeiros “para o atendimento das pessoas atingidas por catástrofes, em situações de emergência e urgência, pobreza absoluta” (Texto Base da CF de 1990). Visava-se despertar a virtude da caridade nos fiéis, cientes de que “a caridade é a alma da Igreja”.

A partir deste princípio a Campanha foi ampliada para o aprofundamento de temas relacionados à realidade do povo e que necessitam de tomada de posição. Assim, o tema que estamos tratando na campanha deste ano chama a atenção para a realidade da saúde no Brasil, cobrando investimentos do governo para que a saúde pública seja de boa qualidade e sensibilizando a população para a adoção de práticas de hábitos de vida saudável.


Enquanto a saúde pública não dá conta de todas as demandas, tornam-se necessárias outras ajudas. Existem pessoas que não tem dinheiro para comprar os remédios necessários, para pagar uma passagem até o hospital ou para seguir o mínimo das regras de higiene pessoal. Muitas pessoas não estão convictas da necessidade da prevenção e outras não tem condições de seguir a dieta prescrita. E é aí que entra um dos trabalhos subsidiados com os recursos da Campanha da Fraternidade, que é a Pastoral da Saúde, cujo objetivo geral é “promover, educar, prevenir, cuidar, recuperar, defender e celebrar a vida ou promover ações em prol da vida saudável e plena de todo o povo de Deus”.

Para subsidiar os trabalhos da Pastoral da Saúde e de outros trabalhos sociais mantidos pela Igreja Católica, propõe-se a Coleta da Solidariedade como um gesto concreto da Campanha da Fraternidade. O Texto Base diz que a Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade.

A proposta é que a coleta seja feita no Domingo de Ramos. Evidentemente isso não significa que ela deva acontecer apenas naquele dia, uma vez que cada comunidade deve definir a melhor data para que ela aconteça. O importante é que ela seja feita por todas as comunidades, e que cada um se sinta motivado a dar a sua contribuição. Ela tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida.

Na medida em que formos generosos na doação estaremos ajudando a difundir a saúde sobre a terra, conforme nos propõe o lema da nossa Campanha. “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9,7).

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul

Hoje o Crucifixo. Amanhã?


Muitas pessoas estão perplexas com os ataques à fé cristã, aos símbolos religiosos e ao próprio Deus.

Acontece que os ateus modernos e os agnósticos se organizaram para extirpar a idéia de Deus da humanidade.

Para alcançar este objetivo procuram destruir as religiões e as organizações religiosas. Por isso semeiam, especialmente nas universidades, a antipatia às Igrejas e às autoridades religiosas.

Naturalmente não faltam exemplos de pecado e de desrespeito aos direitos humanos na história das religiões. Mas ocultam a cultura e o contexto em que tudo aconteceu, fazendo crer que hoje é a mesma coisa. “Como era no princípio, agora e sempre”!

Na Alemanha, os ateus e os agnósticos se organizam na “Fundação Giordano Bruno”. No Brasil, na ATEA (Associação dos Ateus e Agnósticos).

Ensaios de ataques aos símbolos religiosos não faltam. Faz pouco tempo as autoridades da Baviera mandaram retirar os crucifixos das escolas de Munique (Alemanha). Mais de um milhão de pessoas protestaram nas ruas de Munique contra a decisão. As autoridades voltaram atrás.

Na Itália, uma senhora pediu a retirada dos crucifixos dos espaços públicos “porque isto lhe causava fastio”.

O Conselho de Ministros da Itália respondeu que o crucifixo é um símbolo da cultura da absoluta maioria do povo italiano. Aquela senhora apelou ao Parlamento Europeu. Após algumas dúvidas, Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu considerou acertada a decisão do Conselho de Ministros da Itália.

Em Porto Alegre, a pedido de duas organizações da sociedade, o Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul acolheu o pedido e mandou retirar o crucifixo dos espaços do judiciário gaúcho.

O que faremos? Primeiro, levar o ateísmo a sério. O Concílio Vaticano II afirmou em 1965 (GS nº 76) que “o ateísmo é um gravíssimo problema de nosso tempo”. Além do mais, “a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra” cada uma no campo específico.

Por isso aconselha o diálogo, do qual ninguém fica excluído “nem aqueles que se opõem à Igreja e a perseguem de várias maneiras”.


Na Albânia, o Estado professou oficialmente o ateísmo. Fazer o sinal da cruz era proibido sob pena de morte. Mataram quase todos os padres. Um arcebispo da Albânia, ainda vivo, disse que o sinal da cruz, “só debaixo das cobertas”.

No Brasil, o Estado é laico. Isto é, o Estado não decide qual a fé que os brasileiros devem ou não devem professar. A decisão é do povo. O Estado deve respeitar a cultura do povo.

O Estado brasileiro assinou com a Santa Sé (Vaticano) um tratado internacional, no qual o Estado se compromete a respeitar e a fortalecer os símbolos religiosos católicos. O Estado vai honrar o tratado?

No Brasil, segundo o Fernando Capez, a presença do crucifixo nas repartições públicas é uma “situação consolidada”. Por quê agredir a fé da absoluta maioria do povo? Por quê favorecer a intolerância de pequenos grupos? Aonde isto tudo vai conduzir?

Talvez o diálogo pudesse levar a uma situação nova: que haja mais de um símbolo onde exista grande número de fiéis de outras religiões?

Finamente, nós cristãos, diante deste episódio, escapamos de um exame de consciência para ver a qualidade de nosso testemunho evangélico na sociedade.

Dom Sinésio Bohn
Bispo Emérito de Santa Cruz do Sul

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Depressão


Cada época da História tem características próprias, que a identificam. Seria a depressão uma das características de nossa época? Afinal, em nossos tempos é significativo o número de pessoas que vivem naquela situação que o dicionário Aurélio define como “distúrbio mental caracterizado por adinamia [estado de prostração física e/ou moral; falta de forças], desânimo, sensação de cansaço, e cujo quadro muitas vezes inclui, também, ansiedade, em grau maior ou menor”. Para os laboratórios e as farmácias, a depressão é uma das principais fontes de lucro.
Segundo alguns estudiosos, há dois grandes tipos de depressão: aquela que pode ser padecida por uma pessoa, sem que ela tenha enfrentado algum grande problema, e a que tem origem na perda de um bem, na ameaça de um mal ou na incapacidade de assumir a realidade que a envolve. Nos dois casos, o que caracteriza seu estado é a tristeza. A pessoa fica triste pela consciência de ser privada de um bem ou pelo medo de perdê-lo.


Em nossos dias, uma das causas da depressão é o medo. Muitos se sentem inseguros, por causa das exigências no mundo do trabalho (medo de perder o emprego), na família (as brigas dos pais fazem nascer no coração dos filhos perguntas do tipo: “Será que eles vão se separar? O que acontecerá comigo?”), na sociedade (leia-se: problemas econômicos), diante do futuro (“O que me espera?”, “Como será minha velhice?”) etc. A insegurança faz nascer a angústia; essa pode fazer nascer obsessões, fobias, depressão...

Nas últimas décadas, psiquiatras têm percebido que por baixo da depressão há, muitas vezes, a falta de um sentido para a vida. Curioso, faz quase dezesseis séculos, alguém já havia observado: “Criaste-nos para ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti” (Santo Agostinho). O bispo de Hipona havia percebido que o homem é um ser transcendente,  isto é, sente necessidade de relacionar-se com Deus e com os outros, e quando essa dimensão é ignorada, ele não se realiza como ser humano.

Para Freud, muitas neuroses teriam como causa a repressão sexual. A cura se obteria pela liberação dos instintos. Vivesse em nossos dias, o pai da psicanálise constataria que, apesar da liberdade sexual de nossa época, os transtornos psíquicos só aumentaram. Freud fez descobertas importantes no campo da psiquiatria, mas errou ao assumir como absolutas algumas dessas descobertas, reduzindo o homem a um conjunto de instintos.

Depois de Freud veio Alfred Adler, para quem os complexos humanos têm sua origem no desejo de poder. Não conseguindo o que quer, a pessoa sente-se inferiorizada, triste. Mais uma vez, estamos diante de uma visão parcial da realidade. Parcial, também, foi a resposta de Jung: julgava que a tendência fundamental do ser humano é a vontade de autorrealização.
Posteriormente, Viktor Frankl estudou as intuições de seus predecessores e deu sua própria explicação: o ser humano não é só dominado pelo instinto do prazer, nem pela vontade de dominar. É um ser livre e responsável, condicionado, mas nunca determinado: age buscando encontrar um sentido para a própria vida.

Pode-se errar na busca de um sentido para a vida. Dou um exemplo extremo: há pessoas que amarram uma bomba em si próprias e a ativam quando estão no meio de uma multidão de pessoas inocentes. Antes de fazerem isso, gravam um depoimento, gloriando-se de seu ato. Morrem, e matam inocentes, considerando-se heróis.

Alguém já disse que a porta da felicidade se abre para fora, e quem procura abri-la para dentro acaba por fechá-la hermeticamente. Criados para Deus e para os outros, não nos realizamos no egoísmo, na busca do poder e na satisfação dos instintos. Segundo a fé cristã, só nos realizamos no dom de nós mesmos. Ou, dito isso na linguagem do Salmista: “...tende confiança no Senhor. Muitos dizem: ‘Quem nos fará provar o bem?’ Levanta sobre nós, Senhor, a lua da tua face. Deste mais alegria ao meu coração do que àqueles que têm muito trigo e vinho. Em paz, logo que me deito, adormeço, pois só tu,Senhor, me fazes descansar com segurança” (Sl 4,6-9).

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia / Primaz do Brasil

terça-feira, 20 de março de 2012

Data do Sacramento da Reconciliação (Confissão) na Paróquia, em preparação à Páscoa do Senhor!


19/03- Com. São José da Providência (IV Conj. Cohab-Anil);

20/03- Com. Santo Antonio de Pádua (Solar dos Luzitanos);

21/03- Com. N. S. Vitória (Turú) e Com. Beato Inocêncio de Berzo (Jardim Eldorado);



26/03- Com. N. S. Guadalupe (Recanto Sts. Dumont) e Com. N. S. Aparecida (João Rebêlo);

27/03- Com. N. S. Paz (III Conj. Cohab-Anil) e N. S. Vitória (João Paulo II);

28/03- Com. N. S. Graças (Forquilha);

04/04- Com. N. S. Perpétuo Socorro (Matriz) - presença de vários padres da forania;

*Todas as confissões terão início às 19:30;

quinta-feira, 15 de março de 2012

Quadro Histórico da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (1969-2012)*: 43 anos de comunidade, 26 anos de Paróquia.


Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Cohab

A assistência religiosa às casas populares foi iniciada por frei Hermenegildo em 1968 com celebrações de missa e batizados, nas calçadas das casas.  No inverno passaram a ser oficiadas no grupo escolar.

Em 1969, frei Hermenegildo armou uma barraca para as celebrações e saiu com as crianças pedindo garrafas para vender e tijolos para a construção da igreja. Depois de muitas lutas, conseguiu-se o terreno para a construção da igreja. Em outubro foi iniciada a construção. Seu primeiro coroinha foi Ribamar Nascimento, atualmente padre diocesano. Tendo faltado dinheiro para concluir a construção, frei Hermenegildo viajou para a Itália a fim de conseguir benfeitores que pudessem colaborar na arquitetura.

Em 1970, feitos os alicerces da igreja e tendo levantado as paredes, os atos religiosos passaram a ser celebrados no interior, mesmo sem o teto. Neste mesmo ano, frei João Franco organizou o Apostolado da Oração. Com a ajuda de benfeitores, são concluídos os trabalhos de construção da igreja e se parte para a construção do Salão Paroquial. Agora os horários das missas são às 8h e 17h.

Por devoção, frei Hermenegildo escolhe como padroeira da nova comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro além que a esta alguns anos mais tarde dará o mesmo título à igreja que fica no Olho d’Água.

Frei Hermenegildo

Enquanto morava na Cohab, sua primeira cozinheira foi Dona Raimunda que era membro do Apostolado da Oração e logo depois Dona Inácia.

Em 1972 é celebrado o 1° Festejo de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de 21 a 30 de Julho, com 400 pessoas, entre crianças e adolescentes fazendo a primeira Eucaristia, seguido de procissão.

Já em 1973 o Festejo passa a ser em outubro. Neste ano, o trabalho pastoral principal é a catequese de crianças e adolescentes, não descuidando dos casamentos e da assistência aos doentes. 


Em 1º de abril de 1974 há a transferência dos frades e frei Liberato, que compõe a fraternidade do Anil, assiste a Comunidade da Cohab.

Nesse ano vieram dar assistência à igreja as Irmãs Capuchinhas do Anil: Irmã Heráclia, responsável pelas Cruzadas das crianças. Elas se reuniam aos domingos, às 9h, para a celebração da missa na igreja e para comemorar os aniversários no atual Centro Catequético até às 12h; Irmã Crisolda que ficava com o Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), grupo de preparação dos jovens ao Apostolado da Oração e a Irmã Aparecida que ficou por pouco tempo e não assumiu nenhum trabalho específico na comunidade.

No mês de outubro aconteceu o festejo, sem muita participação, apesar de haver a missa com pregação todas as noites.

No Natal de 1975 surgiu o Cine Beta com o apoio de frei Liberato. Era uma “sessão de cinema” com filmes da época que funcionava de sexta a domingo. No início teve bastante sucesso, no entanto, com a chegada da televisão nas casas, foi perdendo espaço dando lugar ao Teatro Popular onde eram realizadas a apresentação de peças da semana santa, etc. O Cine Beta funcionava onde atualmente há a Capela Mortuária.

Nesse mesmo ano, o Dr. Fiquene, diretor presidente da Cohab (Companhia de Habitação Popular do Maranhão) liberou o terreno paroquial, e o até então prefeito de São Luís, Antonio Bayma, liberou a construção.

Entre os anos de 1976 e 1977 aconteceu a 1ª Crisma na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro com a presença de frei Liberato. A Crisma foi conferida por Dom Motta, então Arcebispo de São Luís.

Por volta de 1977, aos 27 de Junho, dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, deu-se início aos trabalhos de construção do Centro Catequético. 

Centro Catequético da Matriz

Em outubro houve o Novenário da Padroeira com vários pregadores: monsenhor Estrela, padre Marcos, frei Osvaldo, padre Marcelo Pepin, padre Cláudio, frei João de Deus, frei Liberato e frei Pedro Jorge. O encerramento foi grandioso, sendo levada a imagem de Maria cercada de anjos em cima de uma caminhonete. A TV Difusora divulgou a novena e a programação do Festejo.

Por frei Liberato e por Irmã Heráclia foi preparado em 26 de julho de 1978 o regimento interno do Clube das Mães da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, esse Regimento foi baseado no estatuto do Clube das Mães de Bacabal que a pedido de frei Liberato (que se tornou o diretor espiritual do Clube das Mães) foi trazido por Dona Madalena, primeira diretora do mesmo em São Luís. 

Perseverança até quando?


O ser humano é realmente frágil, diante das agruras da vida. Somos capazes de grandes heroísmos. Mas perante a presença do mal, das oposições contínuas de gente mal intencionada, sentimos a falta de coragem. A tentação da fuga, pura e simples, é uma alternativa aliciadora. “Todos os discípulos, deixando-o, fugiram” (Mt 26, 56). Nisso somos parecidos com os animais que, diante do perigo, por instinto de conservação, fogem rapidamente. Os homens, por educação ou por graça divina (martírio), tem a capacidade de resiliência. Essa capacidade nos faz esperar que os tempos mudem, e tudo pode tomar um rumo novo. As pessoas, - homens ou mulheres, e até jovens - que tem perseverança e firmeza de conduta, tornam-se arrimo para outros  mais frágeis. Os que tem personalidade, e não se deixam desviar dos seus intentos, são líderes e vencedores. Tais pessoas se tornam heróis, pelo fato de abrirem caminho aos pusilânimes. Mas a perseverança é virtude proposta a todos, não só aos heróis. Este desafio nos é aberto em dois sentidos.


Antes de tudo, somos chamados ao heroísmo da fé. A tentação do desânimo, de abandonarmos a fé diante de outras propostas mais tentadoras, de alcançarmos a solução dos problemas pela via rápida dos milagres fáceis, nos pode fazer balançar. “Maldito seja aquele que vos anunciar um evangelho diferente daquele que eu anunciei” (Gal 1, 8). A Igreja possui a doutrina de Jesus (imagem do Pai). Nesta doutrina seremos perseverantes e seguiremos o que ensinavam os Apóstolos: “sede firmes na fé”. Entre nós católicos há muitos que se deixam seduzir com facilidade, e abandonam a fé do seu batismo, para aderirem a soluções menos complicadas. Outro chamado, feito a todos, é de sermos perseverantes na prática do bem. Trabalhar gratuitamente em benefício dos outros, pode cansar. As ingratidões, a falta de compromisso, pode nos levar ao desânimo, e a “jogar tudo para cima”. É mais fácil ter vida mansa e assistir tudo de camarote. Mas a Escritura nos alerta: “Quem for perseverante até o fim, este será salvo” (Mt 10, 22).

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo em Uberaba (MG)

terça-feira, 13 de março de 2012

Homofobia ou Hamartemofobia?


Em 05 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal do Brasil aprovou a união homossexual no país, ou seja, que pessoas do mesmo sexo – homem com homem, mulher com mulher – têm os mesmos direitos perante a sociedade brasileira tanto quanto os casais heterossexuais – homem e mulher.

Dado que uma coisa puxa a outra, eis o motivo por que se ouve muito em nossos dias a palavra de origem grega homofobia, cujo sentido etimológico é “medo do igual”. No caso em questão, quer-se indicar o “medo do homossexual”. É exatamente sobre isto que quero discorrer aqui.


Partindo do gesto de Jesus Cristo que amou e acolheu com muita ternura e compaixão a mulher adúltera e não o pecado dela, quando a Lei judaica contrariamente determinava radicalmente o seu apedrejamento, afirmo: a Igreja, a exemplo do Mestre, também ama e acolhe com muito amor, compaixão e ternura cada homossexual em particular, porque sabe que como filhos amados de Deus merecem todo respeito, toda atenção. Porque sabe que cada um deles tem uma dignidade humana pelo simples fato de ser pessoa. O que ela não ama nem acolhe é, como Jesus, o pecado do homossexual. Porque o pecado escraviza o homem. Maltrata-o. Não o liberta. Não o eleva.

Ora, se Jesus não discriminou a pecadora, mas rejeitou radicalmente o pecado dela, quando lhe disse: “Vá e não peques mais”[1], do mesmo modo também a Igreja o faz: não discrimina nenhum homossexual, mas rejeita radicalmente o pecado dele, como qualquer pecado de quem quer que seja. Por causa disto, eu alcunho – ao lado da homofobia – outra palavra também de origem grega para que se torne conhecida e possa esclarecer a verdade cristã: hamartemofobia, cujo sentido etimológico é “medo do pecado”.

De posse desta palavra, convém, então, dizer que para a Igreja, o problema não é a homofobia, isto é, o medo do homossexual, a pessoa dele. Afinal, ela sabe que Jesus veio ao mundo para curar os pecadores, o errante na estrada da vida. Para ela, o problema é a hamartemofobia, isto é, o medo do pecado (dele). Afinal, o pecado obscurece “a razão, a verdade, a consciência reta”[2].

Deste modo, deve-se entender que a missão da Igreja não é compactuar com nenhum tipo de fraqueza moral do homem, mas, sim, ajudá-lo a se libertar dela para seu bem.

Estando, pois, a Igreja a serviço da verdade que liberta, ela ensina: “Um número não negligenciável de homens e de mulheres apresenta tendência homossexuais inatas. Não são eles que escolhem sua condição homossexual; para a maioria, pois, esta constitui uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á para com eles todo sinal de discriminação injusta.

Estas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus na sua vida e, se forem cristãos, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa da sua condição”[3]. Ademais, os atos homossexuais “impedem que do ato sexual surja o dom da vida. Não são frutos de uma verdadeira complementariedade afetiva e sexual. De modo algum podem ser aprovados”[4].

O que se percebe aqui neste ensinamento da Igreja? Uma Igreja que, de um lado, é consciente dos limites existenciais de seus filhos e, por isto mesmo, os acolhe; e, do outro lado, esta mesma Igreja consciente de que o pecado não é exemplo de vida para ninguém e, por isto mesmo, o rejeita terminantemente.

Sendo assim, não há espaço para preconceito na Igreja, já que este está para a pessoa. Para ela o que há é tão somente a formação de bons conceitos capazes de educar bem o homem na sua correta relação com o mundo, enquanto dimensão corporal; na sua relação com o outro, enquanto dimensão psíquica; e na sua relação com Deus, enquanto dimensão espiritual. E conceitos estes que implicam, inclusive, uma linguagem.

Falando de linguagem, vale dizer: quando se chega à casa de uma família e se pergunta aos pais, quantos filhos vocês têm? Se for um menino e uma menina, respondem: um casal. Se forem dois meninos ou duas meninas, respondem: dois meninos ou duas meninas. Nunca dizem um casal. Isto nos faz notar que casal é sinônimo de multiplicação, de fecundidade. De fato, quando se vai à feira e se pede ao feirante um casal de pássaros para comprar, ele nos mostra um macho e uma fêmea. Eis a razão por que no início, referindo-se aos homossexuais, digo homem com homem e mulher com mulher; aos heterossexuais, homem e mulher. O “e” em português é uma conjunção aditiva. Homem e mulher, portanto, se completam adicionando naturalmente sexo com nexo. O “com” não joga no time da conjunção aditiva. Logo, pode-se dizer que na relação do homem com homem e da mulher com mulher há “sexo” sem nexo.

Em nome da verdade é preciso dizer que nenhuma decisão moral vai ser autêntica e libertadora quando se parte do mau exemplo, do erro, do gosto, do prazer, do interesse.

Que os santos da Corte celestial sejam para nós exemplos de superação na busca da retidão!
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[1] Jo 8,11.

[2] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1849.

[3] Ibid., n. 2358.

[4] Ibid., n. 2357.
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Frei Luis Leitão pertence a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo. Atualmente reside no Pós-Noviciado de Filosofia e também é o vice-diretor geral do IESMA(Instituto de Estudos Superiores do Maranhão).

segunda-feira, 12 de março de 2012

Os católicos e as pesquisas



No dia do nosso batismo, quando crianças, o padre pergunta aos pais: “Pedistes o Batismo para vossos filhos. Devereis educá-los na fé ... Estais conscientes disto?” Respondem: “Estamos”. Depois aos padrinhos: “Deveis ajudar os pais a cumprir sua missão. Estais dispostos a fazê-lo?”. Respondem: “Estamos”. Por fim, “credes na Santa Igreja Católica ...?”. Respondem: “Cremos”.

Pois bem, com estas respostas, os pais e padrinhos assumem o compromisso cristão de ajudarem a criança batizada a crescer na fé cristã e nesta Igreja Católica que a acolheu para marcar-lhe com o selo definitivo da graça divina.

Mas, como os pais vão dar provas concretas de que estão conscientes do compromisso cristão, e, portanto, da fé professada, se vão à igreja católica só no dia do batismo do filho? Ou nos 15 anos da filha? Ou na missa de 7º dia de um parente?

E pior, o que dizer dos católicos que mandam batizar a criança por motivações erradas, tais como: para que ela não vire bicho, ou para que tenha um padrinho rico, ou para que a tradição continue na família?!


Uma planta que não se rega, ela murcha, seca e morre. Igualmente, a vida cristã, cuja semente da graça batismal está em cada um, se não for regada com a participação da Missa, com a Eucaristia, com a escuta da Palavra de Deus, com a vida sacramental, enfim, com o testemunho da própria fé partilhada na comunidade eclesial, o que acontece? A vida cristã do católico se torna estéril, porque infecunda; torna-se morta, porque sem vida; torna-se apagada, porque sem conteúdo; perde a credibilidade, porque falta o testemunho, enfim, não brilha nem atrai. Resultado, “enfraquecendo-se a vida cristã, enfraquece-se também a pertença à Igreja Católica”[1].

Ora, diga-me como é possível ser católico deste jeito? É claro que as pesquisas referentes a católicos evasivos só podem aumentar. Contudo, é bom saber que nelas estarão incluídos só os católicos de direito – os que foram batizados e têm seus nomes no livro de registro da paróquia –, nunca os de fato – os que, além de direito, praticam sua fé com veemência.

Para tanto, é oportuno destacar também que o desconhecimento da fé cristã recebida dos Apóstolos e continuada na missão da Igreja Católica ao longo de 21 séculos é um dos motivos determinantes que impede o católico de amar mais sua Igreja e, assim, de viver com mais firmeza e convicção a própria fé católica.

Sobre isto, vamos aos fatos: se o católico desconhece a importância e grandeza da Eucaristia na vida cristã, será que ele vai à missa aos domingos? Se o católico desconhece o valor do sacramento da Penitência e seu efeito de graça atuante na vida do pecador, será que ele vai ao encontro do sacerdote para fazer a confissão? Se o católico desconhece o valor e o sentido do batismo recebido na Igreja Católica, será que ele vai se comprometer com sua fé? Certamente, não.

Santo Agostinho, no século IV, buscando dar uma resposta sobre a discussão entre fé e razão dissera: Fidens quaerens intellectum, isto é, a fé que busca compreender.

Isto implica afirmar que nossa fé precisa ser amadurecida, compreendida e aprofundada. O católico que amadurece na fé e sabe dar-lhe razões nunca faz este tipo de discurso: só vou à igreja quando eu estiver com vontade, ou eu me confesso sozinho com Deus quando vou me deitar, e basta. Pois bem, isto não é fé. Isto é comodismo espiritual!

E mais, o católico convicto da própria fé nunca deixa sua Igreja Católica por outros grupos religiosos. Isto porque se a verdadeira Igreja de Cristo é continuidade com Sua missão, e Sua missão passa pela Eucaristia, porque Ele desejou ardentemente celebrar a Ceia com seus discípulos; passa pelo perdão dos pecados, porque Ele ordenou a seus Apóstolos que perdoassem a todos, então onde não há celebração da Eucaristia, sacramento da Confissão, aí não há também continuidade com a missão de Cristo na terra, e sim ruptura ou outra coisa qualquer do tipo: “Estai alerta para que ninguém vos enrede com sua filosofia e com doutrinas falsas, baseando-se em tradição humana e remontando às forças elementares do mundo, sem se fundamentar em Cristo”[2]. Logo, o católico não trocará sua fé por outra “fé”.

Quando o católico desconhece a beleza da doutrina católica – doutrina esta que se caracteriza pela sua unidade e comunhão de um único e mesmo credo, válido tanto para o católico do sertão do Maranhão quanto para o Papa lá em Roma –, ele perde também o encanto da própria fé, e, com isso, acaba-se tornando presa fácil nas mãos de grupos religiosos, os quais também por ignorância só sabem falar mal de Maria, nossa mãezinha do Céu, e das imagens.

Fundamentalmente, conhecer a Igreja Católica é tomar consciência de que o DEPÓSITO DA FÉ firma-se na Sagrada Escritura, na Tradição e no Magistério da Igreja. Qualquer católico, ao partir desta tríade, vai encontrar com muita consistência e precisão as razões de sua fé. Com efeito, é sempre em atenção contínua a esta tríade que a Igreja Católica vivificada pela ação do Espírito Santo conduz e orienta seus filhos na fé e na moral.

Se todos os que foram batizados na Igreja Católica deixarem de ser católicos de arquibancada, de raridade, de eventos e de uma “fé que busca consolação subjetiva”[3], asseguro: nunca vão abandonar a Igreja Católica. Afinal, “nela temos tudo o que é bom, tudo o que é motivo de segurança e de consolo!”[4].
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[1] Cf. Documento de Aparecida, n. 100b.
[2] Cl 2, 8.
[3] TESSORE, Dag. Bento XVI (questões de fé, ética e pensamento na obra de Joseph Ratzinger). São Paulo: Claridade, 2005. p. 29.
[4] Documento de Aparecida, n. 246.
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Frei Luis Leitão pertence a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo. Atualmente reside no Pós-Noviciado de Filosofia e também é o vice-diretor geral do IESMA(Instituto de Estudos Superiores do Maranhão).