terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Centenas de iraquianos fogem de Mossul para escapar de combates


Centenas de civis fugiram nesta terça-feira, pelo deserto, para tentar escapar dos combates em Mossul entre as forças iraquianas e o grupo extremista Estado Islâmico (EI), depois que milhares de pessoas abandonaram a segunda maior cidade do país.

As tropas iraquianas conquistaram no fim de janeiro a parte leste de Mossul, três meses depois do início de uma ampla ofensiva para reconquistar o último reduto do EI no Iraque.

Em 19 de fevereiro, as tropas do governo iniciaram uma nova fase para reconquistar a zona oeste de Mossul, onde o EI está mais implantado. Desde então, as tropas avançaram de forma relativamente rápida, com a tomada do aeroporto, de uma base anexa e de três bairros no sul e oeste, de acordo com o exército.

Mas ainda precisam reconquistar a zona oeste de Mossul, o que provoca o temor de combates violentos e de que os civis se vejam presos no meio dos beligerantes.

“Saímos às cinco da manhã. No início nós corremos, por causa do medo dos tiros do EI”, conta Baidaa, uma jovem de 18 anos, com a filha no colo.

Ao chegar à zona controlada pelo exército, a jovem relatou o inferno vivido nos bairros do oeste de Mossul.

“Os jihadistas criaram uma armadilha e não queriam a nossa saída”, afirmou a mulher, muito cansada após várias horas de caminhada. 

Entrevista do Papa Francisco ao jornal italiano “Scarp de’ tenis”.


A Rádio Vaticano publica a íntegra da entrevista concedida pelo Papa Francisco ao jornal “Scarp de’ tenis”, periódico italiano fundado em 1994 atualmente conhecido por ser uma “jornal de rua” sem fins lucrativos editado pela Cáritas italiana.

Os redatores são sem-teto e outras pessoas em dificuldades ou excluídas socialmente que encontram no jornal uma ocupação e uma complementação de renda.

Santo Padre, falamos do povo invisível, dos sem-teto. Algumas semanas atrás, com o início do inverno e com a chegada de uma grande frente fria, o senhor disse que era para que fossem abrigados no Vaticano, que se abrissem as portas da igrejas. Como foi recebido este seu apelo?

O apelo do Papa foi ouvido por muitas pessoas e muitas paróquias. Tantos escutaram. No Vaticano existem duas paróquias e cada uma delas abrigou uma família da síria. Muitas paróquias de Roma abriram as portas em acolhida, e sei que outras, sem lugares disponíveis, fizeram uma coleta para pagar o aluguel a pessoas e famílias necessitadas por um ano inteiro. O objetivo a ser alcançado deve ser aquele da integração, por isso é importante acompanhar-lhes por um período inicial. Em muitas regiões da Itália foi feito muito. Portas foram abertas em muitas escolas católicas, nos conventos, em tantas outras estruturas. Por isso digo que o apelo foi ouvido. Sei ainda de muitas pessoas que ofertaram dinheiro para que se possa pagar o aluguel aos sem-teto.

No passado o mundo inteiro falou sobre os sapatos do Papa, sapatos de trabalhador para caminhar e recentemente a mídia ficou surpresa, e contou sobre o Papa que foi até uma loja comprar novos sapatos. Porque tanta atenção? Talvez porque hoje seja difícil colocar-se – como convida Scarp de’ tenis – nos sapatos dos outros?

É muito difícil colocar-se “nos sapatos dos outros”, porque com frequencia somos escravos do nosso egoísmo. Em um primeiro nível, podemos dizer que as pessoas preferem pensar aos próprios problemas sem querer ver o sofrimento e as dificuldades dos outros. Depois, há um outro nível: colocar-se “nos sapatos dos outros” significa ter grande capacidade de compreensão, de entender o momento e as situações difíceis. Por exemplo: no momento de luto fazem-se as condolências, participa-se do velório ou da missa, mas são realmente poucos os que “se colocam nos sapatos” daquele viúvo ou daquela viúva ou daquele órfão. Certamente, não é fácil. Prova-se dor, mas tudo termina ali. Se pensamos então às existências que com frequencia são marcadas pela solidão, então colocar-se “nos sapatos dos outros” significa serviço, humildade, magnanimidade, que é também o sinal de uma necessidade. Eu preciso que além coloque-se “nos meus sapatos”. Porque todos nós precisamos de compreensão, de companhia e de alguns conselhos. Quantas vezes encontrei pessoas que, depois de ter procurado conforto em um cristão, seja esse leigo, um padre, uma freira, um bispo, me disse: “Sim, me ouviu mas não me entendeu”. Entender significa “colocar-se nos sapatos dos outros”. E não é fácil. Com frequência para suprimir essa falta de grandeza, de riqueza e de humanidade, perde-se nas palavras. Fala-se. Aconselha-se. Mas quando existem somente as palavras ou muitas palavras não há esta grandeza de “colocar-se nos sapatos dos outros”.

Santidade, quando o senhor encontra um sem-teto qual é a primeira coisa que lhe diz?

«Bom dia». «Como vai?». Algumas vezes trocamos poucas palavras, outras vezes se cria uma relação e se ouvem histórias interessantes: «Estudei num colégio onde havia um padre muito bom...». Alguém poderia dizer: O que me interessa? As pessoas que vivem pelas ruas entendem logo quando existe realmente um interesse da parte da outra pessoa ou quando existe, não um sentimento de compaixão, mas certamente de pena. Podemos olhar para um sem-teto como uma pessoa ou como se fosse um cachorro e eles percebem essa maneira diferente de olhá-los. No Vaticano, é famosa a história de um sem-teto, de origem polonesa, que geralmente ficava na Piazza del Risorgimento a Roma, não falava com ninguém, nem com os voluntários da Caritas que levavam para ele comida. Somente depois de muito temo conseguiram fazer com que ele contasse a sua história a eles: «Sou um sacerdote, conheço bem o seu Papa, estudamos juntos no seminário». O assunto chegou a São João Paulo II que ouvindo o nome confirmou ter estudado com ele no seminário e quis encontrá-lo. Eles se abraçaram depois de quarenta anos e no final de uma audiência o Papa pediu para ser confessado pelo sacerdote que tinha sido seu companheiro. «Agora, porém, cabe a você», disse-lhe o Papa. E o companheiro de seminário foi confessado pelo Papa. Graças ao gesto de um voluntário, de uma comida quente, algumas palavras de conforto e um olhar de bondade, essa pessoa pode se reerguer e começar uma vida normal que o levou a se tornar um capelão de um hospital. O Papa o ajudou. Certamente, este é um milagre, mas é também um exemplo para dizer que os sem-teto têm uma grande dignidade. No adro do Arcebispado de Buenos Aires, debaixo de uma marquise, morava uma família e um casal. Eu os encontrava todas as manhãs quando saia. Os saudava e conversava um pouco com eles. Nunca pensei em expulsá-los dali. Mas alguém me dizia: «Eles sujam a Cúria», mas a sujeira está dentro. Penso que é preciso falar com as pessoas com grande humildade, não como se tivessem que nos pagar uma dívida e não tratá-las como se fossem cães. 

Por que os cristãos não seguem todas as normas do Livro do Levítico?


Virou modinha entre os anticatólicos e entre os cristãos relativistas citar certos preceitos do Levítico - que são vistos por eles como leis estúpidas - para zombar da Bíblia e daqueles que nela apoiam a sua fé. Os defensores da causa gay, em especial, questionam, com ironia: "O Levítico, que condena os atos homossexuais, também proíbe comer camarão e aparar a barba dos lados. Os cristãos não pecam contra essa lei?". Monas militantes, vão interpretar a letra do último hit da Lady Gaga, porque de Bíblia vocês não sacam nada!

Levítico - livro dos levitas (sacerdotes) - tinha o objetivo de expor para o povo de Israel quais as normas religiosas e sociais deveriam seguir. Como todos os demais livros da Bíblia, foi totalmente inspirado por Deus. Podemos dizer, a grosso modo, que era para os israelitas o equivalente do que são para nós o Catecismo, o Código de Direito Canônico e a Instrução Geral do Missal Romano, adicionando ainda instruções de higiene, agricultura e bons costumes.

Algumas regras levíticas são perfeitamente compreensíveis para nós, tais como: as condenações à vingança, ao incesto, ao sexo com animais e aos sacrifícios humanos. Porém, vários preceitos do Levítico soam estranhos à maioria das pessoas, entre eles:

·       a proibição de usar um tecido feito com dois tipos de fios;
·       a proibição de cortar o cabelo em redondo e aparar a barba dos lados;
·       a proibição de comer carne de porco, camarão, mariscos, coelho etc.;
·       a proibição de tocar em uma mulher menstruada;
·       a proibição de comer os frutos dos três primeiros anos de colheita.

Apesar de parecerem incompreensíveis à primeira vista, essas normas possuem uma lógica bastante acessível. Elas não são seguidas pelos cristãos, o povo da Nova Aliança, mas tiveram um papel muito importante na Antiga Aliança. 

O verdadeiro ópio do povo


Fiéis a Marx, os comunistas incriminam a religião de ópio do povo — das Opium des Volks. Leia–se o trecho na íntegra:

“A religião é o suspiro da criatura oprimida pela infelicidade, a alma de um mundo sem coração, do mesmo modo que é o espírito de uma época sem espírito. É o ópio do povo” (t).

Apregoada e difundida, a frase abriu caminho para incompatibilizar a fé com o trabalho, arraigando no espírito dos trabalhadores — bem salientou Monsenhor Montini, hoje S. S. Paulo VI — a impressão de que

“a religião os afasta do que deve antes de tudo preocupá-los: os interesses econômicos e sociais. Destarte, enche-os de ilusão, contenta-os, fixa-os num sistema  jurídico-social no meio do qual outros vivem na abundância, na segurança, no prazer, em situação privilegiada e onde o povo trabalhador não conhece senão a dor e submissão.  A religião seria cúmplice do gritante desequilíbrio social; seria aliada de um imobilismo que tende totalmente ao sacrifício da classe operária e ao proveito da c lasse capitalista” (1 2).

Restringem a religião a dois pontos capitais: uma projeção ilusória, mero produto social, e, acabamos de ver, um lenitivo para os explorados. O último, graças à rotineira e cavilosa propaganda, penetrou entre os trabalhadores, mercê do silêncio que se fez em torno dos direitos e garantias que lhes foram assegurados nas legislações modernas sob o influxo da doutrina social católica.

Em verdade, a ordem sócio-econômica, inspirada no pensamento cristão, tem por “elemento substancial a elevação do proletariado” (Pio XII, A Ordem Social — Radiomensagem de 1-9-1943). Consagramos ao tema o livro Doutrina Social e Direito do Trabalho (Rio, 1954) e ousamos lembrar a referência com que nos honrou o eminente Cardeal D. Fernando Quiroga, Arcebispo de Santiago de Compostela, na Espanha: “publicación tan llena de solida doctrina, que servirá para dar a conocer la verdad dei interés dela Santa Iglesia por la clase obrera”. Abrimos o estudo dedicado às normas tutelares do Direito pátrio no setor da Segurança Social (Rio, 1961), com a afirmação de Pergolesi: “O princípio e sentimento de fraternidade, de inspiração cristã, influíram muito na orientação em sentido social das constituições modernas.” Extensa e profunda sua repercussão na ordem jurídica em geral, o que deixou implícito o preeminente jurista italiano. 

Santos Romão e Lupicino


Apaixonados pelos Padres do deserto, fundaram mosteiro baseado nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

São Romão entrou para a vida religiosa com 35 anos, na França, onde nasceram os dois santos de hoje. Ele foi discernindo sua vocação, que o deixava inquieto, apesar de já estar na vida religiosa. Ao tomar as constituições de Cassiano e também o testemunho dos Padres do deserto, deixou o convento e foi peregrinar, procurando o lugar onde Deus o queria vivendo.

Indo para o Leste, encontrou uma natureza distante de todos e percebeu que Deus o queria ali.

Vivia os trabalhos manuais, a oração e a leitura, até o seu irmão Lupicino, então viúvo, se unir a ele. Fundaram então um novo Mosteiro, que se baseava nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

Romão tinha um temperamento e caminhada espiritual onde com facilidade era dado à misericórdia, à compreensão e tolerância. Lupicino era justiça e intolerância. Nas diferenças, os irmãos se completavam, e ajudavam aos irmãos da comunidade, que a santidade se dá nessa conjugação: amor, justiça, misericórdia, verdade, inspiração, transpiração, severidade, compreensão. Eles eram iguais na busca da santidade.

O Bispo Santo Hilário ordenou Romão, que faleceu em 463. E em 480 vai para a glória São Lupicino.


São Romão pé em Roma cabeça em Portugal. Livrai-me dos cães danados e dos que estão para se danar. Do mortos mal encarados dos vivos sem perigo. São Romão, andais comigo.

Ó Deus, só vós sois Santo e sem vós ninguém pode ser bom. Pela intercessão de são Lupicino, dai-nos viver de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Os bens deste mundo


Pense bem, meu Amigo!

Enquanto houver em seu coração apego à própria vida, com a ilusão de que você sozinho, você do seu jeito, você na sua própria medida e na sua própria verdade mentirosa, sem Deus e até contra Deus, pode ser feliz, pode construir sua própria felicidade, construindo seu próprio projetozinho pessoal, enquanto você pensar que pode ser realmente livre em Cristo agarrado a mil paixões, mil conveniências, mil concessões ao mundo, enquanto você quiser experimentar tudo, fazer concessões aos seus apetites e desejos, agarrando-se a sensações e sentimentos, procurando neles a vida, enquanto sua existência for assim, você nada mais será que um pobre escravo!

Com todo o prestígio, você não passa de um pobre escravo; com todos os seus prazeres e prazeirosas realizações e situações, você é somente um escravo de luxo, com todo o seu dinheiro e poder, você não passa de um escravo; com todos os talentos, prazeres e potencialidades, escravo; com todo o seu sucesso, você será só escravo, todo escravo, enganado escravo! Escravo da própria escravidão; tão escravo que pensa que a escravidão é liberdade! Por medo de não ser feliz, por medo de perder a vida, você se torna escravo e vive uma grande ilusão que, ao fim de tudo, será colocada por terra, desmascarada! Escravo! 

CNBB lança Campanha da Fraternidade 2017 na quarta-feira de cinzas, em Brasília


Com o tema "Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida", a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente, na Quarta-feira de Cinzas, dia primeiro de março, a Campanha da Fraternidade 2017 (CF 2017). O lançamento será na sede da entidade, em Brasília (DF), e será transmitido ao vivo pelas emissoras de TV de inspiração católica, a partir das 10h45.

A campanha, que tem como lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), alerta para o cuidado da Casa Comum, de modo especial dos biomas brasileiros. Segundo o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta é dar ênfase à diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam, especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem, sejamos conduzidos à vida nova”, afirma.

Ainda de acordo com o bispo, a CF deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. "Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, cultivar e a guardar”, salienta.

A cerimônia de lançamento contará com as presenças do arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, do secretário geral da Conferência, dom Leonardo Steiner, e do secretário de articulação institucional e cidadania do Ministério do Meio Ambiente, Edson Duarte.

No Brasil, a Campanha já existe há mais de 50 anos e sua abertura oficial sempre acontece na Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma, época na qual a Igreja convida os fiéis a experimentarem três práticas penitenciais: a oração, o jejum e a esmola. 

Não queremos a lógica de Caim


Caros amigos, a onda de violência urbana que atingiu nossos irmãos capixabas nos deixou perplexos diante da crueldade sem sentido. Segundo números oficiais, foram 143 mortos, sem falar das perdas materiais e da imensa insegurança que até hoje se abate naquela região. Mas quem foram os saqueadores e assassinos que executaram esta barbárie? Não foram terroristas, nem membros de outra facção criminosa ou partido político beligerante, mas os próprios moradores daqueles centros urbanos, que se armaram em violência contra seus irmãos.

Esta é mesma lógica de Caim (Cf. Gn 4), que por inveja tirou a vida do seu irmão Abel. Tal situação representa a violência do indivíduo contra os outros e, por isso, contra a sociedade em desprezo ao bem comum.

Entretanto, cabe recordar que foi o pensamento político e econômico de nossa atual sociedade do bem-estar que gerou este mal que se irradia incontrolavelmente por todos os lados. As definições de que “o homem é o lobo do homem” e “antes de toda regulação estatal a sociedade é uma guerra de todos contra todos” (Thomas Hobbes) são pensamentos negativos de liberdade que levam ao absolutismo demente e homicida do ser humano que, ao fim, destrói a si mesmo e a tudo aquilo que ama.

O homem, criado a imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, não se realiza fora da sociedade e do amor fraterno. Assim sendo, qualquer alternativa que não seja este caminho de comunhão e justiça será sempre falsa ou incompleta. 

Bento XVI: “O futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas”.


“Entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas”, disse Papa Bento XVI, no último dia de seu pontificado, durante sua reunião com os cardeais prestes a entrar em conclave para eleger seu sucessor, fevereiro 28, 2013, no último dia de seu pontificado. Quatro anos depois, estas palavras constituem como uma herança preciosa para os católicos do mundo.

Permaneçamos unidos

“Antes de vos saudar pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a estar convosco com a oração, especialmente nos próximos dias, a fim de que sejais plenamente dóceis à acção do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre o que Ele quer. E entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas. Portanto, com afeto e reconhecimento, concedo-vos de coração a Bênção Apostólica.”

Ele também disse seus pensamentos sobre a Igreja, “corpo vivo, animado pelo Espírito Santo” que “vive realmente pela força de Deus”, citando Guardini: “Diz Guardini: A Igreja «não é uma instituição pensada e construída sob um projecto…. mas uma realidade viva… Ela vive ao longo do tempo, no futuro, como todos os seres vivos, transformando-se… E no entanto na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo». Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na Praça: ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente pela força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isto ontem. Por isso é verdadeira e eloquente também outra famosa expressão de Guardini: «A Igreja desperta nas almas». A Igreja vive, cresce e desperta nas almas, que — como a Virgem Maria — acolheram a Palavra de Deus e a conceberam por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, precisamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de gerar Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente. Cristo continua a caminhar através dos tempos e em todos os lugares.”

Ele chamou os cardeais para a unidade: “Permaneçamos unidos, queridos Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia quotidiana, e assim servimos a Igreja e a humanidade inteira. Esta é a nossa alegria, que ninguém nos pode tirar.” 

Por que a Igreja Católica Romana não reconhece validade nos sacramentos da Igreja Católica Apostólica Independente?


Boa tarde, a paz de Jesus! 

Caro irmão, eu sou padre da igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomonia, a que foi funda por o Bispo Dom Salomão Ferraz, que morreu como bispo auxiliar de São Paulo, como bispo da Igreja Romana. Gostaria de saber o porquê que agora a Igreja não nos reconhece, já que ele foi aceito como bispo romano sem ser consagrado novamente? Já que temos sucessão apostólica valida, por que a Igreja não reconhece nossos sagramentos (sic)? Gostaria muito que os senhores irmãos, mim (sic) explicassem isso. Obrigado pela atenção que Deus lhe abençoe muito.

Abraço, padre Gaspar.

Fraterno padre Gaspar, paz e bem!

Recebemos com muita alegria a sua mensagem, e resolvemos respondê-lo com o máximo de cuidado e atenção possível afim de que os fatos sejam esclarecidos para que não haja dúvida alguma acerca das questões que envolvem a Igreja Católica Brasileira e suas dissidentes como a Igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomoniana. Esperamos que leia com muita atenção e tire suas dúvidas.:


“Eles saíram de entre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco” (1Jo 2,19).


Primeiramente convém levar em conta que A única Igreja de Cristo,... é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subiste (subsistit in) na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” (CIC Nº 816).  

Esta resposta já seria suficiente para afirmar porque a Igreja Católica Romana não reconhece a Igreja Católica Apostólica Independente de Tradição Salomoniana (ICAI-TS), também conhecida como Catolicismo Salomonita ou Catolicismo Evangélico Salomonita. Nosso Senhor Jesus Cristo fundou uma só Igreja, as denominações fundadas por homens, são frutos de discórdias e desavenças dos homens. A ICAI-TS foi fundada, como você mesmo disse, por Dom Salomão Ferraz, ex-pastor presbiteriano que foi sagrado ao episcopado por Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo desertor da Igreja Católica Romana, que fundou sua própria denominação: a Igreja Católica Brasileira (ICAB).

Ora, uma vez que o sacramento da ordem é indelével, se um bispo validamente sagrado na Igreja Católica Romana, dela se separa e ordena outro como diácono, padre ou bispo, não seria válida esta ordenação? Vejamos:

D. Salomão, junto a bispos brasileiros, na Praça de São Pedro, durante o Concílio Vaticano II.
D. Salomão é o terceiro a contar da direita.

História


Em 1925 Salomão, que era presbiteriano, elaborou e publicou um estudo chamado Princípios e Métodos, que discursava sobre a validade dos batismos efetuados por padres católicos romanos, dizendo que tais batismos eram válidos por ser feito sobre a palavra e o nome de Jesus Cristo, independente de a Igreja Católica Romana ser vista como errada pelos protestantes.

Ele acaba entrando em conflito com as autoridades presbiterianas e se transfere para a Igreja Episcopal do Brasil, atual Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, onde é ordenado diácono e presbítero.

Em 1936 a Ordem de Santo André (OSA), fundada por ele, se reúne em um congresso nacional onde é lançada e aprovada a obra “A Igreja e a Sinagoga”, aonde Salomão Ferraz trata sobre o que a Igreja é, e o que a Igreja não é. Nesse congresso é aprovada também a criação da Igreja Católica Livre, uma igreja autônoma e nacional.

Salomão Ferraz é eleito bispo para a Igreja Católica Livre e busca a sagração na Europa, e é aceito para ser sagrado pelos Vétero-Católicos de Utrecht, porém devido a II guerra mundial ficou impedido de ser sagrado na Europa.

Aqui é importante destacar que a Igreja Católica Romana não considera válidas as ordenações realizadas nas igrejas presbiterianas, anglicanas e nem pelos vétero-católicos. No caso da Igreja Anglicana, o Santo Padre Leão XIII declarou, depois do assunto ter sido seriamente debatido com os teólogos, que, de acordo com fontes históricas e dogmáticas, categoricamente o anglicanismo havia perdido a sucessão apostólica, pois quando a igreja da Inglaterra caiu em heresia, comprovou-se que os sacramentos - incluindo aí o sacramento da Ordem - passaram a ser pervertidos no que sempre foram, e adotaram uma nova doutrina que os anulou. A partir daquele momento, todo candidato às Ordens Sacras foi sagrado de forma inválida, porque os novos “sacramentos”, dentre eles a Eucaristia e a Ordem já não eram mais os mesmos da Igreja Católica Romana. A intenção não era mais sacrifical, mas protestante. Não se tratava somente de um cisma, como no oriente, mas houve uma mudança doutrinária, e isso tornou todos os sacramentos do anglicanismo inválidos, com exceção do batismo. Sendo assim, todos os  “padres”  ordenados já não eram padres, e muito menos os bispos. O anglicanismo é apenas uma seita protestante que pensa ou pensava ter sucessão apostólica.
  
Dom Carlos Duarte da Costa, um bispo que se desligou da Igreja Católica Romana e fundou a Igreja Católica Brasileira foi suspenso de ordens em 1944, isto é, perdeu a autorização para exercer as funções do sagrado ministério.  Conheceu Salomão Ferraz, um homem casado e pai de sete filhos, e aceitou sagrá-lo em 1945; um fato importante é que mesmo que Dom Carlos ainda não tivesse recebido a excomunhão de Roma quando sagrou Salomão Ferraz, ordenando-o sem mandato pontifício[1] (opondo-se diretamente ao papel espiritual do Sumo Pontífice danificando a unidade da Igreja) e, portanto, de forma ilegítima, incorreu em violação da norma do cânon 1382 do Código de Direito Canônico que prevê a excomunhão automática: "o Bispo que confere a alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe dele a consagração, incorre em excomunhão latae sententiae (automática) reservada à Sé Apostólica". Neste cânon se considera que algumas circunstâncias como "o temor grave, a injusta provocação, a ignorância da pena canônica", entre outras, são "atenuantes que excluem a pena latae sententiae". 

Vale lembrar que a excomunhão de um membro do clero não lhe tira o sacramento da ordem, mas torna ilícitos[2] todos os seus atos; por isso, quando em 1959, Dom Salomão Ferraz manifestou seu desejo de entrar em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, seu pleito não só foi atendido, como ele teve a sua excomunhão suspensa apesar de ordenado irregularmente[3] e foi recebido na Igreja pelas mãos do então cardeal Arcebispo de São Paulo sem que fosse reordenado (nem mesmo sob condição), apesar de continuar casado* e pai de sete filhos, pois dom Carlos Duarte era verdadeiramente bispo, embora o Santo Ofício o tenha declarado excomungado vitandus (= a ser evitado) aos 3 de julho de 1946.[4]

No dia 8 de dezembro de 1959 Dom Salomão fez voto de profissão de fé católica e assinou o respectivo termo de compromisso. Nessa mesma igreja celebrou a primeira missa como bispo da Igreja Católica Apostólica Romana e, posteriormente, foi recebido pelo Cardeal Motta no palácio Pio XII. Sua recepção na condição de bispo e exercendo o ministério episcopal deu-se por expressa permissão do Papa São João XXIII (que o fez bispo titular de Eleuterna em 10 de maio de 1963), a quem teve a oportunidade de encontrar uma vez em Roma, bem como tomou parte no Concílio do Vaticano II como padre conciliar,[5] morrendo em plena comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana.[6] Seu nome consta como bispo católico romano regular nos principais repositórios de informações sobre bispos católicos.

São Gabriel das Dores


Grande devoto da Virgem Maria, São Gabriel das Dores foi dócil ao deixar tudo e assumir sua vocação.

 

Nascido a 1838 em Assis, na Itália, dentro de uma família nobre e religiosa, recebeu o nome de batismo Francisco, em homenagem a São Francisco.

Na juventude andou desviado por muitos caminhos, e era dado a leitura de romances, festas e danças. Por outro lado, o jovem se sentiu chamado a consagrar-se totalmente a Deus, no sacerdócio ministerial. Mas vivia ‘um pé lá, outro cá’. Ou seja, nas noitadas e na oração e penitência.

Aos 18 anos, desiludido, desanimado e arrependido, entrou numa procissão onde tinha a imagem de Nossa Senhora. Em meio a tantos toques de Deus, ouviu uma voz serena, a voz da Virgem Maria, que dizia que aquele mundo não era para ele, e que Deus o queria na religião.

Obediente a Santíssima Virgem, na fé, entrou para a Congregação dos Padres Passionistas. Ali, na radicalidade ao Evangelho, mudou o nome para Gabriel, e de acordo também com a sua devoção a Nossa Senhora, chamou-se então: Gabriel da Dores.

Antes de entrar para a Congregação, já tinha a saúde fraca, e com apenas 23 anos partiu para a glória, deixando o rastro da radicalidade em Deus. Em meios às dores, São Gabriel viveu o santo Evangelho.



Ó Deus, concedei-nos, pelas preces de São Gabriel das Dores, a quem destes perseverar na imitação de Cristo pobre e humilde, seguir a nossa vocação com fidelidade e chegar àquela perfeição que nos propusestes em vosso Filho. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

A maioria dos bispos são culpados por não levarem a sério o demônio, advertiu exorcista


Se todos os Bispos do mundo viessem até ele para uma confissão, se recusaria a dar a absolvição para a maioria deles, a menos que se arrependessem de terem negligenciado a responsabilidade de expulsar os demônios, disse o falecido Pe. Gabriele Amorth em entrevista a John L. Allen jr., no ano 2000.

Pe. Amorth morreu no início de setembro de 2016 com 91 anos de idade, sendo exorcista da diocese de Roma desde meados da década de 1980, tendo realizado dezenas de milhares de exorcismos.

Não está claro se o Frei Gabriele Amorth teria um pensamento similar nos dias atuais sobre os bispos do mundo (16 anos depois da entrevista), já que desde então houve uma explosão no número de exorcistas designados em todo o mundo, inclusive com o Vaticano oferecendo cursos de exorcismo. Papa Francisco, em particular, tem pregado bastante sobre a realidade do demônio. Tanto que a mídia secular se perguntou “Por que o Papa Francisco é Tão obcecado com o diabo?”. 

Anglicanos e católicos diante do “rosto misericordioso de Cristo” para superar as divisões


VISITA À IGREJA ANGLICANA DE "TODOS OS SANTOS"
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Domingo, 26 de Fevereiro de 2017


Queridos irmãos e irmãs,

Desejo agradecer-lhe o seu gracioso convite para celebrar este aniversário paroquial com você. Mais de duzentos anos se passaram desde que a primeira liturgia anglicana pública foi realizada em Roma para um grupo de residentes ingleses nesta parte da cidade. Muita coisa mudou em Roma e no mundo desde então. Ao longo desses dois séculos, também mudou muito entre anglicanos e católicos, que no passado se viam com suspeita e hostilidade. Hoje, com gratidão a Deus, reconhecemos uns aos outros como verdadeiramente somos: irmãos e irmãs em Cristo, através do nosso batismo comum. Como amigos e peregrinos desejamos caminhar juntos pelo caminho, para seguir juntos o nosso Senhor Jesus Cristo. 

Você me convidou para abençoar o novo ícone de Cristo Salvador. Cristo olha para nós, e seu olhar sobre nós é um olhar de salvação, de amor e compaixão. É o mesmo olhar misericordioso que atravessou o coração dos Apóstolos, que deixaram o passado para trás e iniciaram uma jornada de vida nova, para seguir e proclamar o Senhor. Nesta imagem sagrada, como Jesus nos olha, ele também parece chamar-nos, fazer um apelo a nós: "Você está pronto para deixar tudo do seu passado por mim? Você quer ser mensageiro do meu amor e da minha misericórdia?"

Seu olhar de misericórdia divina é a fonte de todo o ministério cristão. O apóstolo Paulo nos diz isso, por meio de suas palavras aos Coríntios, que acabamos de ouvir. Ele escreve: "Tendo este ministério pela misericórdia de Deus, não perdemos o coração" (2Cor  4,1). Nosso ministério brota da misericórdia de Deus, que sustenta nosso ministério e impede que ele perca seu vigor.

São Paulo nem sempre teve uma relação fácil com a comunidade em Corinto, como mostram suas cartas. Houve também uma dolorosa visita a esta comunidade, com palavras acaloradas trocadas por escrito. Mas esta passagem mostra Paulo superando as diferenças passadas. Ao viver seu ministério à luz da misericórdia recebida, ele não desiste diante das divisões, mas se dedica à reconciliação. Quando nós, a comunidade dos cristãos batizados, nos encontramos confrontados com desacordos e nos voltamos para a face misericordiosa de Cristo para superá-la, é reconfortante saber que estamos fazendo como São Paulo fez numa das primeiras comunidades cristãs.

Como São Paulo lida com essa tarefa, onde ele começa? Com humildade, que não é apenas uma bela virtude, mas sim uma questão de identidade. Paulo vê-se como um servo, proclamando não a si mesmo, mas a Cristo Jesus, o Senhor (verso 5). E ele realiza este serviço, este ministério de acordo com a misericórdia mostrada (v. 1): não com base em sua capacidade, nem confiando em sua própria força, mas confiando que Deus está cuidando dele e sustentando sua fraqueza Com misericórdia. Tornar-se humilde significa atrair a atenção para longe de si mesmo, reconhecendo a dependência de Deus como um mendigo de misericórdia: este é o ponto de partida para que Deus trabalhe em nós. Um ex-presidente do Conselho Mundial de Igrejas descreveu a evangelização cristã como "um mendigo dizendo a outro mendigo onde pode encontrar pão". Creio que São Paulo aprovaria. Ele compreendeu o fato de que ele era "alimentado pela misericórdia" e que sua prioridade era compartilhar seu pão com os outros: a alegria de ser amado pelo Senhor e de amá-lo.  

Papa: «Peço-vos, por favor, que façais esta experiência».


VISITA À PARÓQUIA ROMANA DE SANTA MARIA JOSEFA
DO CORAÇÃO DE JESUS
NO BAIRRO CASTELVERDE
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Domingo, 19 de fevereiro de 2017



Hoje, nas leituras, há uma mensagem que definiria única. Na primeira há a Palavra do Senhor que diz: «Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo» (Lv 19, 2). Deus Pai diz-nos isto. E o Evangelho termina com aquela Palavra de Jesus: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 48). A mesma coisa. Este é o programa de vida. Sede santos, porque Ele é santo; sede perfeitos, porque Ele é perfeito. E vós podeis perguntar-me: “Mas, Padre, como é o caminho rumo à santidade, qual é o percurso para nos tornarmos santos?”. Jesus explica bem isto no Evangelho: explica-o com coisas concretas.

Antes de tudo: «Foi dito: “olho por olho, dente por dente”. Mas eu digo-vos para não vos opordes ao malvado» (Mt 5, 38-39), ou seja, nenhuma vingança. Se no coração tenho rancor por alguma coisa que alguém me fez e me quero vingar, isto afasta-me do caminho rumo à santidade. Nenhuma vingança. “Fizeste isto, vais pagar!”. Um comportamento assim é cristão? Não. “Vais pagar” não faz parte da linguagem de um cristão. Nenhuma vingança. Nenhum rancor. “Mas aquele torna a minha vida impossível!...”. “Aquela vizinha fala mal de mim todos os dias! Também eu falarei mal dela...”. Não. O que diz o Senhor? “Reza por ela” — “Mas devo rezar por ela?” — “Sim, reza por ela”. É o caminho do perdão, do esquecimento das ofensas. Dão-te uma bofetada na face direita? Apresenta-lhe a outra. O mal vence-se com o bem, o pecado é vencido com esta generosidade, com esta força. O rancor é mau. Todos sabemos que não é uma coisa pequena. As grandes guerras — vemos nos telejornais, nos jornais, este massacre de pessoas, de crianças... quanto ódio, mas é o mesmo ódio — é o mesmo! — que tu tens no teu coração por alguém, por este ou por aquele teu parente ou pela tua sogra ou por outra pessoa, o mesmo. Ele é aumentado, mas é o mesmo. O rancor, a vontade de me vingar: “Vais pagar!”, isto não é cristão.

“Sede santos como Deus é santo”; sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai”, «o qual faz que o sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos» (Mt 5, 45). É bom. Deus concede os seus bens a todos. “Mas se alguém fala mal de mim, se me fez uma grande ofensa, se aquele me...”. Perdoar. No meu coração. Eis o caminho da santidade; e isto afasta as guerras. Se todos os homens e mulheres do mundo aprendessem isto, não haveria guerras, elas não existiriam. A guerra começa assim, na amargura, no rancor, na vontade de vingança. Mas isto destrói famílias, destrói amizades, destrói bairros, destrói tanto, tanto... “E, Padre, que devo fazer quando sinto isto?”. É Jesus quem o diz e não eu: «Amai os vossos inimigos» (Mt 5, 44). “Eu tenho que amar aquele?” — Sim — “Não posso” — Reza para que possas. «Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem» (Ibid.). “Rezar por aquele que é malvado comigo?” — Sim, para que mude de vida, para que o Senhor o perdoe. Esta é a magnanimidade de Deus, o Deus magnânimo, o Deus de coração grande, que tudo perdoa, que é misericordioso. “É verdade, Padre, Deus é misericordioso”. E tu? És misericordioso, és misericordiosa, com as pessoas que foram malvadas contigo? Ou que não gostam de ti? Se Ele é misericordioso, se Ele é santo, se Ele é perfeito, nós devemos ser misericordiosos, santos e perfeitos como Ele. 

Papa alerta para as tentações do “dinheiro, prazer e poder”


Papa Francesco
ANGELUS
Praça de São Pedro 
domingo, 26 de fevereiro, 2017


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje (cf. Mt 6,24-34) é um forte apelo a confiar em Deus - não se esqueça: confiar em Deus - que cuida dos seres vivos na criação. Ele fornece comida para todos os animais, cuida dos lírios e grama do campo (cf. vv 26-28.); seu olhar benevolente vigia constantemente nossas vidas. Isso ocorre sob o cuidado com muitas preocupações, que podem assumir serenidade e equilíbrio; Mas essa ansiedade é muitas vezes inútil, porque ela não pode mudar o curso dos acontecimentos. Jesus nos chama insistentemente para não se preocupar com o amanhã (cf. vv 25.28.31.), lembrando que, acima de tudo há um Pai amoroso que nunca se esquece de seus filhos: confiança nele não vai resolver magicamente os problemas, mas vamos enfrentá-los com o estado de espírito correto, corajosamente, sou corajoso porque eu confio no meu Pai, que cuida de tudo e que me deseja tanto bem.

Deus não é distante e anônimo: é o nosso refúgio, a fonte de nossa serenidade e nossa paz. Ele é a rocha da nossa salvação, a que podemos agarrar-se na certeza de não cair; aqueles que se agarram a Deus nunca caem! É a nossa defesa do mal sempre à espreita. Deus é o nosso grande amigo, o aliado, o pai, mas nem sempre levamos em conta. Não nos damos conta de que temos um amigo, um aliado, um pai que nos ama, e nós preferimos inclinar-nos sobre os bens imediatos que podemos tocar, aos ativos contingentes, esquecendo-se, e às vezes recusando-se, ao bem supremo, o amor paterno de Deus. Ouvindo o Pai, nesta era de orfandade, é tão importante! Para ouvir o Pai neste mundo órfão, ficamos longe do amor de Deus quando vamos para a busca obsessiva de bens materiais e riquezas, manifestando-se, assim, um amor exagerado a estas realidades.

Jesus nos diz que essa busca desesperada é uma ilusão e causa de infelicidade. Ele dá aos seus discípulos uma regra essencial da vida: "Mas buscai primeiro o reino de Deus" (v 33). É a realização do projeto que Jesus anunciou no Sermão da Montanha , confiando em Deus que não desilude - muitos amigos ou muitos que nós pensamos ser amigos, falharam conosco; Deus nunca desilude! -; ocupado como fiéis mordomos dos bens que Ele nos deu, exageramos, como se tudo, até mesmo a nossa salvação dependesse apenas de nós. Esta atitude evangélica requer uma escolha clara, que a passagem de hoje diz precisamente: "Não podeis servir a Deus e ao dinheiro" (v 24). O Senhor ou os ídolos fascinantes, mas ilusórios. Esta escolha, que somos chamados a fazer se repercute em muitos de nossos atos, programas e compromissos. São escolhas que devem ser feitas de uma forma clara e que devem ser renovadas constantemente, porque a tentação de reduzir tudo a dinheiro, prazer e poder é insistente. Existem muitas tentações para este fim.

Enquanto honrar esses ídolos leva a resultados tangíveis ainda que fugaz, para escolher a Deus e seu Reino nem sempre mostra imediatamente seus frutos. É uma decisão que você toma na esperança de deixar a Deus a plena realização. A esperança cristã é tensa para o futuro cumprimento da promessa de Deus e não para diante das dificuldades, porque é fundada sobre a fidelidade de Deus, que nunca falha. É verdade, é um Pai fiel, ele é um amigo leal, um aliado leal.

Que a Virgem Maria nos ajude a confiar no amor e bondade do Pai celeste, para viver n'Ele e com Ele. Este é o pré-requisito para superar os tormentos e adversidades da vida, e até mesmo perseguição, como demonstrado pelo testemunho de tantos dos nossos irmãos e irmãs.