terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É possível um novo começo.


Hoje, Deus nos dá a oportunidade de passarmos nossa vida a limpo e purificarmos nossas lembranças daquilo que foi o ano anterior, mergulhando-a na misericórdia de Deus.

Deus quer curar o nosso coração de todos os desencontros, erros e pecados com a graça de Seu perdão. Ao mesmo tempo, temos a chance de deixar de lado tudo o que nos atrapalha, abandonando os rancores e ressentimentos, perdoando as pessoas que nos feriram.

"Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as coisas antigas, porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes?" (Is 43, 18).

Quando a Sagrada Escritura nos diz para não nos lembrarmos dos "acontecimentos de outrora", não se trata realmente de esquecer, mas de não vivermos como escravos dos acontecimentos que, agora, não existem mais. Devemos ficar com o que foi bom e tirar proveito até mesmo dos erros cometidos para o nosso crescimento e amadurecimento. Trata-se, na verdade, de uma nova chance de recomeçar e de nascer de novo pela graça de Deus.

É possível uma vida nova. É possível um novo começo neste exato momento, porque Deus está conosco, porque Jesus está vivo e nos dá a Sua força para recomeçar. A diferença está justamente aqui: se antes vivíamos contando apenas com as nossas energias, podemos recomeçar agora pelo "poder de Deus", "pela força do Alto", que é o Espírito Santo. É dessa certeza que brota a nossa esperança.


É ano novo! É tempo de esperança! O que era velho ficou para trás. É o Senhor, portanto, quem nos diz: "Levanta, meu filho! Chegou o momento. Vou restabelecê-lo, vou renovar o seu ânimo e sua vida. Coragem!

Desejo, de todo o meu coração, que este novo ano seja para você e para toda a sua família um tempo de muita graça de Deus, um tempo de esperança e renovação.

Feliz Ano Novo!



Monsenhor Jonas Abib
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Disponível em: Catequizar 

Te Deum: O hino de ação de graças.


Um ar de triunfo e alegria pairava sobre a cidade de Orléans naquele belo dia de maio de 1429. O estandarte de Santa Joana d'Arc, semeado de flores-de-lis e tendo as figuras de Jesus e Maria, tremulava ao vento, entre brados de júbilo do povo. Repicavam os sinos enquanto pela ponte do rio Loire adentrava a intrépida virgem que reerguera uma França desmoralizada e dividida. Sob as ogivas da Catedral de Sainte-Croix, milhares de vozes entoavam um hino de vitória e ação de graças: o Te Deum.

Da Idade Média até os nossos dias

Ao longo dos séculos, em ocasiões de especial relevância - uma insigne vitória ou algum outro grande dom recebido da Providência -, o povo cristão utilizou-se do Te Deum para manifestar aos Céus sua gratidão. A História registra diversos desses momentos.

Em 20 de janeiro de 1554, por exemplo, quando a cidade de Lisboa exultava pelo nascimento do herdeiro do trono luso, Dom Sebastião, o Desejado, a Igreja uniu-se ao júbilo geral, promovendo solene Te Deum acompanhado do repicar dos sinos. E em 12 de setembro de 1683, após a famosa Batalha de Viena, o rei polonês João Sobieski entrou vitorioso na cidade e cantou com o povo o Te Deum, agradecendo a intervenção da Mãe de Deus, que lhes prestara seu invencível auxílio.

Hoje, as comunidades cristãs do mundo todo se reúnem para entoar solenemente este hino a cada 31 de dezembro, por ocasião das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima. Sobre este belo costume, o Papa Bento XVI afirma: Deus "fez-Se como nós, para nos fazer como Ele: filhos no Filho, portanto, homens livres da lei do pecado. Não é este porventura um motivo fundamental para elevar a Deus a nossa ação de graças? Uma ação de graças que não pode deixar de ser ainda mais motivada no final de um ano, considerando os numerosos benefícios e a sua assistência constante que pudemos experimentar no arco dos doze meses transcorridos".1


Hino de louvor e súplica

Cântico de arrebatadora beleza, tanto pela admirável evocação da Igreja triunfante e militante, como pela efusiva proclamação dos atributos e benefícios divinos, possui o Te Deum três partes bem características.

Na primeira, ressalta-se a glorificação da Santíssima Trindade por todos os seres racionais: os Anjos e os Santos prosternam-se em adoração diante desse augusto Mistério. A segunda é uma exaltação de Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, o Redentor, que voltará no fim dos tempos como Supremo Juiz para julgar os vivos e os mortos. Por fim, a terceira contém uma veemente súplica: "Fazei-nos ser contados, Senhor Vos suplicamos, em meio a Vossos santos na Vossa eterna glória".

Aqui termina o hino propriamente dito. O que se segue é um apêndice, composto de versículos extraídos de diversos salmos2, acrescentado posteriormente ao texto original.

"Irmão gêmeo" do Gloria

Numerosas analogias relacionam esse hino com outro, o Gloria in excelsis Deo, a ponto de serem chamados de "irmãos gêmeos". E a própria Liturgia, por assim dizer, os associa, pois ambos são habitualmente rezados nos domingos, solenidades e festas: o Gloria na Santa Missa e o Te Deum na Liturgia das Horas (Ofício das Leituras).

Na Idade Média - dado o caráter de humilde súplica dos versículos acrescentados ao texto original - era comum valer-se do Te Deum também para pedir o afastamento de alguma calamidade, enquanto o Gloria in excelsis era cantado apenas nos momentos mais alegres.

Diálogo entre Santo Ambrósio e Santo Agostinho

Há quem atribua a autoria do Te Deum a Santo Hilário, Bispo de Poitiers; a Nicésio, Bispo de Tréveris; a Niceta di Remesiana, e outros mais. Opinam ainda que ele não teve propriamente autor, mas sim compilador que teria recolhido trechos de diversas obras.

Entretanto, uma piedosa tradição atribui sua autoria a dois insignes Padres da Igreja: Santo Ambrósio e Santo Agostinho.

Por volta do ano 384, sendo Santo Ambrósio Bispo de Milão, Agostinho - então com 30 anos - foi para essa cidade a fim de lecionar retórica. O virtuoso Bispo o acolheu paternalmente. "Tu me conduzias a ele sem que eu o soubesse, para que eu fosse por ele conduzido conscientemente a Ti" - escreveria ele depois, impressionado pela bondade com que Ambrósio o tratava.3

Agostinho prestava atenção no conteúdo dos sermões do grande pregador, porém, o que mais o cativava eram a pessoa e as virtudes do homem de Deus. E depois de algum tempo, segundo ele mesmo declarou, "não me era possível separar as duas coisas: enquanto abria o coração às palavras eloquentes, entrava também, pouco a pouco, a verdade que ele pregava".4

Por fim, de tal forma as palavras do santo Bispo pervadiram sua alma, que ele resolveu abandonar o maniqueísmo e se tornar Católico. Graças às lágrimas e insistentes orações de sua mãe, Santa Mônica, aos ensinamentos e ao exemplo de Santo Ambrósio, chegou enfim o dia em que o futuro Doutor da Graça deixaria de ser mera criatura para tornar-se filho de Deus: foi batizado por Santo Ambrósio na noite do Sábado Santo do ano 386, juntamente com seu filho Adeodato e seu amigo Alípio.

Segundo a tradição, durante aquela celebração litúrgica, Ambrósio, num arroubo de fervor, quiçá prevendo quanta glória daria à Igreja aquela alma eleita, proclamou em alta voz:

- Te Deum laudamus: te Dominum confitemur (A Vós, ó Deus, louvamos; a Vós, Senhor, cantamos).

Ao que Agostinho, também ardente de entusiasmo, acrescentou:

- Te æternum Patrem omnis terra veneratur (A Vós, Eterno Pai, adora toda a terra).

E assim, alternando-se num santo e inspirado diálogo, os dois teriam composto o Te Deum. O antigo Breviário Romano lhe dava o título de Hino de Santo Ambrósio e Santo Agostinho. Depois, a versão promulgada por São Pio X o chama de Hino ambrosiano.

Grandes compositores a ele se dedicaram

Como é explicável, ao longo dos séculos, grandes compositores, atraídos pela força e grandeza deste antigo hino, empregaram seu talento em musicar o texto latino. Entre eles encontramos Verdi, Berlioz, Dvorák, Haydn, Mozart e Henry Purcell. Handel chegou a compor três versões, e o "Prelúdio ao Te Deum" de Charpentier é hoje apreciado no mundo inteiro.

No entanto, a melodia mais conhecida é, sem dúvida, a do canto gregoriano, no qual o Te Deum melhor se revela como o hino de ação de graças da Igreja.


Seja entoado por algum grande coral, acompanhado pelo som do órgão, sob a abóboda das catedrais, seja cantado pelo povo fiel em singelas capelinhas, exprime ele a gratidão, o louvor e a súplica ao Deus Eterno: Fiat misericordia tua, Domine, super nos, quemadmodum speravimus in te - Que desça sobre nós, Senhor, a Vossa graça, porque em Vós pusemos a nossa confiança. ²


Emílio Portugal Coutinho
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Disponível em: Arautos do Evangelho

Papa Francisco: um homem sozinho no comando?


Um homem sozinho no comando: essa é a frase me surge na mente quando eu penso no papel, na responsabilidade e no trabalho árduo que o papa Francisco desempenhou ao longo deste ano, que testemunhou a sua chegada ao trono de Pedro.

O que quer que se pense dele, de bom ou de ruim, e sem diminuir os seus antecessores, cada um com a sua personalidade, fraquezas e grandezas, o fato é que este papa, que conquistou a capa da revista Time, realmente marcou o ano de 2013. Seus próprios críticos, entre eles muitos católicos, reconhecem esse fato implicitamente ao denunciarem o que, para eles, é uma “descontinuidade incompreensível” em relação com o passado: afinal, se Francisco é atacado por este motivo, é porque ele está dizendo e fazendo algo que de fato não estava sendo dito nem feito antes.

Esse estado de coisas sugere várias questões a ser levadas em conta, inclusive pelos “torcedores” do pontífice. Uma delas é justamente a frase usada no início deste texto: o papa Francisco é um homem sozinho no comando? Ele vai conseguir terminar com sucesso o empreendimento solitário desta ciclópica etapa de reforma na Igreja? E por que tivemos que esperar um homem fora de série como ele para começar este empreendimento? A comunidade cristã, italiana e mundial, era tão incapaz assim de ter essa iniciativa? Ou, ainda mais profundamente: por que uma assembleia, que é o que a Igreja é em essência, se limita invariavelmente a definhar até que a sugestão de mudar de ritmo seja dada sempre pelo seu vértice?

A explosão que é o papa Francisco denuncia, por contraste, a fragilidade do resto da equipe. Como nos tempos do papa João XXIII, quando ele convocou inesperadamente o concílio, o corpanzil católico só se mexe quando a cabeça comanda. Mas isso está certo? Onde é que está a força do colegiado, que deveria enriquecer qualquer tipo de fraternidade? É humilhante que a grande massa dos crentes ainda se reduza ao mero papel de “torcida pelo único craque”. E se acontecesse que, de repente, perdêssemos o papa Francisco? O trabalho dele ficaria inacabado?


Uma segunda série de perguntas, também relacionadas com isto, surge da vitalidade injetada na Igreja por este papa: aqueles cardeais, bispos e leigos papistas que hoje cantam hosanas a Francisco, onde é que estavam antes? Por que é que não começaram antes a fazer, a indagar, a discutir as coisas que o novo papa está fazendo e que eles acham belíssimo, justíssimo e até obrigatório? E são sempre os mesmos, com poucas exceções, os notáveis clericalistas que antes estavam prestes a retornar à liturgia antiga e agora já se voltam, como se nada fosse, para a nova liturgia, tanto exaltando Ratzinger por usar o camauro e os sapatos vermelhos quanto Bergoglio por vestir o que estiver à mão.

A Igreja está cheia de “rolhas que boiam em qualquer tipo de água”, arvorando o slogan "O papa está sempre certo" (e bastaria segui-lo para se estar automaticamente certo também): essa política se diz católica, mas, muitas vezes, é adotada por interesse.

Enfim: além de estar “sozinho no comando”, o papa Francisco ainda precisa tomar o cuidado de olhar em volta para se precaver dos muitos soldados mais interessados em ganhar medalhas pessoais do que em ajudá-lo a vencer a batalha.

Enquanto isso, "vamos, papa!": é o que gritamos nós, continuando a ser apenas “torcedores”.

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Por Roberto Beretta
Disponível: Aleteia

Quem são os Herodes de hoje?


Dentro da oitava de Natal, a Igreja celebra o milagre de um Deus que quer se fazer família humana. Relembrando a Sagrada Família: Jesus, Maria e José, queremos relembrar que Deus veio ao encontro da humanidade no Natal para que a humanidade experimentasse o céu. E, dentro da família divina, o homem se reflete buscando as luzes necessárias para bem viver o que fez São José, o homem justo que emprestou sua realeza davídica, em favor de Maria que concedeu por obra e graça do Espírito Santo, para redimir a humanidade.

O Evangelho desta festa nos mostra uma família de migrantes. De Nazaré, aonde Jesus nasceu em uma pedra fria, ele é levado por São José e Maria Santíssima para o Egito. Lá ele aguardará passar os tempos de Herodes. Depois, por medo de Arquelau, que sucedeu ao seu pai tirano e sanguinário, não retornam para Belém mais migram para Nazaré.


O papel de José e Maria é o resumo do que deve ser o papel do papai e da mamãe dentro de sua família: o papel de proteger os filhos de Herodes. Como Maria e José protegeram o Menino Jesus do tirano Herodes, que queria matá-lo, as famílias são convidadas a se inspirarem na Divina Família para proteger os seus filhos dos Herodes de hoje?


Quem são os Herodes de hoje? Os Herodes de hoje tem muitas facetas, diversos "modus operandi" e muitas fantasias do ter, do ser, do poder, do sensual, do virtual para contaminar a família com as trevas do erro, do vício, do prazer e da violência.

O primeiro nome de Herodes das famílias de hoje é a droga, o crack, a cocaína, os consumidores e traficantes, que transformam a família em refém da pior droga humana, o desagregamento familiar. Mais outro Herodes é a vida familiar destruída pela libertinagem digital, aonde o ético perde lugar para o provisório, para o prazeroso, para o efêmero, para o infiel.


A família precisa ser constituída sob a rocha forte da Palavra de Deus, conforme ensinou o livro do Eclesiástico, porque quem respeita o seu pai, quem ama e protege a sua mãe terá vida longa, feliz, abençoada e terá até o perdão dos seus pecados.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Porta dos Fundos ou Portas do Inferno?


“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra 
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno 
não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16,18).

Qualquer semelhança é mera coincidência! Tornou-se conhecimento de todos o vídeo “especial de natal”, publicado no dia 23 de dezembro pelo portal “Porta dos Fundos”. O grupo conquistou enorme fama com a publicação semanal de vídeos humorísticos no site YouTube, os quais abordam diversos temas, dentre eles o Cristianismo.

A abordagem dos temas religiosos não é apenas jocosa. Mais do que isso: debocha de forma extremamente desrespeitosa. O tom dos vídeos dá a entender que os responsáveis não estão fazendo verdadeiro humor, mas canalizando seu ódio e aversão aos valores religiosos e, particularmente, a todas as pessoas que crêem em Jesus Cristo. O ápice do desrespeito pode ser encontrado no referido vídeo, lançado às vésperas da festa do Natal. 

Este não foi o primeiro vídeo feito com o objetivo de escarnecer do Cristianismo e dos cristãos, mas provavelmente foi o mais grave, levando-se em conta o contexto de publicação e o conteúdo. A fé de milhões de brasileiros foi ultrajada sob a desculpa do humor e da liberdade de expressão. Longe de defendermos a limitação dessa liberdade, a pergunta que fazemos é a seguinte: o que é apresentado no vídeo é humor ou simples escarnecimento e ataque?   

Por causa do vídeo, Gregório Duvivier, recentemente no programa “Na Moral”, da Rede Globo, foi duramente criticado por Renato Aragão por usar a religião para fazer piada. “Você não precisa disso”, disparou Renato. Gregório Duvivier, do Porta dos Fundos, discordou e afirmou sua posição como ateu dizendo que "não existe um sagrado absoluto". "Olha só, eu acho que é engraçado a gente desmistificar. O meu Deus não é o Deus de outras pessoas. Não existe um sagrado absoluto".




Respeitando a opinião de Duvivier, Renato disse que o humorista até pode falar de religião, mas não pode agredi-las. "Então, você está a caráter para falar desde que não agrida as outras religiões. Eu acho que o humor não precisa disso".

O que mais me causou espanto foi a “justificativa” de Gregório Duvivier para o desrespeito para com a fé alheia: “A gente tem um limite no Porta dos Fundos, por incrível que pareça, é por que a religião não é um deles. Tem limite de, por exemplo, a gente nunca vai rir dos negros, (...) a gente não fala de minoria, e é bom lembrar que religião não é minoria, é poder (...) então quando a gente critica a religião, a gente não tá rindo do pobre, a gente tá rindo do rico, a gente tá rindo do poderoso”.


É bom lembrar que logicamente Gregório Duvivier já declarou não possuir religião alguma. É claro que cada pessoa tem seu livre pensamento e o livre direito de se expressar, mas o meu direito termina onde começa o do outro”, isso significa que o direito de eu me expressar não pode ferir, por exemplo, a dignidade do outro. Gregório afirma não fazer piada de negros, no entanto, atinge eles quando critica a sua religião, e não só os negros! Sabemos que desde a antiguidade a religião está presente na vida do homem de forma que nunca houve um povo, uma cultura sem conotação religiosa, trata-se, portanto, de uma ofensa grave à maioria. E por que à maioria?

Penso que quando uma mensagem já não está dando mais a audiência desejada, ou quando pretende-se projetar ainda mais longe aquilo que se fez para conseguir vantagem, costuma-se denegrir a imagem do outro numa espécie de “vale tudo”, de forma que atinja a maioria para que sua mensagem torne-se conhecida e divulgada. Então apela-se ao desrespeito, à ofensa, que neste caso feriu aos negros, brancos, índios e a todos os que de alguma forma possuem alguma ligação religiosa (ou não).


Esse tipo de ofensa configura crime contra o artigo 208 do Código Penal brasileiro. “Vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso". A zombaria realizada pelo vídeo, quis simplesmente escarnecer da fé vilipendiando de maneira publica o objeto de culto dos cristãos sejam católicos ou evangélicos, ou seja, da maioria da população brasileira. Não foi uma visão cômica acerca de algumas práticas que ocorrem no meio evangélico, como foi feito no vídeo “Demônio” e “Teste de Fidelidade”, nem muito menos uma zombaria ideológica envolvendo a prática católica de querer identificar imagens em todos os lugares, como no vídeo “Oh, Meu Deus!”. Neste vídeo de “natal” o canal realizou um escárnio aos fundamentos (ou estruturas) do Cristianismo – ou seja – ao próprio Cristo.

 

Em alguns países do mundo esse tipo de coisa não aconteceria, pois os cristãos já teriam enchido o referido grupo de processos. Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum que ofensas públicas sejam seguidas de pedidos também públicos de desculpas.

 

No Brasil, entretanto, atos de sodomia em via pública são financiados com dinheiro do governo, imagens de santos são deturpadas para promover tais atos e ninguém fala nada. Como nossas escolas só ensinam mentiras sobre a Igreja, desde cedo o católico brasileiro é acostumado a levar paulada em silêncio.

 

Mas isso precisa mudar. As leis brasileiras, por enquanto, ainda protegem a dignidade dos cristãos e dos objetos de culto cristão, e devemos fazer valer os nossos direitos.

 

Sabemos que esse tipo de portal conta com vários patrocínios e grandes poderosos por trás dessa propaganda anti-cristã. Queria ver o Porta dos Fundos fazer semelhante crítica à religião islâmica. Em menos de 24h seriam obrigados a retirar o vídeo da rede e a fazer um pedido público de desculpas.


Veja algumas das falas contidas no vídeo "Especial de Natal": 

"O cara é Deus. Se ele quisesse ele te engravidava”[personagem que representa o anjo Gabriel falando com o personagem que representa José] (02:11).

"Querido, relaxa, que o pessoal acredita em qualquer coisa... vai por mim” [personagem que representa Deus falando com o personagem que representa José] (02:34).

No contexto da crucifixão, o soldado que vai crucificar Cristo diz: "Olha só Jesus, eu tô perdendo a minha paciência com você. Tá aqui me dando o maior trabalho. Cê acha que eu sô o quê, suas nêga?".

Meus irmãos, rezemos pelo nosso país e pelo mundo todo, Jesus disse que não importa o que aconteça, “as portas do inferno não prevalecerão contra a sua Igreja". Não nos conformemos com este mundo e nem com o que há nele. Que o Senhor seja nossa força na aflição e que sejamos perseverantes mesmo diante das dificuldades desta vida e deste mundo que em tudo se opõe a Cristo e à sua Igreja. E lembre-se: preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus" (At 14, 22).


- Denuncie o vídeo junto à Polícia Federal, na categoria "Crimes na Web". Basta enviar um e-mail para crime.internet@dpf.gov.br com o link do vídeo  e informar que é cristão e sentiu-se ofendido com o vídeo criminoso nos termos do art. 208 do Código Penal. 

- Denuncie junto à Polícia Civil do RJ, da mesma forma.

Assine a petição exigindo que a cervejaria Itaipava suspenda o patrocínio ao canal, sob o risco de boicote. Ao contrário dos outros links, esse não trata de um crime, pois a cervejaria pode patrocinar quem ela quiser. Mas cada Itaipava comprada põe alguns centavos no bolso do Porta dos Fundos, cada Itaipava comprada financia uma ofensa a mais a Nosso Senhor Jesus Cristo, então nada mais justo que parar de comprar o produto.


Finalmente, clique no link para denunciar o vídeo no YouTube por incentivar o preconceito e a discriminação (basta clicar na bandeira, conforme ilustração abaixo).


Sugestão de descrição do fato a ser registrado nas denúncias:

O vídeo "Especial de Natal", publicado no portal Porta dos Fundos, recorre ao escarnecimento do Cristianismo sob a desculpa de humor. Ao fazê-lo, viola o artigo 208 do Código Penal, que considera crime "vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso".

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Com informações: O Segredo do Rosário; Citizengo; Vimeo; Racionalizando.

Em medida polêmica, corporação da Força Aérea dos Estados Unidos excluiu a palavra "Deus" de seu logotipo.

A correção do "Rapid Capabilities Office" foi de
"Fazendo a obra de Deus com o Dinheiro dos Outros" (foto à esquerda),
para "Fazendo milagres com o Dinheiro dos Outros" (foto à direita).

O logotipo do RCO (Escritório de Capacidades Rápidas) exibia uma frase em latim com os dizeres “fazendo a obra de Deus com o auxílio financeiro do povo”, que teve que ser mudada para “fazendo milagres com o auxílio financeiro do povo”, após determinação da MAAFA (Associação de Militares Ateus e Livres-pensadores).

Em protesto contra a decisão, um grupo de republicanos então decidiu se reunir e se manifestou publicamente através de uma carta orientando sobre o perigo que abririam através da mudança no logotipo, ao menosprezar a liberdade religiosa.

O congressista Randy Forbes, que lidera o movimento também se expressou diretamente contra a remoção da palavra “Deus”, destacando que a decisão da Força Aérea é uma das “mais chocantes” que já viu.

“A Força Aérea está tomando um tom que desnecessário contra o uso da palavra ‘Deus’. É uma ponte longa demais entre os direitos de homens e mulheres que servem aos serviços militares e sua capacidade de expressar sua fé”, observa Forbes.


O caso da Força Aérea é apenas um entre vários outros embates que tem ocorrido entre ateus e cristãos nos Estados Unidos, por conta de solicitações de grupos ateístas para a retirada da palavra “Deus” ou outras referências religiosas de manifestações públicas, em nome da separação entre Estado e religião.

Embora diversos grupos se esforcem para marcar sua presença contra a liberdade religiosa, o jurista Geoffrey Surtees, advogado do Centro Americano para Lei e Justiça, acredita que a investida dos grupos ateus “faz parte de uma guerra que não será fácil de ser vencida, segundo sua análise.


“A história e as tradições do nosso país são muito fortes, e eu acho que, para estes grupos, não há como prevalecer sobre esta base”, disse o advogado norte-americano ao The Christian Post.
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Disponível em: Central Católica 

Mais de 70 mil cristãos mortos por causa da Fé em 2013


Em 26 de dezembro a Igreja recordou a memória de Santo Estêvão, o primeiro mártir, que morreu apedrejado pedindo a Deus que não imputasse este pecado aos seus assassinos. Não somente nos séculos passados, mas também hoje tantos cristãos são mortos por causa de sua fé. Algumas estimativas indicam cerca cem mil cristãos mortos devido à fé em 2013.

Sobre isto, a Rádio Vaticano conversou com o Coordenador do Observatório da Liberdade Religiosa na Itália, Massimo Introvigne:

R: “A estatística é muito controvertida. Houve até mesmo uma polêmica entre Todd Johson – talvez o melhor expert em estatística – e a BBC. Tudo depende de algumas situações africanas, em particular o Congo, e agora também o Sudão do Sul, e de quantos mortos nestas situações podem ser considerados como pessoas mortas por causa de sua fé, no que Johnson chama ‘uma situação de testemunho’. Os dados finais de 2013 serão conhecidos nos primeiros meses de 2014, mas é provável que, diminuindo um pouco o número de cristãos mortos na África, a cifra pode cair dos 100 mil para 70 ou 80 mil”.

RV: O Relatório anual 2013 da Comissão sobre Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos assinala oito países que causam maior preocupação, ou seja, Mianmar (ex-Birmânia), China, Eritréia, Coréia do Norte, Arábia Saudita, Sudão e Uzbekistão. Qual país preocupa mais?

R: “Acredito que continue a preocupar toda a situação da Coréia do Norte: não somente porque continuam a matar cristãos, mas porque os cristãos existem, isto é, não foram exterminados pelos acontecimentos precedentes. E então, é evidente que também em uma situação dificilíssima de um país que limita ao mínimo os contatos com o mundo externo, existem pessoas, existem também jovens que não conheceram senão a educação do regime, que continuam a converter-se ao cristianismo, que manifestam de alguma maneira a sua fé e que, por isto, são presos, deportados nos campos de concentração e também mortos. Naturalmente, estes países relacionados pelos Estados Unidos não são os únicos que despertam preocupação, pois existe toda uma constelação de países em que se vai do fenômeno da violência difundida às formas de violência legal. Não devemos nunca esquecer, por exemplo, das leis que punem a blasfêmia no Paquistão, de onde conhecemos bem o caso de Asia Bibi, que mostra bem o uso instrumental da lei em relação aos cristãos”.


RV: A Nigéria, por exemplo, é outro país que provoca preocupações…

R: “Sim. É necessário esclarecer que o problema não é criado pelo governo nigeriano, mas por alguns movimentos extremistas do ultrafundamentalismo islâmico, em particular um chamado ‘Boko Haran’. Assim, além das cifras, o que é importante dizer é que estes cristãos não foram todos mortos por seguidores de outras religiões. Certamente – acabamos de citar a Nigéria – existe o problema dos movimentos islâmicos ultrafundamentalistas, porém não devemos esquecer outros dois elementos: o primeiro é a existência ainda de regimes comunistas muito duros, como no caso da Coréia do Norte, e outro é a questão dos conflitos tribais, onde algumas vezes é difícil saber se os cristãos foram mortos por serem cristãos ou por pertencerem à tribo ‘errada’…”.

RV: Existe depois a Europa, onde não existem – obviamente – formas de violência a este nível em relação aos cristãos, porém existem casos de restrições no que diz respeito a eles….


R: “Sim, em relação aos cristãos e às pessoas religiosas em geral. Acredito que o Papa Francisco falou sobre isto muito bem na Evangelii gaudium, quando nos recorda que existe uma mentalidade que quer reduzir a fé a um fato meramente privado e fechar os fiéis nas igrejas, nas sinagogas, nas mesquitas, isto é, enquanto estão fechados e rezam tudo vai bem, mas quando procuram manifestar a sua fé publicamente, no âmbito político e social, começam as discriminações quando não, verdadeiras perseguições. Me tocou muito que o Papa Francisco tenha citado um velho livro que – disse – lhe fez muito bem: ‘O Senhor do mundo’, do escritor inglês Robert Hugh Benson, que mostra justamente uma situação em que os cristãos procuram testemunhar sua fé no âmbito político e social, então são perseguidos e no final também mortos. O Papa disse: ‘Mas vocês acreditam que estas coisas existam somente nos romances ou que aconteciam somente há muitos anos atrás? Não, acontecem agora’”. (JE)
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Fonte: Central Católica

domingo, 29 de dezembro de 2013

“O serviço é a alma da fraternidade”, diz Papa em mensagem para dia Mundial da Paz


MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA A CELEBRAÇÃO DO 
XLVII DIA MUNDIAL DA PAZ
1º DE JANEIRO DE 2014

FRATERNIDADE, FUNDAMENTO E CAMINHO PARA A PAZ

1.            Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.

Na realidade, a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E convém desde já lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor.

O número sempre crescente de ligações e comunicações que envolvem o nosso planeta torna mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra. Assim, nos dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros. Contudo, ainda hoje, esta vocação é muitas vezes contrastada e negada nos factos, num mundo caracterizado pela «globalização da indiferença» que lentamente nos faz «habituar» ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos.

Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião. Exemplo preocupante disso mesmo é o dramático fenómeno do tráfico de seres humanos, sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas.

A globalização, como afirmou Bento XVI, torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos.[1] As inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados «inúteis». Assim, a convivência humana assemelha-se sempre mais a um mero do ut des pragmático e egoísta.

Ao mesmo tempo, resulta claramente que as próprias éticas contemporâneas se mostram incapazes de produzir autênticos vínculos de fraternidade, porque uma fraternidade privada da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue subsistir.[2] Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.


«Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9)

2.            Para compreender melhor esta vocação do homem à fraternidade e para reconhecer de forma mais adequada os obstáculos que se interpõem à sua realização e identificar as vias para a superação dos mesmos, é fundamental deixar-se guiar pelo conhecimento do desígnio de Deus, tal como se apresenta de forma egrégia na Sagrada Escritura.

Segundo a narração das origens, todos os homens provêm dos mesmos pais, de Adão e Eva, casal criado por Deus à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26), do qual nascem Caim e Abel. Na história desta família primigénia, lemos a origem da sociedade, a evolução das relações entre as pessoas e os povos.

Abel é pastor, Caim agricultor. A sua identidade profunda e, conjuntamente, a sua vocação é ser irmãos, embora na diversidade da sua actividade e cultura, da sua maneira de se relacionarem com Deus e com a criação. Mas o assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história (cf. Gn4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros. Caim, não aceitando a predilecção de Deus por Abel, que Lhe oferecia o melhor do seu rebanho – «o Senhor olhou com agrado para Abel e para a sua oferta, mas não olhou com agrado para Caim nem para a sua oferta» (Gn4, 4-5) –, mata Abel por inveja. Desta forma, recusa reconhecer-se irmão, relacionar-se positivamente com ele, viver diante de Deus, assumindo as suas responsabilidades de cuidar e proteger o outro. À pergunta com que Deus interpela Caim – «onde está o teu irmão?» –, pedindo-lhe contas da sua acção, responde: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Depois – diz-nos o livro do Génesis –, «Caim afastou-se da presença do Senhor» (4, 16).

É preciso interrogar-se sobre os motivos profundos que induziram Caim a ignorar o vínculo de fraternidade e, simultaneamente, o vínculo de reciprocidade e comunhão que o ligavam ao seu irmão Abel. O próprio Deus denuncia e censura a Caim a sua contiguidade com o mal: «o pecado deitar-se-á à tua porta» (Gn 4, 7). Mas Caim recusa opor-se ao mal, e decide igualmente «lançar-se sobre o irmão» (Gn 4, 8), desprezando o projecto de Deus. Deste modo, frustra a sua vocação original para ser filho de Deus e viver a fraternidade.

A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças: na realidade, muitos homens e mulheres morrem pela mão de irmãos e irmãs que não sabem reconhecer-se como tais, isto é, como seres feitos para a reciprocidade, a comunhão e a doação.

«E vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8)

3.            Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença, o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos e as irmãs?

Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (cf. Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens (cf. Mt 6, 25-30). Trata-se, por conseguinte, de uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha activa.

Em particular, a fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar. Jesus Cristo, que assumiu a natureza humana para a redimir, amando o Pai até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8), por meio da sua ressurreição constitui-nos como humanidade nova, em plena comunhão com a vontade de Deus, com o seu projecto, que inclui a realização plena da vocação à fraternidade.

Jesus retoma o projecto inicial do Pai, reconhecendo-Lhe a primazia sobre todas as coisas. Mas Cristo, com o seu abandono até à morte por amor do Pai, torna-Se princípio novo e definitivo de todos nós, chamados a reconhecer-nos n’Ele como irmãos, porque filhos do mesmo Pai. Ele é a própria Aliança, o espaço pessoal da reconciliação do homem com Deus e dos irmãos entre si. Na morte de Jesus na cruz, ficou superada também a separação entre os povos, entre o povo da Aliança e o povo dos Gentios, privado de esperança porque permanecera até então alheio aos pactos da Promessa. Como se lê na Carta aos Efésios, Jesus Cristo é Aquele que reconcilia em Si todos os homens. Ele é a paz, porque, dos dois povos, fez um só, derrubando o muro de separação que os dividia, ou seja, a inimizade. Criou em Si mesmo um só povo, um só homem novo, uma só humanidade nova (cf. 2,14-16).

Quem aceita a vida de Cristo e vive n’Ele, reconhece Deus como Pai e a Ele Se entrega totalmente, amando-O acima de todas as coisas. O homem reconciliado vê, em Deus, o Pai de todos e, consequentemente, é solicitado a viver uma fraternidade aberta a todos. Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo. Na família de Deus, onde todos são filhos dum mesmo Pai e, porque enxertados em Cristo, filhos no Filho, não há «vidas descartáveis». Todos gozam de igual e inviolável dignidade; todos são amados por Deus, todos foram resgatados pelo sangue de Cristo, que morreu na cruz e ressuscitou por cada um. Esta é a razão pela qual não se pode ficar indiferente perante a sorte dos irmãos.

A fraternidade, fundamento e caminho para a paz

4.            Suposto isto, é fácil compreender que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz. As Encíclicas sociais dos meus Predecessores oferecem uma ajuda valiosa neste sentido. Basta ver as definições de paz da Populorum progressio, de Paulo VI, ou da Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II. Da primeira, apreendemos que o desenvolvimento integral dos povos é o novo nome da paz[3] e, da segunda, que a paz é opus solidaritatis, fruto da solidariedade.[4]

Paulo VI afirma que tanto as pessoas como as nações se devem encontrar num espírito de fraternidade. E explica: «Nesta compreensão e amizade mútuas, nesta comunhão sagrada, devemos (...) trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade».[5] Este dever recai primariamente sobre os mais favorecidos. As suas obrigações radicam-se na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspecto: o dever de solidariedade, que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social, que requer a reformulação em termos mais correctos das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal, que implica a promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros.[6]

Ora, da mesma forma que se considera a paz como opus solidarietatis, é impossível não pensar que o seu fundamento principal seja a fraternidade. A paz, afirma João Paulo II, é um bem indivisível: ou é bem de todos, ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável, se estiver viva, em todos, «a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum».[7] Isto implica não deixar-se guiar pela «avidez do lucro» e pela «sede do poder». É preciso estar pronto a «“perder-se” em benefício do próximo em vez de o explorar, e a “servi-lo” em vez de o oprimir para proveito próprio (...). O “outro” – pessoa, povo ou nação – [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso “semelhante”, um “auxílio”».[8]

solidariedade cristã pressupõe que o próximo seja amado não só como «um ser humano com os seus direitos e a sua igualdade fundamental em relação a todos os demais, mas [como] a imagem viva de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo e tornada objecto da acção permanente do Espírito Santo»,[9] como um irmão. «Então a consciência da paternidade comum de Deus, da fraternidade de todos os homens em Cristo, “filhos no Filho”, e da presença e da acção vivificante do Espírito Santo conferirá – lembra João Paulo II – ao nosso olhar sobre o mundo como que um novo critério para o interpretar»,[10] para o transformar.

A fraternidade, premissa para vencer a pobreza

5.            Na Caritas in veritate, o meu Predecessor lembrava ao mundo que uma causa importante da pobreza é a falta defraternidade entre os povos e entre os homens.[11] Em muitas sociedades, sentimos uma profunda pobreza relacional, devido à carência de sólidas relações familiares e comunitárias; assistimos, preocupados, ao crescimento de diferentes tipos de carências, marginalização, solidão e de várias formas de dependência patológica. Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos presentes na vida das pessoas.

Além disso, se por um lado se verifica uma redução da pobreza absoluta, por outro não podemos deixar de reconhecer um grave aumento da pobreza relativa, isto é, de desigualdades entre pessoas e grupos que convivem numa região específica ou num determinado contexto histórico-cultural. Neste sentido, servem políticas eficazes que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas – iguais na sua dignidade e nos seus direitos fundamentais – acesso aos «capitais», aos serviços, aos recursos educativos, sanitários e tecnológicos, para que cada uma delas tenha oportunidade de exprimir e realizar o seu projecto de vida e possa desenvolver-se plenamente como pessoa.

Reconhece-se haver necessidade também de políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento. Não devemos esquecer o ensinamento da Igreja sobre a chamada hipoteca social, segundo a qual, se é lícito – como diz São Tomás de Aquino – e mesmo necessário que «o homem tenha a propriedade dos bens»,[12]quanto ao uso, porém, «não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros».[13]

Por último, há uma forma de promover a fraternidade – e, assim, vencer a pobreza – que deve estar na base de todas as outras. É o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros. Isto é fundamental, para seguir Jesus Cristo e ser verdadeiramente cristão. É o caso não só das pessoas consagradas que professam voto de pobreza, mas também de muitas famílias e tantos cidadãos responsáveis que acreditam firmemente que a relação fraterna com o próximo constitua o bem mais precioso.

A redescoberta da fraternidade na economia

6.            As graves crises financeiras e económicas dos nossos dias – que têm a sua origem no progressivo afastamento do homem de Deus e do próximo, com a ambição desmedida de bens materiais, por um lado, e o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias, por outro – impeliram muitas pessoas a buscar o bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a lógica duma economia saudável. Já, em 1979, o Papa João Paulo IIalertava para a existência de «um real e perceptível perigo de que, enquanto progride enormemente o domínio do homem sobre o mundo das coisas, ele perca os fios essenciais deste seu domínio e, de diversas maneiras, submeta a elas a sua humanidade, e ele próprio se torne objecto de multiforme manipulação, se bem que muitas vezes não directamente perceptível; manipulação através de toda a organização da vida comunitária, mediante o sistema de produção e por meio de pressões dos meios de comunicação social».[14]

As sucessivas crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida. A crise actual, com pesadas consequências na vida das pessoas, pode ser também uma ocasião propícia para recuperar as virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza. Elas podem ajudar-nos a superar os momentos difíceis e a redescobrir os laços fraternos que nos unem uns aos outros, com a confiança profunda de que o homem tem necessidade e é capaz de algo mais do que a maximização do próprio lucro individual. As referidas virtudes são necessárias sobretudo para construir e manter uma sociedade à medida da dignidade humana.

A fraternidade extingue a guerra

7.            Ao longo do ano que termina, muitos irmãos e irmãs nossos continuaram a viver a experiência dilacerante da guerra, que constitui uma grave e profunda ferida infligida à fraternidade.

Há muitos conflitos que se consumam na indiferença geral. A todos aqueles que vivem em terras onde as armas impõem terror e destruição, asseguro a minha solidariedade pessoal e a de toda a Igreja. Esta última tem por missão levar o amor de Cristo também às vítimas indefesas das guerras esquecidas, através da oração pela paz, do serviço aos feridos, aos famintos, aos refugiados, aos deslocados e a quantos vivem no terror. De igual modo a Igreja levanta a sua voz para fazer chegar aos responsáveis o grito de dor desta humanidade atribulada e fazer cessar, juntamente com as hostilidades, todo o abuso e violação dos direitos fundamentais do homem.[15]

Por este motivo, desejo dirigir um forte apelo a quantos semeiam violência e morte, com as armas: naquele que hoje considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! Renunciai à via das armas e ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para reconstruir a justiça, a confiança e esperança ao vosso redor! «Nesta óptica, torna-se claro que, na vida dos povos, os conflitos armados constituem sempre a deliberada negação de qualquer concórdia internacional possível, originando divisões profundas e dilacerantes feridas que necessitam de muitos anos para se curarem. As guerras constituem a rejeição prática de se comprometer para alcançar aquelas grandes metas económicas e sociais que a comunidade internacional estabeleceu».[16]

Mas, enquanto houver em circulação uma quantidade tão grande como a actual de armamentos, poder-se-á sempre encontrar novos pretextos para iniciar as hostilidades. Por isso, faço meu o apelo lançado pelos meus Predecessores a favor da não-proliferação das armas e do desarmamento por parte de todos, a começar pelo desarmamento nuclear e químico.

Não podemos, porém, deixar de constatar que os acordos internacionais e as leis nacionais, embora sendo necessários e altamente desejáveis, por si sós não bastam para preservar a humanidade do risco de conflitos armados. É precisa uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos. Este é o espírito que anima muitas das iniciativas da sociedade civil, incluindo as organizações religiosas, a favor da paz. Espero que o compromisso diário de todos continue a dar fruto e que se possa chegar também à efectiva aplicação, no direito internacional, do direito à paz como direito humano fundamental, pressuposto necessário para o exercício de todos os outros direitos.

A corrupção e o crime organizado contrastam a fraternidade

8.            O horizonte da fraternidade apela ao crescimento em plenitude de todo o homem e mulher. As justas ambições duma pessoa, sobretudo se jovem, não devem ser frustradas nem lesadas; não se lhe deve roubar a esperança de podê-las realizar. A ambição, porém, não deve ser confundida com prevaricação; pelo contrário, é necessário competir na mútua estima (cf. Rm 12, 10). Mesmo nas disputas, que constituem um aspecto inevitável da vida, é preciso recordar-se sempre de que somos irmãos; por isso, é necessário educar e educar-se para não considerar o próximo como um inimigo nem um adversário a eliminar.

A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Uma comunidade política deve, portanto, agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto. Os cidadãos devem sentir-se representados pelos poderes públicos, no respeito da sua liberdade. Em vez disso, muitas vezes, entre cidadão e instituições, interpõem-se interesses partidários que deformam essa relação, favorecendo a criação dum clima perene de conflito.

Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual, que contrasta a possibilidade das pessoas viverem em liberdade e harmonia entre si. Tal egoísmo desenvolve-se, socialmente, quer nas muitas formas de corrupção que hoje se difunde de maneira capilar, quer na formação de organizações criminosas – desde os pequenos grupos até àqueles organizados à escala global – que, minando profundamente a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa. Estas organizações ofendem gravemente a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação, revestindo-se duma gravidade ainda maior se têm conotações religiosas.

Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; penso no abomínio do tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade. A este respeito escreveu João XXIII: «Uma convivência baseada unicamente em relações de força nada tem de humano: nela vêem as pessoas coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a procurar o próprio desenvolvimento e aperfeiçoamento».[17]Mas o homem pode converter-se, e não se deve jamais desesperar da possibilidade de mudar de vida. Gostaria que isto fosse uma mensagem de confiança para todos, mesmo para aqueles que cometeram crimes hediondos, porque Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23).

No contexto alargado da sociabilidade humana, considerando o delito e a pena, penso também nas condições desumanas de muitos estabelecimentos prisionais, onde frequentemente o preso acaba reduzido a um estado sub-humano, violado na sua dignidade de homem e sufocado também em toda a vontade e expressão de resgate. A Igreja faz muito em todas estas áreas, a maior parte das vezes sem rumor. Exorto e encorajo a fazer ainda mais, na esperança de que tais acções desencadeadas por tantos homens e mulheres corajosos possam cada vez mais ser sustentadas, leal e honestamente, também pelos poderes civis.

A fraternidade ajuda a guardar e cultivar a natureza

9. A família humana recebeu, do Criador, um dom em comum: a natureza. A visão cristã da criação apresenta um juízo positivo sobre a licitude das intervenções na natureza para dela tirar benefício, contanto que se actue responsavelmente, isto é, reconhecendo aquela «gramática» que está inscrita nela e utilizando, com sabedoria, os recursos para proveito de todos, respeitando a beleza, a finalidade e a utilidade dos diferentes seres vivos e a sua função no ecossistema. Em suma, a natureza está à nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente. Em vez disso, muitas vezes deixamo-nos guiar pela ganância, pela soberba de dominar, possuir, manipular, desfrutar; não guardamos a natureza, não a respeitamos, nem a consideramos como um dom gratuito de que devemos cuidar e colocar ao serviço dos irmãos, incluindo as gerações futuras.

De modo particular o sector produtivo primário, o sector agrícola, tem a vocação vital de cultivar e guardar os recursos naturais para alimentar a humanidade. A propósito, a persistente vergonha da fome no mundo leva-me a partilhar convosco esta pergunta: De que modo usamos os recursos da terra? As sociedades actuais devem reflectir sobre a hierarquia das prioridades no destino da produção. De facto, é um dever impelente que se utilizem de tal modo os recursos da terra, que todos se vejam livres da fome. As iniciativas e as soluções possíveis são muitas, e não se limitam ao aumento da produção. É mais que sabido que a produção actual é suficiente, e todavia há milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome, o que constitui um verdadeiro escândalo. Por isso, é necessário encontrar o modo para que todos possam beneficiar dos frutos da terra, não só para evitar que se alargue o fosso entre aqueles que têm mais e os que devem contentar-se com as migalhas, mas também e sobretudo por uma exigência de justiça e equidade e de respeito por cada ser humano. Neste sentido, gostaria de lembrar a todos o necessáriodestino universal dos bens, que é um dos princípios fulcrais da doutrina social da Igreja. O respeito deste princípio é a condição essencial para permitir um acesso real e equitativo aos bens essenciais e primários de que todo o homem precisa e tem direito.

Conclusão

9.            Há necessidade que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas só o amor dado por Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade.

O necessário realismo da política e da economia não pode reduzir-se a um tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão transcendente do homem. Quando falta esta abertura a Deus, toda a actividade humana se torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objecto passível de exploração. Somente se a política e a economia aceitarem mover-se no amplo espaço assegurado por esta abertura Àquele que ama todo o homem e mulher, é que conseguirão estruturar-se com base num verdadeiro espírito de caridade fraterna e poderão ser instrumento eficaz de desenvolvimento humano integral e de paz.

Nós, cristãos, acreditamos que, na Igreja, somos membros uns dos outros e todos mutuamente necessários, porque a cada um de nós foi dada uma graça, segundo a medida do dom de Cristo, para utilidade comum (cf. Ef 4, 7.25; 1 Cor 12, 7). Cristo veio ao mundo para nos trazer a graça divina, isto é, a possibilidade de participar na sua vida. Isto implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, o perdão, o dom total de si mesmo, segundo a grandeza e a profundidade do amor de Deus, oferecido à humanidade por Aquele que, crucificado e ressuscitado, atrai todos a Si: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 34-35). Esta é a boa nova que requer, de cada um, um passo mais, um exercício perene de empatia, de escuta do sofrimento e da esperança do outro, mesmo do que está mais distante de mim, encaminhando-se pela estrada exigente daquele amor que sabe doar-se e gastar-se gratuitamente pelo bem de cada irmão e irmã.

Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 17). Fá-lo sem oprimir, sem forçar ninguém a abrir-Lhe as portas do coração e da mente. «O que for maior entre vós seja como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve – diz Jesus Cristo –. Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 26-27). Deste modo, cada actividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas. O serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz.

Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a viver todos os dias a fraternidade que jorra do coração do seu Filho, para levar a paz a todo o homem que vive nesta nossa amada terra.

Vaticano, 8 de Dezembro de 2013.

FRANCISCUS


[1]Cf. Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 19: AAS 101 (2009), 654-655.
[2]Cf. Francisco, Carta enc. Lumen fidei (29 de Junho de 2013), 54: AAS 105 (2013), 591-592.
[3]Cf. Paulo VI, Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967), 87: AAS 59 (1967), 299.
[4]Cf. João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 39: AAS 80 (1988), 566-568.
[5]Carta enc. Populorum progressio (26 de Março de 1967), 43: AAS 59 (1967), 278-279.
[6]Cf. ibid., 44: o. c., 279.
[7]Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 38: AAS 80 (1988), 566.
[8] Ibid., 38-39: o. c., 566-567.
[9] Ibid., 40: o. c., 569.
[10] Ibid., 40: o. c., 569.
[11]Cf. Carta enc. Caritas in veritate (29 de Junho de 2009), 19: AAS 101 (2009), 654-655.
[12] Summa theologiae, II-II, q. 66, a. 2.
[13] Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 69; cf. Leão XIII, Carta enc. Rerum novarum (15 de Maio de 1891), 19: ASS 23 (1890-1891), 651; João Paulo II, Carta enc. Sollicitudo rei socialis (30 de Dezembro de 1987), 42: AAS 80 (1988), 573-574; Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 178.
[14] Carta enc. Redemptor hominis (4 de Março de 1979), 16: AAS 61 (1979), 290.
[15]Cf. Pont. Conselho «Justiça e Paz», Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 159.
[16] Francisco, Carta ao Presidente Vladimir Putin (4 de Setembro de 2013): L’Osservatore Romano (ed. portuguesa de 8/IX/2013), 5.

[17] Carta enc. Pacem in terris (11 de Abril de 1963), 17: AAS 55 (1963), 265.
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Fonte: Santa Sé