quarta-feira, 31 de março de 2021

O único anticlericalismo possível



Clericalismo” é valer-se de uma autoridade religiosa para se obter vantagens pessoais ou obter vantagens estritamente políticas em matérias contingentes, em questões técnicas ou administrativas que não tocam diretamente, nem indiretamente em matéria de Fé e Moral, ou que contrariem a Fé ou a Moral. É uma usurpação da autoridade religiosa.

Clericalismo nada tem a ver com a devida e necessária subordinação essencial do Estado à Igreja no que concerne aos assuntos conexos com a Salvação das almas. Isto é simplesmente a Doutrina da Igreja, Catolicismo.

Clericalismo é o que faz a campanha da Fraternidade todos os anos, por exemplo. E não se vê nenhum desses “arautos da sã laicidade” darem um pio contra o maior e mais nefasto exemplo de clericalismo que ocorre todos os anos em nosso país.

O clericalismo da campanha da Fraternidade desvia os fiéis do recolhimento espiritual necessário que se deve ter de modo muito especial na Quaresma, período essencial para todo cristão, que é chamado a uma conversão profunda à vontade de Deus, para participar do modo mais frutuoso possível, dos méritos da Paixão e Morte de Jesus Cristo, que ocorre na Páscoa, época mais importante do calendário cristão. Tal época nos exige um espírito de desapego e afastamento das preocupações mundanas(das coisas que se encerram exclusivamente neste mundo), sem descuidar dos deveres de estado, mas sim santificá-los.

No tempo da Quaresma, uma conferência de bispos que induz os fiéis a dedicarem seus esforços em uma “consideração meditada dos biomas e no saneamento básico”, ou o que é pior, que ensina heresias e que promove aceitação tácita ou explicita do pecado de sodomia como se fosse uma questão de “identidade”; que afirme o ecumenismo que confere validade a todas as falsas religiões, excluindo a unidade e universalidade Salvífica de Jesus Cristo e de Sua Igreja (Una, Santa, Católica e Apostólica), que emprega de maneira distorcida e tortuosa “razões evangélicas” para assuntos contrários aos princípios da vida cristã, é simplesmente absurdo. A Doutrina Católica tradicional ensina que deve haver subordinação indireta do ministério temporal ao ministério espiritual, no que se refere ao âmbito de jurisdição, mas subordinação direta e essencial no que se refere ao fim sobrenatural que ambos possuem. Temas de ordem estritamente técnica cuja solução é de natureza extremamente variável e particular, fogem do âmbito de competência do múnus da Hierarquia, pois é uma matéria da esfera temporal de ordem primordialmente administrativa, cujos governantes devem prestar contas diretamente a Cristo Rei, e que portanto, cabe aos cidadãos e demais instâncias da estrutura política enquanto tal, resolverem por si próprios, não tendo a autoridade espiritual que dar solução alguma nestes âmbitos, pois não é de sua competência. A Igreja docente possui uma autoridade na ordem temporal em tudo o que toque à ordem moral, mas em questões de ordem técnica, ela não possui jurisdição nem competência, e portanto, os membros que compõem a Hierarquia não devem se valer de sua autoridade para vincular à consciência moral e religiosa dos fiéis, suas meras opiniões em assuntos contingentes. Muito menos devem defender erros doutrinais de nenhum tipo.

Alemanha pode estar caminhando para um cisma com Roma


Em uma coluna publicada na CNA Deutsch, agência em alemão do grupo ACI, o autor Thorsten Paprotny, doutor em filosofia e estudioso da obra de Joseph Ratzinger, aponta que a Igreja na Alemanha poderia estar caminhando para uma ruptura com Roma, ainda que este rompimento não implique a formação de uma igreja à parte, como foi o caso do cisma de Lutero, mas na configuração de uma Igreja na Alemanha que vive sistematicamente de costas para Roma e longe da comunhão com o Romano Pontífice.   

Segundo o autor, a recente resposta da Congregação para a Doutrina da Fé – com consentimento do Papa Francisco- à dúvida sobre a possibilidade de que a Igreja abençoe casais homossexuais que desejam viver juntos foi “um catalisador” desta situação de ruptura.

Paprotny recorda que em uma entrevista, o presidente do episcopado alemão Dom Georg Bätzing disse que “muitas pessoas sentiram -se feridas pela Igreja e ficaram indignadas” e que “o documento de Roma de 15 de março reflete a conhecida posição da doutrina. No entanto, não poderá contar com aceitação e conformidade na Alemanha. Um documento que, em seu raciocínio, tão descaradamente se fecha ao progresso do conhecimento de natureza teológica e humana-científica, levará a que a prática pastoral seja ignorada".

Bätzing promove um "desenvolvimento adicional" da doutrina da igreja, alerta Dr. Paprotny, que afirma que o "progresso do conhecimento" não implica que a doutrina da Igreja tenha se tornado obsoleta e deva portanto mudar.

Bätzing afirmou ainda: "Não há dúvida de que permaneceremos em contato com a Igreja universal no Caminho Sinodal. De Roma, no entanto, peço também respeito pela seriedade do nosso exame de questões importantes que enfrentamos na situação pastoral aqui."

“Roma é desrespeitosa com as igrejas locais? Eu não acho. Talvez alguns católicos também não tenham reverência nem respeito por Roma”, diz o catedrático alemão que também afirma que “não é de surpreender que alguns críticos e céticos do Caminho Sinodal” estejam mostrando resistência a esta diretriz.

A crítica do Professor Paprotny vai na linha de que os bispos alemães que lideram o Caminho Sinodal, acreditam que Roma perdeu o contato e a aproximação pastoral à realidade dos católicos alemães e portanto, eles, pastores da Igreja local saberão melhor o que fazer para. O intelectual destaca que isto leva a trair o conceito da “comunhão”, pois não só passa haver ruptura entre a diretriz de Roma e a prática dos bispos alemães, como também diferenças entre os próprios bispos.

Alguns ícones desta dissonância entre bispos de igrejas locais com os bispos do Caminho Sinodal são o Cardeal Rainer Maria Woelki, de Colônia, e o Bispo Rudolf Voderholzer, de Regensburg, que declararam-se explicitamente comprometidos com o ensino permanente da Igreja e saudaram as palavras esclarecedoras de Roma, ao mesmo tempo em que enfatizaram a necessidade de estar pastoralmente presente, abertos e responsivos a todas as pessoas.

Cardeal Zen critica Secretaria de Estado por proibir missas privadas em São Pedro


O Cardeal chinês Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, se disse indignado com a recente proibição de missas privadas na Basílica de São Pedro do Vaticano afirmando que estaria disposto a suplicar de joelhos ao Papa Francisco para revogar o decreto que implementou a norma.

"É hora de redimensionar o poder excessivo da Secretaria de Estado. Fora daqui as mãos sacrílegas, estejam longe da casa comum de todos os fiéis do mundo! Que se contentem em brincar de diplomacia mundana com o pai das mentiras. Que eles façam também da Secretaria de Estado ‘uma cova de ladrões’, mas deixem o povo devoto de Deus em paz!", disse o cardeal em carta enviada nesta terça-feira, 30 de março, ao Cardeal Robert Sarah, ex-prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Zen é o mais alto crítico na hierarquia católica do acordo assinado em 2020 entre a Santa Sé, através da Secretaria de Estado, e o governo comunista chinês.

A proibição de realizar missas individuais nas mais de 40 capelas laterais da Basílica vaticana está em vigor desde 22 de março após um comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano. O documento especifica que a proibição visa garantir que "as Santas Missas na Basílica de São Pedro sejam realizadas em um clima de encontro litúrgico e decoro".

Diante dessa proibição, a Cardeal Sarah enviou uma carta ao Pontífice na segunda-feira, 29 de março, pedindo ao Papa Francisco que reverta a proibição: "Peço humildemente ao Santo Padre que revogue as recentes diretrizes dadas pela Secretaria de Estado, que carecem tanto de justiça quanto de amor, não correspondem à verdade ou ao direito , e não facilitam, mas comprometem o decoro da celebração, a participação devota na missa e a liberdade dos filhos de Deus."

O Cardeal Zen assegura em sua carta: "se não fossem as restrições impostas pelo Coronavírus, eu pegaria o primeiro voo para Roma e me colocaria de joelhos em frente à porta de Santa Marta para que o Santo Padre revogue esse decreto".

Ele partilha também que celebrar a missa nas Capelas de São Pedro era o que mais fortalecia sua fé toda vez que visitava Roma.

"Às sete horas a sacristia já estava aberta (quase sempre encontrava aquele homem santo, o arcebispo, e então cardeal, Paolo Sardi), um jovem padre vinha e me ajudava a vestir os paramentos, para então me conduzir a um altar (seja na Basílica ou nas grutas, não havia diferença para mim, afinal era a Basílica de São Pedro!)", recorda saudoso o Bispo emérito de Hong Kong.

Para o Cardeal Zen, foram essas missas que "eu celebrei com mais fervor e comoção em toda a minha vida, às vezes com lágrimas rezando por nossos mártires vivos na China (agora abandonados e empurrados para a igreja cismática da 'Santa Sé' [foi assim que esse documento de junho de 2020 foi apresentado sem assinatura e sem a revisão da Congregação para a Doutrina da Fé])."

Abaixo apresentamos a carta na íntegra do Cardeal Zen ao Cardeal Robert Sarah:

domingo, 28 de março de 2021

CNBB divulga Mensagem de Páscoa 2021: "Cristo Ressuscitado seja esperança em nosso caminhar".



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta quinta-feira, 25 de março, dia da Anunciação do Senhor, uma mensagem de Páscoa. Após a reunião do Conselho Permanente, reunido virtualmente nos dias 24 e 25 de março, os bispos motivam a vivência da Semana Santa com os cuidados com a vida e desejam que “Cristo Ressuscitado, bálsamo da vitória da vida sobre a morte, seja perseverança em nosso caminhar”.

“Vamos vivenciar a Semana Santa, seguindo os passos de nosso Mestre e Salvador, atentos aos limites das circunstâncias locais, impostos pela pandemia da COVID-19, cuidando da vida de cada irmão e irmã, dom inviolável, como Igreja que celebra, anuncia, ora em família, acolhe e consola”, afirmam os bispos na mensagem.

Confira o texto na íntegra:

Papa no Domingo de Ramos: "Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento".


CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Pedro
Domingo, 28 de março de 2021

Todos os anos, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa.

Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho. Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz. Que aconteceu àquele povo que, em poucos dias, passou dos «hosanas» a Jesus ao grito «crucifica-O»? Que sucedeu? Aquelas pessoas seguiam uma imagem de Messias, e não o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele. A surpresa é diferente da admiração. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade. Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história, e coisas do género. Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.

E qual é o aspecto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? O facto de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos. Ao contrário, Jesus «despojou-Se – disse São Paulo –, humilhou-Se» (Flp 2, 7.8). Isto surpreende: ver o Omnipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado. Porquê toda esta humilhação? Por que permitistes, Senhor, que Vos fizessem tudo aquilo?

Fê-lo por nós, para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar. Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos. Agora sabemos que não estamos sozinhos! Deus está connosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos.

Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta. Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar? Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. E não lhe resta outra saída senão refugiar-se nos legalismos, clericalismos e tudo o mais que Jesus condena no capítulo 23 de Mateus.

4ª Pregação da Quaresma: "Jesus de Nazaré: uma Pessoa".



JESUS DE NAZARÉ: UMA PESSOA

Quarta Pregação, Quaresma de 2021

Os Atos dos Apóstolos narram o seguinte episódio. À chegada do rei Agripa a Cesareia, o governador Festo lhe apresenta o caso de Paulo, mantido preso por ele, no aguardo do processo. Resume o caso ao rei com estas palavras: “Seus acusadores (...) tinham somente certas questões contra ele, a respeito da sua superstição, e a respeito de um certo Jesus, que já morreu, mas que Paulo afirma estar vivo” (At 25,18-19). Neste detalhe, aparentemente secundário, resume-se a história dos vintes séculos seguintes àquele momento. Tudo ainda gira em torno de “um certo Jesus”, que o mundo considera morto, e a Igreja proclama estar vivo.

É o que nos propomos em aprofundar nesta última meditação, isto é, que Jesus de Nazaré está vivo! Não é uma memória do passado; não é apenas um personagem, mas uma pessoa. Vive “segundo o Espírito”, certo, mas este é um modo de viver mais forte do que aquele “segundo a carne”, porque lhe permite viver dentro de nós, não fora, ou ao lado.

Em nossa releitura do dogma, chegamos ao nó que une as duas pontas. Jesus “verdadeiro homem” e Jesus “verdadeiro Deus” – eu dizia no início – são como os dois lados de um triângulo, cujo vértice é Jesus, “uma pessoa”. Recordemos, em linha de máxima, como se formou o dogma da unidade de pessoa de Cristo. A fórmula “uma pessoa” aplicada a Cristo remete-se a Tertuliano[1], mas foram necessários dois séculos de reflexão para entender o que ela significava de fato e como podia se conciliar com a afirmação de que Jesus era verdadeiro homem e verdadeiro Deus, isto é “de duas naturezas”.

Uma etapa fundamental foi o Concílio de Éfeso de 431, em que foi definido o título de Maria Theotokos, Genitora de Deus. Se Maria pode ser chamada de “Mãe de Deus”, embora tendo dado à luz apenas a natureza humana de Jesus, quer dizer que nele humanidade e divindade formam uma só pessoa. O ponto de chegada definitivo, contudo, foi alcançado apenas no Concílio de Calcedônia de 451, com a fórmula que referimos novamente, a parte relativa à unidade de Cristo:

“Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo (...). A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase[2].”

Se, para a plena recepção da definição de Niceia, foi necessário um século, para a completa recepção desta outra definição foram necessários todos os séculos sucessivos, até nossos dias. De fato, somente graças ao recente clima de diálogo ecumênico, pôde-se restabelecer a comunhão entre a Igreja Ortodoxa e as chamadas igrejas Nestorianas e Monofisitas do Oriente cristão. Notou-se que, na maioria dos casos, tratava-se de uma diversidade de terminologia, não de doutrina. Tudo dependia do significado diverso que se dava aos dois termos de “natureza” e de “pessoa” ou “hipóstase”.

Do adjetivo “uma” ao substantivo “pessoa”
 
Assegurado o seu conteúdo ontológico e objetivo, também aqui, para revitalizar o dogma, devemos agora trazer à luz a sua dimensão subjetiva e existencial. São Gregório Magno dizia que a Escritura “cresce com aqueles que a leem” (cum legentibus crescit)[3]. Devemos dizer a mesma coisa do dogma. Ele é “uma estrutura aberta”: cresce e se enriquece, à medida que a Igreja, guiada pelo Espírito Santo, encontra-se a viver novas problemáticas e em novas culturas.

Dissera-o, com singular previsão, Santo Irineu pelo fim do II século. A verdade revelada, escrevia o santo, é “como um licor precioso contido em um vaso de valor. Por obra do Espírito Santo, ela (a verdade) rejuvenesce sempre e rejuvenesce também o vaso que a contém”[4]. A Igreja está em condições de ler a Escritura e o dogma de modo sempre novo, porque ela mesma é sempre renovada pelo Espírito Santo! Eis o grande e simplicíssimo segredo que explica a perene juventude da Tradição e, portanto, dos dogmas que são sua expressão mais elevada. Um grande estudioso da Tradição Cristã do século passado, Jaroslaw Pelikan, escreveu que "Tradição é a fé viva dos mortos" (isto é, a fé dos Padres que continua viva); o tradicionalismo é a fé morta dos vivos ”.[5]

Também o dogma da única pessoa de Cristo é uma “estrutura aberta”, ou seja, capaz de falar-nos hoje, de responder às novas necessidades da fé, que não são as mesmas do quinto século. Hoje, ninguém nega que Cristo seja “uma pessoa”. Há alguns – vimos anteriormente – que negam que seja uma pessoa “divina”, preferindo dizer que é uma pessoa “humana” na qual Deus habita, ou opera, de modo único e excelso. Mas a própria unidade da pessoa de Cristo, repito, não é contestada por ninguém.

A coisa mais importante hoje, a respeito do dogma de Cristo “uma pessoa”, não é tanto o adjetivo “uma”, mas o substantivo “pessoa”. Não tanto o fato de que seja “um e idêntico em si mesmo” (unus et idem), mas que seja “pessoa”. Isto significa descobrir e proclamar que Jesus Cristo não é uma ideia, um problema histórico, e nem mesmo apenas um personagem, mas uma pessoa e uma pessoa viva! Isto, de fato, é o que falta e do que temos extrema necessidade, para não deixar que o cristianismo se reduza a ideologia, ou simplesmente a teologia.

Propusemo-nos em revitalizar o dogma, partindo novamente da sua base bíblica. Por isso, voltemo-nos logo à Escritura. Partamos da página do Novo Testamento que nos fala do mais célebre “encontro pessoal” com o Ressuscitado que já aconteceu na face da terra: o do Apóstolo Paulo. “Saul, Saul, por que me persegues?” “Quem és tu, Senhor?” “Eu sou Jesus!” (cf. At 9,4-5). Que fulgor! Depois de vinte séculos, aquela luz ainda ilumina a Igreja e o mundo. Mas escutemos como ele mesmo descreve este encontro:

“Mas essas coisas, que eram lucro para mim (ser circunciso, da estirpe de Israel, fariseu, irrepreensível), considerei-as prejuízo por causa de Cristo. Mais que isso, julgo que tudo é prejuízo diante deste bem supremo que é o conhecimento do Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele. E isto, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a justiça que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, fundada na fé. É assim que eu conheço Cristo” (Fl 3,7-10).

É quase com rubor que ouso me aproximar da experiência flamejante de Paulo à minha pequeníssima experiência. Mas é justamente Paulo que, com sua narrativa, encoraja a fazê-lo assim mesmo, isto é, a dar testemunho da graça de Deus. Estudando e ensinando cristologia, eu tinha feito diversas pesquisas sobre a origem do conceito de “pessoa” em teologia, sobre suas definições e diversas interpretações. Tinha conhecido as intermináveis discussões em torno da única pessoa ou hipóstase de Cristo no período bizantino, os desenvolvimentos modernos sobre a dimensão psicológica da pessoa, com o consequente problema do “Eu” de Cristo, tão debatido quando eu estudava teologia. Em certo sentido, eu conhecia tudo sobre a pessoa de Jesus, mas não conhecia Jesus em pessoa!

Foi justamente aquela palavra de Paulo que me ajudou a entender a diferença. Sobretudo a frase: “é assim que eu conheço Cristo”. Parecia-me que o simples pronome “ele (Cristo)” (auton) contivesse mais verdades sobre Jesus que inteiros tratados de cristologia. “Ele” quer dizer Jesus Cristo “em carne e osso”. Era como encontrar uma pessoa al vivo, depois de conhecê-la por fotografia após anos. Dei-me conta de que eu conhecia livros sobre Jesus, doutrinas, heresias sobre Jesus, conceitos sobre Jesus, mas não o conhecia, pessoa viva e presente. Ao menos, não o conhecia assim quando me aproximava dele por meio do estudo da história e da teologia. Tivera até então um conhecimento impessoal da pessoa de Cristo. Uma contradição e um paradoxo, mas uma pena, bem frequente!

Pessoa é ser-em-relação
 
Refletindo sobre o conceito de pessoa no âmbito da Trindade, Santo Agostinho[6] e, depois dele, Santo Tomás de Aquino, chegaram à conclusão de que “pessoa”, em Deus, significa relação. O Pai é tal pela sua relação com Filho: todo o seu ser consiste nesta relação, como o Filho é tal pela sua relação com o Pai. O pensamento moderno confirmou esta intuição. “A verdadeira personalidade – escreveu o filósofo Hegel – consiste em recuperar si mesmo imergindo-se no outro”[7]. A pessoa é pessoa no ato em que se abre a um “tu” e, neste confronto, adquire consciência de si. Ser pessoa é “ser-em-relação”.

Isto vale de modo eminente para as pessoas divinas da Trindade, que são “puras relações”, ou, como se diz em teologia, “relações subsistentes”; mas vale também para cada pessoa no âmbito criado. Não se conhece a pessoa na sua realidade, a não ser entrando em “relação” com ela. Eis porque não se pode conhecer Jesus como pessoa, a não ser entrando em uma relação pessoal, do eu ao tu, com ele. “O ato do crente não termina num juízo, mas numa realidade”, disse Santo Tomás de Aquino[8]. Nós não podemos nos contentar em crer na fórmula “uma pessoa”; devemos alcançar a própria pessoa e, mediante a fé e a oração, “tocá-la”.

Devemos nos pôr seriamente uma pergunta: para mim, Jesus é uma pessoa, ou somente um personagem? Há uma grande diferença entre as duas coisas. O personagem – tipo Júlio César, Leonardo da Vinci, Napoleão – é alguém de quem se pode falar e escrever o quanto queira, mas com o qual é impossível falar. Infelizmente, para a grande maioria dos cristãos, Jesus é um personagem, não uma pessoa. É o objeto de um conjunto de dogmas, doutrinas ou heresias; alguém de quem celebramos a memória na liturgia, que cremos realmente presente na Eucaristia, tudo o que se quiser. Mas, se permanecermos no plano da fé objetiva, sem desenvolver uma relação existencial com ele, ele permanece externo a nós, toca-nos a mente, mas não aquece o coração. Permanece, apesar de tudo, no passado; entre nós e ele se interpõem, inconscientemente, vinte séculos de distância. No fundo de tudo isso, compreende-se o sentido e a importância daquele convite que o Papa Francisco pôs no início da sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium:

“Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito” (EG, 3).

Na vida da maioria das pessoas, há um evento que divide a vida em duas partes, criando um antes e um depois. Para os casados, é o matrimônio, e eles dividem a própria vida assim: “antes de me casar” e “depois de casado”; para os bispos e sacerdotes, é a consagração episcopal ou a ordenação sacerdotal; para os consagrados, é a profissão religiosa. Do ponto de vista espiritual, há um só evento que cria realmente e para todos um antes e um depois. A vida de cada pessoa se divide exatamente como se divide a história universal: “antes de Cristo” e “depois de Cristo”, antes do encontro pessoal com Cristo e depois deste.

Podemos vislumbrar este encontro, ouvir falar dele, desejá-lo, mas, para experimentá-lo, há apenas um meio. Não é algo que se pode obter lendo livros ou escutando uma pregação. Somente por obra do Espírito Santo! Por isso, sabemos a quem devemos pedi-lo e sabemos que ele não espera outra coisa senão que lhe peçamos... Per te sciamus da Patre, noscamus atque Filium: “Ao Pai e ao Filho Salvador por vós possamos conhecer”. Que o conheçamos a partir deste conhecimento íntimo e pessoal que muda a vida.

Mãe do padre Fabio de Melo morre em decorrência da covid-19


Faleceu neste sábado, 27 de março, dona Ana Maria de Melo, mãe do pe. Fabio de Melo, após dias decorridos na UTI em tratamento da covid-19. Ela havia chegado a tomar a primeira dose da vacina contra a doença poucos dias antes de ser infectada. Internada desde o dia 15, ela havia sido intubada nesta semana.

O sacerdote compartilhou o seu momento de dor e fé por meio da sua rede social:

quarta-feira, 24 de março de 2021

Sermão de Nossa Senhora das Dores


“E quanto a ti, uma espada de dor te traspassará a tua alma” (cf Lc 2, 33-35)

Irmãos e irmãs, uma personagem que vamos acompanhar muito nos próximos dias é Nossa Senhora das Dores, já a partir de domingo, ao celebrarmos o Domingo de Ramos, e depois, durante toda a Semana Santa. Sobretudo, na quarta-feira que meditaremos as dores de Nossa Senhora, na terça-feira que teremos a tradicional procissão do Encontro, e sexta-feira, o dia da Paixão de Jesus.

É a mesma Mãe de Jesus, mas da mesma forma que Ela recebe outros títulos, devido aos locais em que Ela aparece e a mensagem que Ela quer transmitir, durante a Semana Santa, Ela é lembrada com título de Nossa Senhora das Dores. Dessa forma, se cumpria aquilo que o profeta Simeão disse à Nossa Senhora: “Quanto a ti, uma espada te atravessará a alma” (Cf Lc 2,34-35).

Nossa Senhora também é lembrada por esse título, pois a dor dela foi tão grande ao ver seu Filho sendo crucificado, que era como se uma espada atravessasse sua alma. Mas, Nossa Senhora sempre guardou e meditou tudo em seu coração e mesmo diante de tal sofrimento, se conformava com a vontade de Deus.

Nossa Senhora das Dores, também é conhecida por outros títulos semelhantes, como por exemplo: Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Agonia e Nossa Senhora das Lágrimas. Todos esses títulos se remetem as celebrações da Semana Santa e ao momento que vai desde a condenação de Jesus a morte até a sua entrega total na cruz.

O dia de Nossa Senhora das Dores, segundo o nosso calendário, é celebrado em 15 de setembro, um dia após a celebração da Exaltação da Santa Cruz. Mas, como já dissemos, Ela é bem recordada nesse período da Semana Santa, devido a todo o contexto que envolvem essas celebrações. Nossa Senhora esteve firme, acompanhando os últimos passos do seu Filho, até a morte de Cruz.

Ao celebrar Nossa Senhora das Dores recordamos tantas mães que sofrem com perda prematura de seus filhos, seja pelas drogas, violência, acidente ou doença. Essas mães devem seguir o exemplo de Nossa Senhora e se manter firmes diante desses momentos de sofrimento e se conformarem a vontade de Deus. A força da fé ajudará a passar pelos momentos de dificuldade.

É junto à cruz do seu Filho que Maria se torna a Mãe de todos nós, pois Jesus diz a Maria quando Ela estava aos pés da cruz, ao lado de João: “Mulher, eis aí o teu filho”. E depois diz a João: “Filho, eis aí a tua Mãe”. A partir desse momento, João acolhe Maria consigo e cuida dela. Por isso, a partir do mandato de Jesus, Ela se torna a mãe de todos nós e Mãe da Igreja. Unir-se às dores de Maria é unir-se também às dores de Jesus Cristo, pois onde está a Mãe, também está o Filho.

Nos pautemos agora no momento mais marcante do caminho doloroso de Jesus até o calvário, que nos remete a 4ª dor de Nossa Senhora que é o doloroso encontro de Jesus com sua Mãe. Esse momento celebramos com piedade na Quarta-Feira Santa. Nessa ocasião acontece uma troca de olhares entre o Filho e sua Mãe e com o olhar de Mãe, Nossa Senhora contempla a crueldade que estavam fazendo com o seu Filho. Tudo isso causava uma imensa dor no coração de Nossa Senhora.

Por isso, podemos imaginar qual mãe que não sofre ao ver um filho sofrendo, precisando de ajuda, e sofre mais ainda quando não pode fazer nada. Dessa maneira, que possamos nos unir à dor que Maria sentiu nessa ocasião e peçamos forças para suportar com paciência as dores que possam ocorrer na nossa vida. Que principalmente Maria conforte as mães que sofrem.

Portanto, agora lá do céu, Nossa Senhora está intercedendo por cada um de nós e é aquela Mãe que consola as nossas dores e sofrimentos, sobretudo das mães que perderam seus filhos. Lá no céu, os olhares de Jesus e de Nossa Senhora se cruzam, assim como se cruzaram aqui na terra, um olhar de amor e compaixão.

Padre procura governador, explica celebrações de Semana Santa e pede flexibilização


Às vésperas da Semana Santa, um sacerdote de Cuiabá (MT) tomou a iniciativa de procurar o governador para lhe explicar as celebrações destes dias na Igreja Católica e, assim, pedir que flexibilize o horário de recolhimento estabelecido pelo estado.

Padre Evandro Balena, que colabora na Paróquia Nossa Senhora da Guia, contou que decidiu conversar com o governador mauro Mendes após ouvir a preocupação de fiéis quanto à realização das celebrações desta semana que é o centro da vida da Igreja.

No Mato Grosso, decreto estadual determinou um limite de funcionamento de alguns setores, entre os quais as igrejas, de segunda a sexta-feira, das 5h às 19h, e sábado e domingo, das 5h às 12h. Além disso, há o toque de recolher estabelecido para 21h.

“Diante das diversas manifestações e desejos que tanto vemos pela internet, que ouvimos neste final de semana do povo de Deus, sobre como vai ser a Semana Santa, e diante da possibilidade de engessar mais ainda o decreto, a gente se pergunta como é que podemos deixar Deus de escanteio nessa hora, então precisamos esclarecer”, declarou o sacerdote ao site ‘Araguaia Notícias’.

Pe. Balena indicou que “tanto o governador como os assessores são bons cristãos, mas não necessariamente conhecem o rito da Igreja e os porquês de cada coisa”. Por isso, afirmou, “tomei iniciativa de vir pessoalmente explicar para o governador o rito da Igreja, da Semana Santa”.

O sacerdote explicou que algumas celebrações devem ocorrer no período da noite. “Principalmente na Quinta-feira Santa, por exemplo, a Missa 'In Coena Domini', que é a Missa da Ceia do Senhor, não pode ser celebrada de dia, só pode ser celebrada depois do pôr do sol”, indicou.

Recordou também que “a grande celebração da Ressurreição é no sábado à noite [Vigília Pascal], é a vigília das vigílias que costumamos falar. Então ela também não pode ser celebrada de dia, precisa ser celebrada só depois do pôr do sol”.

Padre pode ser preso por celebrar Missa na Irlanda



Padre pode ser preso por celebrar Missa na Irlanda com a presença de (poucos) fiéis, mesmo seguindo todos os protocolos sanitários para evitar os contágios pelo coronavírus. O motivo da possível prisão, segundo o portal Irish Catholic, seria a desobediência do padre à suspensão do culto público decretada pelo governo do país desde 7 de outubro do ano passado, alegadamente como forma de combater a pandemia de covid-19.

Esta suspensão, aliás, constitui a maior restrição às atividades religiosas presenciais em toda a Europa na atualidade: ao longo dos últimos 12 meses, o culto público permaneceu suspenso durante quase 8 na Irlanda.

O sacerdote acusado de desobediência é o pe. P. J. Hughes, pároco de Mullahoran e Loughduff, no condado irlandês de Cavan. Ele foi multado em 500 euros, o que, no câmbio atual, equivale a cerca de R$ 3.290,00.

O pe. Hughes divulgou neste mês um boletim paroquial em que afirma:

“No próximo domingo inicia-se a Semana Santa. É difícil acreditar que, pelo segundo ano seguido, as pessoas não possam vir participar das cerimônias da Semana Santa. Apesar do tamanho da igreja e do lugar santo devido à presença de Jesus no Tabernáculo, a polícia tem considerado a paróquia como um ponto crítico para a disseminação do vírus”.

O sacerdote comenta então a desproporção entre a proibição do culto público e as concessões a outras atividades do dia-a-dia, muito embora as igrejas estejam tomando todas as providências sanitárias protocolares para evitar os contágios. Ele escreve:

“A maioria das pessoas está saudável e pode fazer compras, levar seus filhos para a escola e muitos trabalham em ambientes fechados. Estamos cometendo um erro grave ao rejeitarmos Deus e Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecendo afastados porque os funcionários do governo dizem que devemos fazer isso”.

Bispo orienta a “desobedecer à lei” para assistir à missa


Na missa do domingo passado, Bernardo Bastres, bispo chileno de Magalhães, pediu aos fiéis que desafiassem a proibição governamental justificada pela pandemia e continuassem a assistir à celebração da Eucaristia.

Um bispo disse “basta” às restrições que, com a desculpa da pandemia do coronavírus, estão afetando desproporcionalmente o culto católico, relegado à categoria de “não essencial”. Trata-se de Bernardo Bastres, da diocese chilena de Magalhães, que, dadas as novas restrições impostas pelo Governo, proibindo qualquer acontecimento, foi categórico no seu desafio.

«Seguindo a responsabilidade que tivemos até hoje em relação à capacidade, em relação às medidas sanitárias, parece-me que podemos continuar com tranquilidade a celebração da Eucaristia durante a semana», disse o bispo. 

“É verdade que a lei diz o contrário, mas acreditamos que quando uma lei é injusta e quando uma lei é contra a consciência, pode-se desobedecer à lei. Digo isto com responsabilidade, como bispo e como chefe da Igreja Católica em Magalhães ”, acrescentou.

Acadêmico pede que Vaticano se pronuncie sobre abusos da China contra os DDHH


Um estudioso sueco que estuda a China pediu ao Vaticano para falar sobre os abusos dos direitos humanos pelo governo chinês, observando que "o diálogo em igualdade de condições não é o que está acontecendo".

"A China deve ser tratada como qualquer outro país e jogar pelas mesmas regras", escreveu Fredrik Fällman, professor associado de sinologia da Universidade de Gotemburgo, em uma coluna de 19 de março no .

"A Igreja Católica frequentemente comenta a situação em outros países. No entanto, na China, o Vaticano mantém silêncio sobre muitos desenvolvimentos relativos - incluindo a sistemática perseguição religiosa, questões de direitos trabalhistas e abusos de direitos humanos contra os uigures. Parece que os funcionários do Vaticano estão mantendo a China em um padrão diferente em comparação com outros países", comentou

Em 2018, o Vaticano chegou a um acordo com o governo chinês sobre a nomeação de bispos. Os termos do acordo, que foi renovado em outubro de 2020 por mais dois anos, nunca foram revelados publicamente.

O acordo foi feito para ajudar a unir a Igreja “oficial” e a Igreja clandestina, por assim dizer, por ser fiel a Roma e rechaçar bispos ordenados sem o mandato pontifício. Estima-se que 6 milhões de católicos estão registrados no Partido Comunista Chinês.

De acordo com Joseph Cardinal Zen, bispo emérito de Hong Kong, os cristãos na China continuaram a ser perseguidos e assediados pelas autoridades, "apesar do acordo".

A política de "sinicização", anunciada pelo presidente chinês Xi Jinping em 2015, visa reforçar a identidade chinesa e comunista em todas as práticas religiosas do país. Incluiu instruir as igrejas a remover imagens dos Dez Mandamentos e substituí-las por prosseis de Mao Tsé-Tung.

Fällman observou que mesmo em Hong Kong, onde os religiosos gozam de mais liberdade do que no continente, Pequim vem reforçando seu controle sobre a religião nos últimos anos, mais recentemente por meio de uma lei de "segurança nacional" que entrou em vigor no verão passado.

De acordo com a nova lei, vários católicos em Hong Kong foram presos e acusados de terrorismo, sedição e conluio estrangeiro.

A Diocese de Hong Kong permanece vaga, já que a diocese é liderada desde 2019 pelo Cardeal John Tong, que se retirou em 2017 e assumiu o comando novamente depois que o bispo anterior de Hong Kong morreu inesperadamente. Sucessivos candidatos selecionados pelo Vaticano, e aprovados pelo Papa Francisco, não puderam assumir por questões políticas.

"A iminente escolha de um novo [bispo de Hong Kong] sem dúvida criará mais tensões à medida que irão investigá-lo para saber onde está sua lealdade. A escolha de um bispo 'pró-Pequim' não vai cair bem entre muitos cidadãos, enquanto a escolha de um bispo mais independente e crítico pode pressionar os católicos de Hong Kong", observou Fällman.

Ele acrescentou: "Se o Vaticano quer restaurar a ordem das nomeações episcopais e acabar com práticas clandestinas, então deve dialogar com qualquer interlocutor que seja preciso — seja este 'pró-Pequim' ou não."

De acordo com novas regras previstas para entrar em vigor em 1º de maio de 2021, a Associação Patriótica Católica Chinesa será responsável pela seleção de candidatos episcopais. Em seguida, os candidatos serão "aprovados e consagrados pela Conferência dos Bispos Católicos Chineses".

As regras supostamente não mencionam qualquer participação do Vaticano na aprovação dos bispos, apesar do acordo Vaticano-China de 2018 supostamente envolver tanto autoridades chinesas quanto as da Santa Sé no processo de nomeação de bispos.

"É preciso que haja uma coalizão internacional entre cristãos, e talvez outros grupos religiosos, para pressionar a China", concluiu Fällman.

"Aqui o Vaticano poderia desempenhar um papel central com sua força e experiência, o que também beneficiaria a realização dos aspectos 'pastorais' buscados com o atual acordo Sino-Vaticano. O verdadeiro diálogo inclui críticas francas e é a chave para dar passos reais nas relações com a China", afirmou.

Bispo suíço dá comunhão a três protestantes em sua própria ordenação


O novo Bispo de Chur, Suíça, Dom Joseph Bonnemain deu a Santa Comunhão a três protestantes em sua própria ordenação no último 19 de março, Solenidade de São José. A informação foi dada pela página web dos bispos suíços.

“Na presença do [cardeal Kurt Koch], Joseph Bonnemain deu a Santa Comunhão a três personalidades reformadas: a presidente da Igreja Reformada Protestante Suíça, Rita Famos; o presidente do conselho da igreja de Zurique, Michel Müller - e o conselheiro do governo de Zurique, Mario Fehr", diz a página.

Em resposta ao pedido de comentário da CNA, o escritório de Dom Bonnemain respondeu com uma breve declaração em 22 de março, e apontou o cânon 844 §4 do Código de Direito Canônico da Igreja Católica em sua defesa.

O código citado pelo bispo diz: “Se existir perigo de morte ou, a juízo do Bispo diocesano ou da Conferência episcopal, urgir outra necessidade grave, os ministros católicos administram licitamente os mesmos sacramentos também aos outros cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja católica, que não possam recorrer a um ministro da sua comunidade e o peçam espontaneamente, contanto que manifestem a fé católica acerca dos mesmos sacramentos e estejam devidamente dispostos”.

"A aplicação dessas normas em relação às pessoas individuais concretas durante uma celebração pública leva em conta as circunstâncias existentes e a atitude pessoal do indivíduo. A mídia, dadas as considerações de privacidade, não é o lugar para comentar tal assunto", respondeu a diocese aos questionamentos da agência CNA.

Bonnemain é um clérigo bastante familiarizado com o código de direito canônico. O Bispo de 72 anos e membro do Opus Dei já atuou como vigário judicial e canônico da catedral desta diocese suíça.

Um especialista jurídico da Universidade Católica da América, Pe. James Bradley, disse ao grupo ACI que "o cânon 844 §4 diz respeito à administração lícita dos sacramentos da penitência, da Eucaristia, e da unção dos enfermos aos que não foram batizados, além dos ortodoxos e outras confissões cristãs".

"Existem cinco condições para que isso seja um ato perfeitamente lícito", explicou o Pe. Bradley à CNA por e-mail.

"O primeiro é o perigo de morte, ou alguma necessidade grave. Além disso, são necessárias todas as seguintes condições: a pessoa que procura o sacramento deve ser incapaz de se aproximar do ministro da sua própria confissão; o indivíduo deve manifestar a fé católica no sacramento solicitado; a pessoa deve solicitar o sacramento por iniciativa própria; e a pessoa deve ter a devida disposição".   

Falando à CNA sob condição de anonimato, outro especialista em direito canônico que reside em Roma, confirmou esta afirmação acrescentando que era difícil imaginar como essas condições poderiam ter se aplicado naquela ocasião e por que o novo bispo apela a este cânon para justificar o ato.

Após reportagens internacionais críticas às ações do novo bispo, o portal financiado pela conferência dos bispos suíços, "kath.ch", também defendeu veementemente o ato do novo bispo, alegando que um antecessor havia feito a mesma coisa e referindo-se ao famoso caso do Cardeal Joseph Ratzinger e do Irmão Roger Schutz da Comunidade Taizé.

No entanto, esse caso "obviamente não pode ser comparado" com o que ocorreu, relatou o canonista em Roma consultado pela CNA. 

Assim como relatou a CNA Deutsch, agência do grupo ACI para a língua alemã, a diocese de Chur, que também compreende a cidade de Zurique, tem um histórico de altas tensões internas. O novo bispo – que na própria ordenação deu a comunhão aos políticos protestantes e se inclinou para pedir a bênção da assembleia– anunciou que sua prioridade era curar divisões em uma diocese "doente".

Legionários de Cristo publicam novo relatório sobre abusos sexuais


Os Legionários de Cristo apresentaram em 22 de março um novo informe anual sobre a sua luta contra os abusos sexuais cometidos por membros da congregação, sob o título "Verdade, justiça e reconciliação".

Este novo relatório, disseram os Legionários de Cristo em um comunicado, “reúne os passos dados na atenção às vítimas de abuso sexual por parte de alguns de seus padres e o desenvolvimento de ambientes seguros nas obras e instituições onde realizam seu trabalho pastoral”.

Ao contrário do informe anterior, divulgado em dezembro de 2019, este novo documento inclui os nomes completos de alguns dos sacerdotes que cometeram abusos sexuais.

Em outros casos de abusos, os Legionários de Cristo indicam apenas o nome ou país de origem do sacerdote, acompanhado de um número.

Os casos de abusos neste novo relatório também foram separados por regiões territoriais dos Legionários de Cristo: Brasil, Chile, Colômbia-Venezuela, Espanha, Estados Unidos, Europa Central, Irlanda, Itália e México.

A congregação fundada pelo falecido Marcial Maciel, que abusou de pelo menos 60 menores, comprometeu-se "a continuar publicando, anualmente, um informe sobre os passos dados, atualizando os dados e prestando conta dos compromissos assumidos".

Das 170 vítimas conhecidas de 27 membros dos Legionários de Cristo, a congregação assegurou que até hoje cerca de 50 foram atendidas, “em um caminho de reparação e reconciliação”.

Este caminho, asseguraram os Legionários, está aberto a “todas as vítimas que o desejem”.

Os Legionários de Cristo indicaram que para o trabalho de atenção às vítimas “estabeleceram uma parceria internacional estável com uma instituição profissional e independente” chamada “Eshmá”.

De acordo com o site Eshmá, entre seus membros “há pessoas que vivenciaram em primeira pessoa os processos de vitimização” de abusos sexuais infantis.

Papa nomeia ativista gay para comissão vaticana


O Papa Francisco nomeou Juan Carlos Cruz como membro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, segundo informou a sala de imprensa da Santa Sé, em 24 de março.


Juan Carlos Cruz foi vítima do ex-sacerdote chileno Fernando Karadima, que em 2011 foi considerado culpado pela Congregação para a Doutrina da Fé de abusar sexualmente de menores durante as décadas de 1980 e 1990.

Cruz declarou que é homossexual e é contrário aos ensinamentos da Igreja sobre a homossexualidade. Em 15 de março, criticou o documento da Congregação para a Doutrina da Fé que afirma que a Igreja não pode abençoar casais do mesmo sexo.

Cruz, atualmente ativista da agenda LGTB, disse à Associated Press naquele dia que as pessoas abandonariam a Igreja Católica "se a Igreja e a CDF não avançassem com o mundo".

A nomeação de Cruz foi celebrada pela polêmica freira dominicana Lucía Caram, que, além de defender o aborto e as uniões homossexuais, nega a virgindade da Virgem Maria e afirma que a Mãe de Deus tinha relações sexuais com São José.


Esta nomeação também foi celebrada pelo jesuíta James Martin, conhecido por apoiar os coletivos LGBT.


Juan Carlos Cruz, que fará parte da comissão do Vaticano por três anos, agradeceu ao Papa Francisco em sua conta no Twitter “por confiar em mim com esta nomeação. Eu o agradeço profundamente" e acrescentou que "isso renova meu compromisso de continuar trabalhando para acabar com o flagelo dos abusos e por tantos sobreviventes que ainda não obtiveram justiça", disse ele.

Cruz junta-se aos atuais membros da comissão presidida pelo cardeal Seán O'Malley, arcebispo de Boston (EUA) e membro do Conselho de Cardeais que assessora o Papa sobre a reforma da Cúria.

Não nos calemos diante de ofensas à Virgem Maria, diz padre


Pe. Carlos Rossell de Almeida, ex-reitor do Seminário Santo Toríbio de Mogrovejo em Lima (Peru) e pároco do Santuário do Senhor da Divina Misericórdia, criticou de forma enérgica a caricatura ofensiva que o jornal peruano La República publicou sobre a Virgem Maria.

“Como sacerdote e católico, manifesto minha total rejeição ao que publicou o jornal La República. É uma ofensa ao povo católico e não podemos ficar calados perante as caricaturas que se fazem sobre o sagrado”, disse o também doutor em Teologia Sagrada ao concluir a Missa celebrada nesta terça-feira, 16 de março, no Santuário do Senhor da Divina Misericórdia.

Pe. Rossell recordou que “para nós, a Virgem Santíssima é a nossa mãe e não permitiremos que aqueles que não compartilham a nossa fé, aqueles que estão ideologizados zombem do que para nós é sagrado”.

“Por isso minha total rejeição ao que o jornal La República publicou sobre a Virgem Maria, que, além disso, manifesta como se comportam aquelas pessoas que estão ideologizadas, neste caso concreto, ideologia marxista, e desta maneira estão mostrando como são”, continuou.

No domingo, 14 de março, La República publicou uma caricatura na qual uma pessoa diz a Maria: “Eu te amo, Maria... Açoita-me para não cair na tentação de pagar impostos”, ao que a Virgem responde: “Filho perdoa aos que votam nele, porque não sabem o que fazem”.

A caricatura usa a imagem do Sagrado Coração de Maria e foi feita por Heduardo Rodríguez dias depois que o candidato presidencial Rafael López Aliaga falou a uma rádio sobre sua devoção à Virgem.

O empresário López Aliaga é candidato à Presidência pelo partido Renovación Popular e é membro da Opus Dei. Nas últimas pesquisas a intenção de voto a seu favor subiu e o puseram em segundo lugar. Se chegar à eleição do dia 11 de abril assim, passará ao segundo turno.

Seus opositores o acusam de ter uma dívida milionária com a SUNAT, entidade que administra impostos no Peru, mas ele afirma que se trata de uma campanha de difamação contra ele.

Para o Pe. Rossell, o que o jornal La República deve fazer é esclarecer “sua relação com a Odebrecht, é isso que eles devem esclarecer. Que esclareçam sua relação com os grupos de poder que fazem lavagem cerebral no Peru e que estão envolvidos na corrupção. É isso que o jornal La República tem para esclarecer e não ofender o povo católico”.

Padre encontrado morto em casa cometeu suicídio, diz Diocese


A Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) confirmou que Padre Olímpio Rubén Rojas Velazco, encontrado morto em casa no último domingo, 21 de março, cometeu suicídio.

Em nota assinada pelo Bispo Dom Luiz Henrique da Silva Brito, afirma que “a causa da morte foi suicídio” e que “os órgãos competentes já encerraram a perícia”.

Segundo a Diocese, Pe. Rubén “passava por tratamento psicológico e psiquiátrico” e “estava afastado de seu ministério”. “A Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda ressalta que durante todo o período do tratamento foi acompanhado pelo nosso Clero e leigos”, ressalta a nota.

O corpo de Pe. Rubén foi encontrado no domingo, na casa paroquial da Nossa Senhora da Conceição, em Volta Redonda. Logo após, a polícia foi acionada e passou a investigar o caso.

Mais de 200 teólogos alemães criticam veto a bênção de uniões homossexuais



Mais de 200 teólogos de língua alemã assinaram uma declaração rejeitando a proibição do Vaticano de abençoar uniões homossexuais.

A declaração foi redigida na Universidade de Münster e descreve o esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) como carente de "profundidade teológica, compreensão hermenêutica e rigor explicativo".

"Se as descobertas científicas são ignoradas e não são acolhidas, como é o caso do documento (do Vaticano), o Magistério mina sua própria autoridade", afirmam os teólogos, segundo informa a CNA Deutsch, agência em alemão do Grupo ACI.

Para os signatários, “o texto está caracterizado por um gesto paternalista de superioridade e discrimina os homossexuais e seus planos de vida”.

Em 15 de março, a CDF publicou um responsum (resposta, em latim), a um dubium (dúvida, em latim) que perguntava: “A Igreja dispõe do poder de abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo?” A congregação do Vaticano respondeu negativamente. Além disso, declarou "ilícita toda forma de bênção que tenda a reconhecer" tais uniões.

A resposta foi aprovada pelo Papa Francisco e assinada pelo prefeito da CDF, Cardeal Luis Ladaria; e pelo secretário, o Arcebispo Giacomo Morandi.

O documento suscitou fortes reações nos países de língua alemã, onde vários bispos expressaram publicamente seu apoio à bênção das uniões de pessoas do mesmo sexo.

Um deles é Dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, que em 15 de março disse que o esclarecimento da CDF reflete "o estado do ensino da Igreja expresso em vários documentos de Roma".

“Na Alemanha e em outras partes da Igreja mundial, já há algum tempo existem discussões em andamento sobre a forma como tal ensinamento e o desenvolvimento doutrinário em geral podem ser avançados com argumentos viáveis com base em verdades fundamentais da fé e da moral, com uma reflexão teológica progressiva, e também aberta aos resultados mais recentes das ciências humanas e das situações de vida das pessoas de hoje. Não há respostas fáceis para perguntas desse tipo”, disse o Bispo.

Alguns sacerdotes católicos disseram nas redes sociais que continuarão abençoando as uniões gays. No entanto, alguns bispos alemães acolheram bem o esclarecimento do Vaticano, como Dom Rudolf Voderholzer, Bispo de Ratisbona; e Dom Stefan Oster, Bispo de Passau.

Em sua declaração, os mais de 200 teólogos de língua alemã distanciam-se "firmemente" do esclarecimento da CDF.

"Em contraste, assumimos que a vida e o amor dos casais do mesmo sexo não são menos valiosos diante de Deus que a vida e o amor de qualquer outro casal”, disseram.

“Em muitas congregações, padres, diáconos e outros ministros pastorais reconhecem os gays, oferecendo celebrações de bênção para casais do mesmo sexo e refletindo sobre as formas litúrgicas adequadas para tais celebrações. Acolhemos estas práticas de afirmação”.

Cardeais defendem recusa de bênçãos para homossexuais


Dois cardeais sustentaram as diretrizes de uma recente declaração do Vaticano, que afirma que a Igreja não pode abençoar uniões do mesmo sexo. Trata-se do Arcebispo de Boston, Dom Sean O´Malley e do Prefeito para o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral no Vaticano, Dom Peter Turkson. Eles tiveram um painel em que falaram com pessoas que se consideravam decepcionadas com a resposta do Vaticano.

Em um painel online organizado pela Universidade de Georgetown, nos EUA, o cardeal Turkson e o Cardeal Sean O'Malley— que também é membro do Conselho de Cardeais do Papa Francisco — foram convidados a responder às pessoas "que estão desapontadas" com a recente declaração do Vaticano sobre uniões entre pessoas do mesmo sexo.

A Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano disse na segunda-feira que a Igreja não tem o poder de abençoar uniões do mesmo sexo. O documento foi aprovado para publicação pelo Papa Francisco.

Na quinta-feira, o cardeal O'Malley disse que o Papa Francisco tem sido "sensível e pastoral" com todos, ao mesmo tempo em que defendeu o ensinamento da Igreja.

O Papa Francisco deixou claro que deseja "estar perto das pessoas, da realidade e dos desafios de suas vidas, não importa o que seja", disse Dom Sean O'Malley.

"Ao mesmo tempo, a Igreja tem um ensinamento muito claro sobre o casamento que deve ser proclamado", acrescentou.

"E eu acho que o Santo Padre tenta ser muito sensível e pastoral em sua relação com as pessoas, e mostrar sua preocupação com os indivíduos e, ao mesmo tempo, seu compromisso com a fidelidade ao que a Igreja ensina sobre o Sacramento do Matrimônio", disse o Cardeal O'Malley.