quarta-feira, 27 de maio de 2015

Trinitarismo na mídia


Assustou-me ouvir um pregador católico terminar, para milhares de pessoas, a sua pregação com estas palavras: Em nome do Deus Pai, em nome do Deus Filho e em nome do Deus Espírito Santo. Estranho, porque, falando ele a milhões de católicos que acreditam na palavra do seu pregador, ensinou doutrina contrária ao catecismo católico. Certamente não o fez com má intenção, mas errou e alguém deveria fraternalmente corrigi-lo. Imagino que ele terá suas explicações a dar.

O trinitarismo foi uma heresia que, ao afirmar excessivamente a individualidade das três pessoas da Santíssima Trindade, acabou por afirmar a existência de três deuses iguais e não de um só Deus. Ao invés de serem cristãos monoteístas trinitários, os adeptos desta doutrina desembocaram no triteismo. Anunciavam não um, mas três deuses iguais. O Dogma dos cristãos católicos, ortodoxos e evangélicos afirma que no Deus único, vivo e verdadeiro há três pessoas co-eternas e co-iguais, mas Deus é um só, o mesmo em substância, distinto em existências. 

O certo seria o pregador ter concluído sua fala Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, um só e único Deus.  Teria acertado, pois teria afirmado a triunidade de Deus. O Antigo Testamento enfatiza a unidade de Deus. Ele é um só. Lá mesmo já se encontram passagens que distinguem Senhor, de Redentor e de Espírito Santo e há relatos que mostram um patriarca falando a três pessoas como se falasse a uma só. No Novo Testamento são inúmeras as referências ao Pai como Deus, a Jesus Cristo como Deus e ao Espírito Santo como Deus, mas nunca um Deus à parte, nem as três pessoas parte ou pedaço de um Deus e, sim, cada pessoa como Deus. Isto levou séculos de debates até que se encontrou a fórmula mais adequada para falar de um mistério tão incompreensível. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo, o Filho não é o Pai nem o Espírito Santo e o Espírito Santo não é nem o Filho nem o Pai. Três pessoas num só ser essencial: Deus; aí o mistério. 

Monarquianismo, subordinacionismo, arianismo e dezenas de outras doutrinas foram confrontadas. O que chegou até nós foi a definição do que aceitamos crer como cristãos. Cremos em um só Deus em três pessoas. Abençoar os católicos daquela maneira revela resquícios de trinitarismo. Ao falar na mídia, todo cuidado é pouco, Milhões passarão a dizer o que dizemos, sem saber que estão pregando contra o Catecismo da Igreja Católica. É bem para isso que existe, na Igreja, a prática da correção fraterna. Se eu errar, corrija-me! Se meu irmão errar, cabe a mim alertá-lo, sem que um perca o respeito pelo outro. Maior respeito merecem Deus e a Igreja! É por isso, para isso e por outros motivos também, que existe a Pastoral da Comunicação. 


Pe. Zezinho, scj
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Catholicos

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