quinta-feira, 9 de abril de 2015

Homilética: 2º Domingo de Páscoa - Ano B: "A experiência de fé na comunidade é a melhor experiência".


O Segundo Domingo da Páscoa foi chamado por São João Paulo ll:  o Domingo da Misericórdia!

Com a celebração de hoje, concluímos a Oitava de Páscoa, ou seja, esta semana que a Igreja nos convidou a considerar como um dia só: “O dia que o Senhor fez”.

Nestes dias de Páscoa a Liturgia nos fez assistir ao nascimento da fé pascal. Mediante a narração das aparições do Ressuscitado, vimos renascer nos discípulos de Jesus, desanimados e dispersos, a fé e o amor para com Ele: a ressurreição gerou a fé.

Cristo ressuscitado é a razão de ser de nossa existência! Celebrar essa história é motivo de grande alegria para os cristãos.

O evangelho ( Jo 20, 19-31) inicia falando do primeiro dia da semana, isto é, o Dia por excelência, pois foi o dia da Ressurreição do Senhor; relata a aparição de Jesus Misericordioso aos seus discípulos no mesmo dia da sua Ressurreição, no qual derramou sobre eles e lhes confiou o tesouro da sua Paz e dos seus Sacramentos, e confirmou a nossa fé e a fé de todos os “Tomés” do mundo, que estão cheios  de dúvidas e com ânsias de ter certezas.

“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana” ( Jo 20,19), Jesus veio confortar os amigos mais íntimos: A paz esteja convosco, disse-lhes. Depois mostrou-lhes as mãos e o lado. Nesta ocasião, Tomé não estava com os demais Apóstolos; não pôde, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras.

Imagino os Apóstolos cheios de júbilo procurando Tomé para contar-lhe que tinham visto o Senhor! Mal o encontraram, disseram-lhe: Vimos o Senhor! Tomé continuava profundamente abalado com a crucifixão e a morte do Mestre; quer ver para crer! Acredito que os Apóstolos devem ter-lhe repetido, de mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua alegria e a sua certeza: Vimos o Senhor!

Hoje nós temos que fazer o mesmo! Para muitos homens e para muitas mulheres, é como se Cristo estivesse morto, porque pouco significa para eles e quase não conta nas suas vidas. A nossa fé em Cristo ressuscitado anima-nos a ir ao encontro dessas pessoas e a dizer-lhes, de mil maneiras diferentes, que Cristo vive, que estamos unidos a Ele pela fé e permanecemos com Ele todos os dias; que Ele orienta e dá sentido à nossa vida.

Desta maneira, cumprindo essa exigência da fé que é difundi-la com o exemplo e a palavra, contribuímos pessoalmente para a edificação da Igreja, como aqueles primeiros cristãos de que falam os Atos dos Apóstolos: “Cada vez mais aumentava o número dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor” (At. 5,14).

Oito dias depois Jesus apareceu aos Apóstolos novamente e agora Tomé também estava; Jesus disse: “A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos…, não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20,26-27).

A repreensão dirigida a Tomé nos convida a distinguir entre a prova e o sinal. Mas a fé não admite nenhuma demonstração. Ela não pode fazer mais do que surgir livremente dos sinais que nos são propostos. Contemporaneamente, parece que tudo é reduzido a provas. Até mesmo canonizamos a prova em detrimento do sinal. Por que não dizer que a fé somente pode nascer do único lugar capaz de ler os sinais, isto é, do coração? Tomé sente a dúvida crescer quanto mais se afasta da comunidade. Somente no meio da comunidade é que podemos crescer no amor e na unidade. Apenas na comunidade é que podemos fazer a experiência de fé que nos leva ao coração do Ressuscitado. Tomé não tinha uma fé amadurecida. Ela se encontrava em processo de maturação. O texto do evangelho não chega a dizer se Tomé tocou em Jesus. Mas traz, em compensação, uma declaração pública de fé daquele que, a partir desse momento, passou a acreditar de todo o coração. No entanto, não podemos nos esquecer de que Jesus também dirige a cada um de nós uma palavra importante, que pode ser assim demonstrada: “Felizes os que creem sem ter visto”. Essa palavra nos retira da zona de conforto e nos leva a exercitar uma fé amadurecida e sincera.

A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! A fé do Apóstolo brota não tanto da evidência de Jesus, mas de uma dor imensa. O que o levou a adoração e ao retorno ao apostolado não são tanto as provas como o amor. Diz a Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor; consumiu a vida a seu serviço.

As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer n’Ele. Comenta São Gregório Magno: “Porventura pensais que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando acreditasse? Não foi por acaso, mas por disposição divina que isso aconteceu. A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas das carnes do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade… Foi assim, duvidando e tocando, que o discípulo se tornou testemunha da verdadeira ressurreição”.

Peçamos ao Senhor que aumente em nós a fé, pois se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

Leituras: At 4,32-35; 1Jo 5,1-6; Jo 20,19-31

Caríssimos irmãos e irmãs, para este domingo temos o relato do texto evangélico que nos apresenta duas das manifestações de Jesus aos seus apóstolos: uma na tarde do dia da Ressurreição, e outra, oito dias depois. Fixando inicialmente o nosso olhar na segunda aparição, somos atraídos pela reação de Tomé, porque, como ele, muitas vezes sentimos a tentação da dúvida e queremos ver sinais para nos sentirmos mais seguros na fé.  Jesus compreendeu isso, mas ao mesmo tempo, proclamou o valor da fé dos que acreditam sem terem visto sinais. Estaremos nós entre os que acreditam na Palavra de Deus, como nos é transmitida pela Igreja, ou necessitamos ver para crer? Ouvimos no Evangelho: “Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!” (Jo 20,29). São as palavras dirigidas por Jesus a Tomé, que estava ausente quando o Mestre, ressuscitado, apareceu pela primeira vez aos Apóstolos.  Eles disseram a Tomé: “Vimos o Senhor” (Jo 20,25), mas Tomé, recusando-se a acreditar, diz: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25).

Tomé é a figura de todos aqueles que, como ele, não receberam o anúncio da ressurreição diretamente de Jesus, mas através do testemunho dos Apóstolos.  No fundo, Tomé representa todas as gerações vindas após Jesus, mas teve ele a felicidade de ver e tocar em Jesus Ressuscitado. E a visão que teve de Jesus ressuscitado foi tão forte que aumentou a sua fé, a ponto de reconhecer Jesus como seu Senhor e seu Deus: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28), exclamou.

Os Apóstolos são as testemunhas oculares da Ressurreição de Cristo e devido a este testemunho são eles os primeiros enviados: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20,21).  Outros lhes sucederão, e Cristo dirá a respeito deles: “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29). Por sua vez, eles tornar-se-ão testemunhas, porque acreditarão nas testemunhas oculares.  E assim, de geração em geração, também todos nós somos convidados a ver, com os olhos da fé, Cristo vivo e presente no meio de nós.

O relato evangélico começa com uma saudação aos apóstolos: “A paz esteja convosco”. Esta é a saudação pascal.  Jesus usa as mesmas palavras que dissera antes de morrer: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14,27). O primeiro fruto da morte redentora do Senhor foi trazer a paz aos corações angustiados.  No seu nascimento, os anjos anunciaram a paz de Deus aos homens: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14). Antes de sua paixão o Senhor já nos prometera que nos deixaria a paz.  Agora, vencedor da morte e mensageiro da vida, confirma sua promessa: Anuncia a paz aos Apóstolos e a todos nós.

Também no evangelho temos Jesus ressuscitado a comunicar aos Apóstolos, com seu “sopro”, o Espírito Santo e o poder de perdoar os pecados.  É um verdadeiro poder exercido pela Igreja no sacramento da penitência. Vimos que Jesus “soprou”; um gesto que indica que a comunicação do Espírito Santo, antecipação parcial do dom de Pentecostes, é a comunicação da vida que Deus concede. O verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Gn 2,7, quando se diz que Deus soprou sobre o homem de argila, a quem infundiu a vida. Com o “sopro”, conforme lemos no Livro do Gênesis, por ocasião da criação, o homem tornou-se um ser vivente; e agora, com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova que fará deles homens novos, para serem transmissores de uma nova vida também aos outros, munidos pelo Espírito Santo.

Jesus transmite aos Apóstolos a energia, a força necessária para que possam sequenciar a missão de pescadores de homens, para que a salvação atinja todos os lugares e em todos os tempos da história humana: “Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20,21). E do poder de perdoar os pecados, conferido por Jesus aos apóstolos, está intimamente ligado ao dom do Espírito Santo, como indicam as sucessivas palavras de Jesus: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 21,22-23).

Os sacerdotes, em nome de Jesus Cristo, perdoam os fiéis arrependidos de seus pecados cometidos depois do Batismo. O sacramento do perdão foi instituído sob um duplo sentido: de paz e de alegria.  A confissão é o sacramento que proclama a misericórdia do Senhor. Somente ele é capaz de desfazer a desordem causada pelo pecado e restabelecer no coração do homem a paz. Paz que designa muito mais do que a tranquilidade da ordem, mas certamente o estado do homem que vive em harmonia com Deus.

O perdão sacramental é a volta para os braços de Deus.  A fórmula atual com que o sacerdote absolve o penitente lembra o Mistério da Ressurreição e a vinda do Espírito Santo.  Declara que Deus, “pela morte e ressurreição de seu filho reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados” e pede que “pelo ministério da Igreja” seja concedido ao penitente “o perdão e a paz”.   Por isso, o perdão dos pecados é uma festa de paz e alegria. E essa paz só pode existir mediante o perdão.

Também no decorrer da Celebração eucarística vemos sucessivos momentos em que fazemos uma referência à paz. A Santa Missa é marcada do início ao fim pela palavra paz.  Uma das fórmulas de saudação que podem ser usadas pelo celebrante no início da Missa é esta: “A graça e a paz de Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam sempre convosco”. Também no final da Missa diz o celebrante: “Ide em paz”.  Além disso, somos também chamados a reconciliar uns com os outros antes da comunhão, ofertando a paz aos nossos vizinhos da celebração. Esta saudação tradicional, torna-se aqui algo novo; torna-se o dom daquela paz que só Jesus pode dar, porque é o fruto da sua vitória radical sobre o mal. A “paz” que Jesus oferece aos seus amigos é o fruto do amor de Deus.  Também antes da Comunhão, a liturgia põe nos lábios do sacerdote uma vibrante invocação pela paz: “Senhor Jesus Cristo, dissestes aos apóstolos: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima a vossa Igreja; dai-lhe, segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo”.

Todos nós temos necessidade de saborear plenamente a riqueza e o poder da paz de Cristo! São Bento, no seu tempo, foi um grande arauto da paz, porque a acolheu na sua existência e a fez frutificar em obras de autêntica renovação cultural e espiritual. Precisamente por isso, na entrada de muitos mosteiros beneditinos, é posta como mote a palavra “pax”. Com efeito, a comunidade monástica é chamada a viver em conformidade com esta paz, que é dom pascal por excelência.  Somente aprendendo, com a graça de Cristo, a combater e a vencer o mal dentro de nós e nos relacionamentos com o próximo, podemos tornar-nos construtores de paz.

Que esta paz, que também é um dos frutos do Espírito Santo, possa estar sempre em cada um de nós. E não podemos esquecer que todo cristão deve ser um agente da paz.  Ser um promotor da paz significa tomar iniciativas de paz, promover a caridade, a união, o respeito e o amor. São Francisco de Assis, certa vez pediu em oração: “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz”.  Que o Senhor nos dê a sua paz e faça de nós um canal a transmitir a sua paz. Que possamos derrubar os muros da inimizade, do egoísmo e nos abrir ao Espírito Santo, anunciando com a nossa vida a paz que o Cristo trouxe e quer conferir a cada um de nós.

A Virgem Maria, a quem invocamos como Rainha da Paz, interceda por nós para sermos em todos os lugares fiéis testemunhas da paz. Assim seja.

PARA REFLETIR

Há oito dias atrás, no primeiro dia após o Sábado dos judeus, ao anoitecer, Jesus ressuscitado entrou onde estavam os discípulos e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Há oito dias, no Dia da Ressurreição, o nosso Jesus, vencedor da morte, enviado pelo Pai no Espírito Santo, soprou esse mesmo Espírito sobre seus discípulos, sua Igreja, e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo!” Há oito dias atrás, Tomé, teimoso e incrédulo, afirmou peremptoriamente: “Se eu não vir as marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei!” Todas essas coisas que ouvimos no Evangelho deste hoje, ocorreram no Domingo de Páscoa, no Dia da Ressurreição, há precisamente uma semana.

Hoje é a Oitava da Festa pascal, o Domingo seguinte. E como no Domingo passado, também hoje, neste Domingo, o Senhor vem ao encontro dos seus discípulos e coloca-se no meio deles. Será sempre assim: a cada oito dias os cristãos reunidos experimentarão na Palavra proclamada e no Sacrifício eucarístico celebrado, a presença real, viva e atuante Daquele que ressuscitou e caminha conosco, ou melhor, caminha à nossa frente. E como Tomé, nós, a cada Domingo, admirados, exclamamos: “Meu Senhor e meu Deus!” E queremos, emocionados, ouvi-lo novamente dizer a nossa respeito: “Acreditaste porque me viste, Tomé. Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Bem-aventurados nós, caríssimos meus em Cristo aqui presentes! Bem-aventurados nós que firmemente cremos no Senhor e participamos do seu Sacrifício eucarístico, ainda que não tenhamos visto o Senhor com os olhos da carne!

Eis precisamente aqui a mensagem deste Domingo da Oitava: fazer-nos conscientes do nosso encontro, da nossa comunhão real, íntima, transformante, com o Senhor ressuscitado. Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo na Eucaristia – e, por isso mesmo, faltar à Missa dominical é excluir-se da Comunidade dos discípulos, é “ex-comungar-se”, é colocar-se fora da Comunhão com o Ressuscitado e aqueles aos quais ele chama de “meus irmãos”… Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo nesta Eucaristia, não começou aqui; iniciou-se no nosso Batismo, quando recebemos, no símbolo da água, o Espírito Santo do Ressuscitado, passando a viver nele que, no seu Espírito, veio realmente viver em nós! Três misteriosas palavras da Missa de hoje exprimem este mistério. Ei-los: (1) A palavra da segunda leitura: o Autor sagrado afirma que quem crê em Jesus nasceu de Deus e vive uma vida de amor aos irmãos. Quem crê em Jesus, diz ele, vence o mundo, vence o pecado, vence a tragédia de uma vida sem sentido, distraída apenas com eventos, futilidades e copas do mundo. Eis as suas palavras: “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” E, então, acrescenta de modo belo, forte, surpreendente e misterioso: “Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue. E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade”. Caríssimos, que palavras impressionantes! Se nossos irmãos protestantes as compreendessem pediam imediatamente a comunhão com a Igreja de Cristo! Aqui o Autor sagrado está falando do Batismo e da Eucaristia. Vence o mundo quem crê em Jesus; não num Jesus do passado, mas num Jesus que está vivo e na força do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que ele derramou sobre nós, vem ao nosso encontro, habita em nosso íntimo. Como? Pelos sacramentos! É nos sacramentos que recebemos o Espírito Santo, é nos sacramentos que o Senhor entra em comunhão conosco e nós com ele. Ele vem continuamente, vivo e vivificador pela água do Batismo e o Sangue da Eucaristia! Nos santos sacramentos, nós experimentamos Jesus, recebemos a vida de Jesus e podemos testemunhar ao mundo que Jesus está vivo e atuante! Que realidade tão misteriosa; que graça tão grande: Jesus é o que vem sempre à sua Igreja na água e no sangue; e ambos nos dão o Espírito Santo de Jesus! (2) A segunda palavra desta liturgia é da oração inicial. Ali a Igreja nos ensinou a pedir ao Pai que compreendêssemos melhor “o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Mais uma vez o Batismo e a Eucaristia que, dando-nos o Espírito de Jesus, nos colocam em comunhão íntima com ele. (3) Finalmente, as palavras da Entrada da Missa de hoje, como aparecem no Missal, tiradas da Primeira Epístola de são Pedro: “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação! (2,2). A Igreja pensa nos que foram batizados na Vigília Pascal, nossos irmãozinhos em Cristo, criancinhas no Senhor. Que recebendo a cada Domingo a Eucaristia, puro alimento espiritual, possam – eles e nós – crescer na salvação.

Ora, caríssimos, se vivemos mergulhados nesse mistério tão grande, que é a real e íntima comunhão com o Senhor ressuscitado, se experimentamos sua força e sua graça nos sacramentos, se nele, Vencedor da morte, somos criaturas nova, então vivamos de modo novo. E não somente de modo individual, mas como Comunidade dos salvos e redimidos por Cristo. Vede, irmãos meus, o exemplo descrito na Primeira leitura, a Igreja católica de Jerusalém, logo após a Ressurreição e o Dom do Espírito: nós éramos “um só coração e uma só alma”, sabíamos repartir amor e bens, colocando a vida em comum, e toda a nossa vida comunitária era uma clara proclamação da novidade, da alegria e da esperança de quem sabia e vivia a Ressurreição do Senhor. Dois mil anos após, não damos mais a impressão de um bando de discípulos sonolentos e cansados? Não parecemos mais uns conformados e desanimados, mornos pelo peso do tempo? Nossa vida, será que não exprime mais comodismo e falta de fé, que aquela feliz exultação de quem tem sempre Jesus diante dos olhos? Sabem o motivo disso, meus caros? Falta de comunhão viva com o Senhor na sua Palavra, na oração e, sobretudo, nos sacramentos! Muitos de nós temos uma fé fria, formal, burocrática, teórica. Não é a idéia, mas o amor que dá sentido e gosto à vida!

Caros meus, aprendamos a nos reaproximar de Jesus! Ele está vivo aqui, na Palavra, na Eucaristia, nos irmãos, na vida. Se aprendermos a vê-lo, mais uma vez, cheios de pasmos, exclamaremos como o duro Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!” Que ele no-lo conceda por sua graça. Amém.

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