terça-feira, 7 de agosto de 2018

Como os católicos podem ajudar uma sociedade atormentada pelo suicídio


O suicídio não é um problema que afeta somente os famosos endinheirados, como mostram as notícias. Nem se limita aos que sofrem de depressão ou de alguma doença mental. Trata-se de uma multifacetada e complexa epidemia, que precisa ser entendida. E um estudo publicado dois anos atrás nos ajuda nesta missão.

Segundo pesquisa divulgada pela Revista da Associação Médica Americana, o suicídio não é um “fenômeno evanescente”. Outra constatação: estudo feito por enfermeiras comprovou que “entre um grupo de 6.999 mulheres católicas que assistiam à Missa mais de uma vez por semana não houve nenhum caso de suicídio”.

Entretanto, seria terrivelmente errôneo inferir desta estatística a ideia de que quem sofre de depressão ou perdeu algum familiar para o suicídio não é católico. A fé não é, em si, um remédio para enfermidade, seja ela mental ou física. Estou seguro que há uma extensa lista de pessoas que cometeram suicídio mesmo sendo católicas praticantes. No entanto, aposto que há uma lista ainda maior de pessoas que, se não fosse a fé que possuem, teriam se suicidado.

Os católicos têm o dever de saber que a religião, especialmente o Catolicismo, faz a diferença e também precisam descobrir como podemos ajudar o nosso próximo, que, por ventura, tenha pensamentos depressivos ou suicidas. Somos chamados a nos envolvermos nesta questão – e somos mais fortes para isso do que pensamos.

A religião dá o sentido de pertença de que precisamos

Os seres humanos não conseguem sobreviver sem a comunidade, e a religião cria uma comunidade melhor do que qualquer outra coisa.

No livro “The Righteous Mind” [“A Mente Justa”], Jonathan Haidt abre um capítulo entitulado “A religião é um esporte de equipe” e faz uma comparação com uma partida de futebol na Universidade da Virgínia a partir do ponto de vista de um torcedor. Segundo o autor, o culto religioso faz a mesma coisa que uma partida de futebol, mas de maneira embasada. Haidt afirma que as críticas à religião a reduzem ao “crer e fazer”, mas o sentimento de propriedade e aproximação inerentes a ela é igualmente importante.

Haidt prova que a religião é o fator que muda tudo para os seres humanos, permitindo que eles façam o que nenhum outro animal é capaz: “cooperar sem ter parentesco” e construir cidades e nações.

A sociedade secularizada, do Vila Sésamo às redes sociais, tentou criar o sentimento de propriedade sem Deus – e fracassou. O mundo pede a gritos o que somente a religião é capaz de dar.

A prática católica da Confissão desempenha papel importante

Se o grupo em que não houve suicídios ia à Missa mais de uma vez por semana, podemos apostar que seus membros também se confessavam. A principal ação da Confissão é no campo espiritual. Mas este sacramento também tem efeitos psicológicos significativos.

Eu ouvi uma das minhas histórias favoritas sobre a Confissão da boca de uma psicoterapeuta.A paciente dela tinha passado por um terrível ciclo de depressão. Nada parecia ajudar. Certo dia, ela se encontrou com a paciente em frente a uma igreja católica. Elas se esconderam dentro do local por causa de uma forte chuva e, lá, viram pessoas que estavam se confessando.

– Devo ir também?, perguntou a paciente.
– Não!, disse a terapeuta. Ela pensou que a Confissão faria com que a sua paciente ficasse cheia de culpas, o que aumentaria ainda mais o ódio que ela sentia de sim mesma.

Mesmo assim, a paciente entrou no confessionário e saiu de lá com um sorriso que não se via há anos e que se repetiu nas semanas seguintes. A terapeuta, por sua vez, estudou mais sobre a confissão e acabou se convertendo ao Catolicismo. Agora, recomenda que seus pacientes católicos se confessem regularmente.

A Confissão nos oferece um recomeço; é uma oportunidade para dizer a outro ser humano (e a Deus): “lamento muito o que eu fiz”. Também é um oportuno momento para ouvir: “o Senhor o absolve de seus pecados. Vá em paz”. O benefício disso é incalculável.

A fé protege contra o desespero

“As convicções e práticas religiosas podem ajudar as pessoas a fomentar um sentimento de esperança, inclusive em meio a grandes adversidades ou crises”, disse o psiquiatra Aaron Kheriaty ao Los Angeles Times num artigo sobre pessoas religiosas e o suicídio. “A fé religiosa pode ajudar as pessoas a encontrar significado e propósito até mesmo no sofrimento”, acrescentou.

Este elemento único – a esperança real – talvez seja a peça que falta neste mundo secularizado. Com a fé, podemos ter esperança até mesmo além da prisão, da morte e das trevas.

A epidemia de suicídios representa um enorme fracasso por parte do mundo – e as pessoas começam a perceber isso. Em seu último livro, o bispo Robert Barron diz que as pessoas educadas no secularismo já demonstram irritação por esse mundo. Reduzir tudo ao cientificismo elimina a poesia, a arte e escurece o coração humano. “Vejo esta realidade em forma de vícios e depressões causadas por profunda preocupação por parte das pessoas”, assinala o bispo.

Enfim, nós, católicos, Somos os guardas de nossos irmãos. Temos o que as pessoas necessitam, algo sem o qual não podemos viver. E é nosso dever oferecer tudo isso aos nossos irmãos.


Tom Hoopes
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Aleteia

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