sábado, 26 de julho de 2014

Papa reflete sobre o mal no mundo e a paciência de Deus, e volta a pedir oração pela paz no Oriente Médio


PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 20 de Julho de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Durante estes domingos a liturgia propõe algumas parábolas evangélicas, ou seja, breves narrações que Jesus utilizava para anunciar o Reino dos céus às multidões. Entre aquelas presentes no Evangelho de hoje, há uma bastante complexa, cuja explicação Jesus oferece aos discípulos: é a do trigo e do joio, que enfrenta o problema do mal no mundo, pondo em evidência apaciência de Deus (cf. Mt 13, 24-30.36-43). A cena desenrola-se num campo onde o senhor lança a semente; mas certa noite chega o inimigo e semeia o joio, termo que em hebraico deriva da mesma raiz do nome «Satanás», evocando o conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um «semeador de joio», aquele que procura sempre dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os empregados gostariam de arrancar imediatamente a erva daninha, mas o senhor impede-o com a seguinte motivação: «Ao extirpardes o joio, correis o risco de arrancar também o trigo» (Mt 13, 29). Pois todos nós sabemos que o joio, quando cresce, se assemelha muito ao trigo, e existe o perigo de se confundirem.

O ensinamento da parábola é dúplice. Antes de tudo recorda que o mal existente no mundo não deriva de Deus, mas do seu inimigo, o Maligno. É curioso, o Maligno sai à noite para semear o joio, na escuridão, na confusão; sai para semear o joio onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!

E aqui chegamos ao segundo tema: a oposição entre a impaciência dos empregados e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus. Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus. Mas recordai-vos da oração daquele homem soberbo: «Graças a Vós ó Deus, eu sou bom, não sou como os outros homens, maus...» (cf. Lc 18, 11-12). Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o «campo» da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele.

A atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. Mas atenção: a paciência evangélica não é indiferença diante do mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus.

Com efeito, no final o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, isto é do juízo, os ceifeiros cumprirão a ordem do senhor, separando o joio para o queimar (cf. Mt 13, 30). Naquele dia da ceifa final o Juiz será Jesus, Aquele que lançou a boa semente no mundo e, tornando-se Ele mesmo «grão de trigo», morreu e ressuscitou. No final, todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual tivermos julgado: a misericórdia que tivermos usado em relação aos outros será utilizada também para connosco. Peçamos a Nossa Senhora, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos.

Depois do Angelus

Caros irmãos e irmãs!

Foi com preocupação que recebi as notícias provenientes das Comunidades cristãs de Mossul (Iraque) e de outras regiões do Médio Oriente onde elas, desde o início do cristianismo, conviveram com os seus concidadãos oferecendo uma contribuição significativa para o bem da sociedade. Hoje elas são perseguidas; os nossos irmãos são perseguidos, são expulsos e devem deixar as suas casas sem ter a possibilidade de levar nada consigo. A estas famílias e a tais pessoas desejo manifestar a minha proximidade e a minha oração constante. Caríssimos irmãos e irmãs tão perseguidos, sei quanto sofreis, sei que sois despojados de tudo! Estou convosco na fé n’Aquele que venceu o mal! E a vós reunidos aqui na praça e a quantos nos acompanham através da televisão, dirijo o convite a recordar na oração estas Comunidades cristãs. Além disso, exorto-vos a perseverar na oração pelas situações de tensão e de conflito que persistem em várias regiões do mundo, especialmente no Médio Oriente e na Ucrânia. O Deus da paz suscite em todos um autêntico desejo de diálogo e de reconciliação. A violência não se vence com a violência! A violência só se vence com a paz! Oremos em silêncio, pedindo a paz; todos, em silêncio... Maria, Rainha da Paz, intercede por nós!

Dirijo uma saudação cordial a todos vós, peregrinos provenientes da Itália e de outros países.


Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Desejo a todos feliz domingo e bom almoço. Até à vista!
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Fonte: Santa Sé

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