sexta-feira, 25 de julho de 2014

Dois seminaristas cristãos iraquianos são forçados a abandonar os estudos

Eles faziam um curso que prepararia o clero iraquiano
para dar atendimento pastoral aos cristãos traumatizados
pela guerra e pela perseguição.

Em meio a números espantosos, como o dos 5.500 civis assassinados só nos primeiros seis meses de 2014, e notícias estarrecedoras como a da expulsão em massa dos cristãos de Mossul, o nível de sofrimento dos cristãos iraquianos é quase inimaginável.
O arcebispo Warda, de Erbil, no Iraque, declarou recentemente que “há milhares de exemplos do sofrimento dilacerante dos cristãos iraquianos; milhares de exemplos dessa dor sem sentido e assassina. A dor e a tristeza em nossas comunidades são palpáveis. Desde 2003, não há mais nenhuma pessoa que não tenha sido atingida pela tragédia”.
Inúmeros cristãos iraquianos perderam familiares e amigos e estão traumatizados pelos anos de guerra e de instabilidade. Mesmo antes da invasão do EI (Estado Islâmico), eles já eram ameaçados persistentemente pela existência de artefatos explosivos ainda não detonados e pela opressão praticada por uma parte dos vizinhos muçulmanos.

Ajudar essas pessoas a se recuperar emocionalmente de mais de uma década de terror e de perdas é um desafio monumental. Viver em condições desse tipo desencadeia incontáveis outros problemas emocionais e psicológicos, como a profunda apatia entre os jovens sem esperança no futuro, o escapismo via drogas e vício em pornografia e a violência contra membros da própria família.

Estas necessidades não satisfeitas foram identificadas pela Fundação SALT, uma ONG sediada na Holanda e focada em ajudar os cristãos de toda a Mesopotâmia. A fundação tem conseguido oferecer aos cristãos iraquianos ajuda humanitária, projetos de desenvolvimento socioeconômico, programas de capacitação profissional e até mesmo o pagamento de cirurgias, entre outros esforços.
Para proporcionar aos cristãos iraquianos um cuidado pastoral que abranja a vastidão de problemas descrita acima, a SALT também fechou parceria com o Instituto norte-americano de Ciências Psicológicas (IPS, na sigla em inglês), que ministra cursos de pós-graduação em psicologia.


O IPS oferece programas de certificação on-line, além de pós-graduação clínica e não clínica. Desde janeiro deste ano, o IPS estendeu a parceria ao Seminário de São Pedro em Ainkawa, no Iraque, com o objetivo de formar um grupo de padres e seminaristas e ajudá-los a atender com mais recursos o próprio rebanho de fiéis.

A parceria oferece aulas com certificação em diversas áreas temáticas, além de treinamento e orientação psicológica. Os estudantes – um padre e três seminaristas até agora – já completaram o primeiro curso, "Ajudando os jovens a construir o caráter".
Os alunos também estavam aprendendo a aplicar os seus novos conhecimentos às circunstâncias pastorais do Iraque. Eles consideram que a formação psicológica sólida é necessária em todas as áreas, não apenas para as vítimas de perseguição e para as pessoas traumatizadas diretamente. A equipe mantinha a esperança de que esta parceria desse frutos para o ministério dos sacerdotes e dos seminaristas e para a vida dos fiéis.
Infelizmente, porém, o segundo de três cursos, "Vício em pornografia e recuperação de dependentes", enfrentou desafios monumentais devido à invasão do Iraque pelo Estado Islâmico (EI) e à expulsão dos cristãos iraquianos, sob ameaça de morte, de todas as áreas ocupadas pelos extremistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Dois alunos estão impossibilitados de prosseguir o curso porque não têm mais acesso à internet e porque a sua segurança pessoal está em grave risco. De acordo com o IPS, “eles pediram apenas as nossas orações”.


Justamente nestas circunstâncias, em que a necessidade deste trabalho é gigantesca, a finalização dos cursos é incerta. Com o risco de escalada da violência e com a perseguição no Iraque em pleno andamento, esses homens dedicados terão, na melhor das hipóteses, que prosseguir os seus estudos um dia de cada vez, do jeito que puderem, até que os cristãos voltem a ser livres na terra em que os seus antepassados viveram desde os tempos apostólicos, há quase 2.000 anos.
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Fonte: Aleteia

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