sábado, 26 de julho de 2014

Mensagem do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso aos Muçulmanos no fim do Ramadã


CONSELHO PONTIFÍCIO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
MENSAGEM PARA O FIM DO RAMADÃO
‘Id al-Fitr 1435 H. / 2014 a.d.
«Rumo a uma autêntica fraternidade entre cristãos e muçulmanos»

Amados irmãos e irmãs muçulmanos,

É para nós uma grande alegria transmitir-vos as nossas sinceras felicitações e os melhores votos por ocasião do ‘Id al-Fitr, no encerramento do mês do Ramadão dedicado ao jejum, à oração e à assistência aos pobres. No ano passado, primeiro do seu ministério, o PapaFrancisco assinou pessoalmente a Mensagem que vos foi dirigida na circunstância do ‘Idal-Fitr. Numa outra ocasião, ele também vos saudou como «nossos irmãos» (Angelus, 11de Agosto de 2013). Todos nós reconhecemos a expressividade destas palavras. Com efeito, cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs da única família humana, criada por um só Deus.

Recordemos as palavras que o Papa João Paulo II dirigiu a alguns Chefes religiosos muçulmanos, em 1982: «Todos nós, cristãos e muçulmanos, vivemos na terra sob o sol de um único Deus misericordioso. Uns e outros acreditamos no único Deus, que é o Criador do homem. Proclamamos a soberania de Deus e defendemos a dignidade do homem como servo de Deus. Adoramos a Deus e professamos-lhe a nossa submissão total. Assim, no verdadeiro sentido podemos chamar-nos, uns aos outros, irmãos e irmãs na fé no único Deus» (Kaduna, Nigéria, 14 de Fevereiro de 1982).

Demos graças ao Altíssimo por tudo aquilo que temos em comum, embora estejamos conscientes das nossas diferenças. Damo-nos conta da importância da promoção de um diálogo fecundo, baseado no respeito recíproco e na amizade. Inspirados pelos nossos valores compartilhados e fortalecidos pelos nossos sentimentos de fraternidade genuína, somos chamados a trabalhar juntos pela justiça, paz e respeito pelos direitos e a dignidade de cada pessoa. Sentimo-nos particularmente responsáveis pelos mais necessitados: os pobres, os enfermos, os órfãos, os migrantes, as vítimas do tráfico humano e todos aqueles que sofrem por causa de qualquer forma de dependência.

Como sabemos, o mundo contemporâneo deve enfrentar graves desafios que exigem solidariedade da parte das pessoas de boa vontade. Estes desafios abrangem as ameaças contra o meio ambiente, a crise da economia global e as elevadas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens. Tais situações geram um sentido de vulnerabilidade e uma falta de esperança no futuro. Também não devemos esquecer os problemas enfrentados por numerosas famílias que foram obrigadas a separar-se, deixando os próprios entes queridos e muitas vezes até os filhos mais pequeninos.

Por isso trabalhemos juntos, para construir pontes de paz e promover a reconciliação, especialmente nas regiões onde muçulmanos e cristãos padecem juntos os horrores da guerra.


Possa a nossa amizade inspirar-nos sempre a cooperar na abordagem destes numerosos desafios com sabedoria e prudência. Deste modo, conseguiremos reduzir as tensões e os conflitos, fazendo progredir o bem comum. Demonstraremos também que as religiões podem ser mananciais de harmonia em vantagem da sociedade inteira.

Oremos para que a reconciliação, a justiça, a paz e o desenvolvimento permaneçam as nossas prioridades, para o bem-estar e o bem geral de toda a família humana.

Juntamente com o Papa Francisco, também nós vos transmitimos os nossos mais cordiais bons votos, para uma festa cheia de alegria e para uma vida de prosperidade na paz.

Vaticano, 24 de Junho de 2014.

Jean-Louis Cardinal Tauran
Presidente


Pe. Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ
Secretário
_________________________________
Fonte: Santa Sé

Nenhum comentário:

Postar um comentário