quinta-feira, 31 de julho de 2014

Francisco explica que o Reino de Deus é o maior tesouro e pede: “Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra!”


PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 27 de Julho de 2014

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

As breves semelhanças propostas pela liturgia hodierna são a conclusão do capítulo do Evangelho de Mateus, dedicado às parábolas do Reino de Deus (13, 44-52). Entre elas há duas pequenas obras-primas: as parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor. Elas dizem-nos que a descoberta do Reino de Deus pode acontecer repentinamente, como para o camponês que arando, encontra o tesouro inesperado; ou então depois de uma longa busca, como para o comerciante de pérolas, que finalmente encontra a pérola de inestimável valor, há muito desejada! Mas tanto no primeiro como no segundo caso, permanece o dado primário que o tesouro e a pérola valem mais do que todos os demais bens e, portanto quando os encontram, o camponês e o comerciante renunciam a tudo o resto para poder comprá-los. Não têm necessidade de fazer raciocínios, nem de pensar nisto ou de meditar: dão conta imediatamente do valor incomparável daquilo que encontraram e estão dispostos a perder tudo para o poder comprar.

Assim é para o Reino de Deus: quem o encontra não tem dúvidas, sente que é aquilo que procurava, que esperava e que corresponde às suas aspirações mais autênticas. E é deveras assim: quem conhece Jesus, quem o encontra pessoalmente,permanece fascinado, atraído por tanta bondade, tanta verdade e tanta beleza, e tudo numa grande humildade e simplicidade. Procurar Jesus, encontrar Jesus: eis o grande tesouro!

Quantas pessoas, quantos santos e santas, lendo o Evangelho com o coração aberto, foram literalmente conquistados por Jesus, e converteram-se a Ele. Pensemos em são Francisco de Assis: ele já era cristão, mas um cristão «ao sabor da corrente». Quando leu o Evangelho, num momento decisivo da sua juventude, encontrou Jesus e descobriu o Reino de Deus, e então todos os seus sonhos de glória terrena esvaeceram. O Evangelho leva-nos a conhecer o Jesus verdadeiro, faz-nos conhecer o Jesus vivo; fala-nos ao coração e muda a nossa vida. E então, sim, deixamos tudo. Podemos mudar de vida concretamente, ou então continuar a fazer aquilo que fazíamos antes, mas nós somos outra pessoa, renascemos: encontramos aquilo que dá sentido, sabor e luz a tudo, inclusive às dificuldades, aos sofrimentos e até à morte.

Leiamos o Evangelho. Leiamos o Evangelho. Já falamos sobre isto, recordais-vos? Cada dia devemos ler um trecho do Evangelho; e também trazer connosco um pequeno Evangelho, no bolso, na bolsa, contudo ao alcance da mão. E ali, lendo um trecho encontraremos Jesus. Ali, no Evangelho, tudo adquire sentido e encontramos aquele tesouro, ao qual Jesus chama «o Reino de Deus», ou seja, Deus que reina na tua vida, na nossa vida; Deus que é amor, paz e alegria em cada homem e em todos os homens. É isto que Deus quer, foi por isto que Jesus se entregou a si mesmo, a ponto de morrer numa Cruz, para nos libertar do poder das trevas e nos transferir para o reino da vida, da beleza, da bondade e da alegria. Ler o Evangelho significa encontrar Jesus e ter aquela alegria cristã, que é um dom do Espírito Santo.

Caros irmãos e irmãs, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus transparece, vê-se. O cristão não pode manter a sua fé escondida, porque ela transparece em cada palavra, em cada gesto, até nos mais simples e quotidianos: transparece o amor que Deus nos concedeu mediante Jesus. Por intercessão da Virgem Maria, oremos para que venha a nós e ao mundo inteiro o seu Reino de amor, justiça e paz.
 

Depois do Angelus

Amanhã celebra-se o centenário do início da primeira guerra mundial, que causou milhões de vítimas e destruições imensas. Depois de quatro longos anos esse conflito, que o Papa Bento XV definiu um «massacre inútil», levou a uma paz mais frágil. Amanhã será um dia de luto para recordar aquele drama. Enquanto lembramos esse trágico acontecimento, faço votos a fim de que não se repitam os erros do passado, mas que sejam recordadas as lições da história, fazendo prevalecer sempre as razões da paz através de um diálogo paciente e intrépido.

Hoje, em particular, dirijo o meu pensamento a três áreas de crise: médio-oriental, iraquiana e ucraniana. Peço-vos que permaneçais unidos à minha oração para que o Senhor conceda às populações e às Autoridades daquelas regiões a sabedoria e a força necessárias para prosseguir com determinação o caminho da paz, enfrentando todas as desavenças com a tenacidade do diálogo e da negociação, e com o vigor da reconciliação. No âmago de cada decisão não se devem pôr os interesses particulares, mas o bem comum e o respeito pela pessoa. Recordemos que tudo se perde com a guerra e nada se perde com a paz!

Irmãos e irmãs, nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! Penso sobretudo nas crianças, que são desprovidas da esperança de uma vida digna, de um futuro: crianças mortas, crianças feridas, crianças mutiladas, crianças órfãs, crianças que têm como brinquedos os resíduos de guerras, crianças que não sabem sorrir. Detende-vos, por favor! É quanto vos peço de todo o coração! Chegou a hora de terminar. Detende-vos, por favor!

Dirijo uma saudação cordial a todos vós, peregrinos provenientes da Itália e de outros países.

Desejo bom domingo a todos vós. E não vos esqueçais de rezar por mim.


Bom almoço e até à vista!
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Fonte: Santa Sé

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