domingo, 22 de março de 2015

Homilética: Domingo de Ramos da Paixão do Senhor - Ano B: "Amar desinteressadamente".


O Domingo de Ramos é a grande porta de entrada na Semana Santa, a semana em que o Senhor Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da Cruz, o Trono donde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da redenção. Jesus se encaminhou para Jerusalém juntamente com os Doze e que, pouco a pouco, se foi unindo a eles uma multidão cada vez maior de peregrinos. São Marcos refere que, já à saída de Jericó, havia uma “grande multidão” que seguia Jesus (Mc 10, 46).  Em Mc 15,1-39,   vemos que o cortejo organizou-se rapidamente. Jesus faz a sua entrada em Jerusalém, como Messias, montado num burrinho, conforme havia sido profetizado muitos séculos antes (Zac. 9,9). Jesus aceita a homenagem, e quando os fariseus, que também conheciam as profecias, tentaram sufocar aquelas manifestações de fé e alegria, o Senhor disse-lhes: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19, 40).

Nossa celebração de hoje, inicia-se com o Hosana! E culmina no crucifica-o! Mas, este não é um contrassenso; é, antes, o coração do mistério. O mistério que se quer proclamar é este: Jesus se entregou voluntariamente a sua Paixão; não se sentiu esmagado por forças maiores do que Ele (Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por mim mesmo: Jo 10,18); foi Ele que, perscrutando a vontade do Pai, compreendeu que havia chegado a hora e a acolheu com a obediência livre do filho e com infinito amor para os homens: “… sabendo Jesus que tinha chegado a sua hora, hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

“Muitos estenderam seus mantos pelo caminho…. gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!” ( Mc 11, 8 – 9).  Perguntemo – nos: Que pensavam, realmente, em seus corações aqueles que aclamam Cristo como Rei de Israel? Certamente tinham a sua idéia própria do Messias, uma idéia do modo como devia agir o Rei prometido pelos profetas e há muito esperado. Não foi por acaso que a multidão em Jerusalém, poucos dias depois, em vez de aclamar Jesus, grita para Pilatos: “Crucifica-O! ”, enquanto os próprios discípulos e os outros que O tinham visto e ouvido ficam mudos e confusos. Na realidade, a maioria ficara desapontada com o modo escolhido por Jesus para Se apresentar como Messias e Rei de Israel. É precisamente aqui que está o ponto central da festa de hoje, mesmo para nós. Para nós, quem é Jesus de Nazaré? Que idéia temos do Messias, que idéia temos de Deus? Esta é uma questão crucial, que não podemos evitar, até porque, precisamente nesta semana, somos chamados a seguir o nosso Rei que escolhe a Cruz como Trono; somos chamados a seguir um Messias que não nos garante uma felicidade terrena fácil, mas a felicidade do Céu, a bem-aventurança de Deus. Por isso devemos perguntar – nos: Quais são as nossas reais expectativas? Quais são os desejos mais profundos que nos animaram a vir aqui, hoje, celebrar o Domingo de Ramos e iniciar a Semana Santa?

Hoje Jesus quer também entrar triunfante na vida dos homens, sobre uma montaria humilde: quer que demos testemunho d’Ele com a simplicidade do nosso trabalho bem feito, com a nossa alegria, com a nossa serenidade, com a nossa sincera preocupação pelos outros. Quer fazer-se presente em nós através das circunstâncias do viver humano. Naquele cortejo triunfal, quando Jesus vê a cidade de Jerusalém, chora! Jesus vê como Jerusalém se afunda no pecado, na ignorância e na cegueira. O Senhor vê como virão outros dias que já não serão como estes, um dia de alegria e de salvação, mas de desgraça e ruína. Poucos anos depois a cidade será arrasada. Jesus chora a impenitência de Jerusalém. Como são eloquentes estas lágrimas de Cristo. A história de cada homem é a história da contínua solicitude de Deus para com ele. Cada homem é objeto da predileção do Senhor. Jesus tentou tudo com Jerusalém, e a cidade não quis abrir as portas à misericórdia. É o profundo mistério da liberdade humana, que tem a triste possibilidade de rejeitar a graça divina. Como é que estamos correspondendo às inúmeras instâncias do Espírito Santo para que sejamos santos no meio das nossas tarefas, no nosso ambiente? Quantas vezes, em cada dia, dizemos sim a Deus e não ao egoísmo, à preguiça, a tudo o que significa falta de amor, mesmo em pormenores insignificantes? A entrada triunfal de Jesus foi bastante efêmera para muitos. Os ramos verdes murcharam rapidamente. O hosana entusiástico transformou-se, cinco dias mais tarde, num grito furioso: Crucifica-o! Por que foi tão brusca a mudança, por que tanta inconsistência? São Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora, crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são diferentes as vozes que agora o aclamam  Rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.” A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém pede-nos coerência e perseverança, aprofundamento da nossa fidelidade, para que os nossos propósitos não sejam luz que brilha momentaneamente e logo se apaga. Muito dentro do nosso coração, há profundos contrastes: somos capazes do melhor e do pior. Se queremos ter em nós a vida divina, triunfar com Cristo, temos de ser constantes e matar pela penitência o que nos afasta de Deus e nos impede de acompanhar o Senhor até a Cruz. 

A Igreja nos lembra que a entrada triunfal vai perpassar todos os passos da Paixão de Cristo. Terminada a procissão, mergulha-se no mistério da Paixão de Jesus Cristo: Em Is 50 4-7 descreve o Servo sofredor, na esperança da vitória final. Vemos nele a própria pessoa de Jesus Cristo. Em Fl 2,6-11 temos a chave principal de todo o mistério deste Domingo de Ramos: Jesus humilhou-se e por isso Deus o exaltou! No texto de  Mc 15,1-39, somos chamados a contemplar a PAIXÃO e a MORTE de Jesus! Que durante a Semana Santa possamos tirar muitos frutos da meditação da Paixão de Cristo. Que em primeiro lugar tenhamos aversão ao pecado; possamos avivar o nosso amor e afastar a tibieza!

Cabe a nós escolher com que atitude queremos entrar na história da Paixão de Cristo: com a atitude de Cirineu, que se coloca ao lado de Jesus, ombro a ombro, para carregar com Ele o peso da cruz; com a atitude das mulheres que choram, do centurião que bate no peito e de Maria que fica silenciosa ao pé da Cruz; ou se queremos entrar com a atitude de Judas, de Pedro, de Pilatos e daqueles que “olham de longe” para ver como irá terminar aquele episódio.

O Domingo de Ramos diz – nos que o verdadeiro grande “Sim” é precisamente a Cruz, que a Cruz é a verdadeira Árvore da vida. Não encontramos a vida apoderando – nos dela, mas entregando – a. O amor é um doar – se a si mesmo, e por isso é o caminho da vida verdadeira, simbolizada pela Cruz.


COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS     

Leituras: Is 50,4-7; Sl 21; Fl 2,6-11; Mc 14,1 – 15,47

Caros irmãos e irmãs, a celebração da Semana Santa é sempre um momento propício para uma rica catequese, que já impressionava os cristãos desde os primeiros séculos. Celebrar a Semana Santa é reviver aquilo que constitui o coração da História: O mundo salvo por Cristo, pela sua obediência até a morte de cruz.  A Semana Santa, que começa com o domingo de Ramos, atualiza na comunidade cristã os mistérios centrais da Redenção: Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo e, por esta razão, deve alcançar entre nós o nível de uma autêntica vivência da fé.  Toda a nossa vida é, em certo sentido, uma contínua Semana Santa, pois somos sempre chamados a ouvir o convite que Jesus dirigiu aos seus discípulos no horto das Oliveiras: “Ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38).

A ação litúrgica deste domingo começa com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, como o Messias, montado em um jumentinho, segundo fora profetizado há muitos séculos antes (cf. Zc 9,9).  Como nos narra o texto evangélico deste domingo (cf. Mc 11,1-10), Jesus chega a Jerusalém vindo de Betfagé e do Monte das Oliveiras, isto é, seguindo a estrada por onde deveria vir o Messias. Naquele momento, o entusiasmo apodera-se dos discípulos e também dos outros peregrinos. Muitos pegam os seus mantos e colocam sobre o jumentinho, enquanto os ramos de árvores são postos nos caminhos por onde Jesus iria passar.

Nesta entrada de Jesus em Jerusalém as pessoas recitam um versículo do Salmo 118: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” (Mt 21,9). Esta aclamação festiva, transmitida pelos quatro evangelistas, é um brado de bênção, um hino de exultação que exprime a convicção unânime de que, em Jesus, Deus visitou o seu povo e que o Messias finalmente chegou.

Jesus entra na Cidade Santa montado em um jumento, animal típico das pessoas simples do campo e, além disso, um jumento que não lhe pertencia, mas que Jesus havia pedido emprestado para esta ocasião, o que não o assemelhava aos poderosos do mundo, mas o fazia chegar de forma simples e humilde. O Evangelista João narra, inicialmente, que os discípulos não O compreenderam. Somente depois da Páscoa entenderam que Jesus, agindo deste modo, estava a cumprir os anúncios dos profetas, compreenderam que o seu agir derivava da Palavra de Deus e que a levava ao seu cumprimento.

O Domingo de Ramos é o grande portal de entrada na Semana Santa, semana em que o Senhor Jesus caminha até ao ponto culminante da sua existência terrena. Ele sobe a Jerusalém para dar pleno cumprimento às Escrituras e ser pregado no lenho da cruz, o trono de onde reinará para sempre, atraindo a Si a humanidade de todos os tempos e oferecendo a todos o dom da redenção. Sabemos, pelos Evangelhos, que Jesus dirigiu-se para Jerusalém juntamente com os Doze e que, pouco a pouco, se foi unindo a eles uma multidão cada vez maior de peregrinos. São Marcos ressalta que, já na saída de Jericó, havia uma “grande multidão” que seguia Jesus (cf. Mc 10, 46).  Assim também nós, pela procissão que realizamos neste dia, fazemos dele um dia particular em que devemos ir ao encontro de Cristo, desejando acompanhá-lo pelas nossas cidades, a fim de que Ele permaneça conosco e possa estabelecer sua morada em nós.

A liturgia deste domingo tem seu ápice na leitura da narrativa da paixão do Senhor (cf. Mc 14,1-15,47).  Para muitos cristãos é a única ocasião que têm para ouvir, no decurso de uma assembleia litúrgica, esta parte do Evangelho.  A celebração se abre com o “Hosana!” E culmina com o “Crucifica-o!” Mas o texto evangélico nos convida a contemplar a paixão e morte de Jesus: É o momento supremo de uma vida feita a serviço do homem.  O relato do Evangelista São Marcos está fundamentado em acontecimentos concretos e apresenta Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz.

Pode-se destacar ainda no relato da paixão apresentado por São Marcos, o interrogatório ao qual Jesus é submetido no palácio do sumo sacerdote. Em um certo momento Jesus não hesita em esclarecer os fatos e em deixar clara a sua divindade. Quando o Sumo sacerdote perguntou a Jesus diretamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61), Jesus responde imediatamente: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo poderoso vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (egô eimi) nos leva ao nome de Deus no Antigo Testamento: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14).  Na perspectiva do evangelista São Marcos, esta é a afirmação que confirma a divindade de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus, o que o faz manifestar a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.

O centurião romano, junto da cruz de Jesus, confirma: “Na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que o Evangelista São Marcos nos convida a fazer. Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho em geral, e no relato da paixão, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro da humanidade para lhe apresentar uma proposta de salvação.

Ao perceber a morte próxima, Jesus faz uma oração dizendo: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34). Esta oração de Jesus indica que a sua natureza humana se une a cada um de nós.  Como qualquer outro ser humano, Jesus também experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de fracasso. No âmago do seu drama, Jesus sente que foi abandonado por Deus. Mas, com isto, parece se solidarizar com cada homem que sofre e experimenta a fragilidade, o drama e a debilidade que a vida pode oferecer. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho este abandono.  São Marcos sublinha a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos.

Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão e indiferença de todos, o seu caminho de morte.  Contudo, podemos frisar que apesar destes relatos, sublinhando como Jesus se comporta ao longo de todo o processo que conduz à sua morte, nota-se que ele nunca se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas está sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe e está decidido a cumprir a missão que o Pai lhe confiou.

Possamos nestes dias da Semana Santa estar unidos à Virgem Maria no Monte Calvário, permanecendo ela aos pés da Cruz, velando com ela o Cristo morto, aguardando também com ela o dia luminoso da ressurreição.  Que ela interceda por nós e nos faça direcionar os nossos passos no caminho da verdade e do bem. Assim seja.

PARA REFLETIR

Caríssimos, baste-nos alguns pensamentos, nesta Eucaristia solene que abre a Grande Semana da nossa fé, a Semana santíssima, que culminará com a Solenidade da Páscoa, Domingo próximo.

Já fizemos memória da Entrada do Senhor Jesus em Jerusalém. Ele é o Filho de Davi, o Messias esperado por Israel, que vem tomar posse de sua Cidade Santa. Mas, que surpresa! É um Messias humilde, que entra não a cavalo, mas num humilde burrico, sinal de serviço e pequenez! Ei-lo: seu serviço será dar a vida pela multidão. Ele é Rei, mas rei coroado de espinhos e não de humana vanglória. Termos seguido o Senhor nessa solene procissão com ramos é tê-lo reconhecido como nosso rei, rei pobre e humilde. Tê-lo seguido é nos dispor a segui-lo nas pobrezas e humildades da vida, dispondo-nos a participar de sua paixão e cruz para ter parte na glória de sua ressurreição.

Após a Procissão de Ramos, que pensamentos poderíamos colher agora na Liturgia da Palavra desta Missa da Paixão do Senhor? Eis alguns pensamentos:

Primeiro: O meio que Deus escolheu para nos salvar não foi o que é grande e vistoso, tão apreciado pelo mundo. Ao invés, o Pai nos salvou pela humilde obediência do Filho Jesus. Reconheçamos na voz do Servo sofredor da primeira leitura a voz do Filho de Deus: “O Senhor Deus me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhes resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para arrancarem a barba. O Senhor é o meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, porque sei que não serei humilhado”. Palavras impressionantes, caríssimos! O Filho buscou humildemente, na obediência de um discípulo, a vontade do Pai – e aí encontrou força e consolo, encontrou a certeza de sua vida. São Paulo, na segunda leitura de hoje, confirma isso com palavras não menos impressionantes: “Jesus Cristo, existindo na condição divina, esvaziou-se de si mesmo, humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”. Caríssimos em Cristo, num mundo que nos tenta a ser os donos da verdade, desprezando os preceitos do Senhor Deus e seus planos para nós, aprendamos a humilde obediência de Cristo Jesus, entremos em comunhão com o Cristo obediente ao Pai até a morte. Só então seremos livres realmente, somente então viveremos de verdade!

Um segundo pensamento: O breve e concreto relato da Paixão segundo São Marcos, apresenta-nos ao menos três modos de nos colocar diante do Cristo nosso Senhor. Dois modos inadequados, que deveremos evitar, apesar de tantas vezes neles cairmos; e um modo correto, a que somos continuamente chamados. Ei-los:

Primeiramente, o modo dos discípulos, tão vergonhoso: “Então todos o abandonaram e figuram”. Oh! meus caros, que desde o início temos sido covardes, desde os princípios somos um mísero bando de infiéis! Quantas vezes, nos apertos da vida, fugimos e o abandonamos: no vício, no comodismo, na busca de crendices e seitas, no fascínio por ideologias, idéias e filosofias opostas à nossa fé! Como é fácil fugir, como é fácil, ainda agora, abandoná-lo! – Perdoa-nos, Senhor Jesus, porque ainda hoje somos assim, ainda somos como os primeiros discípulos: frágeis, inconstantes, covardes mesmo! Perdoa-nos pelo pouco amor, pela falta de compromisso!

Depois, o modo de Pedro, que “seguiu Jesus de longe”. Atenção, caríssimos Pedros aqui presentes! Não se pode seguir Jesus de longe! Quem o segue assim? Quem pensa poder ser discípulo pela metade; quem se ilude, pensando seguir o Senhor sem combater seus vícios e pecados; quem imagina poder servir a Deus e ao dinheiro, ao Senhor e aos costumes e modos e pensamentos do mundo! Como terminarão esses? Como terminou Pedro: negando conhecer Jesus! – Senhor, olha para nós, como olhaste para Pedro; dá-nos o arrependimento e o pranto pela covardia e frieza em te seguir! Faze-nos verdadeiros discípulos teus, que te sigam de perto até a cruz, como o Discípulo Amado, ao lado de tua Santíssima Mãe!

Finalmente, uma atitude bela e digna de um verdadeiro discípulo do Senhor: aquele gesto, da misteriosa mulher, que ungiu a cabeça do Senhor com nardo puro, caríssimo! Notaram, amados em Cristo, o detalhe de São Marcos? “Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de Jesus”. Quebrou o vaso… isto é, derramou todo o perfume, sem reservas, sem pena, com amoroso estrago… Para o Senhor, tudo; para o Salvador o melhor! E São João diz que “a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo” (Jo 12,3). Ó mulher feliz, discípula generosa! Dando tudo ao Senhor, perfumou toda a casa com o bom odor de um amor ser reservas! Quanta generosidade dessa mulher politicamente incorreta! Quanta hipocrisia, quanta mesquinhez dos apóstolos politicamente corretos, que não compreenderam seu gesto de amor gratuito! – Senhor Jesus, faz-nos generosos para contigo! Que te amemos como essa mulher: sem reservas, sem fazer contas! Ó Senhor, que nos amaste até o extremo, ensina-nos a te amar assim também, colocando nossos perfumes, isto é, aquilo que temos de precioso, a teus pés! Então, o mundo será melhor, porque o bom odor do amor haverá de se espalhar como testemunho da tua presença!

Eis, caríssimos! Fiquemos com estes santos pensamentos, preparando-nos durante toda esta Semana para o Tríduo Pascal, que terá seu cume na Santa Vigília da Ressurreição! Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos, porque pela vossa santa cruz remistes o mundo. Amém.

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