domingo, 3 de fevereiro de 2019

Existiu socialismo no Brasil?



Alguns jornalistas (sempre tem um jornalista pra zoar o coreto) riram de uma declaração de Bolsonaro, dizendo que vai lutar contra o socialismo no Brasil. Entre risadinhas em tom de superioridade ao resto de nós, comuns mortais, afirmaram que é fácil lutar contra o que nunca existiu.

A despeito da declaração de Bolsonaro (se tivesse dito que lutaria contra o fascismo, jornalistas estariam fazendo fila para lhe massagear com órgãos impróprios), e apesar de sua gramática ser óbvia (você não precisa lutar apenas contra o que já está consolidado, e é vergonhoso ter de explicar isso a… jornalistas), a questão é realmente interessante: existiu socialismo no Brasil? E podemos chamar o PT de socialista?

A pergunta exige uma resposta menos apressada do que aquelas dadas entre risadinhas engraçadinhas de quem nada entende do assunto – ou, o que às vezes é ainda pior, acha que socialismo é só o que aconteceu na União Soviética, e nunca leu um autor socialista contemporâneo, embora tratem-nos como semi-deuses da intelectualidade acadêmica em seus jornais.

O socialismo mudou muito desde antes mesmo da Revolução Russa – e o movimento comunista internacional já pregou coisas díspares, já teve inúmeros rachas, já inverteu seu norte moral durante a história. Como definir de fato, filosoficamente, o que é um socialismo? E, além do mais, a esquerda brasileira, consubstanciada no poder sobretudo com o PT, faz parte do movimento comunista internacional, ainda que saibamos que o PT não tem Gulag, não tem Holodomor, não criou o Partido único… embora, na prática, até este último tenha realizado?

Para quem não sabe nada sobre o socialismo fabiano, Tito, Beatrice e Sidney Webb, a Escola de Frankfurt, Antonio Gramsci, Ernesto Laclau, o Foro de São Paulo, a Organização Socialista Internacionalista (hoje chamada de “O Trabalho”) dentro do PT, o 3.º Congresso do Partido dos Trabalhadores pregando o “Socialismo Petista”… bem, se não conhece tudo isso, talvez a resposta a essa pergunta, na vida real, longe de dicotomias fáceis de acadêmicos repetitivos, possa acabar te surpreendendo.

A produção é de Filipe Trielli e David Mazzuca Neto no estúdio Panela Produtora, com produção visual de Gustavo Finger, da Agência PierGuten Morgen, Brasilien!
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Senso Incomum

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