terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Superioras e superiores religiosos afirmam que abuso de menores é um mal não negociável


Os Superiores e Superioras Maiores de Ordens e Congregações religiosas do mundo afirmaram que "o abuso de crianças é um mal em todos os tempos e lugares: este ponto não é negociável".

Antes do encontro do Papa Francisco com os presidentes das conferências episcopais do mundo sobre a proteção de menores contra os abusos sexuais que acontecerá de 21 a 24 de fevereiro no Vaticano, os Superiores e Superioras expressaram seu total apoio à iniciativa.

"Inclinamos as nossas cabeças com vergonha ao perceber que esse abuso ocorreu nas nossas Congregações e Ordens e na nossa Igreja. Aprendemos que os abusadores deliberadamente escondem as suas ações e são manipuladores", explicaram em seu comunicado.

Além disso, os Superiores e Superioras reconhecem que "quando olhamos para as Províncias e Regiões das nossas Ordens e Congregações no mundo inteiro, nos damos conta de que a resposta das pessoas em posição de autoridade não foi o que deveria ter sido" e, inclusive em algumas situações, "não souberam ver os sinais de alerta ou não os levaram a sério".

Por isso, rezam ao Espírito Santo pelos frutos deste encontro. "Acreditamos que com os ventos de mudança que sopram em nossa Igreja e com a boa vontade de todas as partes envolvidas, é possível iniciar processos importantes e criar estruturas de prestação de contas, assim como sustentar os processos e estruturas já existentes", afirmaram.

"É possível imaginar novos passos adiante, é possível tomar decisões para que a implementação seja rápida e universal, com o devido respeito às diferentes culturas. O abuso de crianças é um mal em qualquer tempo e lugar: este ponto não é negociável", destacaram.

Por outro lado, a União dos Superiores Gerais destacou a importância da liderança do Papa Francisco que "reconheceu a dor e a culpa; encontrou-se com sobreviventes; reconheceu seus próprios erros e a necessidade de aprender com essas pessoas sobreviventes".

Desta forma, asseguraram que estão unidos à sua missão de "reconhecer humildemente e confessar o mal que foi feito; de acolher os sobreviventes, de aprender com eles como acompanhar aqueles que foram objetos de abusos e como desejam que escutemos suas histórias".

Prometeram também "fazer tudo o que esteja ao seu alcance para escutar melhor os sobreviventes, reconhecendo humildemente que nem sempre o fizemos", e também se comprometeram em implantar "tudo o que durante o encontro se decida com respeito à prestação de contas exigida de pessoas em autoridade".

Nesta linha, os Superiores destacaram que trabalharão na formação em seus centros de espiritualidade para desenvolver "programas especiais para acompanhar qualquer pessoa, vítima de abusos, que desejam encontrar ajuda em suas dificuldades com relação à fé e ao sentido da vida" porque asseguraram que "o encontro pessoal com Jesus é algo que pode curar a todos nós".

Ao finalizar, pediram perdão às vítimas e reconheceram que houve "maneiras inadequadas de lidar com esse problema e uma incapacidade vergonhosa de compreender sua dor. Oferecemos nossas sinceras desculpas e nosso pesar" e os convidamos a trabalhar juntos para criar "novas estruturas que garantam a minimização dos riscos".

"Comprometemo-nos a intensificar nossos esforços para trabalhar com o Papa, para que a Igreja possa avançar de maneira coerente, credível e unida; de uma maneira verdadeiramente curativa, sinceramente renovada, com novos olhos para ver e novos ouvidos para ouvir", concluíram.
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ACI Digital

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