segunda-feira, 13 de maio de 2019

Medjugorje, a fé mariana e a decisão do Pastor


Para compreender as razões e o significado profundo da decisão de autorizar as peregrinações a Medjugorje por parte de Francisco, é útil reler algumas passagens da Exortação Apostólica Evangelii gaudium, o documento que traça a rota de seu pontificado.

O Papa, naquele texto, recordava que "na piedade popular, pode-se captar a modalidade em que a fé recebida se encarnou numa cultura e continua a transmitir-se". E recordava ainda, citando as palavras do documento final da Conferência dos bispos latino-americanos em Aparecida, que «o caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador». “Não coarctemos nem pretendamos controlar esta força missionária!“, concluía o Pontífice. É um dado de fato que milhões de peregrinos nestes anos tiveram uma experiência significativa de fé indo a Medjugorje: isso é atestado pelas longas filas nos confessionários e à noite, adorações eucarísticas na grande igreja paroquial, sem um metro quadrado livre de fiéis ajoelhados.

O Papa autoriza a peregrinação a Medjugorje

“Acredito” que “em Medjugorje exista a graça. Não se pode negar. Há pessoas que se convertem”, havia dito o Papa conversando em 2013 com o padre Alexandre Awi de Mello, mariólogo, hoje secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Naquela entrevista transformada em um livro (“É minha mãe. Encontros com Maria”, Ed. Cidade Nova), Francisco sim alertava para o protagonismo dos videntes e pelo multiplicar-se de mensagens e segredos, mas sem nunca desconhecer os frutos positivos da experiência das peregrinações.

No Prefácio daquele livro, o teólogo argentino Carlos María Galli, havia escrito: «Para Francisco, a coisa mais importante é a fé mariana do “santo povo fiel de Deus”, que nos ensina a amar Maria para além da reflexão teológica. Enquanto filho e membro, como qualquer outro, do Povo de Deus, Bergoglio – Francisco – participa do sensus fidei fidelium e se identifica com a profunda piedade mariana do povo cristão».

É precisamente por isto que, enquanto se continua a estudar o fenômeno Mejugorje e sem que exista a respeito um pronunciamento sobre a autenticidade das aparições, o Papa teve a intenção de manifestar um cuidado por quem enfrenta as dificuldades da viagem para ir rezar naquele local. Por isto quis ter um enviado permanente, um bispo que trabalha na Santa Sé, encarregado precisamente do cuidado pastoral dos peregrinos.

E é por isso que ele agora decide ir além do que foi declarado há mais de vinte anos pela Congregação para a Doutrina da Fé, que permitia peregrinações a Medjugorje, mas somente "privadamente". Agora, pelo contrário, as dioceses e paróquias poderão organizar e orientar essas peregrinações, expressões da piedade mariana do povo de Deus.
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Vatican News

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