domingo, 25 de dezembro de 2016

Os refugiados de Belém


Caros amigos,

Ouvi algumas canções natalinas enquanto escrevia esta mensagem, ao lado de uma bela árvore repleta de piscantes luzes coloridas. Estrondos me fizeram dar um salto da cadeira. As luzes se transformaram em explosões. Gritos apavorados. Choros estridentes.

Apaguei os primeiros parágrafos. E meus olhos deixaram de perseguir São Bonifácio e São Nicolau e fitaram uma cidade castigada pela guerra: Aleppo. Milhares de mortos em cinco anos. Milhares de refugiados. Crianças órfãs e assustadas. A imagem de um garoto resgatado dos escombros atravessou o mundo e tocou milhões de corações. O que o pequeno Omran, de cinco anos, e seus conterrâneos refugiados têm a ver com o Natal?

Nesta semana, nossos olhos se voltam para a manjedoura. Há mais de dois mil anos, contemplando o recém-nascido, José e Maria não imaginavam que o nascimento improvisado em um estábulo – talvez uma gruta –, no meio de uma viagem tumultuada, era o começo de uma jornada mais árdua e longa. Pouco depois, precisariam fugir da perseguição atroz de um rei tão sanguinário que nem piscaria os olhos para ordenar o massacre de bebês. E se refugiariam em um país seguro naquela época: o Egito. Não há registros da passagem da Sagrada Família por lá. Mas, certamente, esses humildes refugiados foram bem acolhidos.

Não importa a época, os episódios da vida de Cristo carregam uma mensagem sempre atual. Como comentei em textos natalinos anteriores, não basta olharmos para o presépio e festejarmos o Natal com nossas famílias. É preciso buscar Cristo além. Neste momento, consigo vê-lo em Aleppo e em inúmeros campos de refugiados, fugindo da perseguição atroz e vergonhosa de líderes inescrupulosos. A mensagem é bastante clara. Sim, ela é tão óbvia que me poupa algumas linhas. 

Egito, Síria, Palestina... Brasil! Devemos festejar o Natal com alegria. A alegria de que um Deus desterrado – ou, me perdoem o trocadilho, descelado – habitou – e habita – entre nós. Ele será um estrangeiro em nossos lares até que O acolhamos, com sinceridade, em nossos corações. E, ao final de nosso desterro neste mundo, Ele nos receberá, com amor, na Pátria Celeste. Mas não é apenas a alegria que deve estar presente em nosso Natal. É uma coragem inabalável. Uma coragem que não se esquiva dos ensinamentos mais difíceis daquele bebê que, agora, parece tão inocente na manjedoura. Uma coragem que jamais poderá ser destruída por assassinos covardes, armados com bombas, fuzis ou caminhões. Por mais que desejem, jamais conseguirão destruir o Natal e o que ele significa. Mais cedo ou mais tarde, eles descobrirão que o caminho para o Paraíso é o amor. Sim, o Amor recria o mundo a partir de algo tão simples como uma manjedoura em um estábulo escuro. O ódio leva a um lugar bem diferente. E nada agradável.

Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!
Grande abraço,


Fábio

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