domingo, 17 de julho de 2016

Podemos cantar o Pai-Nosso na missa?

 
O canto e a música são de vital importância em qualquer festa e celebração – também nas celebrações eclesiais. Uma celebração sem canto, especialmente da Eucaristia, seria como um dia nublado: é dia, mas falta alguma coisa de luz e cor para que esteja mais alegre. O canto será mais santo na medida em que estiver unido à ação litúrgica.

Antes de falar sobre a possibilidade de cantar o Pai-Nosso, é importante destacar que esta oração merece o máximo de respeito e solenidade. Isso é um convite a que revisemos em profundidade nossa situação diante de Deus e das pessoas, com muita devoção.

Os cantos da missa, de acordo com a instrução “Musicam Sacram”, se dividem em três grupos:

1. Primeiro grau: são as ações que correspondem ao povo, como aclamações e respostas ao celebrante: “Amém”, “Graças a Deus”, “Anunciamos, Senhor, a vossa morte…”, bem como os hinos: “Santo”, “Pai-Nosso”.

2. Segundo grau: Kyrie, Glória, Agnus Dei, Credo, oração dos fiéis.

3. Terceiro grau: cantos de entrada, comunhão, ofertório, Aleluia antes do Evangelho, leituras (quando são cantadas).

Sendo assim, o Pai-Nosso pode ser cantado, é opcional, e é um canto de primeiro grau. Portanto, o Pai-Nosso não apenas pode ser cantado, senão que, ao ser do primeiro grau, é dos cantos que mais deveriam ser cantados.

A instrução “Musicam Sacram” afirma no número 35: “O Pai-Nosso, é bom que o diga o povo juntamente com o sacerdote. Se for cantado em latim, empreguem-se as melodias oficiais já existentes; mas se for cantado em língua vernácula, as melodias devem ser aprovadas pela autoridade territorial competente”.

A melodia para cantar o Pai-Nosso nunca deve ser escandalosa, para não perder de vista a intenção do ato, que é orar.

As pessoas não sabem se o Pai-Nosso pode ser cantado precisamente porque é raro que se cante esta oração nas missas. Por quê? Justamente por causa dos abusos cometidos. Em muitos casos, este canto é deformado e mal interpretado.

Na América Latina, sobretudo, é frequente ouvir o Pai-Nosso com mais palavras que na oração original, ou com menos palavras, e até com outras palavras (exemplo comum no Brasil: “Pai, meu Pai do céu, eu quase me esqueci que o teu amor vela por mim, que seja sempre assim…”).

Por que mudar as palavras de Jesus? É por isso que os padres costumam seguir o caminho mais seguro, que é recitar o Pai-Nosso.

Portanto, quando cantamos o Pai-Nosso, é importantíssimo conservar intacto o texto original da oração. Outra coisa é a música que acompanha o canto, que precisa ser realmente música sacra, e não qualquer música (não pode ser um canto adaptado com ritmo popular).

Outro texto a ser levado em consideração é a Instrução Geral do Missal Romano, que afirma no número 81: “Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos antes de tudo o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos. O sacerdote profere o convite, todos os fiéis recitam a oração com o sacerdote, e o sacerdote acrescenta sozinho o embolismo, que o povo encerra com a doxologia. Desenvolvendo o último pedido do Pai-nosso, o embolismo suplica que toda a comunidade dos fiéis seja libertada do poder do mal O convite, a própria oração, o embolismo e a doxologia com que o povo encerra o rito são cantados ou proferidos em voz alta”.

Em resumo, o Pai-Nosso pode ser cantado, sim. Mais ainda: deve ser cantado. Mas, como mencionamos antes, o problema é que as pessoas costumam usar versões que não se parecem em nada com a oração que Jesus nos ensinou.



Pe. Henry Vargas Holguín
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Aleteia

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