quarta-feira, 13 de julho de 2016

A nova forma de perseguição contra cristãos no Paquistão




A agência vaticana Fides denunciou que a chamada “blasfêmia digital” está ganhando cada vez mais espaço no Paquistão. Em que consiste? Os cidadãos muçulmanos denunciam os cristãos por supostas mensagens blasfemas contra o Corão, o Islã ou Maomé em redes sociais ou na internet. Fazem isso com ou sem provas e sob a proteção da lei da blasfêmia.

“Acontece sempre assim: um cristão é acusado, a acusação deve ser demonstrada, entretanto, toda a comunidade corre o risco de uma punição coletiva”, disse à agência vaticana Fides o Pe. Emmanuel Parvez, da diocese de Faisalabad, em Punjab, onde ele luta para evitar tais incidentes.

“Convocamos os líderes religiosos e os imames da região e trocamos opiniões a respeito”, afirma o sacerdote.

“Reiteramos o nosso respeito pelo Islã e por todas as religiões e fizemos um pedido: quando houver um incidente de presumível blasfêmia, vamos enfrentar juntos a questão, para evitar violências de massa”, explica.

Um desses casos foi o do cristão James Nadeem, que foi preso por enviar uma suposta mensagem blasfema por WhatsApp.

Nadeem vive no distrito de Gujrat, na região de Punjab. Seu amigo Yasir Bashir o denunciou por supostamente ter enviado uma poesia ofensiva contra figuras sagradas islâmicas.

A queixa foi apresentada à polícia e Nadeem e seus familiares foram presos, informa Fides. A polícia também enviou agentes ao bairro cristão da cidade de Sara-i-Alamgir, onde o episódio ocorreu, para prevenir incidentes ou ataques de massa.

No passado, episódios como este desencadearam a violência contra as comunidades cristãs. No bairro vivem 30 famílias cristãs que ainda estão assustadas.

Lei da blasfêmia

A Lei de Blasfêmia reúne várias normas contidas no Código Penal, inspiradas diretamente na Shariah – lei religiosa muçulmana – a fim de sancionar qualquer ofensa com palavras ou obras usadas contra Alá, Maomé ou o Corão.

A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo supõe o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou morte do acusado.

A lei usada frequentemente perseguir a minoria cristã, que costuma ser explorada no trabalho e discriminados no acesso à educação e aos cargos públicos.

Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta lei é o da mãe e esposa católica Asia Bibi, que está na prisão há quase 6 anos, por uma falsa acusação de blasfêmia contra Maomé.

Há alguns meses, a família de Asia Bibi saudou o Papa Francisco graças às gestões da associação HazteOir. Naquela ocasião, o Santo Padre disse ao esposo desta mulher católica e mãe de cinco filhos que reza por ela e pela sua libertação.

Ataques a cristãos

No Paquistão, o ódio aos cristãos, que são uma minoria religiosa, parece não ter limites. Em março deste ano, um grupo de terroristas muçulmanos atacou um parque, onde um grupo de cristãos celebravam a Páscoa na cidade de Lahore, deixando mais de 65 mortos e centenas de feridos.

Depois do atentado, milhares de muçulmanos fizeram uma violenta manifestação na qual exigiam a execução de Asia Bibi.

Na primeira semana deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou uma pilha de bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e na região de Punjab queimaram um templo protestante.

Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por negar-se a casar com um muçulmano. A mulher não morreu, mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.

Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos incendiou um adolescente por dizer “sou cristão”. O jovem morreu logo depois de perdoar os seus assassinos.

Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro de Youhanabad, em Lahore, causando a morte de 14 pessoas e 80 ficaram feridas.

Naquela ocasião, o Papa Francisco recordou que o ataque foi direcionado às “igrejas cristãs. Os cristãos são perseguidos. Nossos irmãos derramam sangue só porque são cristãos”.

Como estes, muitos outros incidentes ocorrem no Paquistão, onde os cristãos são constantemente perseguidos e assassinados por extremistas muçulmanos.
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ACI Digital

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