sexta-feira, 29 de julho de 2016

As sagradas imagens citadas na Bíblia não são ídolos


É frequente a acusação, no âmbito da religião, de que as imagens configurem “idolatria”. No entanto, na própria Bíblia encontramos exemplos de imagens que nada têm a ver com ídolos.

Querubins sobre a Arca da Aliança (cf. Êxodo 25, 18):

– À esquerda, as imagens dos Querubins sobre a Arca da Aliança, conforme Êxodo 25,18.

– Diante da Arca com as imagens, o Santo Rei Davi se rejubila e salmodia (2 Sm 6, 5-6)

– Era do meio dessas imagens que Deus falava a Moisés (Ex 25,22).

Jesus Crucificado:

– À direita, Jesus suspenso em sua Cruz dando cumprimento a mais uma “figura bíblica” que lhe diz respeito: a da imagem da serpente de bronze do deserto (Num 21, 8; Jo 3, 14)

Daí a afirmação de São Paulo: “Cumpre que nos gloriemos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 6, 14).

A Bíblia manda fazer imagens

1 – Que são imagens? São, em geral, representações esculturais de pessoas de qualquer natureza, ou de conceitos morais. Por exemplo, as imagens dos Querubins, de Moisés, da Liberdade etc.

2 – E as imagens sagradas, o que são? São representações de Santos, de Anjos, da Virgem Maria, de Jesus etc.

3 – Quem mandou fazer imagens? Foi o próprio Deus, conforme a Bíblia nos ensina. Deus mandou fazer imagens de querubins (anjos) para a Arca da Aliança (Ex 25,18). A Arca da Aliança com os querubins ficava no lugar mais sagrado do Templo, o “Santo dos Santos”, que, uma vez por ano o pontífice aspergia com o sangue das vítimas imoladas a Deus (Hb 9,1 a 7). Também Salomão encheu de imagens o Templo (1 Reis 6, 23 a 29), e Deus aprovou (1 Reis 8,6 a 11).

4 – Para que servem as imagens? Para lembrar os Anjos, os Santos e o próprio Deus. É o que também ensina a Bíblia. No Livro dos Números, 21, 8, Deus mandou Moisés fazer e levantar num poste de madeira uma serpente de bronze e disse que quem a fitasse ficaria curado das mordeduras das serpentes. E Jesus se referiu a esse fato como sendo uma “figura” da sua crucificação (Jo 3,14). Os falsos crentes, no entanto, detestam a Cruz, assim como Satã também a detesta. Escutemos a Bíblia: “Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado” (1 Cor 1,23).

5 – Então era a serpente que curava? Não. Era Deus. Mas a imagem da serpente serviu para lembrar a ofensa feita a Deus; serviu, em suma, para lembrar a Deus.

6 – E a imagem de Cristo na Cruz? Ela lembra muitíssimo mais: lembra o pecado, a Redenção pela Cruz, o amor de Cristo por nós. Este é o papal das imagens: ajudar-nos a pensar em Deus, a ir a Deus.

7 – Para que mais servem as imagens? Elas contribuem para dar aos lugares de culto um aspecto sagrado e convidam ao recolhimento e à oração (Ex 25,22; 1 Reis 6,23 a 28). Por isso, os querubins da Arca da Aliança não eram simples adornos: eles lembravam ainda a mediação secundária dos Anjos (Hb 1,14) e integravam os objetos do culto. Além desses casos, a Bíblia está cheia de “imagens” e “quadros” que o Artista Divino “pintou” com letras divinas. Esses quadros inspiraram os artistas humanos em seus lindos painéis, esculturas e imagens. Ainda a respeito da serpente de bronze: para que ela continue a ser símbolo da Paixão de Cristo, não importa o fato de o rei Ezequias tê-la destruído cerca de cinco séculos depois (2 Reis 18,4). O ato de Moisés, levantando-a em um poste por ordem de Deus, foi aprovado por Jesus dois mil anos depois. Ela conserva todo o seu valor simbólico, apesar de ter sido destruída.

8 – Nós, católicos, adoramos as imagens? Não. Quem o afirma não entende o catolicismo, ou mente e age contra a Bíblia.

9 – Nós veneramos as imagens. Mas por quê? Porque elas são representações de pessoas santas e amigas de Deus, ou do próprio Deus. E porque inspiram amor às virtudes e levam à imitação das pessoas santas que representam. Por isso, as imagens sagradas são muito úteis. Nada há de idolatria nisto. É semelhante a essa, também, a razão pela qual respeitamos e veneramos a bandeira nacional: ela simboliza a pátria e inspira o patriotismo.

10 – O que, então, a Bíblia condena? A Bíblia condena os falsos deuses e seus ídolos, como os “deuses mudos” (Sl 134, 15 a 17) e as “imagens e esculturas de coisas do céu, da terra e das águas” (Ex 20, 3-5). Trata-se dos ídolos que os pagãos faziam para representar os seus falsos deuses (Rm 1,23). De fato, os gentios antigos adoravam como “deuses do céu” certos astros (Júpiter, Vênus etc.); “da terra”, certas aves e quadrúpedes; “das águas”, certos anfíbios e répteis (Ex 32, 1-6; Rom. 1,23). Para os egípcios, por exemplo, o crocodilo era um animal sagrado. Quem confunde as abominações dos gentios com as sagradas imagens injuria a Bíblia e a torna contraditória, afirmando uma coisa em um lugar e negando essa mesma coisa em outro.

11 – Quem é contra as imagens que a Santa Igreja venera não é só contra a Bíblia. É também contra o bom senso. Não podemos sequer pensar sem formar imagens em nossa mente. O uso de imagens é conatural à nossa forma de entender a existência e de comunicá-la; é um modo natural de aquecermos o coração preservando a imagem daqueles a quem amamos, como fazemos com os retratos dos pais, filhos, familiares e amigos.
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Tradição Católica / Folhetos Católicos / Aleteia

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