terça-feira, 5 de abril de 2016

Homilética: 3º Domingo da Páscoa - Ano C: "A criação inteira louva o Cordeiro que esteve morto e agora vive".



Hoje, a Palavra de Deus nos apresenta o testemunho de Pedro em Cristo ressuscitado, diante do Sinédrio.

Proibido de dar testemunho de Jesus ressuscitado, Pedro repete novamente, com toda a franqueza, o anúncio da Ressurreição: “O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-O numa Cruz” (At 5,30). Acaba de sair da prisão com os outros apóstolos, sabe que poderá ter que enfrentar piores dificuldades; mas não tem medo porque colocou já toda a sua confiança no Ressuscitado e compreendeu que tem de seguí-Lo nas tribulações. As suas palavras são reforçadas com uma notável afirmação: “Somos testemunhas destes fatos, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (At 5,32). É como se afirmasse que o Espírito Santo fala pela boca daqueles que, obedecendo a Deus, pregam o Evangelho enfrentando todos os riscos. Para os Apóstolos, este risco converte-se imediatamente em realidade ao serem submetidos à flagelação, mas tudo suportou com alegria, “por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus” (At 5,41). “Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens” (At 5,29). É este o testemunho que Jesus espera de cada um de nós, um testemunho livre de respeitos humanos e também do medo aos riscos e perigos. A fé intrépida dos que creem convence o mundo, mais do que qualquer outra apologia.

O Evangelho (Jo 21, 1-19) narra a terceira aparição de Cristo ressuscitado aos apóstolos. Trata-se de uma aparição marcada por gestos de carinho e ternura, mas também de envio, de missão: a pesca milagrosa, a refeição preparada pelo próprio Ressuscitado e a entrega do primado a Pedro. Dá para perceber que a missão terrena de Jesus terminou! O ANÚNCIO do Evangelho, agora, é missão dos discípulos; são os discípulos que espalharão a Boa-Nova pelos caminhos da humanidade.

Aquele discípulo que Jesus amava percebeu e disse: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Além dessa vez, a palavra “Senhor” aparece cinco vezes mais no Evangelho de hoje. Esta palavra nos lembra do nome de Deus no Antigo Testamento. O livro do Êxodo nos relata que Deus apareceu a Moisés e lhe disse: “EU SOU AQUELE QUE SOU” (Ex 3,14). Deus é!

Deus é! Ao contrário, a criatura não é! Apresenta-se assim à nossa inteligência cristã uma doutrina básica, uma distinção de primeira ordem: Deus é, a criatura não é. Deus é tudo, nós não somos nada! Deus é criador, nós somos criaturas e, por tanto, a nossa existência depende totalmente dele. É muito sadio saber quem somos, dessa maneira não iremos por aí vangloriando-nos, cheios de soberba e vaidade. É verdade: nós não somos! Somente depois, num segundo momento, podemos afirmar: e o que somos vem de Deus! A nossa dependência de Deus é tal que se por algum momento ele deixasse de pensar em nós e de nos amar, deixaríamos de existir imediatamente. Isso é muito importante: Deus não me ama porque eu sou bom, mas eu sou bom e eu posso ser melhor porque Deus me ama, a minha existência e tudo o que eu tenho depende radicalmente do amor de Deus. Aquele que permanece no mais além se fez presente no mais aquém.

Ele é o Senhor! São João o reconheceu e avisou a Pedro. Depois dessa afirmação, a atitude dos discípulos vai mudando: Pedro se oculta, os discípulos se calam e não ousam perguntar nada a Jesus, ao mesmo tempo a confiança deles no Senhor vai aumentando. Quando nós tivermos mais consciência do senhorio de Deus nas nossas vidas, quando reconhecermos a transcendência de Deus, quando percebermos que ele nos ama com amor eterno, a nossa atitude também será outra. A força do Ressuscitado está se manifestando durante esses dias na Igreja. É uma realidade! Observe um pouco ao seu redor e verá na vida dos seus irmãos as maravilhas da graça. Mas, é verdade, para ver essas coisas, é preciso amar a Deus. Você percebeu que somente S. João, esse discípulo apaixonado por Deus, percebeu que era o Senhor? Como não reconhecer a Deus no nosso quotidiano se nós o amamos? Como não viver em sua presença se tudo o que existe nos fala dele? Meu Deus do céu, como ainda somos cegos! Vivemos frequentemente como se Deus não existisse. Estou pensando em tantos cristãos que muitas vezes atuam como se Deus não os visse, como se Deus não se importasse com eles, como se pudessem fugir da sua face adorável.

É o Senhor! Nós o temos também, e principalmente, no Sacramento da Eucaristia. Jesus é Deus, o Criador, o Senhor. Quando os sacerdotes e os leigos perceberem de verdade que é o Senhor, muita coisa mudará: as nossas celebrações eucarísticas estarão repletas desse sentimento de presença de Deus, de transcendência de Deus, e da sua proximidade amorosa. Quando isso acontecer, as paróquias serão lugares de adoração de Jesus na Eucaristia, de silencio, de respeito. Quando percebermos de verdade que Jesus está presente na Eucaristia verdadeiramente, realmente e substancialmente com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, participaremos da Santa Missa e da Adoração eucarística cuidando também dos detalhes do culto católico, não por escrúpulo, mas por amor: não teremos problema nenhum em adornar dignamente as nossas igrejas, em dourar ou pratear os cálices utilizados na celebração eucarística, em dar ao Senhor um sacrário fisicamente digno dele, em comportar-nos com a “urbanidade da piedade” sabendo que somos filhos amados de Deus e que, por tanto, podemos aproximar-nos com confiança do trono da graça. É o Senhor!

Comentário dos textos bíblicos


Textos bíblicos: At 5,27b-32.40b-41; Ap 5,11-14; Jo 21,1-19

Meus caros irmãos e irmãs,

O Evangelho deste domingo nos apresenta uma nova aparição de Jesus ressuscitado.  Fundamentar a fé dos discípulos é o objetivo de tais aparições.  Mas hoje começa também a despontar o tema do amor, em concreto, do amor a Jesus.  Fé e amor, crer e amar são duas dimensões de uma mesma e única realidade: a vida com Cristo por meio do Espírito Santo.

Com as palavras de Pedro “Eu vou pescar”.  E com o assentimento dos demais: “Nós vamos contigo” (v. 3), indica que após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, a vida retomou para eles ao seu ritmo anterior. Deveriam voltar à antiga profissão de pescadores, retomando os barcos e as redes, mesmo se a vida já não era como antes.

A pesca é feita durante a noite.  Eles buscaram na noite, e nada pescaram.  A noite é sinônimo de trevas, de escuridão, de ausência de luz.  Para os israelitas o mar simboliza lugar de escravidão e sofrimento, o símbolo de todas as forças inimigas do homem.  Jesus já havia dito aos discípulos que “eles seriam pescadores de homens”.  A missão deles seria a de enfrentar as ondas do mar para pescar os homens, para os tirar das águas salgadas e os livrar de todas as situações negativas que os impedem de viver.

Jesus aparece pela manhã, dissipando a escuridão. Ele mesmo já teria dito: “Eu estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,4-5).  Normalmente, os peixes caem na rede durante a noite, quando é escuro, e não de manhã, quando a água já é transparente. Contudo, o resultado da ação dos discípulos, durante a noite, sem Jesus, é um fracasso, o que faz lembrar uma outra frase dita por Jesus: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

O amanhecer coincide com a presença de Jesus. Jesus não está com eles no barco. Ele não acompanha os discípulos na pesca; a sua ação no mundo é exercida por meio dos discípulos.  Concentrados no seu esforço inútil, os discípulos nem reconhecem Jesus quando ele se apresenta. O grupo está desorientado e decepcionado pelo insucesso, posto em evidência pela pergunta de Jesus: “Tendes alguma coisa de comer?” (v. 5). Mas Jesus dá a eles as indicações: “Lançai a rede… e haveis de encontrar!” (v.6).  Apesar do momento inoportuno, por estar de manhã, momento em que os peixes retornam ao leito do mar, os discípulos confiaram nas palavras de Jesus e o resultado foi uma pesca milagrosamente abundante, a tal ponto que mal conseguiam arrastar a rede, devido à grande quantidade de peixes pescados (cf. v. 6).

O êxito da missão não se deve ao esforço humano, mas sim à presença viva e a Palavra do Senhor ressuscitado.   É, então, graças a um sinal que os discípulos reconhecem o Ressuscitado. Jesus Cristo não tem mais necessidade de dizer quem Ele é.  Eles sabem que Ele é o Senhor.   Os discípulos fazem, nesse dia, a experiência da prodigalidade do amor de Deus: não conseguem arrastar as redes, dada a quantidade de peixe. Fazem também a experiência da universalidade da salvação: havia 153 grandes peixes, número que evoca, segundo São Jerônimo, todas as espécies de peixes enumerados na época. Também a este número pode ser dada uma outra interpretação simbólica. O número 153 é resultante de 50 x 3 + 3.  Para os israelitas o número 50 indicava todo o povo; o número 3 significava a perfeição, a plenitude.  O sentido deste detalhe curioso está no fato de que a comunidade cristã levará em frente de modo pleno e total a sua missão de salvação.  Toda a humanidade é chamada a se libertar das águas impetuosas do mar através dos discípulos de Cristo, mas eles só poderão agir, tendo como guia a voz do Cristo Ressuscitado.

Os discípulos de Emaús reconhecem Jesus apenas na fração do pão. Os primeiros cristãos chamavam à Eucaristia a “fração do pão”. Mas Jesus oferece peixe. Sabemos que este se tornou bem cedo o símbolo de Cristo. Em grego, as primeiras letras da expressão “Jesus, Filho de Deus, Salvador” formam a palavra “peixe”, em grego: “ichtus”. Desde então, oferecendo-lhes peixe, Jesus ressuscitado diz aos discípulos que é verdadeiramente com Ele, o Filho de Deus, o único Salvador de todos os homens, que estarão doravante em comunhão, cada vez que partirem o pão eucarístico.

Em seguida Jesus come com os apóstolos o peixe assado nas brasas e, logo temos o diálogo entre Jesus e Pedro. Três perguntas: “Tu me amas?”; três respostas: “Tu sabes que te amo”. Após as respostas, Jesus confia a Pedro o pastoreio do seu rebanho, que só pode ser confiado a quem ama Jesus com o maior amor possível. Por isto diz a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas!”. Com estas palavras, Jesus confere de fato a Pedro a tarefa de supremo e universal pastor do rebanho de Cristo. Confere a ele esse primado que lhe havia prometido quando disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E eu te darei as chaves do Reino dos Céus” (Mt 16, 18-19).

O que mais comove nesta significativa página do Evangelho é que Jesus permanece fiel à promessa feita a Pedro, apesar da infidelidade de Pedro, que não havia cumprido a promessa feita a Jesus de não o trair jamais, ainda à custa da sua própria vida (cf. Mt 26,35).

No diálogo entre Jesus e Pedro, revela-se um jogo de verbos muito significativo. Em grego o verbo “philéo” expressa o amor de amizade, terno, mas não totalizante enquanto o verbo “agapáo” significa o amor sem reservas, total e incondicionado. Jesus pergunta a Pedro pela primeira vez: “Simão, filho de Jonas, tu me amas? Jesus usa o verbo “agapáo”, que quer dizer, com um amor total e incondicionado (cf. Jo 21,15). Antes da experiência da traição o Apóstolo teria certamente respondido: “Amo” “agapô”, ou seja, incondicionalmente”. Agora, que conheceu a amarga tristeza da infidelidade, o drama da própria debilidade, diz apenas: “Senhor, tu sabes que sou deveras teu amigo”, ou seja, “Tu sabes que te amo com o meu pobre amor humano”. Cristo insiste: “Simão, filho de Jonas, tu me amas com este amor total que eu quero?”. E Pedro repete a resposta do seu humilde amor humano: “Kyrie, philéo”, que em outras palavras seria: “Senhor, tu sabes que eu sou deveras teu amigo”.

Pela terceira vez Jesus pergunta a Simão, porém agora mudando o verbo para “philéo”. Simão Pedro compreende que para Jesus é suficiente o seu pobre amor, o único de que é capaz, e contudo sente-se entristecido porque o Senhor teve que lhe falar daquele modo. Por isso, responde: “Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo! (philéo)”.  Na verdade, Jesus se adaptou a Pedro, e não Pedro a Jesus! É precisamente esta adaptação divina que dá esperança ao discípulo, que conheceu o sofrimento da infidelidade. Surge daqui a confiança que o torna capaz do seguimento até ao fim, por isto conclui dizendo a Pedro: “Segue-me!” (Jo 21,19).

Podemos ainda destacar no texto evangélico deste domingo dois verbos: “pescar” e “apascentar”.  Trata-se de duas operações que aparecem sucessivas no relato apresentado. A missão de Pedro é apascentar aqueles que pescou, ou seja, deve nutrir com a doutrina e os sacramentos aqueles que se converteram ao Evangelho.  E como Pedro, todos os discípulos são chamados a “apascentar” as ovelhas e os cordeiros de Cristo, sendo, naturalmente, os primeiros e os mais generosos nesta doação de si mesmos.

O diálogo entre Jesus e Pedro deve ser ainda trasladado à vida de cada um de nós. Ao interrogar Pedro: “Tu me amas?”, Jesus interroga também cada um de nós.  E qual é a nossa resposta?  Hoje ele também nos convida a amá-lo, ele que em sua paixão e morte, demonstrou a prova de seu amor por cada um de nós. Que saibamos corresponder com generosidade a este seu amor.

E possamos acolher com alegria o mandato que o Cristo mesmo hoje nos faz: “Lançai a rede…” (v. 6). Este mandato de Jesus foi docilmente acolhido pelos santos que no mundo foram anunciadores da Ressurreição do Senhor e deram um testemunho válido de vida, mediante sinais do perdão e do amor fraterno, que é o testemunho mais próximo que nós também podemos dar, de que Jesus está vivo e ressuscitou para estar conosco.  Assim seja.

PARA REFLETIR


A liturgia, neste santo tempo pascal, concentra nossa atenção naquele que por nós morreu e ressuscitou; na glória que ele agora possui, como Senhor do céu e da terra: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor. Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre!” Estejamos atentos, porém: afirmar a glória de Cristo, não é algo de folclórico ou triunfalístico, mas é uma proclamação convicta e clara do seu senhorio sobre nós, sobre nossa pobre vida, sobre a vida da Igreja, sobre o mundo e sobre toda a história. A Igreja e cada cristão vivem desta certeza: Jesus ressuscitou dos mortos, é o Vivente, é o Senhor; nós existimos nele e para ele; ele é o referencial último absoluto de nossa existência!

É este Jesus vitorioso, que vem ao encontro dos seus às margens do Mar da Galiléia; é este Senhor nosso que os apóstolos experimentam no evangelho de hoje. Cada detalhe deste texto de João é cheio de significado. Vejamos: os apóstolos pescam e nada conseguem apanhar… A pescaria é imagem da ação missionária da Igreja. Sem Jesus, estamos sozinhos, sem Jesus a pescaria é estéril, as tentativas são vãs… Sem Jesus, pescamos na noite escura.. Mas, pela manhã, Jesus vem ao encontro dos seus. Notemos que os discípulos não conseguem reconhecer o Senhor ressuscitado. Somente quando Cristo se dá a conhecer é que os seus conseguem compreender e experimentar sua presença viva e atuante. E Jesus dá-se a conhecer sempre na Palavra e no Pão partido, na refeição em comum, isto é, na Celebração Eucarística. É aqui, é agora, nesta Eucaristia sagrada, que o Senhor nos fala e parte o Pão conosco. Toda Celebração eucarística é celebração pascal, é encontro com o ressuscitado! Como seria bom que, a cada Domingo, revivêssemos esta experiência, esta certeza da presença do Senhor vivo entre nós!

Os discípulos ainda não haviam reconhecido Jesus. Este lhes ordenou: “Lançai a rede!” Eles lançaram-na e já “não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes”. Notem: o Discípulo Amado, diante do sinal, reconhece o Ressuscitado: “É o Senhor!” Mas, é Simão Pedro – sempre ele, o chefe do grupo, o chefe da Comunidade dos discípulos, o que comanda a pescaria – faz-se ao mar, para encontrar Jesus. Jesus ordena que arrastem a rede para a terra. Notemos: o barco é um só, como uma só é a Igreja de Cristo; também a rede é uma só, como única é a obra da evangelização; e quem comanda a pescaria é Pedro, sob a ordem de Jesus! E a rede não se rompe, apesar de cheia de 150 peixes grandes. O número é exagerado, significando a plenitude da obra evangelizadora. E, então, Jesus repete, diante dos discípulos, os gestos da Eucaristia: “tomou o pão e distribuiu entre eles”.

Depois, três vezes, o Ressuscitado pergunta a Pedro – e pergunta aos sucessores de Pedro, os Bispos de Roma, pergunta a João Paulo II: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro responde que sim, e abandona-se no Senhor: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo!” Senhor, antes coloquei minha confiança em minhas próprias forças, em meu próprio amor e terminei te traindo… Tu disseste que oravas por mim para que minha fé não desfalecesse, mas fui presunçoso, e contei mais com minhas forças que com tua oração… Mas, agora, te digo: “Tu sabes tudo; tu sabes que te amo”, apesar de minha fraqueza! É naquilo que tu sabes, que tu podes, que tu em mim realizas que te digo: te amo! – E três vezes, Jesus o incumbe, diante dos outros, de uma missão toda particular: “Apascenta as minhas ovelhas!” Que ninguém duvide – a menos que deseje fazer pouco da vontade do Senhor nosso – que Pedro é o primeiro pastor do rebanho de Cristo. O rebanho é de Cristo, o Bom Pastor, e Cristo o confiou a Pedro! Quem não está em comunhão com o Sucessor de Pedro, certamente, age de modo contrário ao que Cristo desejou para a sua Igreja e para seus discípulos. Pouco adianta uma Bíblia debaixo do braço, se contrariando a Palavra de Deus, se nega a presença real do Cristo na Eucaristia (cf. Jo 6,53-57), o papel materno de Maria Virgem junto a cada discípulo amado do Senhor (cf. Jo 19,25-27), a indissolubilidade do matrimônio (cf. Mc 10,1-12) , a sucessão apostólica e o papel de Pedro e seus sucessores na Igreja de Cristo (cf. Mt 16,13-20)! Estejamos atentos: não é a Pedro super-homem que o Senhor confia a sua Igreja; mas a Pedro frágil, a Pedro que o negou, a Pedro humilhado… a Pedro que pode servir até de pedra de tropeço (cf. Mt 16,23). Pedro é a pedra da Igreja, mas a Rocha inabalável é somente Cristo! E Cristo o convida a segui-lo até o martírio, até levantar as mãos na cruz…

Assim foi com Pedro, assim com os discípulos, assim, agora, conosco… Não tenhamos medo! É possível que muitas vezes nos sintamos sozinhos, desamparados, pescando numa pescaria estéril de noite escura… Coragem: o Senhor está conosco: é ele quem nos manda à pesca, é ele quem pode encher nossas redes e dá-lhes consistência para que não se rompam, é ele quem nos revela sua presença e nos enche de coragem! Recordemos dos nossos primórdios, da coragem dos santos apóstolos que se sentiam “contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus”. É que eles sabiam por experiência que o Senhor estava vivo, que o Senhor caminhava com eles. Também nós, hoje, podemos escutá-lo nas Escrituras e reconhecê-lo entre nós no Pão partido da Eucaristia. É este Jesus que nos envia à pesca, é este Jesus que caminhará sempre com sua Igreja, nossa Mãe católica, até o fim dos tempos!

A ele a glória e o louvor, a adoração, a riqueza e a sabedoria, a força e a honra para sempre. Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário