domingo, 17 de abril de 2016

Rezemos pelo nosso Brasil!

 
É com o espírito carregado de graves apreensões que venho considerando os mais recentes acontecimentos de nossa vida pública. As instituições são desrespeitadas, a insegurança jurídica aumenta, a faculdade de opinar vai sendo ameaçada, insuflam-se conflitos entre brasileiros, sobre as forças dinâmicas da Nação se abatem legislações cada vez mais sufocantes e até nossa diplomacia – outrora reconhecida por seu equilíbrio e subtileza – é vilipendiada.
Aumenta, dia a dia, em considerável parte de nossa população – afável, ordeira e laboriosa – o sentimento de inconformidade e rejeição ante os crescentes desmandos de algumas de nossas mais altas autoridades, obstinadamente comprometidas com metas ideológicas avessas ao sentir da alma cristã de nosso povo.

Queremos, hoje, convidar você a orar pela nossa pátria, pelo nosso Brasil. Nós brasileiros somos, muitas vezes, tentados a desanimar diante de tantas circunstâncias e momentos difíceis pelos quais passamos como crise econômica, crise política, crise de valores… Mas não podemos desistir da nossa pátria, não podemos deixar de construí-la, ainda que nossa pátria definitiva seja o céu.

A Pátria representa o conjunto daquilo que nos une e irmana nesta família grande e muito diversificada, chamada Brasil, onde vivemos nossas relações sociais, nossa cultura e as responsabilidades comuns. Na Pátria, somos parte de um povo, com laços profundos, e somos chamados a expressar nossa solidariedade de maneira concreta. Não se deve confundir Pátria com governantes: estes são representativos e transitórios; aquela permanece e é servida pelos Governos.

São Paulo já recomendava a Timóteo que se fizessem “súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todas as pessoas, pelos reis e pelas autoridades em geral”, para que todos pudessem ter uma vida calma e tranquila (cf. 1Tm 2,1-2). Em diversas outras passagens do Novo Testamento recomenda-se rezar pelos governantes. E não era apenas pelos governantes bons e honestos; não devemos esquecer que, nos tempos apostólicos, já havia corrupção e imoralidade entre os governantes; e já havia governantes que perseguiam e martirizavam os cristãos.

Pode parecer estranho que rezemos pelos governantes, mesmo suspeitando que alguns deles possam ser maus, desonestos e corruptos… Entretanto, não rezamos apenas pelos governantes bons, mas também, e mais ainda, por aqueles que não parecem bons, para que se convertam e se tornem bons. É necessário pedir que Deus mova as mentes e os corações dos governantes, para que governem com sabedoria, retidão e justiça e para que assegurem aos governados a dignidade, a liberdade, a justiça e a paz.

Devemos rezar pelos governantes que atuam nos três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário; e nas três esferas do Estado Brasileiro: Municípios, Estados e União. Nossa oração pelos legisladores é para que façam leis justas e sábias, mediante as quais o bem comum seja assegurado de maneira equitativa para todos os cidadãos; pelos governantes do Executivo, que executam as leis e administram o País, para que governem com prudência e honestidade; pelos governantes, que devem interpretar as leis e administrar a Justiça, para que sejam sábios e justos, tenham o reto discernimento e não se deixem corromper. É necessário rezar pelos bons governantes, para que perseverem no bem; e, mais ainda, pelos maus governantes, para que se convertam e cumpram retamente seus deveres.

Jesus ensina, sobretudo, que governados e governantes devem lembrar sempre que “soli Deo gloria” – somente a Deus são devidas adoração e glória. A Deus, juiz supremo, todos devem prestar contas.
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Palavras de Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, de Dom Odilo Pedro Scherer e do Padre Roger Araújo.

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