quarta-feira, 24 de julho de 2013

Homilia de Abertura da Jornada Mundial da Juventude


XXVIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
23-28 DE JULHO DE 2013
MISSA DE ABERTURA
Praia de Copacabana
Terça-feira, 23 de Julho de 2013


Queridos jovens!
Distintas autoridades eclesiásticas, civis e militares!
Todas nomeadas pelo protocolo inicial.
Amado Povo de Deus!

Estamos iniciando a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013! Sejam todos bem-vindos! Essa cidade maravilhosa tornou-se ainda mais bela com a presença de vocês! Uma grande alegria nos invade: vocês estão aqui! Vieram de todos os lugares da Terra! Durante estes dias, aqui será a casa de todos vocês! Vocês estão fazendo parte de nossa família nesse belo e importante momento da história!

A todos que chegam cansados pela demora da viagem ou de caminhada: este tempo é de estar com o Senhor Jesus Cristo para viver como seu discípulo. Essa nossa experiência terá como consequência o entusiasmo missionário! Ir e fazer discípulos!
 
Esta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro acolheu com grande responsabilidade a escolha feita pelo Papa Bento XVI, hoje emérito, anunciada ao final da Missa em Madri em Agosto de 2011. Agradecemos a ele pela escolha e pelas orientações, pelo tema da JMJ e incentivo. Sabemos que ele nos segue com a oração e acompanha-nos pelos meios de comunicação. A ele nossa saudação afetuosa.

No entanto, providencialmente, esta Jornada estava destinada a ser uma Jornada que, pela segunda vez, ao retornar à América Latina depois de 26 anos, pudesse ser o lugar de acolhida da primeira viagem apostólica do primeiro Papa latino-americano da história, o Papa Francisco, que veio para presidir este belo e importante momento da vida da Igreja nessas terras de São Sebastião. Nós já o acolhemos na segunda-feira pelas ruas desta cidade e com muita alegria, oficialmente, o acolheremos solenemente aqui, nesse mesmo local, na próxima quinta-feira. O primeiro Papa latino-americano da história pisou como Sumo Pontífice o solo da América Latina neste Santuário Mundial da Juventude em que se transformou esta cidade nestes dias.

Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, viva e jovem. Todos os caminhos para cá nos conduzem. Vocês vieram de diferentes partes do mundo para juntos partilharmos a fé e a alegria do discipulado. Essa felicidade nos fortalece e nos convida a ir ao encontro dos demais jovens, a fazer-nos missionários em todas as nações. O melhor presente a darmos às outras pessoas é a presença de Cristo, que nos preenche e nos impulsiona a amar e a nos doar, sempre no diálogo fraterno.

Aqui chegamos, também, depois de quase dois anos de peregrinação dos símbolos da JMJ pelo nosso país: a cruz da juventude e o ícone de Nossa Senhora que agora estarão presentes em nossos atos centrais. Quando esses símbolos nos foram entregues em Madri, na Espanha, em Agosto de 2011, a comoção tomou conta da juventude do nosso país que, com entusiasmo, acolheu-os em suas comunidades durante esse tempo.

Temos conosco, espalhadas pela cidade, muitas relíquias dos santos patronos e intercessores da JMJ, recordando que em todas as épocas e locais do mundo temos jovens que se santificaram. Estão conosco, também, parentes dessas pessoas que são exemplo de vida cristã e que rezam conosco pela juventude hodierna.

O entusiasmo juvenil por todos os cantos demonstram o rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho de uma vida autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho.

Somos chamados a ser protagonistas de um mundo novo. Tenho certeza de que vocês farão isso em suas cidades e seus países. O mundo necessita de jovens como vocês!

Acabamos de ouvir o Evangelho no qual Jesus chama Mateus para o discipulado. E, ao chamá-lo, anuncia que Ele veio justamente para que os pecadores experimentem a misericórdia. Veio para nós que estamos entre os povos chamados à obediência da fé, conforme nos fala Paulo na carta aos Romanos. “Recebemos a graça da vocação para o Apostolado, nós que fomos chamados a ser discípulos de Jesus Cristo, amados de Deus e santos por vocação.

A primeira leitura, juntamente com o salmo, nos indica que a nossa resposta deve ser de prontidão, – dizendo: Eis-me aqui! Aqui estou! Fala que teu servo escuta! Pois viemos para fazer, com prazer, a vontade do Senhor (Sl 39/40).

É esta expressão bíblica que gostaríamos que estivesse nos lábios e corações de vocês hoje e sempre: Eis-nos aqui, Senhor! A exemplo de Mateus, também estamos prontos para as consequências do SIM a Deus, cheias de desafios e alegrias.

Foi a chamada d’Ele que nos uniu nesse cenário maravilhoso da praia que recebe este nome por causa da inicial devoção a Nossa Senhora de Copacabana, sob o Cristo Redentor com Seu abraço acolhedor. Este mar, a areia, a praia e a multidão fazem lembrar a vocação dos outros discípulos, além de Mateus. Esse cenário nos remete aos barcos deixados na praia por aqueles que foram chamados por Jesus para segui-lo. Hoje, também nós somos chamados para seguir a Cristo Ressuscitado.

O Mestre Jesus nos convida para um mergulho em águas profundas, as águas do nosso batismo. E este bonito encontro internacional está justamente no coração do Ano da fé, tempo propício para renovar nossos compromissos assumidos na comunidade cristã. Somos chamados a viver profundamente a fé nesse tempo plural e de tantos questionamentos, nessa mudança de época, mas com o entusiasmo e a coerência de quem se deixa conduzir pela ação do Espírito Santo.

Refletindo sobre a resposta de Mateus a Jesus, ouvimos que, quando nos levantamos para responder positivamente ao Mestre, Ele vem cear em nossa casa e transforma nossa vida. Para Samuel, na primeira leitura, o chamado parecia um sonho, mas com a ajuda de um companheiro ele conseguiu discernir que a voz era de Deus, era real. O caminho missionário exige discernimento, utopia, sonho, mas também do auxílio de alguém ao nosso lado que nos ajude a reconhecer a voz de Deus. Como Paulo, somos servos de Cristo, apóstolos por vocação e escolhidos para o evangelho de Deus!

Queridos jovens, nossa Arquidiocese sentiu-se chamada por Deus para acolher vocês. Todos nós respondemos assim como Samuel, Paulo e Mateus: Eis-nos aqui! Aqui estamos! Nossas paróquias, famílias, escolas, pastorais, associações, movimentos, grupos de serviços. As nossas casas são as casas de vocês! Existe uma revolução de amor neste momento: o outro é Cristo para nós! O outro é nosso irmão! Que isso ressoe pelo mundo! Somos chamados a viver construindo um mundo de irmãos! Queremos que todos e cada um se sintam acolhidos no abraço de Cristo, que chama a todos para estarem com Ele na construção do Reino de Deus. Vamos juntos?

Cristo nos convida: venham, meus amigos! Vamos com Ele nas pegadas do sucessor de Pedro, do Vigário do Redentor peregrinar por este Rio, semeando fraternidade por onde passarmos. Que possamos ser arautos da paz e da concórdia, conclamando o mundo a viver a santidade que brota do Redentor do Homem.

E, ao redor do Mestre, junto com outros jovens discípulos vindos de todos os recantos dessa Terra, diremos “Senhor, como é bom estarmos aqui” (Mt 17,4).

Andem por esta cidade, testemunhem Jesus Cristo, comprometam-se com o mundo novo, contagiem a todos com a alegria e a paz de Cristo, como sentinelas da manhã, trabalhando na renovação do mundo à luz do plano de Deus.

Vivemos este tempo forte de peregrinação porque Jesus Cristo está vivo no meio de nós, nos dá o seu Espírito Santo, e nós somos chamados a viver esta realidade e transmiti-la aos outros de modo acessível e compreensível. Jesus Cristo é sempre atual, sobretudo para os jovens que buscam a verdade, a justiça e a paz – e só podem encontrá-las em Jesus Cristo.

Vocês, queridos jovens, são o presente esperançoso de uma sociedade que espera que sua crise de valores tenha uma solução. São chamados a formar uma nova geração que vive a fé e a transmite para a geração seguinte. Somos convidados a uma experiência de fé e dela sair revigorados! A participação na comunidade com entusiasmo será a oportunidade de, convivendo com os demais irmãos e irmãs, testemunharem que outro mundo é possível! O primeiro peregrino, que já está entre nós, o Santo Padre, o Papa Francisco, se colocou conosco nesta caminhada e nos indicará caminhos durante estes dias. Queridos jovens: não tenham medo de abrir os seus corações para Cristo!

Temos muitas barreiras e injustiças para superar. Vamos construir pontes ao invés de muros e obstáculos. O mundo todo, através de vocês, presente nessa cidade precisa testemunhar a solidariedade, a partilha e a acolhida do amor de Cristo Redentor. É tempo é de despertar confiança e esperança que se transformem em atitudes para um amanhã de luz.

Maria, de tantos nomes e invocações, e aqui no Brasil invocada com o título de Nossa Senhora Aparecida como padroeira principal, mas aqui no RJ como Nossa Senhora da Penha e no Norte Nossa Senhora de Nazaré, foi e continua sendo a companheira e mãe de todos os jovens. A ela confiamos cada um de vocês para que, acolhendo o Cristo que ela nos apresenta, caminhem pelo mundo como discípulos missionários da nova evangelização, sendo protagonistas de um mundo novo, como sentinelas da manhã despertando a esperança de um novo amanhecer: Cristo Ressuscitou e vai à nossa frente! O Espírito Santo nos iluminará em nossa vida e nos dará as luzes para que compreendamos a nossa missão de como conduzir as pessoas ao Pai.


Hoje, ao iniciarmos a Jornada, o Cristo Redentor nos diz “Venham, meus amigos!” Durante a Jornada, aprenderemos a dizer “Fala, Senhor, que teu servo escuta”! E ouviremos cada vez mais o Senhor a nos dizer: “Sejam missionários”. “Ide e fazei discípulos entre as nações”! E todos nós responderemos: “Eis-nos aqui, Senhor, envia-nos!”


Dom Orani João Tempesta 
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

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