quinta-feira, 25 de julho de 2013

Francisco é sucessor de São Pedro, não de Judas

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias
que Francisco seria "o Papa da ruptura".
Nunca ele esteve tão enganado. 

Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores. Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro, dado pelo próprio Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.

Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia cativantes.

No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o "casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da agenda progressista.

Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo. A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos unânimes dos legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe incomoda.

Em discurso aos jovens argentinos hoje, o Papa Francisco recordou que a fé "no se licua". O dicionário não ajuda a explicar metáforas, mas "licuar" significa bater no liquidificador, desintegrar algo que é sólido em líquido. É o que se faz quando se tenta transformar a fé em uma substância palatável ou meramente agradável aos ouvidos. Contra esta tentativa de se reduzir a verdadeira fé a uma fábula, o Papa Paulo VI dizia: "Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas". Aquilo que o Espírito Santo ditou para a Igreja há dois mil anos também vale para hoje, também se encaixa em nosso tempo! A verdade de Cristo não muda, permanece sempre una. E indivisível.

Não é a primeira vez que Francisco declara a importância de se conservar a integridade da fé da Igreja. Certa vez, durante um diálogo, transcrito e publicado antes de ser eleito Papa, Bergoglio foi taxativo:

"Para mim também a essência do que se conserva está no testemunho dos pais. Em nosso caso, o dos apóstolos. Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. (...) Certas coisas são opináveis, mas – repito – a herança não se negocia. O conteúdo de uma fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia".

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que este seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado. Francisco pode ter um estilo bem diferente e um comportamento bem peculiar, mas ao essencial – é ele mesmo quem o diz – não dá para renunciar. Afinal, Francisco é sucessor de São Pedro, e não de Judas.

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1.       Referência: FRANCISCO, Papa. Sobre o céu e a terra. 1. ed. São Paulo: Paralela, 2013.

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