domingo, 29 de outubro de 2017

Homilética: Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - Ano A: "Cristo é Rei mas bem diferente dos nossos reis e chefes de estado".


A Igreja Católica celebra hoje (34º Domingo do Tempo Comum) com grande júbilo a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, com a qual fechamos o ano litúrgico. Deste modo, a liturgia comemora cada ano o mistério completo da Redenção do gênero humano, desde a espera da vinda do Salvador, ou seja, o Advento, até a celebração do Reinado universal e eterno de Jesus Cristo. Festa instituída pelo papa Pio XI em 1925.  “Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat”. Lá estão os louvores escritos com bronze triunfal no obelisco de Heliópolis, fincado na Praça de são Pedro.

As leituras deste domingo falam-nos do Reino de Deus (esse Reino de que Jesus é rei). Apresentam-no como uma realidade que Jesus semeou, que os discípulos são chamados a edificar na história (através do amor) e que terá o seu tempo definitivo no mundo que há de vir.

A primeira leitura utiliza a imagem do Bom Pastor para apresentar Deus e para definir a sua relação com os homens. A imagem sublinha, por um lado, a autoridade de Deus e o seu papel na condução do seu Povo pelos caminhos da história; e sublinha, por outro lado, a preocupação, o carinho, o cuidado, o amor de Deus pelo seu Povo.

O Evangelho apresenta-nos, num quadro dramático, o “rei” Jesus a interpelar os seus discípulo acerca do amor que partilharam com os irmãos, sobretudo com os pobres, os débeis, os desprotegidos. A questão é esta: o egoísmo, o fechamento em si próprio, a indiferença para com o irmão que sofre, não têm lugar no Reino de Deus. Quem insistir em conduzir a sua vida por esses critérios ficará à margem do Reino.

Na segunda leitura, Paulo lembra aos cristãos que o fim último da caminhada do crente é a participação nesse “Reino de Deus” de vida plena, para o qual Cristo nos conduz. Nesse Reino definitivo, Deus manifestar-Se-á em tudo e atuará como Senhor de todas as coisas (vers. 28).
 

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, desde o ano 1925, a Igreja não identifica nunca o poder real de Cristo com um poder temporal. Aquilo que o Senhor Jesus disse a Pilatos é uma sentencia a ter em conta à hora de considerar a festa de hoje: “o meu reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). O Papa que instituiu a festa de Cristo Rei, Pio XI, também deixava isso bem claro ao afirmar que a realeza de Cristo “é principalmente interna e respeita sobretudo a ordem espiritual” (Carta Encíclica “Quas Primas”, 11-12-1925, nº 12). Contudo, um reinado espiritual não exclui a potestade judiciária, legislativa e executiva do Rei Jesus. Todas as coisas, também as temporais, lhe estão submissas. Segue-se, portanto, que a legitima autonomia das realidades criadas não significa independência dessas mesmas coisas com respeito ao seu Criador, mas que a realidade criada tem leis ínsitas ao seu mesmo ser e que devem ser respeitadas. Estas leis naturais têm a Deus por autor e mostram que tudo lhe está submisso.

É um erro gravíssimo tentar retirar a Deus da sociedade dos homens, pois um mundo sem Deus não é habitável, se estraga e se condena. Não nos esqueçamos de que teremos que prestar contas a Deus da administração que fizemos dos bens que ele nos deu para que os trabalhássemos e os colocássemos a serviço dos outros. Justamente isso é o que nos fala o Evangelho de hoje: dar de comer, dar de beber, praticar a hospitalidade, visitar os enfermos, entre outras obras de misericórdia, tudo isso é uma clara manifestação de que estamos fazendo frutificar os dons que Deus nos concedeu e, consequentemente, de que estamos fazendo efetivo o reinado de Cristo neste mundo.

Tudo é de Deus. Mas ele quis que nós fôssemos seus administradores. Façamos a nossa tarefa, qualquer que seja, com competência, profissionalidade, amor a Deus e para o bem dos irmãos, oferecendo-lhe tudo o que somos e temos. Desta maneira não será difícil fazer que Cristo reine nas nossas inteligências, nas nossas vontades, nas nossas ações, em primeiro lugar; depois, Cristo reinará, através de nós, no nosso trabalho, na nossa família, entre os nossos amigos e conhecidos. Neste sentido, o apostolado é uma clara manifestação de que realmente desejamos que Cristo reine: quem ama a Deus sempre está a procura de que alguém também o ame.

Através de nós, Jesus tem que reinar no Brasil e no mundo, mas, repito, tem que começar em nós. Por exemplo, se queremos que ele reine no nosso trabalho é só começarmos o labor profissional com uma pequena oração feita no coração; depois, teremos que trabalhar bem, com a máxima perfeição humana e cristã; cada momento que nos lembrarmos, ofereceremos a Deus tudo o que está ao nosso redor; finalmente, terminaremos depositando o esforço e o suor da jornada nas mãos do Todo-Poderoso: do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

Textos: Ez 34, 11- 12.15-17; 1 Co 15, 20-26.28; Mt 25, 31-46

Caros irmãos e irmãs,

Celebramos neste domingo a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, instituída pelo Papa Pio XI no Ano Santo de 1925, para recordar o XVI centenário da profissão de fé elaborada pelo Concílio de Nicéia. Este mesmo Concílio proclamou que Jesus é “Filho unigênito do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai.  Por ele todas as coisas foram  feitas…”.  Naquela ocasião, o Papa marcou a solenidade para o domingo antes da festa de Todos os Santos, para certificar que Jesus Cristo, rei e centro de todo o universo, é o centro e o coroamento da multidão dos santos.  Na reforma litúrgica feita em decorrência do Concílio Vaticano II, a festa foi remanejada para o último domingo do ano litúrgico, ainda com o sentido de glorioso coroamento.  Nesse contexto, o início e o fim do ano litúrgico se entrelaçam de modo profundamente teológico: começamos o ano litúrgico preparando os nossos corações para acolher o “Menino” que, na verdade, é “Rei”; terminamos o mesmo ano litúrgico celebrando a realeza do Ressuscitado e esperando a sua segunda vinda como “Rei dos séculos”. Do início ao fim do ano litúrgico é, na verdade, a realeza do Senhor Jesus que nos é recordada.

O texto do evangelho nos apresenta Jesus como o Filho do Homem, um título Messiânico, tendo como referência o Livro do profeta Daniel (cf. Dn 7,13-14). O Filho do Homem é identificado como o enviado de Deus para ser o Salvador do mundo, vindo na condição humana. Os judeus daquela época eram bem familiarizados com o termo e a quem se referia.  E Jesus é o único a quem foi dado o poder, a glória e o reino. Quando Jesus usa esse termo, ele está se referindo a si mesmo e se identificando como o próprio Messias.

O início do evangelho (v. 31-33) nos mostra Jesus, como o Filho do Homem, sentado no seu trono, a separar as pessoas umas das outras “como o pastor separa as ovelhas dos cabritos”. Esse separar lembra o modo de agir do pastor palestinense que, ao cair da noite, costumava separar as ovelhas dos cabritos. Esse cuidado do pastor era necessário, já que, durante as noites frias da Palestina, os cabritos precisavam de mais calor do que as ovelhas e, por isso, o pastor os coloca no lugar mais aquecido do curral. Aqui as ovelhas representam os justos e são colocadas do lado direito, os cabritos do lado esquerdo, representando os condenados. O motivo dessa divisão é, certamente, porque para o redator, as ovelhas são consideradas como os animais mais valiosos. O tema das ovelhas e os cabritos é, provavelmente, uma reminiscência do livro do profeta Ezequiel (Ez 34,11-12.15-17), tema da primeira leitura.

O momento da morte, hora do julgamento, é então comparado ao declinar do dia.  Jesus virá em pessoa, revestido de sua dignidade real e como Senhor da história e Juiz do mundo.  O texto apresenta em seguida dois diálogos. Um, entre o rei e as ovelhas que estão à sua direita (v. 34-40); outro, entre o rei e os cabritos que estão à sua esquerda (v. 41-46). No primeiro diálogo, o rei acolhe as ovelhas e convida-as a tomar posse da herança do Reino; no segundo diálogo, o rei afasta os cabritos e os impede de tomar posse da herança do Reino. Por quê? Qual é o critério que o rei utiliza para acolher uns e rejeitar outros?

O acento de Jesus é colocado sobre o homem em suas necessidades.  Observa-se a identificação do juiz com os necessitados: Tive fome…, tive sede…, era peregrino…, estava nu…, adoeci…, estive na prisão…” (v. 35-36). Diante da pergunta admirada dos justos: “Quando te vimos com fome…?” (v. 37), o rei responde-lhes em uma afirmação solene: “Em verdade vos digo: sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos a mim o fizestes” (v. 40).  A fundamentação da condenação é construída justamente pelo fato de os condenados deixarem de realizar as obras que caracterizavam os eleitos.  A mensagem é esta: Todo aquele que se fechar em si mesmo e se omitir de socorrer e servir o seu irmão necessitado age contra a vontade de Jesus. E o próprio Filho de Deus, tornou-se homem e se fez servo dos mais pequeninos dos seus irmãos.  Para ele, reinar é servir! E o que ele nos pede é que possamos segui-lo por este caminho: servir, estar atento ao clamor dos necessitados.

Esta passagem do evangelho quer nos mostrar que ninguém pode negligenciar o amor aos irmãos, não podemos ser indiferentes ao sofrimento dos desprotegidos. Um dos pormenores mais sugestivos é a identificação de Cristo com os famintos, os abandonados, os pequenos: todos eles são membros de Cristo e não os amar é não amar Cristo.  A mensagem é esta: o egoísmo e a indiferença para com o irmão não têm lugar no Reino de Deus.  E o mais terrível é a pena que está incluída nas palavras de Jesus: “Afastai-vos de mim”.  Por isso, tenhamos sempre consciência de que tudo que fizermos ao nosso próximo, imagem de Deus, aparecerá no último dia.  Pelo bem praticado, será grande a nossa recompensa: estar com Deus. Em última análise, é esse o critério que irá decidir a nossa entrada ou a nossa exclusão no Reino de Deus.

Pode-se observar o laço indissolúvel que Jesus estabelece entre a fé e o amor aos mais indefesos e desprotegidos.  Mesmo os “benditos” do Pai, chamados a receber o Reino, ficam espantados, porque fizeram o bem, sem saber a quem. Eles descobrirão, finalmente, na luz de Deus, o rosto de Cristo, que se escondia no mais pobre, no desfigurado e desconhecido, naquele que encontraram pelo caminho.   Para o cristão, a prática das obras de misericórdia, deriva, antes de mais, da sua relação autêntica com Jesus!

Mas podemos perguntar por que o Senhor Jesus se baseará no bem feito ao próximo? E por que justamente aos famintos, aos nus, aos estrangeiros, aos sedentos, aos doentes e aos prisioneiros? Certamente porque estas categorias resumem o que nós somos e o que Cristo fez por nós. Cada um de nós é um faminto, um nu, um estrangeiro, um doente e um prisioneiro.  Somos famintos e sedentos de justiça, nus em virtude do pecado, estrangeiros nesse mundo, doentes e prisioneiros das nossas paixões. Mas Cristo nos visita e cuida de todas essas necessidades. Nós, se queremos entrar na vida eterna, devemos nos tornar semelhantes ao Cristo, e isto se dá de forma sublime quando servimos ao próximo como ele mesmo nos serve, pois também ele veio “para servir e não para ser servido” (Mt 20,28).

Na vida de São Francisco de Assis há um episódio muito expressivo.  Na fase da sua conversão, ele se encontrou com um leproso no campo.  Depois de vencer o receio, desce do cavalo, dá a esmola pedida e beija o doente.  E ao sair, volta o seu olhar para o leproso para despedir-se, mas não vê mais ninguém, porque o leproso era o próprio Cristo que fora ao seu encontro.  É Cristo que se identifica com os mais pobres e necessitados.  Não há conversão verdadeira, isto é, não seremos verdadeiros discípulos de Cristo e “benditos do Pai” (v. 34), se não tivermos o coração e as mãos abertas para os necessitados.

Fazer o bem ao irmão é fazer o bem a Cristo. O irmão é uma graça de Deus, que nos abre a porta do Céu, pois fazemos o bem a nós mesmos, quando realizamos algo em prol do outro. Em outras palavras, a salvação vem pelo nosso próximo. Cada doente, cada necessitado, merece o nosso respeito e o nosso amor, porque, através deles, Deus nos indica o caminho para o céu.  E o bem feito ao nosso próximo será como o bem feito ao próprio Cristo.

Por isto, podemos dizer que a realeza de Cristo está na linha do serviço. É preciso colocar em prática o mandamento novo do amor. E o amor ao irmão é, portanto, uma condição essencial para fazer parte do Reino. Devemos estar conscientes de que o Reino de Deus está no meio de nós; a nossa missão é fazer com que ele seja uma realidade viva e presente no nosso mundo.

Tenhamos consciência que a meta final da nossa caminhada é o Reino de Deus, uma realidade de vida plena e definitiva. E podemos perguntar:  Como é que aí chegamos? É São Paulo que nos responde na segunda leitura: “Identificando-nos com Cristo”.  No dia do juízo final possamos todos nós ouvir este convite de Jesus: “Vinde, benditos de Meu Pai, recebei em herança o Reino que para vós está preparado desde a criação do mundo… ” (Mt 25, 34.36).

Peçamos a Virgem Maria que nos ajude a seguir Jesus, nosso Rei, como ela fez, e a dar testemunho dele com toda a nossa existência e nos conceda acolhê-lo como Senhor da nossa vida, para cooperar fielmente no advento do seu Reino de amor, de solidariedade e de paz.  Assim seja.

PARA REFLETIR

Neste último Domingo do Ano Litúrgico, a Igreja nos apresenta Jesus Cristo como Rei do universo. O Evangelho no-lo mostra cercado de anjos, sentado num trono de glória para o julgamento final da história e da humanidade. Ele é Rei-Juiz, é o critério da verdade e da mentira, do bem e do mal, da vida e da morte. Por mais que a humanidade queira fazer a verdade do seu modo, por mais que distorça o bem em mal e o mal em bem e procure a vida onde não há vida verdadeira, vida plena, uma coisa é certa: somente em Jesus Cristo tudo aparecerá, um dia, na sua justa realidade, na sua inapelável verdade. Nós cremos com toda firmeza que a criação toda, a história toda e a vida de cada um de nós caminham para o Cristo e por ele serão passadas a limpo, nele serão julgadas! Ele é Rei-Juiz: ao final “todas as coisas estarão submetidas a ele”. Fora dele não haverá salvação, nem esperança nem vida. Ele é a Vida!

Mas, se Cristo Jesus é nosso Rei-Juiz, isto se deve ao fato de ser primeiramente nosso Rei-Pastor, aquele que dá a vida pelas ovelhas. Ele é “o que foi imolado”, o mesmo que, com ânsia e cuidado, procura suas ovelhas dispersas, toma conta do rebanho, cuida da ovelha doente e vigia e vela em favor da ovelha gorda e forte. Eis o nosso juiz, eis o juiz da humanidade: aquele ferido de amor por nós, aquele que por nós deu a vida, aquele que se fez um de nós, colocando-se no nosso meio!

Atualmente, a nossa civilização ocidental perdeu quase que de modo total a consciência da realeza de Cristo. Dizem hoje, cheios de orgulho, os sábios da sabedoria do mundo: “O homem é rei!” Gritam: “Não queremos que esse Jesus reine sobre nós! Não queremos que nos diga o que fazer, como viver; não aceitamos limites do certo e do errado, do bem e do mal, do moral e do imoral… a não ser os nossos próprios limites. E, para nós, não há limites!” Eis o pecado original, a arrogância fundamental da humanidade atual. Nunca fomos tão prepotentes quanto agora; nunca tão iludidos e enganados como atualmente!

E, no entanto, Cristo é Rei, o único Rei verdadeiro, cujo Reino jamais passará. Mas esse Rei nos escandaliza também a nós, cristãos. É que ele não é um rei mundano, estribado na vã demonstração de poder, de glória, de imposição. Não! Ele é o Rei-Pastor que se fez Rei-Cordeiro manso e humilde imolado por nós. Por isso “é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele o poder pelos séculos”. A grandeza e o poder do Senhor neste mundo não se manifestarão na grandeza, mas nas coisas pequenas, na fragilidade do amor, daquele amor que na cruz apareceu como capaz de entregar a vida pelos irmãos. Gostaríamos de um Cristo-Rei na medida das nossas vãs grandezas… Gostaríamos de uma Igreja forte, aplaudida, elogiada, reverenciada. Mas, não! A Igreja, continuadora na história do mistério salvífico de Cristo, tem de participar do escândalo do seu Senhor, de pobreza do seu Senhor. E, então, neste Cristo-Rei de 2006, vemo-la humilhada e manchada por tantos escândalos. Pobre Mãe católica! Não merecia isso de seus filhos, de seus ministros, de seus pastores! Mas, faz parte das dores do Reino do Senhor! Faz parte do mistério do Reino a pobreza de Cristo, a mansidão de Cristo, a derrota de Cristo na cruz, o silêncio de Cristo, a morte de Cristo. E tudo isso tem que estar presente também na vida da Igreja e na nossa vida! Como nos exorta São Paulo: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos. Fiel é esta palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com ele reinaremos” (2Tm 2,8.11).

Eis, pois, caríssimos no Senhor. Celebremos hoje a Realeza de Cristo, dispondo-nos a participar da sua cruz. Na Igreja, no Reino de Deus, reinar é servir. Sirvamos, com Cristo, como Cristo e por amor de Cristo! No Evangelho desta Solenidade, o critério para participar do Reinado do Senhor Jesus é tê-lo servido nos irmãos: no pobre, no despido, no doente, no prisioneiro, no fraco. Que Reino, o de Cristo! Manifesta-se nas coisas pequenas, nas pequenas sementes, nos pequenos gestos, no amor dado e recebido com pureza cada dia.

Na verdade, segundo os Santos Padres da Igreja, o Reino de Cristo, o Reino que ele entregará ao Pai, somos nós; nós, que fizemos como ele fez, lavando os pés do mundo e servindo ao mundo a única coisa que realmente compensa: a amor de Cristo, a verdade de Cristo, o Evangelho de Cristo, o exemplo de Cristo, a salvação de Cristo, a vida de Cristo… para que o mundo participe eternamente do Reino de Cristo!

Caríssimos no Senhor, despojemo-nos de todo pensamento mundano sobre reis, reinos e coroas. Fixemos nosso olhar no trono da cruz, naquele que ali se encontra despido e coroado de espinhos. Aprendamos com admiração, estupor e gratidão que nossa mais gloriosa herança neste mundo é participar do seu reinado, levando a humanidade a descobrir quão diferentes dos nossos são os critérios de Deus. Quando aprendermos isso, quando a humanidade aprender isso, o Reino entrará no mundo e o mundo entrará no Reino, Reino de Cristo,“Reino de verdade e de vida, Reino de santidade e de graça, Reino da justiça, do amor e da paz”.

Domine, adveniat Regnum tuum! – Senhor, venha o teu Reino! Amém. 

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