segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Até quando lutar pelo amor?


Há certas coisas que me fascinam. Geralmente coisas que a razão não explica, posto que o terreno onde quem impera é o coração. E o coração, esse músculo que doma todas as nossas emoções e nos faz agir por vezes impensadamente, é quem realmente faz a vida valer a pena.

Por mais temerário que possa parecer seguir o coração, eu estou certo de que esse é sempre o melhor caminho a fazer, pois por mais que se ande em campo minado por algumas vezes, não há nada comparado com o que pode germinar na vida daquele que escuta o coração, por mais teimoso que seja.

Uma das coisas que só é proporcionada pelo coração é amar alguém. Pode parecer banal para algumas pessoas, que nunca se detiveram a pensar nisso, mas é algo que me fascina. Ora, dentre bilhões de pessoas, o que faz com que você ame apenas uma? Com tantas outras oportunidades e variedades, o que faz você desejar uma só pessoa a ponto de projetar toda a sua vida ao seu lado? Você já pensou nisso?

Você pode conhecer inúmeras pessoas interessantes, bonitas e atraentes, mas só sente tesão e paz ao lado de quem ama, pois assim é o coração, e não há explicação racional para isso. A razão não explica, a ciência não explica. Nem quem sente sabe explicar. Só sabe sentir.
Isso só ocorre quando estamos diante do que chamei há semanas passadas de "amor verdadeiro", o amor de nossas vidas. Nesses casos, o amor não reconhece limites, e supera toda e qualquer barreira ou adversidade, porque sabe que merece ser vivido.

Mas, e quando por alguma razão o relacionamento se desfaz? As pessoas se afastam, e o que era um ninho de afago e carinho é agora um antro de saudade e dor. O que fazer? Muitos dirão a você que o melhor a fazer é esquecer. Tentarão convencê-lo que o sofrimento logo passará, e que você encontrará uma pessoa melhor. Farão isso não por necessariamente acreditarem que isso acontecerá, mas por gostarem de você, e quererem o confortar. São palavras de alento, que buscam uma resignação.

Mas, o que há de perguntar-se é: o momento é mesmo de resignação? O correto a fazer é mesmo fugir da briga, calar a voz? Deve-se mesmo aceitar a perda e tentar esquecer?

Antes de deixar com que o tempo e a distância transformem todo o amor em quase nada, lembre-se de que estou me referindo não a um romance qualquer, mas sim ao grande amor da sua vida. E não olhe para o texto com esse olhar enigmático, pois você sabe sim quando se trata do amor verdadeiro, da única pessoa com a qual você pode ser feliz. A gente sabe identificar quando ocorre,  e você certamente não é exceção. O coração pula, as mãos suam, as pernas ficam bambas, os pêlos se arrepiam, a voz fica trêmula, os passos fraquejam. É como se um trem passasse por cima da gente. E por mais paradoxal que possa parecer, é a melhor sensação dentre todas.

Aqueles que logo desistem argumentam que preferem sofrer a perda de uma vez só que prolongar a dor. Acham que o processo de luta pode abrir ainda mais as feridas, e causar mais sofrimento. Temem se envolver mais a lutar pelo amor de suas vidas, e não conseguir esquecer depois. São pessoas que incorrem num velho mal: a de evitar a briga temendo a derrota.

Preferem deixar de lutar pela sua felicidade por medo de sofrer ainda mais. Não estão dispostas a correr o risco de ferir-se em combate. Não querem mexer em feridas que parecem estar cicatrizando. Optam em deixar tudo como está.

Após uma análise apressada, poderíamos dizer que isso é o melhor a ser feito, pois deixar o tempo agir e as feridas cicatrizarem pode ser menos penoso que empunhar espada e levar o coração para o campo de batalha. Ledo engano. Nem tudo é varrido da história pelo tempo. Os amores verdadeiros são mais fortes e resistem ao tempo e à distância.

O que desistiu pode até pensar por um momento que superou a perda, e que esqueceu o grande amor de sua vida. Mas um dia ele cai em si. Acorda tarde, e percebe que está ao lado de alguém que mal conhece. Faz sexo com alguém, e logo depois se pergunta, arrependido, o que está fazendo ali, com uma pessoa que provoca até um certo asco? Tenta se apaixonar, mas percebe que por mais belo e perfeito que seja seu novo objeto de conquista, em nada se compara ao seu verdadeiro amor.

Assim, se você, por algum motivo, algum mal entendido, tiver perdido o amor de sua vida, lute pela sua felicidade. Não procure em outras pessoas o que elas não podem dar a você. Fazendo isso, você pode acabar machucando mais a si mesmo e a elas. Nem que corra o risco de se ferir ainda mais, seja sincero com os seus sentimentos e fiel ao seu coração. Sangre, mas sangre por amor, e não por orgulho.

Alex Murad*
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*Advogado, presidente da Comissão dos Direitos Sociais da OAB/MA e escritor.

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