domingo, 17 de fevereiro de 2013

A amizade de João Paulo II e Bento XVI



“Desde o início senti uma grande simpatia, e graças a Deus, sem eu merecer, o então Cardeal me doou desde o início a sua amizade. Sou grato pela confiança que depositou em mim mesmo sem eu merecer. Sobretudo, vendo-o rezar, vi e não só compreendi que era um homem de Deus”, contou o Papa Bento XVI em entrevista a uma TV polonesa em 2005, relembrando como nasceu a amizade com o então Cardeal Karol Józef Wojtyła, no conclave de 1978.

Esta era a impressão fundamental de Bento XVI: Wojtyła era um homem que vivia, de fato, em Deus.

“Impressionou-me a cordialidade com a qual se encontrou comigo. Sem muitas palavras nasceu assim uma amizade que vinha propriamente do coração e logo depois de sua eleição o Papa me chamou diversas vezes em Roma para conversas e, por fim, me nomeou Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé”, conta o atual Pontífice.

Para Bento XVI o que mais chama a atenção no pontificado de João Paulo II é o respeito e a admiração conquistados dentro e fora da Igreja Católica. “O Santo Padre, com seus discursos, sua pessoa, sua presença, sua capacidade para convencer, criou uma nova sensibilidade para os valores morais, para a importância da religião no mundo”, destaca.

João Paulo II criou uma nova abertura e sensibilidade para os problemas da religião, para a necessidade da dimensão religiosa na vida do homem, e, para Bento XVI, o Papa polonês, sobretudo, mostrou de novo a importância do Bispo de Roma.

“Todos os cristãos reconheceram — mesmo com as diferenças e mesmo não o reconhecendo como sucessor de Pedro — que ele é o porta-voz do Cristianismo. Nenhum outro no mundo, em nível mundial, pode falar assim em nome da cristandade e dar voz e força, na atualidade do mundo, à realidade cristã”, ressalta Bento XVI.

Mas, mesmo para os não-cristãos e membros de outras religiões, era ele o porta-voz dos grandes valores da humanidade. Segundo Bento XVI, é importante ressaltar que o saudoso Papa conseguiu criar um clima de diálogo entre as grandes religiões, um senso comum de responsabilidade mundial e, para João Paulo II, a violência e as religiões são incompatíveis, todos juntos devemos buscar o caminho da paz.

Amor pela Juventude


“Somente uma personalidade com aquele carisma poderia conseguir que a juventude se entusiasmasse por Cristo e pela Igreja”, disse Bento XVI sobre João Paulo II.

“Antes de tudo, ele soube entusiasmar a juventude para Cristo. Isso é uma coisa nova, se pensamos na juventude de 1968 e dos anos 1970. Somente uma personalidade com aquele carisma poderia conseguir que a juventude se entusiasmasse por Cristo e pela Igreja. Somente ele poderia, de tal modo, conseguir mobilizar a juventude do mundo para a causa de Deus e pelo amor a Cristo”, afirmou Bento XVI.

João Paulo II criou na Igreja um novo amor pela Eucaristia, ressalta o Papa, criou um novo sentido pela grandeza da Divina Misericórdia; e também aprofundou muito o amor por Nossa Senhora e assim levou-nos a uma interiorização da fé e, ao mesmo tempo, a uma maior eficiência.

“Naturalmente, é preciso mencionar, como todos sabemos, também como foi essencial sua contribuição para as grandes mudanças do mundo, em 1989, com a queda do chamado socialismo real”, completa o atual pontífice.

Últimos Encontros


O Santo Padre recorda seus últimos encontros com João Paulo II no Hospital Gemelli, poucos dias antes de sua morte, e conta que o que mais lhe impressionou foi a doação completa do futuro beato à vontade de Deus.

“No primeiro encontro, o Papa sofria visivelmente, mas estava completamente lúcido e muito presente. Eu fui até ali simplesmente para um encontro de trabalho, porque era preciso tomar algumas decisões. O Santo Padre, mesmo sofrendo, seguia com grande atenção aquilo que eu falava. Ele me disse, em poucas palavras, suas decisões, deu-me sua benção, saudou-me em alemão recordando-me sua confiança e amizade”.

Para o então Cardeal Joseph Alois Ratzinger, aquele foi um momento comovente, como se o sofrimento de João Paulo II se unisse ao sofrimento de Deus, como se ele oferecesse o seu sofrimento a Deus e por Deus. Por outra parte, era possível ver como ele resplandecia uma serenidade interior e plena lucidez.

“O segundo encontro foi um dia antes de sua morte: estava obviamente sofrendo, rodeado por médicos e amigos. Ainda muito lúcido, deu-me sua bênção. Não podia falar muito. Para mim, essa paciência no sofrimento foi um grande ensinamento, sobretudo consegui ver e sentir como se estivesse nas mãos de Deus e como se ele se abandonasse à vontade Dele. Apesar das dores visíveis, estava sereno, porque estava nas mãos do Amor Divino”, recorda Bento XVI.
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Fonte: Canção Nova.
Disponível em: Amigos de João Paulo II.

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