quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Igreja na Venezuela responde a calúnias de deputado do governo


A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) rechaçou as ofensas e calúnias do deputado do governo Hugbel Roa contra o Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, e Dom Baltazar Porras, que será criado cardeal no consistório convocado pelo Papa Francisco para o dia 19 de novembro.

Em um comunicado publicado na página da CEV, os bispos venezuelanos expressaram: “Deploramos e repudiamos a cena triste e carente de toda ética profissional e de todo sentido de cidadania, protagonizada pelo deputado à Assembleia Nacional, o Sr. Hugbel Roa, que de modo grosseiro e negando a verdade, expressou-se publicamente de maneira ofensiva e caluniosa contra Dom Baltazar Porras e contra o Cardeal Jorge Urosa, Arcebispo de Caracas, e também desqualificando o Papa Francisco”.

No último dia 13 de outubro, durante uma sessão da Assembleia Nacional na qual faziam uma saudação especial para Dom Baltazar Porras pela designação feita pelo Papa Francisco, o deputado Roa, membro do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), disse que “Baltazar Porras não só agiu de forma baixa quando foi designar ao cardeal Urosa, quando teve reuniões com o alto governo acusava o outro cardeal inclusive que não deveria ser escolhido por comportamentos homossexuais. Este mesmo senhor do qual vocês fazem um acordo a favor”.

O deputado da Mesa da Unidade Democrática (MUD) Juan Miguel Matheus interrompeu Roa, pedindo-lhe respeito a Dom Baltazar Porras. Em seguida, o parlamentar do governo jogou o microfone nele de forma violenta.

Momento em que o deputado venezuelano, Hugbel Roa, lança o microfone no colega

Como sanção pela sua atitude violenta, Hugbel Roa foi suspenso do seu direito ao uso da palavra na Assembleia Nacional durante um mês. 

Os bispos venezuelanos reiteraram sua “grande alegria e satisfação pela designação que o Papa Francisco” fez de Dom Baltazar Porras como novo cardeal.

“O povo venezuelano se sente honrado de ter dois cardeais neste momento e sente através das múltiplas expressões de proximidade e afeto para com eles. A Conferência Episcopal agradece profundamente ao Papa Francisco este lindo presente para a nossa Igreja e para o nosso povo”, indicaram os bispos.

A CEV destacou que “os venezuelanos conhecem o serviço e a dedicação pastoral, cultural e humanitária através da qual Dom Baltazar Porras exerceu seu ministério sacerdotal e episcopal, no ‘llano’, na capital da República e nos Andes, particularmente na Arquidiocese de Mérida, pelo seu destacado sentido eclesial e seu amor à Venezuela, ao povo, à sua história e tradições”.

“Este gesto do Santo Padre reitera sua aprovação à linha de trabalho da nossa Igreja e, ao mesmo tempo, a sua preocupação pela nossa Pátria, que sofre há dezessete anos uma grave crise social, econômica, política e cultural que afeta todo o povo sem restrições, em primeiro lugar os mais pobres”.

Para os bispos venezuelanos, “esta ofensa aos nossos dois Cardeais, movidas por interesses políticos, deve fazer o povo venezuelano refletir sobre a situação difícil que estamos vivendo a nível ético-cultural, que se manifesta em reiterados discursos e atuações”.

“Além disso, a fama de qualquer cidadão deve ser respeitada. Quem tem uma posição privilegiada de poder, concedido pelo próprio povo, não podem usá-la para caluniar e difamar irresponsável e temerariamente o adversário”, sublinharam.

Os bispos asseguraram que acompanharão “espiritual e fraternalmente” Dom Baltazar Porras “quando o Papa Francisco entregar o seu Capelo Cardinalício, no próximo dia 19 de novembro”.

Ao finalizar o comunicado, a CEV exortou “todos os crentes a elevar suas orações pelo nosso povo venezuelano, pelo seu futuro, pelo nosso querido Papa Francisco e nossos Cardeais, que dia a dia testemunham a alegria do Evangelho no serviço ao povo de Deus”.

“Que Maria de Coromoto, Padroeira da Venezuela, nos proteja com seu amor”, concluíram os bispos.
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ACI Digital

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