domingo, 14 de fevereiro de 2021

Autoridade vaticana responde a teólogo alemão que apoia dar Comunhão a protestantes



O Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, respondeu a um teólogo alemão que o criticou por se opor à proposta para a "Irmandade da mesa eucarística" entre católicos e protestantes, ou seja, que estes últimos tenham acesso ao sacramento da Comunhão.

A carta de seis páginas, datada de 8 de fevereiro, é dirigida a Volker Leppin, professor de história da Igreja na Universidade de Tübingen e diretor acadêmico da seção protestante do Grupo de Estudo Ecumênico de Teólogos Protestantes e Católicos (ÖAK, por sua sigla em alemão).

Em uma entrevista de 3 de fevereiro ao site katholisch.de, da Igreja Católica na Alemanha, Leppin lamentou o que chamou de "descarte abrupto" do Cardeal da declaração de 26 páginas do OAK, de 24 de janeiro.

No mês passado, o Cardeal Kock disse à CNA Deutsch, agência em alemão do Grupo ACI, que ficou surpreso com o tom e as palavras escolhidas para a declaração, bem como por seu conteúdo e pelo momento da publicação.

Em sua declaração, os teólogos respondem a uma avaliação crítica feita pela Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) sobre a proposta do grupo para uma "hospitalidade eucarística recíproca" entre católicos e protestantes.

O OAK foi estabelecido em 1946 para fortalecer os laços ecumênicos. É independente da Conferência Episcopal Alemã e da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD), organização que congrega 20 denominações protestantes, embora informe ambas as instituições sobre suas deliberações.

CNA Deutsch já informou que o OAK adotou o documento sobre a intercomunhão ou a possibilidade de dar a Comunhão aos protestantes sob a liderança de Dom Georg Bätzing, que agora é presidente da Conferência Episcopal Alemã, e do bispo luterano aposentado Martin Hein.

Em maio de 2020, uma associação de membros do EKD e do Episcopado concluiu que “o estudo desenvolve um marco teológico para a decisão individual de consciência, a respeito da participação recíproca na Eucaristia/Mesa do Senhor”.

Uma nota do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos afirma que a intervenção da CDF foi “necessária porque o estudo do OAK recebeu o status de opinião de especialista da DBK (Conferência Episcopal Alemã), com base em que cada bispo individualmente poderia tomar uma posição em relação à doutrina”.

Os bispos alemães deveriam votar sobre a avaliação no final de setembro, mas isso foi adiado devido à intervenção da CDF.

Em uma carta enviada a Dom Bätzing, a CDF indicou que a proposta do OAK não faz justiça ao entendimento católico da Igreja, da Eucaristia e das Ordens Sagradas.

A CDF alertou diante de qualquer passo em direção à intercomunicação entre católicos e membros da EKD.

Em sua carta aberta, o Cardeal Koch negou que rejeitasse os argumentos do OAK, mas notou uma "séria discrepância" entre as reivindicações do grupo e a prática comum das igrejas protestantes.

O Cardeal suíço deu como exemplo a Igreja Protestante em Hesse e Nassau (EKHN), membro da EKD, e destacou que a EKHN convida pessoas não batizadas a participarem do serviço na Mesa do Senhor.

Esta prática, especificou o presidente do Pontifício Conselho, contradiz a afirmação do OAK de que existe um "entendimento básico" a respeito de um reconhecimento "análogo" do batismo também nas "respectivas formas litúrgicas da celebração da Mesa do Senhor".

“Por um lado, o batismo e o reconhecimento mútuo do batismo são considerados a base do ecumenismo. Se, por outro lado, um companheiro ecumênico relativiza o batismo de tal forma que não é mais nem mesmo um pré-requisito para a participação na Mesa do Senhor, o assunto deve ser entendido como algo que questiona as bases do ecumenismo”, escreveu o Cardeal em sua carta.

O Purpurado também disse que estava surpreso que "tais discrepâncias entre o consenso ecumênico e as realidades factuais nas igrejas protestantes não sejam notadas pelos membros do OAK e, se forem, então ocorre de maneira mínima".

O Cardeal também agradeceu ao grupo de estudos ecumênicos por ter dedicado "muita energia e paixão" para abordar as questões que dividem católicos e protestantes, mas destacou que esses passos só podem ter sucesso se confrontados com a "realidade concreta".

Finalmente, alentou a que os temas por resolver sejam comentados publicamente e depois debatidos.
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Publicado originalmente em ACI Prensa. 
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital

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