terça-feira, 10 de setembro de 2013

Ataque à Síria: campanhas pedem cassação do Nobel da Paz de Obama


Alfred Bernhard Nobel, criador do Prêmio Nobel, deixou em seu testamento, de 1895, que a categoria "Nobel da Paz” deveria ser concedida a pessoa que tenha trabalhado mais e melhor em favor da fraternidade entre as nações, a abolição ou redução dos exércitos e da celebração e promoção de processos de paz. Em 2009, sob fortes críticas, o presidente estadunidense, Barack Obama, primeiro afro-descendente a assumir a Presidência dos Estados Unidos, recebeu a premiação por suas iniciativas contra as armas nucleares e pela paz mundial. Quatro anos depois da honraria, com a anunciada possibilidade de atacar a Síria, Obama resolveu contrariar totalmente os princípios básicos estabelecidos pelo criador do Prêmio.

A decisão absolutamente controversa para um Nobel da Paz vem sendo questionada por organizações sociais que pedem a cassação do Prêmio de Obama. Uma delas é a União Patriótica da Colômbia, que está difundindo um abaixo-assinado na Internet no intuito de recolher assinaturas pela revogação da premiação. "Barack Obama tem se mostrado contrário aos princípios elementares da Paz e, recentemente, iniciou procedimentos internos, para, através da Otan, atacar militarmente o povo da Síria, passando por cima do direito internacional; da mesma forma, patrocinou e participou do ataque contra a Líbia, ao mesmo tempo em que não para com as agressões bélicas contra o Iraque e o Afeganistão, provocando mortes diariamente”, declara a petição.


Outra frente em prol da cassação parte da Rússia, cujo Partido Comunista está lançando uma campanha contra a decisão de Obama de atacar a Síria, cuja guerra civil já teria matado cerca de 100 mil pessoas. O presidente estadunidense deve começar uma campanha de obtenção de apoio para a intervenção militar durante a reunião do G20, grupo que reúne as 20 maiores potências econômicas mundiais, que começou hoje em São Petersburgo, na Rússia. Obama tenta justificar o ataque por informações de que o presidente sírio, Bashar Al Assad, autorizou o uso de armas químicas contra civis. Vale ressaltar que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ainda não autorizou o possível ataque dos Estados Unidos.

Da Argentina, outro ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, divulgou uma carta aberta pedindo ao presidente Obama que "escute o clamor dos povos”. O documento assinala que mais uma vez os Estados Unidos colocam-se na posição de defensores do mundo, pretendendo invadir a Síria em nome da "liberdade” e dos "direitos humanos”.

Na opinião de Esquivel, armar rebeldes para depois autorizar a intervenção da Otan não é algo novo por parte dos Estados Unidos e seus aliados. Tampouco é novo que os EUA pretendam invadir países acusando-os de posse de armas de destruição em massa, que, no caso do Iraque, nem era certeza. "Teu país apoiou o regime de Saddam Hussein, que utilizou armas químicas para aniquilar a população curda e contra a Revolução Iraniana, e não fez nada para puni-lo porque, naquele momento, eram aliados. No entanto, agora, pretendem invadir a Síria sem sequer saber os resultados das investigações que a ONU está fazendo com autorização do governo sírio. Certamente, o uso de armas químicas é imoral e condenável, mas teu governo não tem autoridade moral alguma para justificar uma intervenção”, declara em tom duro o argentino.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon já havia alertado que um ataque militar na Síria pode piorar o conflito interno. O Papa Francisco também já havia pedido paz no país e se manifestado contrário à intenção dos EUA. Até um aliado histórico dos estadunidenses, no caso a Grã Bretanha, se posicionou contrária à invasão.

Um Prêmio que não respeita seu próprio criador

Contudo, e entrevista à rádio Voz da Rússia, a representante da Fundação Nobel não admitiu a possibilidade de privar Obama do Prêmio da Paz. Annika Pontikis, assessora de relações públicas da Fundação Nobel, observou que, em conformidade com os Estatutos da Fundação Nobel, um prêmio não pode ser anulado. Os Estatutos prescrevem que a decisão sobre a concessão de um Prêmio Nobel não é apelável.


Com informações da Adital
Obs.: O título foi adaptado
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Disponível em: CONIC

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