quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Para quem deve governar um prefeito?


É recorrente, em períodos eleitorais, alguns candidatos apresentarem uma dicotomia entre o governante ruim que governa para as elites (especialmente no sentido econômico) e o governante bom, a alternativa ao mal, aquele que governaria para os trabalhadores.

Ora, na Câmara dos Vereadores é compreensível que haja vereadores que desejem representar mais especificamente um setor da sociedade. Geralmente, um enfermeiro irá se candidatar para lutar por melhorias em hospitais e postos de saúde; a professora, para batalhar por melhores condições de trabalho e estudo nas escolas etc.

Mas tal discurso não cabe em um candidato à prefeitura.

O prefeito, na qualidade de chefe do poder executivo municipal, deve ser o líder, aquele que governa (embora geralmente tenha sido votado pela maioria e não por unanimidade) em nome de todos os cidadãos do município. Deve ser, no âmbito local, aquele que equilibra os vários componentes da cidade, aquele que, embora represente um partido e sua bandeira, enquanto está à frente de seu gabinete é o prefeito de toda a cidade, devendo governar para todos.

Claro que um prefeito geralmente estará mais ligado a um grupo do que aos outros, mas deve ter sempre ciência (também deve tê-la o eleitor!) de que não é prefeito somente dos coligados ou dos que o elegeram, mas de todo o município, devendo, portanto, governar em proveito do Bem Comum e não ser um catalisador dos conflitos e divergências internas.

Em síntese: o prefeito não deve ter uma mentalidade de “luta de classes“, que, além de gritantemente anacrônica, nada faz além de dividir os cidadãos e aumentar as tensões. Nada resolve.

Essas reflexões me vieram à mente depois de ver, em um debate, um candidato a prefeito repetir inúmeras vezes que pretendia fazer um governo “para os trabalhadores“. Ora, se uma oligarquia das elites é uma perversão da busca do Bem Comum na sociedade, igualmente o é uma demagogia do proletariado (se é que ainda se pode falar nesse termo, dado que nossa sociedade é muito mais complexa e heterogênea do que aquela da Revolução Industrial oitocentista), demagogia essa que nada faz além de transformar os trabalhadores em massa de manobra do Estado e das ideologias.


Rafael de Mesquita Diehl 
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Civilitas Christiana / Aleteia / Notícias Católicas

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