domingo, 26 de junho de 2016

Divina Liturgia: Papa pede um futuro livre das divisões do passado




Discurso do Papa Francisco na Divina Liturgia
Praça São Tiridate de Etchmiadzin, Armênia

Santidade, caríssimos Bispos,
Queridos irmãos e irmãs!

No ponto culminante desta visita tão desejada e, para mim, já inesquecível, desejo elevar ao Senhor a minha gratidão, que uno ao grande hino de louvor e agradecimento que sobe deste altar. Vossa Santidade, nestes dias, abriu-me as portas da sua casa e experimentamos «como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos» (Sal 133, 1). Encontramo-nos, abraçamo-nos fraternalmente, rezamos juntos, partilhamos os dons, as esperanças e as preocupações da Igreja de Cristo, da qual notamos em uníssono as pulsações do coração, e que acreditamos e sentimos ser una. «Há um só Corpo e um só Espírito, assim como (…) uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef 4, 4-6): verdadeiramente podemos, com alegria, fazer nossas estas palavras do apóstolo Paulo. Foi precisamente sob o signo dos Santos Apóstolos que nos encontramos. Os Santos Bartolomeu e Tadeu, que proclamaram pela primeira vez o Evangelho nestas terras, e os Santos Pedro e Paulo, que deram a vida pelo Senhor em Roma, ao mesmo tempo que reinam com Cristo no céu, certamente se alegram ao ver o nosso afeto e a nossa aspiração concreta à plena comunhão. Por tudo isto agradeço ao Senhor, por vós e convosco: Park astutsò! [Glória a Deus!]

Nesta Divina Liturgia, elevou-se ao céu o canto solene do triságio, louvando a santidade de Deus; desça, abundante, a bênção do Altíssimo sobre a terra, pela intercessão da Mãe de Deus, dos grandes Santos e Doutores, dos Mártires, especialmente da multidão de mártires que aqui canonizastes no ano passado. «O Unigénito que aqui desceu» abençoe o nosso caminho. O Espírito Santo faça dos crentes um só coração e uma só alma: venha refundar-nos na unidade. Por isso, gostaria de invocá-Lo novamente, fazendo minhas algumas palavras esplêndidas que entraram na vossa Liturgia: Vinde, ó Espírito! Vós «que sois, com gemidos incessantes, o nosso intercessor junto do Pai misericordioso, Vós que guardais os santos e purificais os pecadores»; derramai sobre nós o vosso fogo de amor e unidade, e «sejam desfeitos por este fogo os motivos do nosso escândalo» (GREGÓRIO DE NAREK, Livro das Lamentações, 33, 5), a começar pela falta de unidade entre os discípulos de Cristo.

Que a Igreja arménia caminhe em paz, e a comunhão entre nós seja plena. Surja em todos um forte anseio de unidade, uma unidade que não deve ser «submissão de um ao outro, nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação realizado por Cristo Senhor através do Espírito Santo» (Palavras no fim da Divina Liturgia, Igreja Patriarcal de São Jorge, Istambul, 30 de novembro de 2014).

Acolhamos o apelo dos Santos, ouçamos a voz dos humildes e dos pobres, das inúmeras vítimas do ódio que sofreram e sacrificaram a vida pela fé; prestemos ouvidos às gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que, deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiosa; e à luz da fé, que desde São Gregório, vosso pai segundo o Evangelho, iluminou estas terras, una-se a luz do amor que perdoa e reconcilia.

Tal como os Apóstolos na manhã de Páscoa, apesar das dúvidas e incertezas, correram até ao lugar da ressurreição, atraídos pela aurora feliz duma esperança nova (cf. Jo 20, 3-4) assim também nós, neste domingo santo, sigamos a chamada de Deus à plena comunhão e aceleremos o passo rumo a ela.

E agora, Santidade, em nome de Deus, peço-vos que me abençoeis, que abençoeis a mim e à Igreja Católica, que abençoeis esta nossa corrida rumo à plena unidade.
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Canção Nova

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