terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cristãos vivem dias de terror, depois de onda de violência da semana passada no Egito


É imensa a lista de igrejas, casas e lojas de cristãos que foram alvo de ataques, na semana passada, instigados pela Irmandade Muçulmana que acusa a comunidade cristã de ser responsável pelo afastamento do presidente Mohammed Mursi pelos militares. 

Segundo o padre Rafic Greiche, porta-voz da Igreja Católica no Egipto, há pelo menos 49 igrejas queimadas (ortodoxas, católicas e protestantes) – número que pode crescer, consoante os relatos, até a cerca de uma centena – e dezenas de assaltos confirmados a instituições, mosteiros, escolas e lojas de cristãos, desde o Suez, a Minya e de Sohag a Assuit.

Para já, e apesar de uma relativa acalmia, segundo o Bispo copta-católico Kyrillos William, de Assiut, “os cristãos continuam fechados em casa, receosos do que lhes possa acontecer”.

Em declarações à Fundação AIS, D. William acusa os países ocidentais de ignorarem os ataques de que a comunidade cristã tem vindo a ser alvo. “Os governos ocidentais não vêem a realidade que se está a passar aqui”, sublinhando que “um grupo de terroristas usou armas contra nós. [Os governos ocidentais] não deveriam apoiar isto”.

E acrescentou: “Os [Irmãos Muçulmanos] pensam que os Cristãos são a causa do afastamento de Mursi. Mas os Cristãos não estavam sozinhos. 35 milhões de pessoas saíram para as ruas para se manifestarem contra Mursi…” E conclui, afirmando que, neste momento, “os Cristãos estão a ser castigados” e transformaram-se no “bode-expiatório” de toda esta situação, destacando, porém, o apoio verificado pela maioria da população muçulmana, assim como das autoridades.

Ontem, o Patriarca Copta-Católico Ibrahim Sidrak, de Alexandria, emitiu um comunicado apelando “aos esforços de todos na protecção da nossa pátria”.


Também D. William sublinhou a necessidade de não se confundir a população muçulmana moderada com os radicais islâmicos. “O nosso povo é próximo dos Muçulmanos moderados. Quando os fundamentalistas vieram em perseguição dos Cristãos na parte antiga da cidade [de Assiut], os Muçulmanos afastaram-nos recorrendo às armas. Noutras cidades, Cristãos e Muçulmanos vieram proteger as igrejas e aí ficaram durante todo o dia”.


Por sua vez, o Bispo de Giza, Aziz Muna, em declarações à Rádio Vaticano, não teve dúvida em afirmar que os ataques contra a comunidade cristã foram perpetrados pela Irmandade Muçulmana e que este movimento político está ligado à organização terrorista Al Qaeda e ao Hamas.

Segundo este prelado, os Irmãos Muçulmanos acreditavam que, “atacando as igrejas, os Cristãos entrariam em conflito com o Governo e o Exército, e que assim explodiria a desordem em todo o país”.

D. William reconhece que os ataques eram de alguma forma previsíveis, “mas não a este nível de brutalidade”. “Em Luxor, no dia 16 - recorda o Bispo D. Joannes Zakaria, à Fundação à AIS -, um protesto islâmico assumiu proporções assustadoras quando os extremistas tentaram forçar a entrada na residência episcopal e incendiá-la, mas as forças armadas intervieram “e salvaram-nos, graças a Deus”. Neste momento, todas as igrejas estão fechadas. “Eu, os sacerdotes, as religiosas e os leigos não podemos deslocar-nos. Ficamos em casa para evitar qualquer espécie de violência.”


O Bispo D. Zakaria apelou, também através da Fundação AIS, às orações dos cristãos de todo o mundo. “Precisamos da oração de todos para resolvermos os nossos problemas. É o futuro das nossas crianças que nos preocupa, para que bons Cristãos e Muçulmanos possam viver juntos.”
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