terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Discurso do Papa Francisco à Cúria Romana


DISCURSO
Encontro do Papa Francisco com a Cúria Romana 
por ocasião da apresentação das felicitações natalinas
Sala Clementina do Palácio Apostólico
Segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

“Tu estás acima dos querubins, tu que transformaste a miserável condição do mundo quando te fizeste como nós” (Santo Agostinho).

Amados irmãos,

Ao final do Advento, encontramo-nos para as tradicionais saudações. Dentro de alguns dias teremos a alegria de celebrar o Natal do Senhor; o evento de Deus que se faz homem para salvar os homens; a manifestação do amor de Deus que não se limita a dar-nos algo ou a enviar-nos uma mensagem ou alguns mensageiros, doa-se-nos (sic) a si mesmo; o mistério de Deus que toma sobre si a nossa condição humana e os nossos pecados para revelar-nos a sua Vida divina, a sua graça imensa e o seu perdão gratuito. É o encontro com Deus que nasce na pobreza da gruta de Belém para ensinar-nos a potência da humildade. Na realidade, o Natal é também a festa da  luz que não é acolhida pela gente “eleita”, mas pela gente pobre e simples que esperava a salvação do Senhor.

Em primeiro lugar, gostaria de desejar a todos vós – cooperadores, irmãos e irmãs, Representantes pontifícios disseminados pelo mundo – e a todos os vossos entes queridos um santo Natal e um feliz Ano Novo. Desejo agradecer-vos cordialmente, pelo vosso compromisso quotidiano a serviço da Santa Sé, da Igreja Católica, das Igrejas particulares e do Sucessor de Pedro.

Como somos pessoas e não números ou somente denominações, lembro de maneira especial os que, durante este ano, terminaram o seu serviço por terem chegado ao limite de idade ou por terem assumido outras funções ou ainda porque foram chamados à Casa do Pai. Também a todos eles e a seus familiares dirijo o meu pensamento e gratidão.

Desejo juntamente convosco erguer ao Senhor vivo e sentido agradecimento pelo ano que está a nos deixar, pelos acontecimentos vividos e por todo o bem que Ele quis generosamente realizar mediante o serviço da Santa Sé, pedindo-lhe humildemente perdão pelas faltas cometidas “por pensamentos, palavras, obras e omissões”.

E partindo precisamente deste pedido de perdão, desejaria que este nosso encontro e as reflexões que partilharei convosco se tornassem, para todos nós, apoio e estímulo a um verdadeiro exame de consciência a fim de preparar o nosso coração ao Santo Natal.

Pensando neste nosso encontro veio-me à mente a imagem da Igreja como Corpo místico de Jesus Cristo. É uma expressão que, como explicou o Papa Pio XII “brota e como que germina do que é frequentemente exposto na Sagrada Escritura e nos Santos Padres”. A este respeito, São Paulo escreveu: “Porque, como o corpo è um todo tendo muitos membros e todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo, assim também é Cristo” (1 Cor 12,12).

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Papa indica ações de Maria como modelo de preparação ao Natal


ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 21 de dezembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, quarto e último domingo do Advento, a liturgia quer nos preparar para o Natal que já está às portas nos convidando a meditar o relato do anúncio do Anjo a Maria. O arcanjo Gabriel revela à Virgem a vontade do Senhor de que ela se torne a mãe do seu Filho unigênito: “Conceberás um filho, lhe dará à luz e o chamará Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1, 31, 32). Fixemos o olhar sobre esta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu “sim”; colhamos dois aspectos essenciais de sua atitude, que é para nós modelo de como se preparar para o Natal.

Antes de tudo, a sua fé, a sua atitude de fé, que consiste em escutar a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a sua palavra” (v. 38). No seu “eis aqui” cheio de fé, Maria não sabe por quais estradas deverá se aventurar, quais dores deverá sofrer, quais riscos deverá enfrentar. Mas é consciente de que é o Senhor a pedir e ela confia totalmente Nele e se abandona ao seu amor. Esta é a fé de Maria!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Alegra-te, cheia de graça!


O anjo entra em sua casa

A “Força de Deus” (é este o sentido do nome Gabriel) foi enviada a uma entre todas as províncias, cujo nome vem declinado: a Nazaré, na Galileia. Gabriel veio encontrar-se com uma mulher entre todas e o seu nome também nos foi comunicado: Maria, que está noiva de um homem que não é um homem qualquer: chama-se José. O amor com o qual Deus nos ama não é, portanto, um amor global, abstrato, voltado à humanidade em geral. Não: é um amor que se dirige a cada um em particular, pois foi Deus que, aliás, nos concedeu a cada um o dom de existir. Podemos dizer que cada um de nós é amado e buscado como se fosse o único no mundo. E este amor, no entanto, nos invade para nos atravessar e seguir até os outros. Na Anunciação, ele se dirige, através de Maria e de José, para este Jesus, descendente de Davi, mas que ainda não estava ali. A partir de Jesus é que o amor irá reunir a humanidade inteira a qual, de alguma forma, nele irá fundir-se. Então, todos se tornarão Um. O amor que vem de Deus será como uma circulação sanguínea que irriga todos os membros. A Igreja, corpo do Cristo, é a figura desta humanidade unificada. Na origem de tudo isto está o "Sim" de Maria à invasão divina. Devemos compreender que a Anunciação não se refere somente a Maria, a José e a Jesus, mas a cada um de nós e à humanidade inteira. A humanidade completada, perfeita, não é uma coleção de indivíduos justapostos, mas a unidade de um só corpo. A criança que está prometida a Maria traz consigo a humanidade toda. Não olhemos a Anunciação como se fosse um acontecimento exterior a nós: ela não é. Estamos todos incluídos nela. E mais, devemos compreender que este relato não fala apenas de algo que se passou dois mil anos atrás, mas refere-se também ao que nos acontece hoje: Jesus vem ao mundo e a cada um de nós sem cessar, e vem de novo, sempre.

Síria: 150 mulheres assassinadas por não se casarem com milicianos do Estado Islâmico


Pelo menos 150 mulheres foram assassinadas na província de Anbar, no Iraque, por milicianos do grupo Estado Islâmico por terem se recusado a se casar com eles.

O massacre perpetrado no noroeste do país foi denunciado pelo Ministério iraquiano dos Direitos Humanos, segundo informações do canal Arabiya, que explicou que as execuções aconteceram em Falluja sob o comando do jihadista Abu Anas al-Libi. Os corpos das vítimas foram enterrados em fossas comuns na periferia da cidade.

Enquanto isso, na Síria, foram encontrado os corpos de 230 pessoas assassinadas por jihadistas do Estado Islâmico em uma fossa comum na província de Deyr az-Zor, ao leste do país. O Observatório Nacional para os Direitos Humanos explicou que as vítimas são membros da tribo Sheitat, cujo massacre já tinha sido denunciado em setembro. Chegam a mais de 900 as pessoas da etnia Sheitat assassinadas pelos fundamentalistas do Estado Islâmico até o momento, de acordo com os dados conhecidos. 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Francisco, EUA e Cuba: quantas divisões tem o Papa?


Joseph Stalin era líder da União Soviética naquela época tensa entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Uma de suas preocupações diplomáticas era tratar com a Alemanha nazista, que dava todos os sinais que empurraria seu expansionismo militar e seu anticomunismo na direção dos soviéticos.

Conta a história que Pierre Laval, primeiro-ministro da França, ansioso para conter os “eternos inimigos” alemães (antes, é claro, de Paris ser invadida pelos nazistas e ele virar colaboracionista), sugeriu a Stalin que ganhasse apoio dos católicos aproximando-se do papa Pio XII para fazer frente contra a Alemanha. Era uma sugestão meio estranha a um dos governos mais ateus da história.

Stalin teria respondido com sarcasmo: “O Papa?! E quantas divisões (militares) tem o Papa?”

(Dizem que Pio XII soube dessa história e respondeu: “Digam a meu filho Joseph que ele encontrará minhas legiões no céu.”)

Cerca de quatro décadas depois, o bloco socialista europeu caía inteiro, um país depois do outro, com a ajuda conhecida do papa João Paulo II para desintegrar o comunismo no continente.

Hoje, o presidente dos EUA Barack Obama anunciou uma reaproximação histórica com Cuba, incluindo a retomada de relações diplomáticas após mais de 50 anos, maiores facilidades para relações econômicas, acordos humanitários, exclusão de uma série de sanções e um trabalho com o Congresso para levantar o embargo contra aquele país. Um evento histórico.

No discurso, Obama agradeceu duas vezes ao Papa Francisco por ajudar no diálogo entre EUA e Cuba. O papa intercedeu em um imbróglio de prisioneiros de ambos os países que impedia o avanço do diálogo. Para a mídia, foi mais um feito inédito do papa-fenômeno. Francisco tira a paz mundial da manga da batina e consegue até acabar com uma briga icônica que durava cinco décadas.

Acontece que esse frenesi repetido está repetidamente enganado. Mais uma vez, diversos jornais e muitas pessoas foram às mídias sociais rejubilar-se por Francisco ter feito algo excepcional que provavelmente outro papa já fez antes.

Histórica reconciliação entre Cuba e Estados Unidos: que seja bem-vinda!


Um leitor do blog [Deus lo vult!] pede-me que teça alguns comentários sobre a reabertura das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, cujo anúncio ontem surpreendeu o mundo. Parece que não se fala de outra coisa. Não faltou quem comparasse o acontecimento com a queda do muro de Berlim; sou um pouco mais cético com relação às proporções que o dia de ontem é capaz de tomar, mas mesmo assim não me parece possível negar que este 17 de dezembro tenha sido histórico.

Meu ceticismo deriva de um sentimento de pouca consideração para com o cenário mundial contemporâneo: acho-o sofrível, mesquinho e decadente, com atores medíocres completamente incapazes dos arroubos de grandeza que marcaram as grandes personalidades mesmo do passado relativamente recente. Obama não está à altura de Bush pai, nem Raúl Castro tem um mínimo da envergadura de Mikhail Gorbachev; os Estados Unidos hoje em dia são indignos do país que Reagan entregou ao fim do segundo milênio, Cuba não chega aos pés do que foi a Alemanha Oriental e a Revolução Cubana precisa comer muito feijão com arroz para chegar perto da Guerra Fria.

Um pouco de senso de proporções, parece-me, é necessário: o que houve ontem foi uma mera constatação formal de que o regime cubano já havia caído de podre há muito tempo. Não fazia sentido continuar impondo a Cuba sanções que não se costuma aplicar a outros países comunistas do globo – maiores, mais relevantes e mais perigosos do que a pequena ilha dos Castro. A sucursal latino-americana do que foi a U.R.S.S. jamais conseguiu levantar-se muito acima das barras da saia da Mãe Rússia. Havia um quê de desproporcionalidade e incoerência no tratamento que lhe era dispensado, hoje feliz e finalmente revisto. Nada de excepcional. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Brasil: Disque Alô Senado contra aborto no Código Penal


O Projeto de Reforma do Código Penal (PLS 236/2012), depois de ter passado pela Comissão Especial, poderá ser votado hoje, quarta-feira, 17/12/2014 pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal.

O problema é que o relator da CCJ, Senador Vital do Rego, modificou o texto do relator da Comissão Especial, Senador Pedro Taques, fazendo o aborto deixar de ser crime ("Não há crime" em vez de "Não se pune") em várias situações, inclusive se houver risco à saúde (não apenas risco à vida) da gestante.

Na prática, o aborto deixa de ser crime em qualquer situação, já que toda mulher que não está satisfeita com a própria gravidez pode alegar que sua insatisfação é um problema "de saúde" (psíquica ou emocional). Tal interpretação é largamente usada nos Estados Unidos para legitimar o aborto em caso de risco "de saúde".

O substitutivo de Vital do Rego tem ainda muitas outras modificações, que os senadores não serão capazes de perceber até hoje, uma vez que o texto é enorme e só foi apresentado na última quarta-feira, dia 10. 

O que você pode fazer?

Catequese com o Papa sobre a Sagrada Família


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Sínodo dos Bispos sobre família, celebrado há pouco, foi a primeira etapa de um caminho que se concluirá em outubro próximo com a celebração de uma outra Assembleia sobre o tema: “Vocação e missão da família na Igreja e no mundo”. A oração e a reflexão que devem acompanhar este caminho envolvem todo o Povo de Deus. Gostaria que também as meditações habituais das audiências de quarta-feira se inserissem neste caminho comum. Desejei, por isso, refletir com vocês, nesse ano, justamente sobre família, sobre este grande dom que o Senhor deu ao mundo desde o princípio, quando conferiu a Adão e Eva a missão de se multiplicar e encher a terra (cfr Gen 1, 28). Aquele dom que Jesus confirmou e selou no seu Evangelho.

A proximidade do Natal acende sobre este mistério uma grande luz. A encarnação do Filho de Deus abre um novo início na história universal do homem e da mulher. E este novo início acontece no seio de uma família, em Nazaré. Jesus nasce em uma família. Ele podia vir espetacularmente, ou como um guerreiro, um imperador… Não, não: vem como um filho de família, em uma família. Isto é importante: olhar no presépio esta cena tão bela.

Deus escolheu nascer em uma família humana, que formou Ele mesmo. Ele formou em uma vila remota da periferia do Império Romano. Não em Roma, que era a capital do Império, não em uma grande cidade, mas em uma periferia quase invisível, bastante mal falada. Recordam-no também os Evangelhos, quase como um modo de dizer: “De Nazaré pode vir alguma coisa de bom?” (Jo 1, 46). Talvez, em muitas partes do mundo, nós mesmos ainda falamos assim, quando ouvimos o nome de qualquer lugar periférico de uma grande cidade. Bem, justamente dali, daquela periferia do grande Império, começou a história mais santa e melhor, aquela de Jesus entre os homens! E ali se encontrava esta família. 

Papa Francisco celebra 78 anos de vida


Um mês de comemorações para o Papa Francisco que, nesta quarta-feira, 17, celebra 78 anos de vida e no último sábado, 13, comemorou seu aniversário sacerdotal.

Jorge Mário Bergoglio nasceu na capital argentina, Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936. Filho de emigrantes piemonteses, o seu pai Mário trabalhava como contabilista no caminho de ferro e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco filhos.

A residência onde nasceu e cresceu Bergoglio fica na Rua Membrilhar, nº 531, no bairro Flores, em Buenos Aires. Após o histórico 13 de março, a casa tornou-se ponto turístico onde dezenas de pessoas visitam e tiram fotos do local que conta um pouco da história do novo Pontífice.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Papa Francisco não disse que os cães vão para o céu!


Declaração polêmica atribuída ao papa Francisco sobre a alma dos cachorros irem para o céu repercute em toda web, mas será que ele disse isso mesmo?

A notícia apareceu na internet no dia 11 de dezembro de 2014. De acordo com a manchete, o papa Francisco teria dito a um garoto que todos os cães vão pra o céu!

A frase, que teria sido dita pelo papa no Vaticano para consolar o pobre menino, que havia acabado de perder o seu cãozinho de estimação, e foi publicada em vários sites de notícias no mundo todo, como prestigiado New York Times, o portal da Veja e o jornal Folha de São Paulo, sendo muito bem vista por organizações de defesa aos animais, mas ficou a dúvida no ar: Será que ele disse isso mesmo?

Verdadeiro ou falso?

Apesar da notícia ter sido publicada em vários jornais sérios, como o New York Times, essa história é falsa!

Papa indica três missões do comunicador católico


O Papa Francisco recebeu em audiência nessa segunda-feira, 15, dirigentes e funcionários da TV 2000, emissora católica italiana. Na ocasião, o Santo Padre aprofundou a missão do comunicador católico.

“Muitas vezes, a comunicação se submeteu à propaganda, às ideologias, para fins políticos ou econômicos”, analisou Francisco, destacando a missão difícil da mídia católica neste contexto. “O que faz bem à comunicação é, em primeiro lugar, a parresia, isto é, a coragem de falar com franqueza e liberdade.”

Para Francisco, a liberdade deve ser também em relação às modas, aos lugares-comuns, às fórmulas pré-fabricadas, que no final acabam anulando a capacidade de comunicar. “Despertar as palavras: eis a primeira missão do comunicador”, afirmou, explicando que a comunicação deve evitar “preencher” e “fechar”.

“Preenche-se quando se tende a saturar a nossa percepção com um excesso de slogans que, ao invés de colocar em ação o pensamento, o anulam. Fecha-se quando, ao invés de percorrer a via longa da compreensão, se prefere aquela breve de apresentar indivíduos como se pudessem ser capazes de resolver todos os problemas ou, ao contrário, como bodes expiatórios, sobre os quais descarregar toda responsabilidade.”

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

“Fui estuprada e terei a criança”. Conheça a história de Irmã Lucy Veturse,a freira que foi violentada


Reverendíssima Madre Geral,

Eu sou Lucy Veturse, uma das Junioristas que foram violentadas pelos milicianos sérvios … acontecimento que atingiu a mim e às duas Irmãs Religiosas: Tatiana e Sendria.

Seja-me permitido não descer a certos particulares do fato. Há experiências tão tristes na vida que não podem ser comunicadas para ninguém a não ser àquele Bom Pastor a quem me consagrei no ano passado com os três votos religiosos.

O meu drama não é a humilhação padecida, como mulher, nem a ofensa insanável feita à minha escolha existencial e vocacional, mas é sobretudo a dificuldade de inscrever na minha fé um acontecimento que certamente faz parte do insondável e misterioso plano dAquele que eu continuarei a considerar sempre o meu Divino Esposo.

Tinha lido, poucos dias antes, o ´Diálogo das Carmelitas´ de Bernanos e me tinha sido espontâneo pedir ao Senhor poder eu mesmo morrer mártir. Ele me tomou na palavra,…mas de que jeito! Encontro-me atualmente numa angustiante noite escura do espírito. Ele destruiu o projeto de vida que eu considerava definitivo para mim. De improviso me inseriu em um novo desígnio que neste momento é , para mim, ainda a ser descoberto. [...]

Escrevo, Madre, não para receber da senhora conforto, mas para que me auxilie a agradecer a Deus por me ter associado a milhares de minhas compatrícias ofendidas na honra e forçadas à maternidade indesejada. Minha humilhação junta-se à delas e, pois que não tenho outra coisa para oferecer para a expiação dos pecados cometidos pelos anônimos violentadores e para uma pacificação entre as duas opostas etnias, aceito a desonra padecida e a entrego à misericórdia de Deus.

Agora eu sou uma entre elas, uma das tantas anônimas mulheres do meu povo com o corpo destruído e a alma devastada. Nosso Senhor me admitiu a participar de seu mistério de vergonha; mais ainda a mim, Religiosa e freira, concedeu o privilégio de compreender até o fundo a força diabólica do mal.

Sei que, de agora em diante, as palavras de encorajamento e de consolação que conseguir extrair do meu pobre coração, serão com certeza aceitas, porque a minha história é a história delas e a minha resignação, sustentada pela fé, poderá servir, se não de exemplo, pelo menos de referencial para as suas reações morais e afetivas. [...] 

Santa Maria sempre Virgem de Guadalupe


Num sábado de mil e quinhentos e trinta e um, perto do mês de dezembro, um índio de nome Juan Diego, mal raiava a madrugada, ia do seu povoado a Tlatelolco, para participar do culto divino e escutar os mandamentos de Deus. Já amanhecia, quando chegou ao cerrito chamado Tepeyac e escutou que do alto o chamavam:

- Juanito! Juan Dieguito!

Subiu até o cimo e viu uma senhora de sobre-humana grandeza, cujo vestido brilhava como o sol, e que, com voz muito branda e suave, lhe disse:

- Juanito, menor dos meus filhos, fica sabendo que sou Maria sempre Virgem, Mãe do verdadeiro Deus, por quem vivemos. Desejo muito que se erga aqui um templo para mim, onde mostrarei e prodigalizarei todo o meu amor, compaixão, auxílio e proteção a todos os moradores desta terra e também a outros devotos que me invoquem confiantes. Vai ao Bispo do México e manifesta-lhe o que tanto desejo. Vai e põe nisto todo o teu empenho.

Chegando Juan Diego à presença do Bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, frade de São Francisco, este pareceu não dar crédito e respondeu:

- Vem outro dia, e te ouvirei com mais calma. 

Juan Diego voltou ao cimo do cerro, onde a Senhora do céu o esperava, e lhe disse:

- Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina, expus a tua mensagem ao Bispo, mas parece que não acreditou. Assim, rogo-te que encarregues alguém mais importante de levar tua mensagem com mais crédito, porque não passo de um joão-ninguém.

Ela respondeu-lhe:

- Menor dos meus filhos, rogo-te encarecidamente que tornes a procurar o Bispo Amanhã dizendo-lhe que eu própria, Maria sempre Virgem, Mãe de Deus, é que te envio.

Porém no dia seguinte, domingo, o Bispo de novo não lhe deu crédito e disse ser Indispensável algum sinal para poder-se acreditar que era Nossa Senhora mesma que o enviara. E o despediu sem mais aquela.

Segunda-feira, Juan Diego não voltou. Seu tio Juan Bernardino adoecera gravemente e à noite pediu-lhe que fosse a Tlatelolco de madrugada, para chamar um sacerdote que o ouvisse em confissão.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Igreja russa protesta contra instalação do 'Olho de Sauron' em Moscou


A Igreja Ortodoxa Russa alertou sobre as terríveis consequências para Moscou caso se concretizem os planos de prosseguir com uma instalação de luz em um arranha-céu inspirado no "olho que tudo vê" dos romances de fantasia de J.R.R. Tolkien.

A empresa planeja construir o que se assemelharia a um olho gigante no 21º andar de um arranha-céu nesta semana para homenagear o lançamento da parte final do filme de Peter Jackson, "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos".

No livro de Tolkien e também na trilogia de "O Senhor dos Anéis" que o sucedeu, o Olho de Sauron é gigante e flamejante, controlado pelo "Senhor das Trevas", que com ele consegue enxergar a todos que usam o anel do poder.

A instalação deverá ser uma esfera de 10 m, projetando luz a partir de sua parte de trás para criar um efeito 3D, disse Polina Murova, porta-voz da empresa proprietária do edifício. 

Catequese com o Papa Francisco sobre o Sínodo


CATEQUESE
Praça São Pedro
Quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Concluímos um ciclo de catequeses sobre a Igreja. Agradeçamos ao Senhor que nos fez percorrer este caminho redescobrindo a beleza e a responsabilidade de pertencer à Igreja, de ser Igreja, todos nós.

Agora iniciamos uma nova etapa, um novo ciclo, e o tema será a família; um tema que se insere neste tempo intermediário entre duas Assembleias do Sínodo dedicadas a esta realidade tão importante. Por isso, antes de entrar no percurso de diversos aspectos da vida familiar, hoje desejo partir justamente da Assembleia sinodal do mês de outubro passado, que tinha este tema: “Os desafios pastorais da família no contexto da nova evangelização”. É importante recordar como se desenvolveu e o que produziu, como aconteceu e o que produziu.

Durante o Sínodo, a mídia fez o seu trabalho – havia muita espera, muita atenção – e a agradecemos porque o fizeram também com abundância. Tantas notícias, tantas! Isto foi possível graças à Sala de Imprensa, que cada dia fez um briefing. Mas muitas vezes a visão da mídia era um pouco no estilo de crônicas esportivas, ou políticas: falava-se muitas vezes de dois times, pró e contra, conservadores e progressistas, etc. Hoje gostaria de contar aquilo que foi o Sínodo.

Escândalos na Igreja e a perseverança do cristão


RECENTEMENTE, UMA assinante da revista O Fiel Católico, cujo nome não estamos autorizados a divulgar, enviou ao nosso endereço de e-mail uma interessante mensagem, cujo trecho principal reproduzimos abaixo, seguido de nossa resposta, – esperando, em Cristo, que seja útil também aos nossos demais leitores:

"Tenho um (...) assunto polêmico! O Filme Philomena. Foi muito falado algum tempo atrás. O que mais me incomoda é colocarem as freiras como responsáveis pelas as vendas das crianças que foram adotadas.(cruelmente). Você saberia dizer se isso realmente acontecia? Tenho justificado esse acontecimento pra mim assim: Se os pais puderam abandoná-la grávida, por que cobrar tanto das freiras! Mas dentro de mim, eu sei que elas eram severas e as vezes cruel. E isso me incomoda! Não sei como pelo menos,amenizar..."

Prezadíssima leitora, ficamos realmente felizes em saber que o nosso trabalho esteja, de algum modo, sendo útil na sua jornada. Parabéns por buscar, por estudar e se aprofundar na fé. Isto é sumamente importante; é o que nos pediu o primeiro Papa: "Estejais sempre prontos a dar a razão da vossa esperança diante daqueles que vos questionam" (1Pd 3, 15). E quando você me pergunta sobre o filme "Philomena", eu vejo que preciso lhe dizer algo que será de importância realmente fundamental nesta sua caminhada. [Digo-o porque esta não é a primeira vez que nos escreve com dúvidas deste tipo: 'é verdade que tal católico foi capaz de cometer grandes pecados? Como explicar tal coisa?'] 

O que devo lhe dizer é isto: se você realmente quiser continuar sendo cristã, precisa entender que na Igreja não existem somente pessoas boas, santas ou justas. Se você vai se escandalizar ou ficar psicologicamente abalada a cada vez que ficar sabendo de alguma maldade praticada por padres, freiras, bispos ou mesmo papas, você vai acabar perdendo a fé. Esta questão é realmente muito importante. Chego a dizer que compreendê-la é como um estágio que o cristão precisa superar. Eu (que não sou santo) passei por isso, e todos os santos cujas vidas eu estudei tiveram que superar essa etapa. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

''Eu queria ser chamado apenas de Padre Bento'', afirma Ratzinger


Mas ele, confidencia Ratzinger a um jornalista alemão, teria preferido ser chamado simplesmente de "Padre Bento". Só que, na época, ele estava "fraco e cansado demais" para conseguir se impôr.

Agora, conta Jörg Bremer, um dos correspondentes de Roma do Frankfurter Allgemeine, na conversa publicada na edição dominical do jornal, Ratzinger parece ter reencontrado as suas forças. Aos 87 anos, ele se movimenta sem bengala na sua casa, a Mater Ecclesiae, no Vaticano, os olhos brilham, e as suas respostas são rápidas e precisas.

E, com grande atenção, ele avisa o jornalista sobre o que pode escrever e sobre o que não. Como sobre o seu desejo, depois da renúncia, de ser chamado simplesmente de "Vater Benedikt". "Podemos escrever isso?", pergunta Bremer. "Sim, escreva", responde o "Padre Bento" – talvez possa ajudar".

Mas por que um papa emérito, que vive retirado e se deixa ver em público apenas quando o papa em serviço o convida (a última vez para a beatificação de Paulo VI), decide falar com um jornalista, rompendo, com todas as cautelas do caso, a regra do silêncio que ele se impôs desde que optou por viver como um monge?

O motivo talvez se encontre na publicação de um novo livro, o quarto, da coletânea dos seus escritos. O fato é que, em 1972, o professor de teologia Joseph Ratzinger, em um artigo "Sobre a questão da indissolubilidade do matrimônio", tinha se expressado em termos possibilistas sobre a readmissão à Eucaristia dos divorciados em segunda união. 

Advento; tempo de fazer o caminho para Belém


O tempo do Advento inaugura um novo Ano Litúrgico. A Igreja recomeça seu caminho de fé e convida seus filhos e filhas a retomarem o projeto da vida cristã. Somos chamados a olhar para a realidade humana com uma visão realista. Há sinais de Deus na história da vida humana, mas estes sinais podem estar encobertos. É preciso soprar as cinzas, retirar a poeira e deixar a vida transparente. No Advento abre-se novamente um caminho rumo à Belém. Este caminho conduz ao encontro da pobreza de um casal que tocado pelo mistério divino presenteou a humanidade com o que de mais belo se pode oferecer. O casal pobre e humilde chegou à Belém portando a gravidez sonhada pelos que ansiavam a salvação. Aquela gravidez era presente de Deus para a humanidade.

Nas casas de Belém o casal em romaria não fora acolhido. Naquela cidade dores de parto foram sentidas por Maria. Aconteceu o nascimento de uma criança pobre e humilde. Anjos cantaram glórias, pastores demonstraram solidariedade visitando o recém nascido, e houve perseguição de Herodes. Belém não foi e não é uma realidade fácil de ser encarada.

Muitos caminhos parecem conduzir para a glória, mas não se chega a ela sem passar por Belém e pelo Calvário. Assim o tempo do Advento relembra novamente a caminhada de um povo que busca a libertação e vai fazendo o seu caminho, em meio a angústia do existir humano, percebendo que a salvação está chegando. Belém está dentro do projeto do crescimento e do amadurecimento da pessoa.

Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2015


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para o 48º Dia Mundial da Paz (2015)
Quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Já não escravos, mas irmãos

1. No início dum novo ano, que acolhemos como uma graça e um dom de Deus para a humanidade, desejo dirigir, a cada homem e mulher, bem como a todos os povos e nações do mundo, aos chefes de Estado e de Governo e aos responsáveis das várias religiões, os meus ardentes votos de paz, que acompanho com a minha oração a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais. Rezo de modo particular para que, respondendo à nossa vocação comum de colaborar com Deus e com todas as pessoas de boa vontade para a promoção da concórdia e da paz no mundo, saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa humanidade.

Já, na minha mensagem para o 1º de Janeiro passado, fazia notar que «o anseio duma vida plena (…) contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar».1 Sendo o homem um ser relacional, destinado a realizar-se no contexto de relações interpessoais inspiradas pela justiça e a caridade, é fundamental para o seu desenvolvimento que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade, liberdade e autonomia. Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade. Tal fenómeno abominável, que leva a espezinhar os direitos fundamentais do outro e a aniquilar a sua liberdade e dignidade, assume múltiplas formas sobre as quais desejo deter-me, brevemente, para que, à luz da Palavra de Deus, possamos considerar todos os homens, «já não escravos, mas irmãos».

Angelus com o Papa Francisco no dia da Imaculada Conceição


ANGELUS
Solenidade da Imaculada Conceição
Segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Boa Festa!

A mensagem da festa de hoje da Imaculada Conceição da Virgem Maria pode se resumir com estas palavras: tudo é dom gratuito de Deus, tudo é graça, tudo é dom do seu amor por nós. O Anjo Gabriel chama Maria “cheia de graça” (Lc 1, 28): nela não há espaço para o pecado, porque Deus a escolheu desde sempre mãe de Jesus e a preservou da culpa original. E Maria corresponde à graça e se abandona dizendo ao Anjo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (v. 38). Não diz: “Eu farei segundo a tua palavra”: não! Mas: “Faça-se em mim…”. E o Verbo se fez carne em seu ventre. Também a nós é pedido escutar Deus que nos fala e acolher a sua vontade; segundo a lógica evangélica, nada é mais eficaz e fecundo que escutar e acolher a Palavra do Senhor, que vem do Evangelho, da Bíblia. O Senhor nos fala sempre!

A atitude de Maria de Nazaré nos mostra que “ser” vem antes do “fazer” e que é preciso “deixar fazer” a Deus para “ser” verdadeiramente como Ele nos quer. É Ele que faz em nós tantas maravilhas. Maria é receptiva, mas não passiva. Como, a nível físico, recebe o poder do Espírito Santo mas depois doa carne e sangue ao Filho de Deus que se forma nela, assim, no plano espiritual, acolhe a graça e corresponde a essa com a fé. Por isso Santo Agostinho afirma que a Virgem “concebeu antes no coração que no ventre” (Discurso, 215, 4). Concebeu primeiro a fé e depois o Senhor. Este mistério do acolhimento da graça, que em Maria, por um privilégio único, era sem obstáculo do pecado, é uma possibilidade para todos. São Paulo, de fato, abre a sua Carta aos Efésios com estas palavras de louvor: “Bendito Deus, Pai do Senhor nosso Jesus Cristo, que nos abençoou com toda benção espiritual nos céus em Cristo” (1, 3). Como Maria é saudada por santa Isabel como “bendita entre as mulheres” (Lc 1, 42), assim também nós sempre fomos “benditos”, isso é, amados e por isso “escolhidos antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados” (Ef 1, 4). Maria foi preservada, enquanto nós fomos salvos graças ao Batismo e à fé. Todos, porém, seja ela sejamos nós, por meio de Cristo, “em louvor do esplendor da sua graça” (v. 6), aquela graça de que a Imaculada foi preenchida em plenitude. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Calendário com falsos padres ortodoxos nus foi divulgado para difamar a fé cristã.


Muita gente ficou bege após ler a notícia de que padres da Igreja Ortodoxa posaram nus para um calendário que defende as práticas homossexuais. Alguns incautos, ao lerem isso, saíram até dizendo que os ortodoxos passaram a defender o casamento gay. Mais uma vez, a imprensa brasileira trata seus leitores como palhaços: ao contrário do que divulgaram os sites dos jornais O Globo, Extra, Terra e Folha F5, não há NENHUM SACERDOTE envolvido nessa infâmia.

Um dos organizadores do tal calendário assumiu para o jornal The Huffington Post que nenhuma das fotos do calendário apresenta sacerdotes de verdade. São apenas modelos bibas fazendo o papel de padres para zombar da fé cristã, em especial da Igreja Ortodoxa que condena as práticas homossexuais (a Igreja Ortodoxa é cismática e possui comunhão apenas parcial com a Igreja Católica; para saber mais, clique aqui).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Imaculada Conceição


A solenidade da Imaculada Conceição de Maria está colocada liturgicamente em um lugar privilegiado, ou seja, no tempo litúrgico do Advento, e ajuda-nos a ver a Nossa Senhora no cumprimento da sua missão na história da salvação. Já celebrada no século XI, esta solenidade insere no contexto do Advento-Natal, unindo a expectativa messiânica e o retorno glorioso de Cristo com a admirável memória da Mãe. Neste sentido, este período litúrgico deve ser considerado como tempo particularmente adequado para o culto da Mãe do Senhor. Maria é toda santa, imune de qualquer mancha de pecado, como que plasmada pelo Espírito Santo e feita nova criatura. Profeticamente vislumbrada na promessa da vitória sobre a serpente feita no livro do Genesis, Maria é a Virgem que conceberá e dará à luz um filho cujo nome será Emanuel. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado por Pio IX em 1854.

O Dogma da “Imaculada Conceição” foi definido e declarado pelo Papa Pio IX à 08/12/1854, com a seguinte fórmula “... Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina, de que a beatíssima Virgem Maria no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente e em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original, é revelada por Deus e por isso, deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis” (Bula, Ineffabilis Deus).

Nessa fórmula podemos observar que o sujeito da Imaculada Conceição é a sua pessoa. A declaração de Pio IX se refere à imunidade do pecado original e afirma a dependência essencial em relação ao seu Filho.  A teologia insere a Imaculada Conceição na visão geral do mistério cristão, o harmoniza com o conjunto da vida de Maria e com os vários elementos da história da salvação e sobretudo com o centro vivo, Jesus Cristo. 

domingo, 7 de dezembro de 2014

Papa acende luzes da maior árvore de Natal do Mundo


O Papa Francisco acendeu hoje, a partir de um tablet, as luzes da maior árvore de Natal do mundo, na encosta do Monte Ingino, na localidade de Gubbio, 200 quilómetros a norte de Roma.

“Queremos que a luz de Cristo esteja em nós”, declarou, na videomensagem que acompanhou o gesto, às 18h30 locais.

O Papa sublinhou que um “Natal sem luz não é Natal”, pedindo que essa convicção ilumine “a alma, o coração”, no “perdão aos outros”.

“Que não haja inimizades, que são trevas. Que haja a luz de Jesus, tão bela, é o que desejo para vós”, declarou, deixando votos de “paz e felicidade”.

Segundo Francisco, o Natal é uma oportunidade para “limpar a alma” e recorrer à misericórdia de Deus, que “perdoa tudo”.

“Que a luz esteja nos vossos corações, nas vossas famílias, nas vossas cidades. E agora, com este desejo, acendamos as luzes”, concluiu.

No Angelus, Papa pede testemunhos da misericórdia de Deus

ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 7 de dezembro de 2014


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Este domingo marca a segunda etapa do Tempo do Advento, um tempo maravilhoso que desperta em nós a espera pelo retorno de Cristo e a memória da sua vinda histórica. A Liturgia de hoje nos apresenta uma mensagem cheia de esperança. É o convite do Senhor expresso pela boca do profeta Isaías: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus” (40, 1). Com estas palavras se abre o Livro da consolação, no qual o profeta dirige ao povo no exílio o anúncio alegre da libertação. O tempo da tribulação terminou; o povo de Israel pode olhar com confiança para o futuro: espera-o finalmente o retorno à pátria. Por isso o convite é a deixar-se consolar pelo Senhor.

Isaías se dirige a pessoas que atravessaram um período obscuro, que foram submetidas a uma prova muito dura; mas agora veio o tempo da consolação. A tristeza e o medo podem dar lugar à alegria, porque o próprio Senhor guiará o seu povo no caminho da libertação e da salvação. De que modo fará tudo isso? Com a solicitude e a ternura de um pastor que cuida do seu rebanho. Ele, de fato, dará unidade e segurança ao rebanho, o fará pastar, reunirá no seu seguro redil as ovelhas perdidas, reservará particular atenção àquelas mais frágeis (v.11). Esta é a atitude de Deus para conosco, suas criaturas. Por isso o profeta convida quem o escuta – incluindo nós, hoje – a difundir entre o povo esta mensagem de esperança: que o Senhor nos consola. E dar lugar à consolação que vem do Senhor.

Advento: Memória, Vigília e Mística


“Eis que a virgem conceberá, e dará a luz a um filho, e lhe chamará Emanuel” (Is 7, 14)
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade”(Jo 1,14)

01. O Natal aproxima-se. Os cristãos, bem como todos os homens de boa vontade, sentem que algo diferente ocorre nestes dias: multiplicam-se as luzes nas cidades, tornam-se comuns os votos de felicidade e prosperidade, os sorrisos abrem-se de forma mais espontânea em tantas faces, os presépios encantam as pessoas de todas as idades… Enfim, mergulha-se em uma atmosfera diferente. Não se pode, entretanto, permitir que o Natal torne-se, como para muitos se tem tornado, mera ocasião para troca de presentes e cumprimentos. O Natal e o Advento guardam uma mensagem própria e bastante peculiar para a Igreja: trata-se de um período de profunda riqueza em nosso ano litúrgico.

02. Sabe-se que o ano civil destina-se a organizar as relações humanas, possibilitando que as pessoas tenham um mesmo referencial de tempo. O ano litúrgico, por sua vez, permite que o Povo de Deus medite e celebre, em uma mesma época, as verdades relacionadas à encarnação, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Leituras, orações, cores, ícones e canções típicas: tudo se destina a fazer com que os cristãos de todo o mundo possam melhor compreender e usufruir os frutos da redenção operada, na plenitude dos tempos, por Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Na alegria e no conforto que a comunhão dos santos nos oferta, também contemplamos, no decorrer do ano litúrgico, os méritos dos Santos, isto é, aqueles que, em sua vida, souberam ser dóceis à graça de Deus e, sob o influxo dela, assemelharam-se ao seu Senhor e Salvador.

03. É necessário, sobretudo em razão do Ano Santo que vivemos – justamente o Jubileu dos 2000 anos da Encarnação de Cristo –, que sejamos levados a meditar sobre o sentido e significado do tempo do Advento, que antecede e prepara o Natal do Senhor. A Igreja tem ensinado que este período litúrgico apresenta um caráter dúplice: ao mesmo tempo que somos levados a fazer memória do nascimento de Jesus, também devemos, em júbilo e esperança, aguardar, a exemplo da comunidade cristã em seus primórdios, a Sua volta. Ora, na contemplação destas duas verdades, acabamos por entender que, de forma toda especial, no período do Advento, renova-se o convite para aprofundarmos nossa relação de amizade com o Mestre, crescendo nas virtudes, com destaque para a fé e para a caridade, e renunciando firmemente a todo o vício que nos impede de vivermos conforme o Seu desígnio de amor.

É Advento: preparemos o nosso Natal


É Advento. O ano-novo litúrgico iniciou-se com as nossas igrejas revestidas de roxo, com o povo de Deus em solene expectativa pelo nascimento do Messias. Já tremeluz a primeira chama da Coroa do Advento. Já esperamos a Luz que há de refulgir nas trevas. Em breve.

É de Saint-Exupéry o famoso diálogo entre o Príncipe e a Raposa: «se tu vens às quatro da tarde, desde às três já começo a ser feliz». Uma vez, no início da faculdade, uma professora de estatística, do nada, recomendou a leitura deste livro. “Para que aprendêssemos o valor dos rituais”. Ao que parece, há pessoas que não receberam este piedoso conselho. Na Venezuela, p.ex., o Natal já passou. O presidente decretou-o para novembro. Se ele já houvesse celebrado o Natal alguma vez na vida, não faria jamais semelhante idiotice.

Porque o tempo não está sujeito aos decretos dos homens. Tem a sua própria cadência, que se impõe e é sábio respeitar. Diante dele, não cabe outra atitude que não a de uma humilde subserviência: ser homem é também, em certo sentido, ser capaz de esperar.

Não uma espera meramente passiva, por certo; não uma espera ignorante que os acontecimentos pegam sempre de surpresa. Mas uma espera que é expectativa: sabemos o que há de vir. Muitas vezes gostaríamos de ser como deuses, e desejaríamos que o futuro se realizasse quando o desejássemos, à nossa voz onipotente: mas isso é por demais infantil. Os rituais são o nosso modo de manipular o tempo, nos limites de nossa onipotência. Onipotência que é aliás bem limitada; voltando ao Pequeno Príncipe, mais ou menos como a do Rei…

Papa envia videomensagem aos cristãos perseguidos no Iraque


O Papa Francisco enviou, nesta sexta-feira, 5, através do Cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, na França, uma videomensagem ao povo e aos cristãos do Iraque, vítimas de perseguições.

O Cardeal Barbarin, em visita de dois dias ao Iraque, encontrará os cristãos perseguidos, refugiados em Ebril, no Curdistão iraquiano. O objetivo da sua viagem tem duplo significado: assegurar a contínua solidariedade espiritual da Igreja europeia aos cristãos no Iraque e fazer um rastreamento local das ajudas humanitárias enviadas à região.

Em sua mensagem, o Santo Padre envia a sua saudação e expressa sua solidariedade espiritual para com o povo iraquiano, através do cardeal Philippe Barbarin.

O Papa Francisco agradece pelo testemunho cristão dessa população e lembra as dores e as feridas causadas pelas violências às mães, crianças, idosos e desabrigados. O Santo Padre expressa a sua preocupação pela perseguição de um grupo extremista fundamentalista naquela região, que causa sofrimentos desumanos a inteiras comunidades, sobretudo cristãos e yazidas, por causa da sua identidade étnico-religiosa. 

Primeira Pregação do Advento: a paz dom de Deus


Nesta sexta-feira, dia 5 de dezembro tiveram início as pregações pregações de Advento propostas pelo Padre Raniero Cantalamessa ao Papa Francisco e à Cúria Romana na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O sacerdote capuchinho e Pregador da Casa Pontifícia denominou este ciclo de pregações com o título “Paz na terra aos homens que Deus ama”. Esta primeira pregação teve como temática a paz como dom de Deus em Jesus Cristo sendo que as próximas sextas-feiras terão com orientação temática a paz como tarefa pela qual trabalhar, no dia 12 e a paz como fruto do Espírito no dia 19 de dezembro.

O Padre Cantalamessa começou por propôr as palavras de S. Paulo na Carta aos Romanos:

“Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, mediante o qual também tivemos, pela fé, o acesso a esta graça em que estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5, 1-2).

O Padre Raniero recordando o Armistício da Segunda Guerra Mundial e fazendo um paralelismo com o tempo do Apóstolo Paulo referiu que “quando falamos de paz, somos levados a pensar quase sempre numa paz horizontal: entre os povos, entre as raças, entre as classes sociais, entre as religiões. A palavra de Deus ensina-nos que a paz primeira e mais essencial é a vertical, entre o céu e a terra, entre Deus e a humanidade.”

O Padre Cantalamessa apresentou, assim, Jesus Cristo como Aquele que traz a paz através da Sua cruz. “A Igreja apostólica nunca se cansa de proclamar o cumprimento, em Cristo, de todas as promessas de paz feitas por Deus. Falando do Messias que nasceria em Belém da Judeia, o profeta Miqueias tinha predito: ‘Ele será a nossa paz!’” – sublinhou o Padre Raniero. 

A crise política e a doutrina social da Igreja


Em momentos de crise, a sensação de insegurança se espalha com muita rapidez. E estamos vivendo um momento de crise: não somente de crise econômica, embora esta também se faça evidente, mas principalmente de crise ética, religiosa e, porque não dizer, civilizacional.

Em situações assim, não é incomum que aqueles que estão no poder procurem razões – fora de si mesmos – as quais imputar a responsabilidade pelo fato de que as coisas não estão indo bem. Uma estratégia muito comum de governantes que desacreditam na alternância de poder como princípio democrático é a de afirmar que as atuais estruturas políticas e sociais não são suficientes para que ele possa exercer o poder necessário para levar o povo para fora da crise. O governante grita por mais poder; presume-se legítimo não apenas para conduzir o povo para a prosperidade, mas ao paraíso na terra, o que só não aconteceria, alegam, porque sua capacidade de fazer o necessário para isto está atada por princípios e estruturas que o restringem, e o impedem de redimir o povo da crise.

Este é um fenômeno que parece estar se desenhando no Brasil: vê-se o partido do governo propondo uma reforma política logo após quase sofrer uma grande derrota eleitoral, e defendendo a extinção de estruturas políticas multicentenárias como o Senado da República, ou tentando bloquear o que vê como canais de possíveis derrotas para si em votações no congresso e em futuras eleições, que são a imprensa livre e a possibilidade de financiamento privado (aberto e contabilizado) de campanhas.

Ora, os princípios são criados e mantidos exatamente para nos guiar nas crises. Na prosperidade, ninguém discute princípios. No entanto, a ideia de que são os princípios, as estruturas democráticas, a liberdade de expressão ou a participação de agentes privados em campanhas eleitorais os verdadeiros responsáveis pela crise escamoteia o fato principal: isto não é verdade. As crises nascem e algum outro lugar, não das estruturas democráticas e sociais, e desconstruir estruturas democráticas e sociais nunca foi caminho para solução de crise, senão para, como parece óbvio, criar um governo autoritário e acabar com a democracia.