domingo, 27 de julho de 2014

Por que Deus pede um casamento para sempre e com a mesma pessoa?


Existem ensinamentos de Jesus que provocam desconforto, porque seriam limitadores da liberdade e do desejo de construir a felicidade. "Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne?" (Mateus 19,4-6).

Esta frase pronunciada com autoridade por Jesus, contradizendo também a lei mosaica, suscitou debates, divisões, cismas no interior da Igreja. E também dor por parte de muitos que, tendo fracassado no próprio casamento, buscaram refazer-se na vida afetiva e hoje se sentem excluídos ou rejeitados pela Igreja porque não podem comungar.

Trata-se de um dos ensinamentos que não é facilmente compreendido. Como pode Deus reivindicar que uma união conjugal seja para sempre, se nós somos vulneráveis, tão inclinados ao mal, frágeis, sentimo-nos frequentemente incapazes de ser fiéis aos nossos compromissos perenes? Pode existir uma união para sempre? E se errarmos?

Por outro lado, muitos defendem a possibilidade de dissolver o matrimônio levando em consideração o fato de que o amor seria inconstante, ou que não exista um afeto que possa ser duradouro por causa da contingência do homem. Por que Deus pede união matrimonial para sempre e com apenas uma pessoa? Talvez não nos conheça, ou não sabe do que somos feitos?

A defesa da indissolubilidade está na argumentação da sua negação. Deus sabe do que somos feitos e por isso acredita em nós. Ele conhece perfeitamente tudo o que somos capazes, nós, porém, por causa do nosso pecado, pouco a pouco nos esquecemos. Somos pecadores, Ele sabe muito bem, mas somos também seres redentores, e esta redenção é o que permite fazer de nós novas criaturas. Somos feitos para o amor, que não é somente uma possibilidade humana, mas também um dever metafísico. Quem não ama perdeu a sua humanidade e o sentido daquilo que é.

Para acreditar na indissolubilidade matrimonial é necessário acreditar na fidelidade, e para acreditar na fidelidade é necessário acreditar no amor. Mas para acreditar no amor é fundamental acreditar em Deus. Não se pode acreditar no amor verdadeiro se não acreditarmos em Deus.

sábado, 26 de julho de 2014

Com sua assinatura ajudamos a salvar os cristãos do Iraque


Os últimos cristãos acabam de deixar Mossul (Iraque), depois que o Estado Islâmico (EI) deu a eles duas opções: o exílio ou a morte. Milhares de cristãos já foram assassinados ou sequestrados. Outros abandonaram suas casas sem poder levar nada.

Pela primeira vez em 18 séculos não há nenhum cristão em Nínive, hoje Mossul.


Não podemos ficar indiferentes diante disso! 


Não esperemos que aconteça um crime contra a humanidade para mobilizar a comunidade internacional!

Nós convidamos você a assinar esta petição dirigida à ONU e à Liga Árabe, para que elas atuem rapidamente para colocar fim aos abusos do Estado Islâmico e para que encerra esta tentativa de eliminar os cristãos do Iraque. 

O ódio a Israel


“Não é possível discutir racionalmente com alguém que prefere matar-nos a ser convencido pelos nossos argumentos.” (Karl Popper)

As recentes declarações do presidente Obama reacenderam o debate sobre o confronto entre Palestina e Israel. Todos gostam de emitir opinião sobre o assunto, mesmo sem embasamento. Não pretendo entrar na questão histórica em si, até porque isso foge da minha área de conhecimento. Mas gostaria de colaborar com o debate pela via econômica. Do meu ponto de vista, há muita inveja do relativo sucesso israelense. A tendência natural é defender os mais fracos. Isso nem sempre será o mais justo.

O antissemitismo é tão antigo quanto o próprio judaísmo. Os motivos variaram com o tempo. Mas, em minha opinião, não podemos descartar a inveja como fator importante. A prática da usura era condenada pelos católicos enquanto os judeus desfrutavam de sua evidente lógica econômica. Shakespeare retratou o antissemitismo de seu tempo em seu clássico “O Mercador de Veneza”, em que Shylock representa o típico agiota insensível. Marx, sempre irresponsável com suas finanças, usou os judeus como bode expiatório para atacar o capitalismo. O nacional-socialismo de Hitler foi o ponto máximo do ódio contra judeus.

Vários países existem por causa de decisões arbitrárias de governos, principalmente após guerras. Israel é apenas mais um. Curiosamente, parece que somente Israel não tem o direito de existir. Culpa-se sua existência pelo conflito na região, sem levar em conta que os maiores inimigos dos muçulmanos vêm do próprio Islã. O que Israel fez de tão terrível para que mereça ser “varrido do mapa”, como os fanáticos defendem?

Israel é um país pequeno, criado apenas em 1948, contando hoje com pouco mais de sete milhões de habitantes. Ao contrário de seus vizinhos, não possui recursos naturais abundantes, e precisa importar petróleo. Entretanto, o telefone celular foi desenvolvido lá, pela filial da Motorola. A maior parte do sistema operacional do Windows XP foi desenvolvida pela Microsoft de Israel. O microprocessador Pentium-4 foi desenvolvido pela Intel em Israel. A tecnologia da “caixa postal” foi desenvolvida em Israel. Microsoft e Cisco construíram unidades de pesquisa e desenvolvimento em Israel. Em resumo, Israel possui uma das indústrias de tecnologia mais avançadas do mundo.

Os últimos cristãos de Mossul: imagens de uma tragédia


Tristes imagens dos últimos cristãos fugidos de Mossul (Iraque), acolhidos na paróquia da aldeia de Telkiff. As fotos foram cedidas por seu autor à edição árabe da Aleteia. Fonte: Ishtartv



Papa reflete sobre o mal no mundo e a paciência de Deus, e volta a pedir oração pela paz no Oriente Médio


PAPA FRANCISCO
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 20 de Julho de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Durante estes domingos a liturgia propõe algumas parábolas evangélicas, ou seja, breves narrações que Jesus utilizava para anunciar o Reino dos céus às multidões. Entre aquelas presentes no Evangelho de hoje, há uma bastante complexa, cuja explicação Jesus oferece aos discípulos: é a do trigo e do joio, que enfrenta o problema do mal no mundo, pondo em evidência apaciência de Deus (cf. Mt 13, 24-30.36-43). A cena desenrola-se num campo onde o senhor lança a semente; mas certa noite chega o inimigo e semeia o joio, termo que em hebraico deriva da mesma raiz do nome «Satanás», evocando o conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um «semeador de joio», aquele que procura sempre dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os empregados gostariam de arrancar imediatamente a erva daninha, mas o senhor impede-o com a seguinte motivação: «Ao extirpardes o joio, correis o risco de arrancar também o trigo» (Mt 13, 29). Pois todos nós sabemos que o joio, quando cresce, se assemelha muito ao trigo, e existe o perigo de se confundirem.

O ensinamento da parábola é dúplice. Antes de tudo recorda que o mal existente no mundo não deriva de Deus, mas do seu inimigo, o Maligno. É curioso, o Maligno sai à noite para semear o joio, na escuridão, na confusão; sai para semear o joio onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!

E aqui chegamos ao segundo tema: a oposição entre a impaciência dos empregados e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus. Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus. Mas recordai-vos da oração daquele homem soberbo: «Graças a Vós ó Deus, eu sou bom, não sou como os outros homens, maus...» (cf. Lc 18, 11-12). Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o «campo» da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele.

A atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. Mas atenção: a paciência evangélica não é indiferença diante do mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus.

Com efeito, no final o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, isto é do juízo, os ceifeiros cumprirão a ordem do senhor, separando o joio para o queimar (cf. Mt 13, 30). Naquele dia da ceifa final o Juiz será Jesus, Aquele que lançou a boa semente no mundo e, tornando-se Ele mesmo «grão de trigo», morreu e ressuscitou. No final, todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual tivermos julgado: a misericórdia que tivermos usado em relação aos outros será utilizada também para connosco. Peçamos a Nossa Senhora, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos.

Mensagem do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso aos Muçulmanos no fim do Ramadã


CONSELHO PONTIFÍCIO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
MENSAGEM PARA O FIM DO RAMADÃO
‘Id al-Fitr 1435 H. / 2014 a.d.
«Rumo a uma autêntica fraternidade entre cristãos e muçulmanos»

Amados irmãos e irmãs muçulmanos,

É para nós uma grande alegria transmitir-vos as nossas sinceras felicitações e os melhores votos por ocasião do ‘Id al-Fitr, no encerramento do mês do Ramadão dedicado ao jejum, à oração e à assistência aos pobres. No ano passado, primeiro do seu ministério, o PapaFrancisco assinou pessoalmente a Mensagem que vos foi dirigida na circunstância do ‘Idal-Fitr. Numa outra ocasião, ele também vos saudou como «nossos irmãos» (Angelus, 11de Agosto de 2013). Todos nós reconhecemos a expressividade destas palavras. Com efeito, cristãos e muçulmanos são irmãos e irmãs da única família humana, criada por um só Deus.

Recordemos as palavras que o Papa João Paulo II dirigiu a alguns Chefes religiosos muçulmanos, em 1982: «Todos nós, cristãos e muçulmanos, vivemos na terra sob o sol de um único Deus misericordioso. Uns e outros acreditamos no único Deus, que é o Criador do homem. Proclamamos a soberania de Deus e defendemos a dignidade do homem como servo de Deus. Adoramos a Deus e professamos-lhe a nossa submissão total. Assim, no verdadeiro sentido podemos chamar-nos, uns aos outros, irmãos e irmãs na fé no único Deus» (Kaduna, Nigéria, 14 de Fevereiro de 1982).

Demos graças ao Altíssimo por tudo aquilo que temos em comum, embora estejamos conscientes das nossas diferenças. Damo-nos conta da importância da promoção de um diálogo fecundo, baseado no respeito recíproco e na amizade. Inspirados pelos nossos valores compartilhados e fortalecidos pelos nossos sentimentos de fraternidade genuína, somos chamados a trabalhar juntos pela justiça, paz e respeito pelos direitos e a dignidade de cada pessoa. Sentimo-nos particularmente responsáveis pelos mais necessitados: os pobres, os enfermos, os órfãos, os migrantes, as vítimas do tráfico humano e todos aqueles que sofrem por causa de qualquer forma de dependência.

Como sabemos, o mundo contemporâneo deve enfrentar graves desafios que exigem solidariedade da parte das pessoas de boa vontade. Estes desafios abrangem as ameaças contra o meio ambiente, a crise da economia global e as elevadas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens. Tais situações geram um sentido de vulnerabilidade e uma falta de esperança no futuro. Também não devemos esquecer os problemas enfrentados por numerosas famílias que foram obrigadas a separar-se, deixando os próprios entes queridos e muitas vezes até os filhos mais pequeninos.

Por isso trabalhemos juntos, para construir pontes de paz e promover a reconciliação, especialmente nas regiões onde muçulmanos e cristãos padecem juntos os horrores da guerra.

Vaticano: Papa preside Missa para vítimas de abusos sexuais.


SANTA MISSA NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA 
COM ALGUMAS VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS POR PARTE DO CLERO
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Segunda-feira, 7 de Julho de 2014

A imagem de Pedro, cujo olhar, vendo Jesus sair desta sessão de duro interrogatório [no Sinédrio], se cruza com Jesus e chora, vem-me hoje ao coração ao cruzar o vosso olhar, o olhar de tantos homens e mulheres, meninos e meninas; sinto o olhar de Jesus e peço a graça do seu chorar.

A graça de a Igreja chorar e fazer reparação pelos seus filhos e filhas que traíram a sua missão, que abusaram de pessoas inocentes com os seus desvarios. E hoje sinto-me agradecido a vós por terdes vindo aqui.

Há tempos que sinto no coração um profundo pesar, vendo um sofrimento escondido durante tanto tempo, dissimulado numa cumplicidade que não encontra explicação, até que alguém se deu conta de que Jesus olhava e depois outra pessoa notou o mesmo e mais outra se apercebeu disso mesmo... e animaram-se a sustentar este olhar. E aqueles poucos que começaram a chorar, contagiaram a nossa consciência fazendo-a chorar por este crime e pecado grave. Sinto no meu coração angústia e pesar pelo facto de alguns padres e bispos terem violado a inocência de menores – e a sua própria vocação sacerdotal –, abusando deles sexualmente. Trata-se de algo mais que actos ignóbeis; é uma espécie de culto sacrílego, porque estes meninos e meninas tinham sido confiados ao carisma sacerdotal para os conduzir a Deus e eles sacrificaram-nos ao ídolo da sua concupiscência. Profanaram a própria imagem de Deus, pois foi à imagem d’Ele que fomos criados. A infância – todos nós o sabemos – é um tesouro. O coração jovem, tão aberto e cheio de confiança, contempla os mistérios do amor de Deus e mostra-se disponível de uma forma única para ser alimentado na fé. Hoje, o coração da Igreja contempla os olhos de Jesus nestes meninos e meninas e quer chorar. Pede a graça de chorar perante estes actos execráveis ​de abuso perpetrados contra os menores; actos que deixaram cicatrizes para a vida inteira.

Sei que as vossas feridas são uma fonte de profunda e muitas vezes implacável pena emotiva e espiritual e até mesmo de desespero. Muitos daqueles que sofreram esta experiência, procuraram compensações na dependência. Outros experimentaram sérios distúrbios nas relações com pais, cônjuges e filhos. Particularmente grave foi o sofrimento das famílias, já que o dano provocado ​​pelo abuso atinge estas relações vitais.

Alguns sofreram mesmo a terrível tragédia do suicídio de um ente querido. A morte destes filhos amados de Deus pesa sobre o coração e sobre a minha consciência e a de toda a Igreja. A estas famílias, apresento os meus sentimentos de pesar e de amor. Jesus, torturado e interrogado com a paixão do ódio, é levado para outro lugar e olha; olha para um dos seus – aquele que O renegara – e fá-lo chorar. Pedimos esta graça, juntamente com a da reparação.

Os pecados de abuso sexual contra menores por parte de membros do clero têm um efeito devastador sobre a fé e a esperança em Deus. Alguns há que se agarraram à fé, enquanto, a outros, a traição e o abandono corroeram a sua fé em Deus. A vossa presença aqui fala do milagre da esperança que prevalece sobre a mais profunda escuridão. É, sem dúvida, um sinal da misericórdia de Deus o facto de termos hoje esta oportunidade de nos encontrarmos, de adorar o Senhor, de nos fixarmos olhos nos olhos  e de buscar a graça da reconciliação.

Diante de Deus e do seu povo, sinto-me profundamente consternado pelos pecados e os crimes graves de abuso sexual cometidos por membros do clero contra vós e humildemente peço perdão.

Peço perdão também pelos pecados de omissão por parte dos responsáveis da Igreja que não responderam de forma adequada às denúncias de abuso apresentadas por familiares e por aqueles que foram vítimas de abuso. Isto causou ainda ulterior sofrimento àqueles que foram abusados e pôs em perigo outros menores que se encontravam em situação de risco.

Por outro lado, a coragem que vós e outros demostraram fazendo emergir a verdade foi um serviço de amor, projectando luz sobre uma terrível obscuridade na vida da Igreja. Não há lugar, no ministério da Igreja, para aqueles que cometem abusos sexuais; e comprometo-me a não tolerar o dano infligido a um menor por quem quer que seja, independentemente do seu estado clerical. Todos os bispos devem exercer o seu serviço de pastores com o máximo cuidado para salvaguardar a protecção dos menores, e prestarão contas desta responsabilidade.

Vale, para todos nós, o conselho que Jesus deu para quantos dão escândalo: …a mó do moinho e mar (cf. Mt 18, 6).

Além disso continuaremos a vigiar sobre a preparação para o sacerdócio. Conto com os membros da Pontifícia Comissão para a Protecção dos Menores, todos os menores independentemente da religião a que pertençam: são os pequeninos que o Senhor olha com amor.

O futuro do cristianismo nos Estados Unidos


Se você quer (tentar) prever o futuro da economia de um país, não faltam métricas à sua disposição. Alguns dos principais indicadores têm base ampla, como os rumos do índice Standard & Poor’s 500, do mercado de ações, enquanto outros, como a construção de novas unidades habitacionais privadas, se concentram em setores específicos da economia.
 
Também existem alguns indicadores que parecem bizarros, mas têm relação com o ciclo econômico. O Índice da Bainha, por exemplo, é uma teoria apresentada pela primeira vez por um economista em 1926: ele sugere que as bainhas dos vestidos das mulheres sobem juntamente com os preços das ações. Parece bastante bobo, mas, em 2010, uma pesquisa confirmou essa curiosa correlação.

 
Em contraste com os inúmeros indicadores sobre o futuro da economia, há poucos índices que preveem os rumos espirituais futuros de um país. É por isso que eu quero chamar a atenção para um indicador espiritual incomum: o número anual de batismos na Convenção Batista do Sul (SBC, na sigla em inglês).

 
O Dr. Paige Patterson, presidente do maior seminário da SBC, escreveu recentemente: "A única estatística que me preocupa é a diminuição de batismos. Mas, embora aumentar os batismos não deva ser o foco da SBC, nem de qualquer outra denominação, eu acredito que este dado pode servir como uma prévia do crescimento ou do declínio do cristianismo".
 
Nós, cristãos, acreditamos que a propagação da fé depende, em última análise, da ação do Espírito Santo. Mas também reconhecemos que Jesus nos encarregou de levar a sua mensagem para o mundo todo. Jesus disse: “Ide, fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que eu vos mandei” (Mateus 28,19-20). Os batistas do sul levam este mandamento tão a sério que, em 2012, a SBC adotou um nome auxiliar para as suas igrejas-membros: "Batistas do Grande Envio".

 
Para se filiar a uma igreja da SBC, qualquer indivíduo precisa ser batizado por imersão, um "ato de obediência que simboliza a fé do crente no Salvador crucificado, sepultado e ressuscitado, a morte do crente para o pecado, o enterro da vida antiga e a ressurreição para caminhar na novidade da vida em Cristo Jesus". Depois do batismo, espera-se que o novo crente assuma o seu papel na evangelização e nas missões, abraçando o Grande Envio a "fazer discípulos em todas as nações".

 
Os novos batismos registrados pelas igrejas da SBC, portanto, podem servir como métrica peculiar para identificar um novo crente disposto a compartilhar a mensagem do cristianismo com o resto do mundo. Esta métrica serve apenas para contabilizar "novos crentes", já que os cristãos vindos de outras tradições de fé não precisam repetir o ritual do batismo na SBC.

 
Há limites nessa métrica, é evidente, mas há várias razões, ainda assim, para considerarmos que os batismos na SBC podem predizer o futuro do cristianismo nos Estados Unidos.

 
1. O efeito magnitude

 
A SBC é grande. Com quase 16 milhões de membros, é o maior corpo protestante dos Estados Unidos e a segunda maior entidade cristã do país, depois da Igreja católica. Devido ao seu tamanho, os “elementos cristãos gerais” presentes na SBC podem servir como amostra potencialmente representativa do que está acontecendo no cristianismo norte-americano como um todo. Se os batismos estão aumentando ou diminuindo na SBC, o número de norte-americanos que se tornam cristãos (em qualquer denominação) tenderá igualmente a ser crescente ou decrescente.

 
2. O efeito autonomia

 
A SBC é uma organização descentralizada, composta por 46.034 igrejas locais e autônomas. Cada igreja da SBC é uma congregação de crentes batizados que toma as suas próprias decisões sobre recursos humanos, orçamento, programas, etc. Nenhuma organização, nem a própria SBC, detém autoridade sobre elas. Esta autonomia ajuda naquilo que os cientistas sociais chamam de “experimentos naturais”. Como as igrejas individuais não recebem diretrizes centrais sobre como realizar a evangelização e a missão, cada igreja local tem que descobrir o que funciona para o seu próprio caso. Podemos enxergar, portanto, de acordo com o número de novos batismos nas igrejas individuais, o que está atraindo novos crentes para a fé cristã em geral.