terça-feira, 2 de dezembro de 2014

O Pe. Fábio de Melo e a oração AOS santos

A leitora Bianca, protestante, nos escreveu nos acusando de idolatria (puxa, que coisa inusitada, né?) e tentou usar alguns vídeos do padre Fábio de Melo para sapatear em cima da fé católica.



Na verdade, Bianca, todo católico deve concordar plenamente com essa afirmação do Padre Fábio: “Nós não podemos viver uma devoção mariana que nos aparte de Jesus. Que toda devoção mariana só tem sentido se nos apontar para o Cristo, se ela nos fazer conhecer o coração de Jesus”. Está claro nos vídeos que o padre aprova a devoção mariana, e critica tão somente os seus exageros e desvirtuações.

O Padre Fábio foi muito incisivo em sua denúncia, mas também foi muito pouco claro. Afinal, que exageros seriam esses? Ele cita vagamente que o “cristianismo sendo reduzido a medalhinhas”, “a teologia sendo substituída por devoções vazias”, “a devoção mariana sendo excessivamente colocada”… Exemplos mais concretos ajudariam, mas infelizmente ele deixa as coisas meio no ar.

Bem, vou tentar analisar esses vídeos, dentro dessas limitações.

O “cristianismo sendo reduzido a medalhinhas”

Medalhas de santos são instrumentos humildes, mas eficazes para a edificação espiritual (pode chiar a crentaiada e os católicos soberbos, que fazem pouco das devoções simples e populares). Nossa Senhora das Graças apareceu a Santa Catarina de Labourè em Paris, e mandou que fosse cunhada a Medalha Milagrosa. Por meio dessa devoção, muitos curas foram operadas, muitos incrédulos abraçaram a fé e tantas outras graças foram alcançadas.

Assim, espero que ao citar o tal “cristianismo sendo reduzido a medalhinhas” o padre Fábio não tenha pretendido, de modo algum, desprezar a piedosa prática de muitos fiéis, que levam consigo uma medalha de um santo, desejando assim a bênção e a proteção do Céu.

Creio que o Padre Fábio esteja, muito justamente, alertando aqueles que adotam somente a devoção externa – o uso e apreço pelas medalhas –, sem, porém, realizar a necessária devoção interior (não são buscam ser cristãos de verdade em sua consciência e atitudes cotidianas). Eles se apegam a devoções exteriores, mas não se aplicam em imitar as virtudes dos santos.

“A teologia sendo substituída por devoções vazias”

Sim, é bem verdade que, não raras vezes, vemos “a teologia sendo substituída por devoções vazias”. Mas se não alertamos as pessoas sobre quais devoções seriam essas, se não damos nomes aos bois, como se prevenirão? Senti falta de uma indicação mais específica na palestra do padre.

Atrevo-me a apontar uma devoção que vem tomando amplamente o lugar da verdadeira teologia: a devoção ao respeito humano, colocando-o acima do respeito e temor a Deus. Essa devoção leva à opção covarde de falar as coisas pela metade, de forma dúbia. Como o Papa Francisco bem disse, é “a tentação de negligenciar a realidade utilizando uma língua minuciosa e uma linguagem ‘alisadora’ (polida) para dizer tantas coisas e não dizer nada” (News.Va). Assim, a maior preocupação não é comunicar a verdade, mas sim não ofender quem está vivendo no pecado, não contrariar a mentalidade do mundo.

Sobre devoções marianas falsas e vazias, podemos citar várias na história. Entre elas, Marpingen, na Alemanha (1876) e El Escorial, na Espanha (1980). Mesmo depois de alertadas pelas autoridades da Igreja, muitas pessoas continuaram a crer nos “videntes” dessas aparições e em suas mensagens. Ou seja, essas pessoas eram realmente idólatras, pois preferiram a desobediência, dando ouvidos mais a supostas revelações pessoais do que à voz dos legítimos pastores.

“A devoção mariana sendo excessivamente colocada”

Fico realmente muito curiosa para saber o que seria, no conceito do Pe. Fábio de Melo, uma devoção mariana exagerada. Mas como ele se furta a fazer observações mais precisas, volto-me então, para os ensinamentos – avaliados e aprovados por vários papas – de São Luis Maria Grignion de Montfort. Sobre o temor de dar a Maria uma devoção demasiada, ele diz:

Os devotos escrupulosos são pessoas que temem desonrar o Filho honrando a Mãe, rebaixar um ao elevar a outra. Não podem suportar que se prestem à Santíssima Virgem louvores muito justos, tais como os Santos Padres lhe dirigiram (…). Como se uma coisa fosse contrária à outra, como se aqueles que rezam a Nossa Senhora não rezassem a Jesus Cristo por meio d’Ela! Não querem que se fale tantas vezes da Santíssima Virgem, nem que a Ela nos dirijamos tão frequentemente. Eis algumas frases que lhes são habituais:

“Para que servem tantos terços, tantas confrarias e devoções externas à Santíssima Virgem? Há muita ignorância nisto tudo! Faz-se da religião uma palhaçada. Falem-me dos que têm Devoção a Jesus Cristo (…). É preciso pregar Jesus Cristo: eis a doutrina sólida!”

Isto que dizem é verdadeiro num certo sentido; mas quanto à aplicação que disso fazem, para impedir a Devoção à Virgem Santíssima, é muito perigoso. Trata-se duma cilada do inimigo sob pretexto dum bem maior. Pois nunca se honra mais a Jesus Cristo do que quando se honra muito à Santíssima Virgem. A razão é simples: só honramos a Virgem no intuito de honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, indo a Ela apenas como ao caminho que leva ao fim almejado, que é Jesus.

- Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Os devotos escrupulosos

A necessidade da devoção a Maria

No segundo vídeo que postamos acima, o Pe. Fábio conta que nunca teve o costume de rezar aos santos, fazer novenas etc. De forma muito correta, ele diz que essas devoções são OPCIONAIS, e não essenciais para a salvação. Certo. Mas há um “porém”: a devoção a Maria, Mãe de Deus, NÃO É OPCIONAL. Como o padre mesmo disse no segundo vídeo, essa é uma devoção que todo católico deve ter.

A Virgem se distingue amplamente dos demais santos, sendo muito superior a todos eles. Mesmo os maiores santos pecaram, alguns somente com faltas leves, outros ainda foram grandes pecadores antes de sua conversão; Maria, porém, é toda pura e Imaculada. Por isso, seu corpo não foi devorado pelos vermes: ao fim de sua vida terrestre, ela foi elevada aos Céus de Corpo e Alma (saiba mais aqui).

Vocês já imaginaram um católico que se recuse a rezar a “Ave Maria”, ou que o faça de má vontade? Certamente não pode ser um bom católico! Pois se até o Anjo Gabriel diz com júbilo “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo!”, por que raios um pobre pecador se recusaria a fazê-lo?

Católicos rezam COM os santos e AOS santos

O Pe. Fábio, nos dois vídeos acima, insiste em dizer que os católicos rezam “COM” os santos, e isso é correto… em parte. Ao dizer que o o povo católico reza COM os santos, precisamos acrescentar também que reza AOS santos; do contrário, se professa uma meia verdade, que flerta com a heresia.

Provar o que digo é fácil. Basta notar os termos usados na “Ladainha de Todos os Santos”, que é cantada especialmente na Vigília Pascal. Vejam um pequeno trecho:

V. Todos os santos Anjos e Arcanjos.

R. Rogai por nós.

V. Todos as santas ordens de Espíritos bem-aventurados.

R. Rogai por nós.

V. São João Batista.

R. Rogai por nós.



Nessa ladainha, é evidente que a assembleia dos fiéis se dirige aos anjos, mártires e santos, pedindo que eles roguem a Deus por todos. Pedimos AOS santos! Rezamos AOS santos, e não meramente COM os santos.

Estando em comunhão mais perfeita com Cristo, os santos podem apresentar a Ele nossas orações. De fato, Deus Onipotente não precisa de Maria nem dos santos, MAS ELE QUER PRECISAR (quem quiser, pode chorar!).

Em vez de se preocupar com nossos santos, a Bianca deveria se preocupar com idolatria do dinheiro que tomou conta de tantas e tantas seitas evangélicas. É meia ungida pra lá, é gente ajoelhando diante da réplica da arca da aliança, é vassoura ungida… Que vergonha!

E o Padre Fábio de Melo deixa claro que é devoto de Nossa Senhora, e vai todos os anos ao Círio de Nazaré. Mas os protestantes só ouvem a parte do vídeo que lhes interessa e ignoram o resto. Típico! Do mesmo jeitinho que fazem com a Bíblia…

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Fonte: O Catequista

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