sábado, 26 de dezembro de 2015

Herodes, o Grande: um covarde com os dias contados


É abril do ano 750 de Roma (4 a.C.). Em Jericó, depois de seis meses de longa e dolorosa doença, morre o rei Herodes, o Grande.

Seu corpo, já em vida corroído por vermes, foi transportado com grandes honras ao Haerodium, o palácio-fortaleza que ele mesmo havia mandado construir.

Flávio Josefo nos diz que o funeral foi o mais esplêndido possível: "Herodes foi colocado numa liteira de ouro cravejada de pérolas e pedras preciosas de várias cores, coberta com um manto de púrpura; o morto estava vestido em púrpura e usava uma tiara sobre a qual fora posta uma coroa de ouro; à direita jazia seu cetro".

Foi por aquela coroa que Herodes causou o massacre dos inocentes.

Foi pelo poder que ele ordenou vinganças e assassinatos com crueldade sem limites. Era por isso que o povo o odiava e se regozijava com cada infortúnio que abalava a sua corte.

Durante toda a vida, Herodes foi um arrivista cruel e sem escrúpulos. Quando jovem, ele matou Malic, o homem que tinha envenenado seu pai (43 a.C.). Aprisionou Fasael, seu irmão, que, em desespero, cometeu suicídio. Tampouco teve escrúpulos para matar sua esposa Mariamne I (29 a.C.) e, anos mais tarde, os dois filhos que tivera com ela, Alexandre e Aristóbulo (7 a.C.). Não satisfeito, cinco dias antes de morrer, ele mandou executar seu outro filho, Antípatro, nascido de Dóris, outra de suas esposas.

Nem com a morte se aproximando brilhou na alma desse rei cruel algum escrúpulo de consciência. Ao contrário: ele projetou sua última crueldade ordenando que sua irmã Salomé reunisse em Jericó todos os poderosos do reino para que fossem assassinados assim que ele próprio morresse.

Josefo conta a assim o episódio: sentindo-se perto da morte, Herodes "deliberou uma ação que estava além de toda lei. Reunidos de todas as aldeias da Judeia os homens mais ilustres, ordenou que fossem encerrados no local chamado Hipódromo; chamando então sua irmã Salomé e seu marido, disse-lhes: ‘Sei que os judeus festejarão a minha morte; no entanto, ainda posso ser chorado por outras razões e obter um funeral esplêndido se seguirdes as minhas orientações. Esses homens que estão presos, quando eu expirar, matai-os todos depois de cercá-los por soldados, para que todos na Judeia e todas as famílias, mesmo não querendo, derramem lágrimas por mim".

Felizmente, a irmã não obedeceu; uma vez morto Herodes, ela fez libertar todos os dignitários. 

Nasceu para Vós o Salvador (cf. Lc 2,11)


O anúncio do nascimento de Jesus pelo anjo aos pastores trouxe alegria, paz, amor, salvação para toda a humanidade. Ele é acolhido pelos pobres e necessitados da sociedade. Em suas homilias, os padres da Igreja tiveram presentes as palavras divinas dirigidas aos pastores: "Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor"(Lc 2,11). Esta grande notícia dá-nos a graça do Salvador estar conosco em tudo menos o pecado. A alegria de cada pessoa e de todos nós é imensa, porque Deus está com a humanidade. Vejamos alguns autores cristãos dos primeiros séculos do cristianismo que interpretaram a palavra evangélica do nascimento do Salvador à realidade humana.

1. O surgimento de um broto na casa de Jessé

Tiago, Bispo de Sarug, Síria(Homilia sobre a festa da natividade 11-14;18-22), lá pelos séculos V e VI tem presentes as palavras do profeta Isaias que falou sobre o surgimento de um broto, um ramo na casa de Jessé(cfr. Is 11,1) para ser forte galho ao mundo inteiro envelhecido. O bispo Tiago afirma que o nascimento de Jesus conduziu a abertura à boca de Eva, para que diga em alta voz que a sua culpa foi perdoada graças à segunda Virgem pelo pagamento do débito de seus pais com o precioso tesouro que nasceu à criação. O autor afirma em suas homilias, o hoje da salvação e da redenção. No momento cale a serpente, para que fale o anjo Gabriel. A mentira afasta-se para que reine a verdade. Passou aquilo que era antiquado, pela renovação do parto da Virgem Maria. Hoje a mão do querubim abandone a lança de fogo (cf. Gn 3,24) porque a árvore da vida não é mais guardada. Eis de fato, que o seu fruto é colocado na manjedoura para fazer alimento aos seres humanos que por sua vontade tornaram-se semelhantes aos animais, mas agora são abençoados pela presença divina do menino Jesus. 

2. O Natal revela o nascimento de Jesus

O Bispo Tiago continua a sua reflexão natalina, convidando as pessoas para contemplar a revelação do Senhor Deus pelo nascimento do Filho de Deus na carne à afirmação que a Virgem concebeu e deu à luz um menino como foi anunciado a muitos séculos antes de sua vinda(cf. Is 7,14). O testemunho manifestou-se, a lei foi sigilada e o segredo dos mistérios veio à luz para toda a humanidade. Hoje a gruta tornou-se um quarto nupcial para aquele esposo celeste que uniu-se à geração dos seres terrestres e sustentou-lhe a sua ascensão das profundidades da terra às alturas dos céus. Hoje veio às claras a revelação de Jacó: o Senhor que estava em cima da escada, desceu para fazer subir ao céu o ser humano, o homem e a mulher(cfr. Gn 28, 11-17). 

Hoje a aurora manifestou-se na gruta e o grande sol, Jesus Cristo iluminou com o seu fulgor as profundidades subterrâneas da realidade humana. Hoje o sol tornou atrás de doze graus de luz(cf. Is 38,8) que opunham resistência, para que fosse exaltado o verdadeiro dia que com o seu fulgor colocou em fuga e sufocou as sombras do pecado. 

3. A chegada do Salvador

O Papa Leão Magno(Homilia XXI), século V, também escreveu a respeito do nascimento de Jesus na realidade humana. Ele é a vê como a chegada da salvação em Jesus Cristo, de modo que reina a alegria na vida de cada um de nós. Não deve de fato ter lugar para a tristeza o dia em que nasce a vida. É a vida que, eliminando todo temor para a nossa condição mortal inspira-nos alegria para a eternidade que nos foi prometida. Nenhum ser humano é excluído em participar à esta alegria de amor e de paz; ao contrário, todos tem o mesmo motivo do comum júbilo, porque Nosso Senhor, Ele que destruiu o pecado e a morte como não encontrou nenhum ser livre da culpa, assim veio para a libertação de todos. O Papa Leão convida as pessoas para a alegria da presença de Jesus, dom de Deus para a humanidade. Exulte o santo porque já está próximo ao prêmio, mas goza também o pecador porque é solicitado ao perdão e reanima-se o pagão porque è chamado à vida.

O Filho de Deus, na chegada à plenitude dos tempos a qual era prevista a profundidade insondável do desígnio divino, assumiu a natureza que é própria do gênero humano para reconciliá-la com o seu Criador. 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Onde será o Natal?


Natal vem, Natal vai, no calendário da história.
Há muitos que estão cansados do Natal.
A que serve o presépio? Cantos Natalinos?
A manjedoura, o menino Jesus, Maria, José?
O canto de paz, quando a música da guerra
Semeia a morte?

O mundo louco decretou
Não haja mais Natal, nem de Jesus
e nem nasçam crianças!
Vamos esperar que a morte destrua a vida.
Acabamos com o Natal, festa de luz e de paz.

Os loucos estão soltos por aí. Eles querem ser
Os últimos,
Fechar as portas,
Cantar e dançar a dança do nada.
Deus não é louco de dar a vitória aos loucos.

A vida surge e ressurge a cada momento.
A vida no silêncio nos visita.
“Do Verbo divino
uma Virgem grávida
Vem a caminho
Pede-vos pousada...”

Eis o novo Natal:
Jesus nasce e renasce
Onde?
Em ti.
Tu és o Natal;
Tu és meu Natal;
Eu sou o teu Natal;
Nós somos o Natal! 

Um Menino nasceu para nós: um Filho nos foi dado! O poder repousa nos seus ombros. Ele será chamado ‘Mensageiro do Conselho de Deus'.


Estas palavras, lidas na leitura da Missa da Noite, dão bem o sentido da presente celebração. Nasceu para nós um Menino; foi-nos dado um Filho! Vamos encontrá-lo pobrezinho e frágil, deitado na manjedoura, alimentado por uma Virgem Mãe, guardado por um pobre carpinteiro. Mas, quem é este Menino? Quem é este Filho? Agora, com o sol já claro e alto, podemos enxergar melhor o Mistério: meditemos bem sobre o que celebramos na noite de ontem para hoje, no que professamos neste dia tão santo!

Este menininho, a Escritura nos diz que ele é a Palavra eterna do Pai: esta Palavra “no princípio estava com Deus… e a Palavra era Deus”. Esta Palavra, que dorme agora no presépio, depois de ter mamado, é aquela Palavra poderosa pela qual tudo que existe foi feito, “e sem ela nada se fez de tudo que foi feito”. Esta Palavra tão potente, feita tão frágil, esta Palavra que sempre existiu e que nasceu na madrugada de hoje, esta Palavra que é Deus, feita agora recém-nascido, é a própria Vida, e esta Vida é a nossa luz, é a luz de toda humanidade. Fora dela, só há treva confusa e densa! Sim, fora do Deus feito homem, do Emanuel, não há vida verdadeira! O Autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura, diz que, após ter falado aos nossos pais de tantos modos, Deus, agora, falou-nos pessoalmente no seu Filho, “a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo”; somente a ele, o Pai disse: “tu és o meu Filho, eu hoje te gerei!” Por isso, somente eles nos dá o dom da vida do próprio Deus!

Eis o mistério da festa de hoje: nesta criancinha nascida para nós, Deus visitou o seu povo, Deus entrou na humanidade. Que mistério tão profundo: ele, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem verdadeiramente. Deus se humanizou! Veio desposar a nossa condição humana, veio caminhar pelos nossos caminhos, veio experimentar a dor e a alegria de viver humanamente: amou com um coração humano, sonhou sonhos humanos, chorou lágrimas humanas, sentiu a angústia humana… Ele, Filho eterno do Pai, tornou-se filho dos homens para salvar toda a humanidade, “tornou-se de tal modo um de nós, que nós nos tornamos eternos!”

Sultão acha que o Natal “pode prejudicar a fé dos muçulmanos” e resolveu banir as celebrações de Natal…


Cinco anos de cadeia: esta é a pena que um pequeno país muçulmano da ilha de Bornéu pode aplicar a quem cometer o crime de… celebrar o Natal!

O sultão da monarquia absolutista de Brunei, Hassanal Bolkiah (foto), de 67 anos, estabeleceu esta pena para quem for descoberto aderindo de algum modo às festividades natalinas, ainda que seja apenas mediante o envio de augúrios de Natal a parentes e amigos (The Telegraph, 22 de dezembro).

Os não muçulmanos até podem celebrar o Natal no país, desde que seja apenas dentro das próprias comunidades e com a devida permissão das autoridades.

O Ministro de Assuntos Religiosos declarou que as medidas “antinatalinas” pretendem evitar “celebrações excessivas e abertas, que poderiam prejudicar a aqidah (fé) da comunidade muçulmana”. Dos 420.000 habitantes do país rico em petróleo, 65% são muçulmanos.

No início deste mês, um grupo de imãs divulgou mensagem aos fiéis islâmicos de Brunei advertindo contra celebrações “não ligadas ao islã”. Para eles, “os muçulmanos que seguem os atos daquela religião (o cristianismo) ou usam os seus símbolos religiosos, como a cruz, velas acesas, árvore de Natal, cantos religiosos, augúrios natalinos, decorações e sons que equivalham a respeitar aquela religião, vão contra a fé islâmica” (Borneo Bulletin). 

"Onde nasce paz, não há lugar para ódio e guerra", diz Papa


MENSAGEM URBI ET ORBI
DO PAPA FRANCISCO

NATAL 2015

Sexta-feira, 25 de Dezembro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

Cristo nasceu para nós, exultemos no dia da nossa salvação!

Abramos os nossos corações para receber a graça deste dia, que é Ele próprio: Jesus é o «dia» luminoso que surgiu no horizonte da humanidade. Dia de misericórdia, em que Deus Pai revelou à humanidade a sua imensa ternura. Dia de luz que dissipa as trevas do medo e da angústia. Dia de paz, em que se torna possível encontrar-se, dialogar, e sobretudo reconciliar-se. Dia de alegria: uma «grande alegria» para os pequenos e os humildes, e para todo o povo (cf. Lc 2, 10).

Neste dia, nasceu da Virgem Maria Jesus, o Salvador. O presépio mostra-nos o «sinal» que Deus nos deu: «um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Como fizeram os pastores de Belém, vamos também nós ver este sinal, este acontecimento que, em cada ano, se renova na Igreja. O Natal é um acontecimento que se renova em cada família, em cada paróquia, em cada comunidade que acolhe o amor de Deus encarnado em Jesus Cristo. Como Maria, a Igreja mostra a todos o «sinal» de Deus: o Menino que Ela trouxe no seu ventre e deu à luz, mas que é Filho do Altíssimo, porque «é obra do Espírito Santo» (Mt 1, 20). Ele é o Salvador, porque é o Cordeiro de Deus que toma sobre Si o pecado do mundo (cf. Jo 1, 29). Juntamente com os pastores, prostremo-nos diante do Cordeiro, adoremos a Bondade de Deus feita carne e deixemos que lágrimas de arrependimento inundem os nossos olhos e lavem o nosso coração. Disto todos temos necessidade.

Ele, só Ele, nos pode salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal – por vezes monstruosas – que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis.

Onde nasce Deus, nasce a esperança: Ele traz a esperança. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído. Oxalá israelitas e palestinenses retomem um diálogo directo e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira.

Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta. É igualmente urgente que o acordo sobre a Líbia encontre o apoio de todos, para se superarem as graves divisões e violências que afligem o país. Que a atenção da Comunidade Internacional se concentre unanimemente em fazer cessar as atrocidades que, tanto nos referidos países, como no Iraque, Líbia, Iémen e na África subsaariana, ainda ceifam inúmeras vítimas, causam imensos sofrimentos e não poupam sequer o património histórico e cultural de povos inteiros. Penso ainda em quantos foram atingidos por hediondos actos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos nos céus do Egipto, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis.

Aos nossos irmãos, perseguidos em muitas partes do mundo por causa da sua fé, o Menino Jesus dê consolação e força. São os nossos mártires de hoje.

Paz e concórdia, pedimos para as queridas populações da República Democrática do Congo, do Burundi e do Sudão do Sul, a fim de se reforçar, através do diálogo, o compromisso comum em prol da edificação de sociedades civis animadas por sincero espírito de reconciliação e compreensão mútua.

Que o Natal traga verdadeira paz também à Ucrânia, proporcione alívio a quem sofre as consequências do conflito e inspire a vontade de cumprir os acordos assumidos para se restabelecer a concórdia no país inteiro.

Que a alegria deste dia ilumine os esforços do povo colombiano, para que, animado pela esperança, continue empenhado na busca da desejada paz.

Onde nasce Deus, nasce a esperança; e, onde nasce a esperança, as pessoas reencontram a dignidade. E, todavia, ainda hoje há multidões de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens. Chegue hoje a nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico.

Não falte o nosso conforto às pessoas que fogem da miséria ou da guerra, viajando em condições tantas vezes desumanas e, não raro, arriscando a vida. Sejam recompensados com abundantes bênçãos quantos, indivíduos e Estados, generosamente se esforçam por socorrer e acolher os numerosos migrantes e refugiados, ajudando-os a construir um futuro digno para si e seus entes queridos e a integrar-se nas sociedades que os recebem.

Neste dia de festa, o Senhor dê esperança àqueles que não têm trabalho – e são tantos! – e sustente o compromisso de quantos possuem responsabilidades públicas em campo político e económico a fim de darem o seu melhor na busca do bem comum e na protecção da dignidade de cada vida humana.

Onde nasce Deus, floresce a misericórdia. Esta é o presente mais precioso que Deus nos dá, especialmente neste ano jubilar em que somos chamados a descobrir a ternura que o nosso Pai celeste tem por cada um de nós. O Senhor conceda, particularmente aos encarcerados, experimentar o seu amor misericordioso que cura as feridas e vence o mal.

E assim hoje, juntos, exultemos no dia da nossa salvação. Ao contemplar o presépio, fixemos o olhar nos braços abertos de Jesus, que nos mostram o abraço misericordioso de Deus, enquanto ouvimos as primeiras expressões do Menino que nos sussurra: «Por amor dos meus irmãos e amigos, proclamarei: “A paz esteja contigo”»! (Sal 122/121, 8). 

Natal hoje e sempre!


“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”. Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!

O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai. 

Vitória, perdão e vida junto ao Menino-Deus


“Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida” (S. Leão Magno).

Vitória. Perdão. Vida. Tudo isso nos é dado porque “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14). No dia 25 de março, a Igreja celebra a anunciação do Senhor e a encarnação do Verbo; nove meses depois, no dia 25 de dezembro, o Verbo encarnado nasce para que possamos ver a sua glória velada, mas real. O menino frágil e dependente de Maria e de José é o Filho de Deus encarnado, é ele e somente ele quem pode dar-nos a vitória, o perdão e a vida.

Vitória! Esta palavra me lembra daquele canto tradicional: “Vitória! Tu reinarás, ó Cruz tu nos salvarás!” A vitória vem pela Cruz! Mas o despojamento da Cruz já se prefigura em Belém. O Filho de Deus, desde o seu nascimento temporal, se deixa acompanhar pela pobreza, pela simplicidade e até pela perseguição. E aí se encontra a vitória? Para uma mentalidade hedonista, materialista e sem fé, tal coisa seria um absurdo. Malgrado, tal maneira de pensar está penetrando em muitos cristãos que, em nome de uma “corrente da prosperidade”, já não querem abraçar a cruz das tribulações nesta vida. Ao contrário, pretendem viver sem tribulações nesta vida e na outra. Na outra, tudo bem. Nesta vida, porém, a coisa é diferente! Jesus passou por muitas dificuldades e abraçou a cruz amorosamente desde o seu nascimento… E nós? Por que tanto medo da cruz? Por que tanto medo de encontrar-nos com o Cristo pobre e simples? Por que tanto medo da vitória de Deus que é, de maneira patente, vitória sobre o nosso egoísmo e aburguesamento?

Mas podemos recomeçar! O perdão de Deus se nos oferece constantemente para que, com alegria, vivamos a nossa fé. Por mais pecador que sejamos não tenhamos medo do Senhor, ele fez-se tão pequeno para que os pequenos deste mundo se aproximassem dele com a esperança da reconciliação com Deus e com todos os homens. Nem permitiremos que alguma falta de perdão aos outros invada o nosso coração neste dia santo. Abriremos de par em par o nosso ser a Deus e a todos os homens e mulheres, máxime àqueles que estão próximos a nós. Tais pessoas merecem a nossa atenção, gratidão e estima. Lembremo-nos da oração que o Senhor nos ensinou: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Perdoemos! Perdoemos de coração a quem nos ofendeu e sentiremos um grande alívio, uma grande paz, uma restauração que vai do mais profundo ao mais periférico do nosso ser. 

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Hoje, a Paz verdadeira desceu-nos do céu; hoje, os céus e a terra espalham doçura; hoje, raiou o dia do novo resgate de eterna alegria, há muito esperado!


Estas palavras, a Igreja as reza por toda a terra no Ofício das Vigílias desta Noite santa. Mas, por que tanta exultação? Por que tanta luz? Por que tanta doçura, tanta ternura, tanta paz?

Hoje, cumpriu-se as Escrituras: o Dia tão esperado brilhou no meio da noite. Hoje, “o povo, que andava na treva”, a humanidade perdida e confusa, “viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte”, para nós, que temos sempre de lutar contra tantas e tantas mortes, “uma luz resplandeceu!”. Nesta Noite, podemos comemorar, alegrarmo-nos como os que colhem depois do trabalho e do suor do plantio, porque algo inacreditável, algo que parece um sonho, um conto de fadas, nos aconteceu! Escutai, escutai: “Nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; ele traz nos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim… a partir de agora e por todo sempre!” Eis a graça, a glória, o mistério desta Noite! Por isso a alegria: o Deus fiel cumpriu o que prometera e ultrapassou toda promessa. Nesta Noite tão santa, tão única, tão cheia de frescor, como são comoventes as palavras do Apóstolo na segunda leitura. Olhem o presépio, e escutem, olhem a manjedoura e prestem atenção: “A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade”. Olhem o presépio! Olhem o presépio: a graça de Deus é uma Criança, o Menino que nos foi dado! A graça de Deus está “envolvida em faixas e deitada numa manjedoura”. Que graça pequeninha; que graça tão grande! Que graça tão frágil; que graça tão forte! Quem é tão duro de coração, que não se comova? Quem é tão desumano, que não se emocione? Quem é tão pecador, que não queira aproximar-se de Deus? Quem é tão insensível, que não sinta, nesta Noite, o desejo de amar, o desejo de ser bom, o desejo de paz, o desejo de se deixar abraçar por Deus? “Não tenhais medo!” Quem quer que sejas tu: não temas! Não tenhas receio pelos teus pecados, não te afastes da graça desta Noite por causa das tuas infidelidades! Compreende: hoje, teu Deus vem a ti! Vem a ti a Paz, vem a ti o Perdão, vem a ti a Misericórdia, vem a ti a Plenitude do teu coração e o sonho da tua vida! Hoje nasceu para ti, para nós, um Salvador!

Presta bem atenção: porque tu és fraco, ele veio sustentar-te; porque tu és inconstante, ele veio permanecer contigo; porque tu muitas vezes não sabes o caminho, ele se vez visível na nossa carne; porque tu vives em trevas, ele apareceu como luz; porque tu não podes subir a Deus, ele desceu para te elevar! Que amor tão grande, que caridade sem medida! Nesta Noite a Virgem deu à luz o próprio Deus na nossa humanidade mortal! 

Papa na Missa do Galo: Jesus ensina o que é essencial na vida


HOMILIA
Santa Missa da Noite no Natal do Senhor
Basílica Vaticana
Quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Nesta noite, resplandece «uma grande luz» (Is 9, 1); sobre todos nós, brilha a luz do nascimento de Jesus. Como são verdadeiras e atuais as palavras que ouvimos do profeta Isaías: «Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo» (9, 2)! O nosso coração já estava cheio de alegria vislumbrando este momento; mas, agora, aquele sentimento multiplica-se e sobreabunda, porque a promessa se cumpriu: finalmente realizou-se. Júbilo e alegria garantem-nos que a mensagem contida no mistério desta noite provém verdadeiramente de Deus. Não há lugar para a dúvida; deixemo-la aos cépticos, que, por interrogarem apenas a razão, nunca encontram a verdade. Não há espaço para a indiferença, que domina no coração de quem é incapaz de amar, porque tem medo de perder alguma coisa. Fica afugentada toda a tristeza, porque o Menino Jesus é o verdadeiro consolador do coração.

Hoje, o Filho de Deus nasceu: tudo muda. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A Virgem oferece-nos o seu Filho como princípio de vida nova. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado. Hoje descobrimos de novo quem somos! Nesta noite, torna-se-nos patente o caminho que temos de percorrer para alcançar a meta. Agora, deve cessar todo o medo e pavor, porque a luz nos indica a estrada para Belém. Não podemos permanecer inertes. Não nos é permitido ficar parados. Temos de ir ver o nosso Salvador, deitado numa manjedoura. Eis o motivo do júbilo e da alegria: este Menino «nasceu para nós», foi-nos «dado a nós», como anuncia Isaías (cf. 9, 5). A um povo que, há dois mil anos, percorre todas as estradas do mundo para tornar cada ser humano participante desta alegria, é confiada a missão de dar a conhecer o «Príncipe da paz» e tornar-se um instrumento eficaz d’Ele no meio das nações.

Por isso, quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, permaneçamos em silêncio e deixemos que seja aquele Menino a falar; gravemos no nosso coração as suas palavras, sem afastar o olhar do seu rosto. Se O tomarmos nos nossos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, dar-nos-á a paz do coração que jamais terá fim. Este Menino ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque, para Ele e sua família, não há lugar na hospedaria. Encontra abrigo e proteção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais. E todavia, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus. A partir daqui, para os homens de coração simples, começa o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene. Deste Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota – em todos nós, seus discípulos, como ensina o apóstolo Paulo – a vontade de «renúncia à impiedade» e à riqueza do mundo, para vivermos «com sobriedade, justiça e piedade» (Tt 2, 12). 

A incrível e nova história de Papai Noel e Jesus


“Embora pequeno, deitado em presépio,/ em todo o Universo, ó Cristo, reinais./ Ó fruto bendito da Virgem sem mancha,/ que todos vos amem num reino de paz” (Hino, estr. 3, Ofício das Leituras no Natal do Senhor) – assim a Igreja saúda o Menino Jesus nesta noite santa. Depois da espera de séculos, finalmente os olhos humanos puderam ver o Deus feito homem.

Nesta noite chegarão ao presépio muitas pessoas para ver o Divino Infante. Até mesmo Papai Noel chegará para entregar o seu presentinho ao recém-nascido, o Menino Jesus. Claro que sim: estou falando do clássico Papai Noel aos pés do Menino Jesus! Ainda que noutros tempos dediquei-me a falar contra o velhinho bondoso, decidi voltar atrás e reabilitá-lo. Como lemos anteriormente, Cristo reina em todo o universo, e, portanto, naquela manjedoura recebe a homenagem de todos os homens e mulheres. O que tem de mau que também Papai Noel visite o Menino Jesus?

Falando nisso, que pena que eu não publiquei antes o endereço do Papai Noel. Mas talvez você já saiba onde ele mora: lá na Finlândia e o endereço é o seguinte: “FIN – 96930  Arctic Circle. Rovaniemi – Finlândia”. Pena que eu só consegui o endereço agora e além do mais é o do Papai Noel europeu. Parece que o Papai Noel norte-americano tem outro endereço. Ou será que se trata do mesmo personagem que tem duas residências? Talvez no próximo Natal eu consiga resolver esta dificuldade.

Quanto Papai Noel ficou sabendo que o cartunista alemão Thomas Nast ia dar-lhe, em 1886, um novo visual com aquela roupagem vermelha e detalhes brancos, ficou tão feliz que decidiu visitar o Menino Jesus e mostrar-lhe a roupa com as cores que, de fato, tinham algo que ver com o Natal. O bom velhinho pensou que Jesus ficaria feliz com o vermelho que simbolizaria o martírio de Jesus pela salvação do mundo, o branco da pureza de vida que o Redentor pediria a todos os mortais e o preto do cinturão que representaria, na opinião do mesmo Santa Claus, o tom de renuncia que o seguimento ao Senhor provocaria nos seus discípulos. Papai Noel estava decidido então a visitar o Divino Menino, mas sabia também que o nascimento tinha acontecido há dezoito séculos. O que fazer? Não podia entrar na caravana dos Reis Magos. Porém decidiu visitar os presépios das igrejas e imaginou-se bem perto do Rei Jesus. Quis então oferecer-lhe um presente. Quis também ser representado num presépio que ele mesmo mandou construir na sua casa, na qual ele, Papai Noel, se encontrava ajoelhado aos pés do Menino Jesus. 

Igreja Católica: a alma do Natal


O Natal é comemorado em toda a face da Terra.

Mas, cada povo o comemora a seu próprio modo.

Por quê?

A Igreja Católica, vivendo na alma de povos diferentes, produz maravilhosas e diversas harmonias. Ela é inesgotável em frutos de perfeição e santidade.

Ela é como o sol quando transpõe vidros de cores diferentes. Quando penetra num vitral vermelho, acende um rubi; num fragmento de vitral verde, faz fulgurar uma esmeralda!

O gênio da Igreja passando pelos povos alemães produz algo único; passando pelo povo espanhol faz uma outra coisa inconfundível e admirável, e depois mais aquilo e aquilo outro num outro povo, num outro continente, numa outra raça.

No fundo é a Igreja iluminando, abençoando por toda parte. É Deus que na Sua Igreja realiza maravilhas da festa de Natal.

Canta a liturgia : “Puer natus est nobis, et Filius datur est nobis…”

“Um Menino nasceu para nós, e o Filho de Deus nos foi dado.

“Cujo império repousa sobre seus ombros e o seu nome é o Anjo do Grande Conselho”.

“Cantai a Deus um cântico novo, porque fez maravilhas”.

Aquele Menino nos foi dado — e que Menino! Então, cantemos a Deus um cântico novo. 

Homilética: Sagrada Família - Ano C: “O menino crescia cheio de sabedoria e graça diante de Deus e diante dos homens”.


As leituras deste domingo complementam-se ao apresentar as duas coordenadas fundamentais a partir das quais se deve construir a família cristã: o amor a Deus e o amor aos outros, sobretudo a esses que estão mais perto de nós – os pais e demais familiares.

O Evangelho sublinha, sobretudo, a dimensão do amor a Deus: o projeto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projeto que Deus tem para cada pessoa.

A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que conosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.

A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura.

Os textos de hoje acentuam as relações familiares. Estas devem estar fundamentadas no amor que vem de Deus, para que a família possa realmente ser comunidade onde cada um é amado e respeitado. Fundamental para a própria sociedade, a família assim alicerçada contribui de modo essencial para a harmonia e a construção da vida humana. 

Por que importa saber que Cristo nasceu em 25 de Dezembro?


A Igreja Católica, desde pelo menos o século II, afirmou que Cristo nasceu em 25 de dezembro. No entanto, é comumente alegado que o nosso Senhor Jesus Cristo não nasceu em 25 de dezembro e que esta data foi importada do Paganismo.

Neste presente texto iremos demonstrar como Cristo nasceu em 25 Dezembro e refutar as principais acusações. Por uma questão de simplicidade, vamos colocar apenas as objeções mais usuais para a data de 25 de Dezembro e responder cada um delas.

COMO DESCOBRIR A DATA DO ANIVERSÁRIO DE CRISTO?

Agora vamos passar para estabelecer o aniversário de Cristo a partir da Escritura Sagrada em duas etapas. O primeiro passo é usar a Escritura para determinar o aniversário de São João Batista. O próximo passo é usar o aniversário João Batista como a chave para encontrar o aniversário de Cristo. Podemos descobrir que Cristo nasceu no final de dezembro, observando primeiro a época do ano em que Lucas descreve Zacarias no templo. Isso nos fornece a data da concepção aproximada de João Batista. A partir daí podemos seguir a cronologia que São Lucas dá, e que nos leva ao final de dezembro.

Lucas relata que Zacarias servia na “classe de Abdias" (Lc 1, 5), que os registros bíblicos mencionam como a oitava classe entre as vinte e quatro classes sacerdotais (Ne 12, 17). Cada classe de sacerdotes servia uma semana no templo duas vezes por ano. A classe de Abdias servia durante a oitava semana e a trigésima segunda semana no ciclo anual. No entanto, quando é que o ciclo de classes começa?

Josef Heinrich Friedlieb convincentemente estabeleceu que a primeira classe sacerdotal de Joiaribe estava de plantão durante a destruição de Jerusalém no nono dia do mês judaico de Av.[1] Assim, a classe sacerdotal de Joiaribe estava de plantão durante a segunda semana de Av. Consequentemente, a classe sacerdotal de Abdias (A classe de Zacarias) estava, sem dúvida, servindo durante a segunda semana do mês judaico de Tishrei – a própria semana do Dia da Expiação, no décimo dia de Tishri. Em nosso calendário, o Dia da Expiação cai em qualquer dia entre 22 de Setembro e 8 de outubro.

Zacarias e Isabel conceberam João Batista imediatamente após Zacarias servir na sua classe. Isto implica que São João Batista teria sido concebido por volta do final de setembro, colocando assim o nascimento de João no final de junho do ano posterior, o que confirma a celebração da Natividade de São João Batista em 24 de junho. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria em Lucas 1, 36, disse que Isabel já estava no sexto mês de gravidez, logo se João Batista foi concebido em setembro, seis meses depois estariam em Março, logo Maria ficou grávida de Jesus em Março, uma gravidez normal, Março é mês 3, mais 9 meses de gravidez, vamos cair irremediavelmente em Dezembro.

O protoevangelho de Tiago do segundo século também confirma a concepção de João Batista no final de setembro uma vez que a obra descreve Zacarias como Sumo Sacerdote e entrando no Santo dos Santos, não apenas no lugar santo do altar do incenso. Este é um erro fatual porque Zacarias não era o sumo sacerdote, mas um dos principais sacerdotes. Ainda assim, o protoevangelho refere se a Zacarias como um sumo sacerdote, e este o associa com o Dia da Expiação, que desembarca no décimo dia do mês hebreu de Tishrei (aproximadamente o final do nosso setembro). Imediatamente após esta entrada ao templo e a mensagem do Arcanjo Gabriel, Zacarias e Isabel conceberam João Batista. Tendo quarenta semanas (nove meses) de gestação, isso coloca o nascimento de João Batista no final de junho e, mais uma vez confirmando a data Católica para o Nascimento de João Batista em 24 de junho.

O resto da datação é bastante simples. Vamos recapitular: Lemos que, logo após a Imaculada Virgem Maria conceber Cristo, ela foi visitar sua prima Isabel que estava grávida de seis meses de João Batista. Isso significa que João Batista era seis meses mais velho que o nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 1, 24-27, 36). Se você adicionar seis meses a 24 de junho você tem 24-25 Dezembro como o nascimento de Cristo. Então, se você subtrair nove meses a partir de 25 de Dezembro que você tem a Anunciação em 25 de Março. Todas as datas coincidem perfeitamente. Assim, pois, se João Batista foi concebido logo após o Dia judaico da Expiação, em seguida, as datas católicas tradicionais são essencialmente corretas. O nascimento de Cristo seria por volta ou em 25 de dezembro. 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Star Wars e Cristianismo: o que há em comum?


Será que Star Wars e a apologética podem caminhar juntos? Parece que mais e mais pessoas pensam assim. Ao longo das duas últimas semanas eu tenho dado várias entrevistas com emissoras cristãs que querem saber como os crentes podem usar esta série de filmes culturalmente importantes para contar a maior história do Evangelho. Então, ao invés de  desfazer da ciência nos filmes, gostaria de falar sobre as oportunidades de discussão que Star Wars oferece. As duas trilogias – e O despertar da força, também – sugerem temas maduros com implicações apologéticas que podem iniciar conversas sobre as ideias cristãs.

Diálogo # 1: Vida em outros planetas

Existe uma abundância de vida na galáxia de Star Wars. Alguns planetas habitáveis ​​orbitam estrelas múltiplas; outros habitats existem nas luas protegidas por campos de força. A vida ainda existe em estações espaciais, como a Estrela da Morte! Os tipos de vida também variam drasticamente incluindo os simiescos Wookiees, lesmas obesas gigantes como os Hutts, os musicais Biths e numerosos androides sencientes e intelectualmente talentosos.

Estes habitats e criaturas variadas prontamente se prestam a intrigantes discussões sobre apologética e ciência. Por exemplo, os cientistas têm investido enormes quantias de recursos e tempo na busca de planetas extra-solares favoráveis ​​à vida e vida extraterrestre inteligente. As pesquisas descobriram milhares de planetas extra-solares, alguns sendo declaradas parecidos com a Terra e um foi mesmo comparado ao planeta de Luke Skywalker, Tatooine. A verdade é que, quanto mais nossas investigações de outros planetas aumentam, tanto dentro e fora do nosso sistema solar, destacando a notável hospitalidade da Terra, mais levantam a questão de saber se qualquer planeta poderia existir sem uma preparação divina. E é aí que as conversas sobre a vida em outras galáxias podem ficar interessantes. A terra é única? E se é, esse cenário se encaixa melhor dentro  do teísmo ou do  naturalismo? Se os pesquisadores um dia encontrarem sinais de vida extraterrestre, o que isso significaria para a cosmovisão cristã?

Diálogo# 2: O bem contra o mal

A aliança rebelde contra o Império Galáctico. Jedi vs. Sith. As duas primeiras trilogias de Star Wars contam a história de uma galáxia assombrada por um mal crescente em oposição de forças poderosas para o bem (ainda não vi O despertar da força,e  não tenho certeza como este tema continua a desenvolver-se.)

Enquanto há uma forte evidência de que o conceito da Força adveio da Nova Era e do pensamento místico do Oriente, a luta entre o lado da luz e o lado negro da Força proporciona uma excelente oportunidade para discutir a base para o bem, mal, ética e moral. Em A Vingança dos Sith, por exemplo, Anakin Skywalker discute sua decrescente confiança no Conselho Jedi com o chanceler Palpatine (ele mesmo um senhor escuro dos Sith). “Um Jedi usa seu poder para o bem”, diz Anakin. Palpatine responde: “O bem é um ponto de vista, Anakin”. Mas será que é?

Existe uma base objetiva para o bem? Se não, como podemos definir e manter padrões de moral e ética? O bem e o mal são sempre preto e branco, ou existem áreas cinzentas? Mais tarde, em A Vingança dos Sith, Obi-Wan Kenobi diz a Anakin caído, “apenas um Sith trata com absolutos.” A implicação é que os absolutos são maus e ainda podemos perguntar se essa afirmação é verdadeira. Existe verdade absoluta? Existe bem ou mal absolutos? 

Quênia: muçulmanos protegem cristãos da fúria de terroristas


Assim que entenderam o que estava para acontecer, não hesitaram: precipitaram-se diante dos terroristas e gritaram: "Ou matam todos, tanto cristãos quanto muçulmanos, ou deixam todos ir embora".

Aconteceu perto de El Wak, no norte do Quênia, a poucos quilômetros da fronteira com a Somália. Um grupo de homens armados pertencentes à organização islamita fanática Al-Shabaab tentou mais um massacre contra os cristãos que viajavam a bordo de um ônibus, no qual também havia passageiros muçulmanos.

O gesto heroico dos muçulmanos surpreendeu os covardes, que fugiram – mas não sem antes disparar algumas rajadas de metralhadora com as quais feriram duas pessoas e mataram outras duas. O grupo criminoso Al Shabaab declarou em nota que assume a responsabilidade pelo ataque: "Somos nós os autores do ataque. Alguns inimigos cristãos morreram e outros ficaram feridos". No entanto, não se sabe ao certo se as vítimas eram de fato cristãs. Mohamud Saleh, governador da região de Mandera, disse à rede Al Jazeera que "os terroristas tentaram parar o ônibus, mas, quando o condutor se recusou a frear, dispararam uma saraivada de tiros". 

Homilética: Solenidade do Natal do Senhor - Missa do Dia (25 de dezembro): "No visível, vemos a invisível glória de Deus".


Meus caros irmãos e irmãs, celebramos a festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Nasceu para nós o Salvador.  Sinal pleno de alegria. Sinal de paz e felicidade a todos quantos sentem no coração o eco alegre da mensagem da Noite Feliz que os anjos proclamam: “Glória a Deus nas alturas, e Paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

São João proclama de forma grandiosa que no início (cf. Gn 1,1) era a Palavra da criação (cf. Gn 1,3), e esta Palavra é aquele que veio ao mundo, mas o mundo não a acolheu (cf. Jo 1,5), aquele que se tornou carne como nós, mortal como nós (Jo 1,14). Mas exatamente nesta sua condição carnal, na sua doação até a morte, manifestou Ele a glória de Deus.  Jesus é a comunicação de Deus. É o permanente nascimento de Cristo na história, que vai renovando o mundo para que ele seja todo cristão.

O verbo de Deus, ou seja, a Palavra de Deus, veio como a luz no meio das trevas (v. 5), isto porque a humanidade estava caminhando no erro e no pecado e, com o nascimento de Cristo começa uma nova criação, surge um novo tempo. Contudo, esta luz não foi acolhida pacificamente no mundo.  A parte central do trecho do evangelho deste dia nos fala da luta dura, entre a luz vinda do céu e as trevas que continuam a envolver o mundo.  Trata-se das forças do mal que são os pecados e os erros que constituem as nossas trevas.

A missão de Jesus no mundo foi uma espécie de conflito entre a luz e as trevas, culminando no Getsêmani e na cruz. Por isso, o verbo “vencer” cabe bem neste contexto. A luz brilha nas trevas e as trevas não tinham o poder para vencê-la (v.5).  A luz luta contra as trevas continuará, até a plena vitória da luz, vitória garantida pela ressurreição de Cristo (cf. Jo 16,33).

Desde os tempos de Abraão e Moisés, Deus continua enviando seus mensageiros, mas o “mundo” continua rejeitando a Palavra de Deus. O evangelista São João indica que, na época de Jesus, tanto o império como a religião da época, ficaram fechados em si e não foram capazes de reconhecer e receber o Evangelho, que é a presença luminosa da Palavra de Deus.

O texto evangélico nos diz que a Palavra se fez carne, isto porque Deus não quer ficar longe de nós. Por isso, a sua Palavra chegou mais perto ainda e se fez presente no meio de nós na pessoa de Jesus. Literalmente o texto diz: “A Palavra se fez carne e montou sua tenda no meio de nós!”. No tempo do Êxodo, lá no deserto, Deus vivia numa tenda, no meio do povo (cf. Ex 25,8). Agora, a tenda onde Deus mora conosco é Jesus. Jesus veio revelar quem é este nosso Deus que está presente em tudo, desde o começo da criação.

Na noite de Natal, Jesus se fez Luz para iluminar os nossos caminhos.  Cristo vem trazer a luz também a nós, para que possamos sair da escuridão e das trevas.  Que esta luz de Cristo possa iluminar cada ser humano e fazer brilhar a esperança e a consolação especialmente para os que vivem nas trevas da miséria, da injustiça, do ódio, da desunião.  Jesus veio ao mundo para resgatar o ser humano do poder das trevas e reconduzi-lo à luz, mediante uma vida nova.


Peçamos a Maria, aquela que chamamos de Bem aventurada, porque acreditou nas palavras do Senhor, que ela interceda sempre por nós e nos faça sempre caminhar na estrada de Jesus, a única via iluminada pela luz do amor e da paz. Assim seja.

Prefeitos franceses reagiram a uma circular que pedia que fossem retirados os presépios do espaço público


Para cada ação há uma reação igual e contrária. É a terceira lei da dinâmica que o demonstra, mas também o que está acontecendo na França neste período de espera do Natal.

A ação é aquela realizada pela Associação Nacional dos prefeitos, que, com uma carta circular, denominada Vademecum sobre a laicidade, convidou os prefeitos franceses a evitar os presépios dentro dos municípios.

A reação da maioria dos prefeitos não demorou muito. Um coro de vozes levantou-se para pedir a Francois Baroin, ex-Ministro de centro direita das Finanças e hoje presidente da Associação, a “revisão do documento” a fim de proteger a tradição cristã.

Três prefeitos de diversos municípios da região Provence-Alpes-Côte d'Azur (Cogolin, Frejus e Luc-en-Provence) pegaram papel e caneta e assinaram um texto no qual anunciaram as próprias demissões das Associações. “Protestamos contra o abandono de todas as nossas tradições e das nossas raízes culturais – escrevem os administradores locais – Não desejamos mais fazer parte de uma associação que, sob o pretexto de defender a laicidade, pisa a cultura e tradições do nosso país”.

Por sua parte, a Associação tentou defender-se afirmando que não se trata de uma injunção, mas sim de uma recomendação destinada a fazer cumprir a lei de 1905 sobre a separação entre religião e Estado. Isto não leva em conta, no entanto, uma sentença do Tribunal Administrativo de Montpellier no verão passado, o qual determinou que o presépio tem sim “especialmente e necessariamente um significado religioso”, mas a proibição prevista pela lei em questão não se aplica a todos os objetos com um significado religioso, mas apenas àqueles que "exibiam a alegação de opiniões religiosas"

Considerando, portanto, que a representação do nascimento de Jesus não revela "a manifestação de uma preferência para as pessoas da fé cristã", o presépio não deve ser tocado. Pelo contrário, é uma expressão da religiosidade popular cuja tutela constitui um gesto de atenção, além de que das raízes espirituais, da herança cultural do país. 

José entre o drama de consciência e a justiça


Já às portas do grande dia esperado do Natal do Senhor, nós meditamos sobre o evangelho de Mateus 1,18-24, que fala o que aconteceu imediatamente antes do nascimento de Jesus.

O evangelista apresenta José, a quem chama de justo. A justiça de José é um fruto do evangelho. Mesmo antes de Jesus nascer, nós vemos antecipadamente as bem-aventuranças em José.

Antes de falar que José é justo, Mateus o apresenta diante de uma dramática crise de consciência.

A notícia de que um menino crescia no ventre de Maria lhe parecia inexplicável, porque sabia que aquele filho não era seu.

A vida de Maria estava em suas mãos. Ele poderia repudiá-la, expô-la à condenação ou despedi-la em segredo.

Em seguida, Mateus mostra um José que se entrega a Deus, abre-se à sua palavra, quando o Senhor lhe diz em sonho: “não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”.

Diante dessa palavra, José fica em silêncio. Nem um suspiro sai de sua boca. José analisa o rosto transparente da sua esposa, procura ler o silêncio com que ela guardava um mistério indizível.

Mais do que isso: vai além das aparências para aceitar um “segredo” que não consegue compreender e do qual não consegue sequer se aproximar.

À vergonha de Maria, ele responde com respeito, delicadeza e generosidade.

Em José, a justiça se torna mais justa. É por isso que Mateus o define como um homem justo.

Para ser assim, ele somente podia ser um homem de fé, um homem que sabe fazer silencia diante da Palavra de Deus que salva. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Católicos organizam Ato de Desagravo à Nossa Senhora de Fátima


Indignados com a ridicularização feita por atores da Rede Globo às aparições de Nossa Senhora de Fátima, católicos estão organizando um Ato de Desagravo à Virgem de Fátima, no dia 13 de janeiro de 2016, data em que milhões de fiéis celebram as aparições da Mãe de Jesus aos pastorinhos.

Dentre as sugestões encontram-se a proposta de realização de missas para o Ato de Desagravo. “Além da intenção da Missa peça aos participantes daquela celebração que – pelo menos naquele dia – não assistam à programação da emissora”, diz um trecho do texto de orientação.

Intenções na Santa Missa, onde não for possível uma celebração específica, ligação para a Rede Globo na véspera do desagravo (Tel: 400 22 884) e recitação do terço comunitário em frente a TV Globo e afiliadas também são sugeridos. “Tudo feito com muito respeito e de modo pacífico”, direciona a postagem.

O Ato de Desagravo criou uma página onde se pode convidar as pessoas e publicar os endereços e horários das celebrações e manifestações.


Acesse o Link CLICANDO AQUI e Marque “comparecerei” e depois clique em “convidar” e chame seus amigos.