sexta-feira, 31 de maio de 2019

Netflix quer boicotar o Estado da Geórgia por não permitir que seus bebês sejam assassinados

Os conservadores da Georgia, em resposta a Netflix, ameaçaram cancelar as suas assinaturas e ir para a concorrência

O governador republicano da Georgia, Brian Kemp, assinou uma lei, no dia 07/05, que proíbe o aborto de fetos que já possuem batimentos cardíacos.

Devido a esse lei, a Netflix ameaça tirar os investimentos do Estado da Georgia, o que acarretaria em não produzir mais filmes e séries no Estado.

Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, afirmou a revista Variety:

“Temos muitas mulheres trabalhando em produções na Geórgia, cujos direitos, juntamente com milhões de outros, serão duramente restringidos por esta lei”

Tragédia no México: 21 peregrinos morrem depois de visitarem a Basílica de Guadalupe


A tristeza tomou conta do México depois que 21 pessoas morreram e 30 ficaram feridas em um acidente na região conhecida como Cumbres de Maltrata. As vítimas eram peregrinos pertencentes à Arquidiciocese de Tuxtla Guitérrez.

Eles tinham ido até a Cidade do México para visitar a Basílica de Guadalupe. Quando voltavam para casa, o ônibus em que viajavam perdeu os freios, bateu contra um caminhão e pegou fogo.

Nas redes sociais, fotos dos peregrinos na Basílica, e também as imagens assustadoras do terrível acidente.

Papa Francisco incentiva Patriarca Daniel e Igreja Ortodoxa da Romênia a "caminhar juntos"


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À ROMÊNIA
(31 DE MAIO - 2 DE JUNHO DE 2019)

ENCONTRO COM O PATRIARCA DANIEL E O SÍNODO PERMANENTE DA IGREJA ORTODOXA
Bucareste- Patriarcado Ortodoxo
Sexta-feira, 31 de maio de 2019

Beatitude, venerados Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo,

Cristos a înviat! [Cristo ressuscitou!] A ressurreição do Senhor é o coração da proclamação apostólica, transmitida e guardada pelas nossas Igrejas. No dia de Páscoa, os Apóstolos ficaram cheios de alegria ao ver o Ressuscitado (cf. Jo 20, 20). Neste tempo de Páscoa, rejubilo também eu ao contemplar um reflexo disso mesmo nos vossos rostos, queridos Irmãos. Há vinte anos, diante deste Sínodo, disse o Papa João Paulo II: «Vim contemplar o Rosto de Cristo esculpido na vossa Igreja; vim venerar este Rosto sofredor, penhor duma esperança renovada» [Discurso ao Patriarca Teoctist e ao Santo Sínodo, 8/V/1999, n. 3: Insegnamenti di Giovanni Paolo II XXII/1 (1999), 938]. Também eu, desejoso de ver o rosto do Senhor no rosto dos irmãos, vim aqui, peregrino, para vos ver; de coração, agradeço a vossa recepção.

Os vínculos de fé que nos unem, remontam aos Apóstolos, testemunhas do Ressuscitado, em particular ao laço que unia Pedro e André, o qual – segundo a tradição – trouxe a fé a estas terras. Irmãos de sangue (cf. Mc 1, 16), foram-no também e de forma singular ao derramarem o seu sangue pelo Senhor. Lembram-nos que existe uma fraternidade do sangue que nos antecede e que ao longo dos séculos, como uma silenciosa corrente vivificante, nunca cessou de irrigar e sustentar o nosso caminho.

Aqui – como em tantos outros lugares, nos nossos dias – experimentastes a Páscoa de morte e ressurreição: muitos filhos e filhas deste país, de várias Igrejas e comunidades cristãs, sofreram a sexta-feira da perseguição, atravessaram o sábado do silêncio, viveram o domingo do renascimento. Quantos mártires e confessores da fé! Em tempos recentes, muitos de diferentes Confissões encontraram-se lado a lado nas prisões, sustentando-se mutuamente. O seu exemplo está hoje diante de nós e das novas gerações que não conheceram aquelas condições dramáticas. Aquilo por que sofreram, até dar a vida, é uma herança demasiado preciosa para ser esquecida ou aviltada. E é uma herança comum, que nos chama a não nos distanciarmos do irmão que a partilha. Unidos a Cristo no sofrimento e na aflição, unidos por Cristo na Ressurreição, para que «também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4).

Beatitude, Irmão querido, há vinte anos o encontro entre os nossos Predecessores foi um dom pascal, um acontecimento que contribuiu não só para o reflorescimento das relações entre ortodoxos e católicos na Romênia, mas também para o diálogo entre católicos e ortodoxos em geral. Aquela viagem – a primeira que um bispo de Roma dedicava a um país de maioria ortodoxa – abriu o caminho para outros eventos semelhantes. O meu pensamento dirige-se para o Patriarca Teoctist, de grata memória. Como não recordar o grito «unitate, unitate!» que se levantou, espontâneo, aqui em Bucareste naqueles dias? Foi um anúncio de esperança nascido do Povo de Deus, uma profecia que inaugurou um tempo novo: o tempo de caminhar juntos na redescoberta e avivamento da fraternidade que já nos une.

Caminhar juntos com a força da memória. Não a memória dos agravos sofridos e infligidos, dos juízos e preconceitos, que nos fecham num círculo vicioso e levam a atitudes estéreis, mas a memória das raízes: os primeiros séculos em que o Evangelho, anunciado com audácia e espírito de profecia, encontrou e iluminou novos povos e culturas; os primeiros séculos dos mártires, dos Santos Padres e dos confessores da fé, da santidade diariamente vivida e testemunhada por tantas pessoas simples que partilham o mesmo Céu. Graças a Deus, as nossas raízes apresentam-se sãs e firmes e, embora o crescimento tenha conhecido as distorções e os transes do tempo, somos chamados – como o salmista – a conservar grata recordação de tudo aquilo que operou em nós o Senhor, a elevar-Lhe um hino de louvor de uns pelos outros (cf. Sal 77, 6.12-13). A lembrança dos passos que demos juntos encoraja-nos a continuar rumo ao futuro com a consciência – certamente – das diferenças, mas sobretudo na ação de graças dum ambiente familiar que deve ser redescoberto, na memória de comunhão que se deve reavivar, que como lâmpada projete luz sobre os passos do nosso caminho.

Caminhar juntos na escuta do Senhor. Serve-nos de exemplo aquilo que o Senhor fez no dia de Páscoa, ao caminhar com os discípulos pela estrada de Emaús. Estes falavam de tudo o que sucedera, das suas preocupações, dúvidas e questões. O Senhor escutou-os pacientemente e conversou francamente com eles, ajudando-os a entender e discernir os acontecimentos (cf. Lc 24, 15-27).

Discurso do Papa diante de autoridades, sociedade civil e diplomatas na Romênia


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À ROMÊNIA
(31 DE MAIO - 2 DE JUNHO DE 2019)

ENCONTRO COM AS AUTORIDADES,
A SOCIEDADE CIVIL E O CORPO DIPLOMÁTICO

DISCURSO DO SANTO PADRE
Sala Unirii do Palácio Presidencial, Bucareste
Sexta-feira, 31 de maio de 2019

Senhor Presidente,
Senhora Primeiro-Ministro,
Santidade,
Ilustres Membros do Corpo Diplomático,
Distintas Autoridades,
Representantes das várias Confissões Religiosas e da sociedade civil,
Queridos irmãos e irmãs!

Dirijo uma cordial saudação e os meus agradecimentos ao senhor Presidente e à senhora Primeiro-Ministro pelo convite para visitar a Romênia e as amáveis expressões de boas-vindas que o senhor Presidente me dirigiu em nome próprio e também das outras autoridades da nação e do vosso amado povo. Saúdo os membros do Corpo Diplomático e os expoentes da sociedade civil aqui reunidos.

Saúdo, com amor fraterno, o meu irmão Daniel. Com deferência, apresento as minhas saudações a todos os Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo e a todos os fiéis da Igreja Ortodoxa Romena. Saúdo com afeto os Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e todos os membros da Igreja Católica, que venho confirmar na fé e encorajar no seu caminho de vida e testemunho cristãos.

Estou feliz por me encontrar na vossa linda terra, vinte anos depois da visita de São João Paulo II e no semestre em que a Romênia – pela primeira vez desde que começou a fazer parte da União Europeia – preside ao Conselho Europeu.

Trata-se dum momento propício para uma vista de conjunto aos trinta anos passados desde que a Romênia se libertou dum regime que oprimia a sua liberdade civil e religiosa e a isolava dos outros países europeus levando-a também à estagnação da sua economia e ao exaurimento das suas forças criativas. Durante este período, a Romênia empenhou-se na construção dum projeto democrático através do pluralismo das forças políticas e sociais e do seu diálogo mútuo, através do reconhecimento fundamental da liberdade religiosa e da plena integração do país no mais amplo cenário internacional. É importante reconhecer os numerosos passos realizados neste caminho, mesmo no meio de grandes dificuldades e privações. A vontade de progredir nos vários campos da vida civil, social e científica pôs em movimento tantas energias e projetação, libertou inúmeras forças criativas que antes estavam prisioneiras e deu novo impulso às múltiplas iniciativas empreendidas, transportando o país para o século XXI. Encorajo-vos a prosseguir no trabalho de consolidar as estruturas e as instituições que são necessárias não só para dar resposta às justas aspirações dos cidadãos, mas também para estimular o vosso povo permitindo-lhe expressar todo o potencial e engenho de que sabemos ser capaz.

Ao mesmo tempo é preciso reconhecer que as transformações, tornadas necessárias pela abertura duma nova era, acarretaram consigo – juntamente com as conquistas positivas – o aparecimento de inevitáveis obstáculos que se devem superar e de consequências para a estabilidade social e a própria administração do território nem sempre fáceis de gerir. Penso, em primeiro lugar, no fenômeno da emigração, que envolveu vários milhões de pessoas que deixaram a casa e a pátria à procura de novas oportunidades de trabalho e duma vida digna. Penso no despovoamento de tantas aldeias, que em poucos anos viram partir uma parte considerável dos seus habitantes; penso nas consequências que tudo isto pode ter sobre a qualidade da vida em tais terras e no enfraquecimento das vossas raízes culturais e espirituais mais ricas que vos sustentaram nos momentos mais duros, nas adversidades. Presto homenagem aos sacrifícios de tantos filhos e filhas da Romênia que enriquecem os países para onde emigraram, com a sua cultura, o seu patrimônio de valores e o seu trabalho e, com o fruto do seu empenho, ajudam a família que ficou na própria pátria. Pensar nos irmãos e irmãs que estão no estrangeiro é um ato de patriotismo, é um ato de fraternidade, é um ato de justiça. Continuai a fazê-lo.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Homossexuais nos seminários. Uma investigação bombástica no Brasil.


Em pesquisa recente, alguns seminaristas declararam que a homossexualidade “é uma realidade comum, uma realidade cada vez mais presente” nos seus seminários. Tão normal que “chega a ser banalizada”. É uma convicção difundida entre eles “que 90% dos seminaristas hoje são homossexuais”.

A pesquisa não é muito recente. Os seus resultados foram apresentados na primavera de 2017, na “Revista Eclesiástica Brasileira” [1].

A questão é a homossexualidade nos seminários.

A homossexualidade é tabu na cúpula da Igreja há alguns meses [2]. Foi proibido falar dele também no encontro sobre os abusos sexuais, realizado entre os dias 21 e 24 de fevereiro. Mas a sua presença disseminada no clero e nos seminários é uma realidade conhecida há muito tempo, de tal forma que em 2005 a Congregação para a Educação Católica divulgou uma instrução exatamente sobre como enfrentá-la [3].

Essa instrução confirmou não só que atos homossexuais são “pecado grave”, mas também que as “tendências homossexuais profundamente arraigadas” são “objetivamente desordenadas”. Por isso, aquele que pratica esses atos, manifesta essas tendências ou de alguma maneira apoia a “cultura gay“, de forma alguma deveria ser admitido à Ordem Sagrada.

Essas são as diretrizes pastorais desde então. Mas, na realidade, quando foram aplicadas? A pesquisa mencionada anteriormente teve como objetivo verificar o que acontece hoje em dois seminários do Brasil, tomados como amostra.

Os autores da pesquisa, Elismar Alves dos Santos e Pedrinho Arcides Guareschi, ambos religiosos da Congregação do Santíssimo Redentor e especialistas em Psicologia Social, com títulos acadêmicos de prestígio, interrogaram a fundo 50 estudantes de Teologia desses seminários, obtendo resultados definitivamente alarmantes.

Antes de tudo, os entrevistados dizem que a homossexualidade nos seus seminários “é uma coisa comum, uma realidade cada vez mais presente”. Tão normal que “chega inclusive a ser banalizada”. É uma convicção difundida entre eles “que na realidade 90% dos seminaristas hoje são homossexuais”.

Alguns homossexuais – eles dizem – “buscam o seminário como meio de fuga para não assumir diante da família e da sociedade as responsabilidades vinculadas ao seu comportamento”. Outros “se descobrem homossexuais quando já estão no seminário”, encontrando ali um ambiente favorável. E quase todos, dizem que 80%, “vão em busca de parceiros sexuais”.

De fato, a homossexualidade – eles declaram -, “é uma realidade presente nos seminários não só na ordem do ser, mas também na ordem do agir”. Muitos a praticam “como se fosse uma coisa normal”. Escrevem os autores do estudo: “Na visão dos que participaram da pesquisa, no contexto atual dos seminários, uma boa parte dos seminaristas está a favor da homossexualidade. E mais. Sustenta que, se existe amor na relação homossexual, não há nada de mal. Dizem: ‘Se existe amor, o que tem de errado?'”.

Bolsonaro recebe Dom Walmor, novo presidente da CNBB




O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na tarde desta quarta-feira, 29, Dom Walmor Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (BH) e novo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A reunião foi a portas fechadas, sem autorização para imagens nem áudio da imprensa. O primeiro encontro entre as autoridades começou por volta das 14h e durou menos de uma hora, no Palácio do Planalto. Também estavam presentes membros da CNBB. 

Após a reunião, em entrevista à TV Canção Nova, Dom Walmor comentou o encontro, e disse que a visita não foi para ‘dar recados’, mas para caminhar juntos pelo bem da sociedade brasileira:

Viganò responde: "O Papa mente"


O papa não sabia de nada, nem de ideia, das perambulações do defenestrado McCarrick, disse ele em entrevista concedida à Televisa, na qual denunciou a credibilidade do arcebispo Viganò. Mentira, o acima mencionado respondeu em declarações ao LifeSiteNews.

"O que o papa disse sobre não saber de nada é mentira", respondeu o arcebispo Viganò, de seu desconhecido paradeiro ao portal LifeSiteNews. "Ele finge não se lembrar do que eu disse sobre McCarrick, e finge que não foi ele quem me perguntou sobre McCarrick em primeiro lugar."

E responde Carlo Maria Viganò, autor de um testemunho tumbativo que chocou o mundo católico e deixou literalmente sem palavras Sua Santidade, a entrevista concedida pelo Papa para a rede mexicana Televisa, no qual ele negou ter qualquer ideia de aventuras homossexuais e abusivo ex-cardeal Theodore McCarrick do agora secularizada, e acusou o arcebispo em seu artigo argumentou o contrário.

Infelizmente para a versão de Sua Santidade, o mesmo dia em que foi publicada no Vaticano Notícias transcrição da entrevista, a revista Crux relataram vazou entre o Papa correspondência, a secretária de Estado Pietro Parolin e então cardeal confirmando a existência de sanções privadas impostas ao ex-arcebispo de Washington pelo Vaticano em 2008 e McCarrick viajou em todo o globo durante o pontificado de Francisco desempenhando um papel fundamental para alcançar o polêmico pacto secreto entre a Santa Sé e o governo comunista chinês .

Papa sobre as acusações de Viganò a McCarrick: “Eu não sabia nada, caso contrário não teria permanecido calado”


O "caso McCarrick" ganha novo impulso nos Estados Unidos, com o Relatório Figuereido (do nome do monsenhor que o escreveu) de dez páginas publicadas pelo site católico Crux e, desta vez, com documentos que chamam em causa a cúpula da cúria vaticana, começando pelo Secretário de Estado Pietro Parolin (que, com base na correspondência publicada, teria tratado com McCarrick repetidamente ao longo dos anos sobre o "dossier China", que chegou à assinatura de um acordo preliminar para a nomeação dos bispos) e, principalmente, de novo, o Papa Francisco.

Ganha um novo impulso que se transforma um desafio frontal para o pontificado de Francisco, que em entrevista concedida à jornalista Valentina Alazraki, da rede mexicana Televisa (gravada dias atrás, mas divulgada pelo Vaticano uma hora após o lançamento das novas revelações sobre McCarrick) falou pela primeira vez sobre o episódio.

O Papa Francisco, após quase um ano, rompeu nesta terça-feira o silêncio sobre as acusações feitas pelo ex-núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò, que em uma carta bomba havia acusado o pontífice, no final de agosto de 2018, de ter mantido silêncio sobre a gravidade do comportamento do ex-cardeal McCarrick (abusos contra menores e seminaristas).

No comunicado de 111 páginas, Viganò afirmava que ele mesmo, em uma audiência no início do pontificado, o tornara ciente da pedofilia de McCarrick, mas o papa inicialmente não teria feito nada porque se tratava de um cardeal progressista que era seu amigo e financiador de muitos projetos. O Papa agora responde e acusa indiretamente Viganò de ter mentido.

"De McCarrick eu não sabia nada, naturalmente, nada. Eu disse isso várias vezes, eu não sabia nada. Vocês sabem que eu não sabia nada sobre McCarrick, caso contrário não teria permanecido em silêncio. O motivo do meu silêncio foi, em primeiro lugar, que as provas estavam ali, eu disse a vocês: julguem vocês mesmos. Foi realmente um ato de confiança. E depois, pelo que eu vos falei sobre Jesus, que em momentos de fúria não se pode falar, porque é pior. Tudo vai contra. O Senhor nos mostrou esse caminho e eu o sigo".

O papa continua: "O (meu, ndr) silêncio desses meses é uma maneira de falar. Naquele caso, vi que Viganò não tinha lido toda a carta, então pensei que eu podia confiar na honestidade dos jornalistas, aos quais eu disse: olhem, vocês têm tudo aqui, estudem e tirem suas conclusões. E isso eles o fizeram, porque eles fizeram o trabalho, e neste caso, foi fantástico. Tomei muito cuidado para não dizer coisas que não estavam ali, mas depois acabou dizendo-as, três ou quatro meses depois, um juiz em Milão quando condenou Viganò. "

Nesta passagem, o Papa refere-se a um processo civil contra Viganò por um caso ligado à divisão da herança familiar, cujo relato foi primeiramente publicado no Corriere della Sera, já em março de 2013, e depois em exclusiva para o Huffpost no dia 14 de novembro de 2018.

"Permaneci em silêncio - explicou o Papa - porque eu teria que jogar lama. Deixe aos jornalistas descobrirem os fatos. E vocês os descobriram, vocês encontraram todo aquele mundo. Foi um silêncio baseado na confiança em vocês. Não só isso, eu também disse a vocês: peguem, estudem, é tudo. E o resultado foi bom, melhor do que se eu tivesse começado a explicar, a me defender. Vocês podem julgar com as provas nas mãos. Há outra coisa que sempre me impressionou: os silêncios de Jesus, Jesus respondia sempre, mesmo aos inimigos quando eles o provocaram, "pode-se fazer isto, aquilo", para ver se ele caia na provocação. E ele, em tal caso, respondia. Mas quando a situação se complicou na Sexta-Feira Santa, as pessoas ficaram enfurecidas, ele ficou em silêncio. A ponto de o próprio Pilatos dizer: "Por que você não me responde?" Isto é, diante de uma situação de fúria, não se pode responder. E aquela carta era um sinal de fúria, como vocês mesmo perceberam pelos resultados. Alguns de vocês até escreveram que era comprada, eu não sei, acredito que não."

O ex-núncio e toda a galáxia tradicionalista dos oponentes de Francisco chegaram a pedir a renúncia do Papa Bergoglio, porque ele teria conhecimento das sanções disciplinares dispostas por Bento XVI ao então ex-cardeal, que foi demitido do estado clerical por Francisco no início de 2019.

Nove meses depois, agora é publicado, desta vez nos EUA, um novo documento (o Relatório Figuereido) do nome do ex-secretário McCarrick que por dezenove anos foi seu elo com a Cúria e quem o elaborou. Dez pastas disponíveis em um específico site na internet. O propósito declarado da publicação de e-mails, cartas, é esclarecer, seguir a indicação do Papa Francisco no recente Motu Proprio "Voi estis lux mundi" que impõe a obrigação de denúncia para os abusos e para a ocultação. De "seguir o caminho da verdade onde quer que isso possa levar". Mas está bastante claro para onde isso está levando, isto é, a Francisco. Curiosamente, não há um único documento citado que se refira aos anos em que foi núncio Viganò. E a intenção é também influenciar a próxima Assembleia dos Bispos norte-americanos, chamados a definir as novas diretrizes para o combate aos abusos, que se reunirão de 11 a 14 de junho próximo.