terça-feira, 20 de março de 2018

Implicâncias jurídico-institucionais sobre o caso do Bispo e dos padres presos em Goiás


Sem entrar no mérito da questão ou emitir qualquer juízo de valor a respeito das condutas dos clérigos, acompanho com grande dor e preocupação o desdobramento dos fatos.

Isso porque não gosto de ver o avanço do Estado sobre as religiões, especialmente a Igreja Católica.

Por mais delicada que seja a questão e por mais que aparentemente as condutas em destaque tenham sido mesmo graves, o “modus operandi” do Ministério Público não foi correto.

Uma Diocese não é uma pessoa jurídica de Direito Civil, mas de Direito Canônico. Isso faz toda a diferença no que diz respeito à interferência do Estado.

Vale lembrar que existe um tratado internacional entre o Brasil e a Santa Sé que determina que a invasão do patrimônio da Igreja ou a prisão de um Bispo têm que ser acompanhadas pelo Núncio Apostólico ou representante seu.

Não é exagero buscar simetria e equidade entre as bases físicas da Igreja e as Embaixadas.

Desde a antiguidade o Estado tenta invadir moral e fisicamente a Igreja. Não lutaram Santo Ambrósio de Milão e Santo Agostinho de Hipona contra as investidas dos imperadores romanos, promotores de heresias como o arinismo e o donatismo?

Na Idade Média não lutaram Papas e santos, como o grande Bernardo de Claraval, contra o desejo de reis e imperadores de ordenar Bispos, a chamada “querela das investiduras”?

E nos tempos recentes? O caso dos “Cristeros” no México e os dos sacerdotes e fiéis perseguidos, presos e mortos por regimes absolutistas na antiga União Soviética, em Cuba, na Polônia e outros lugares são memórias vivas desse arraigado e perpétuo desejo de o Estado controlar de algum modo a Igreja.

Vivemos tempos de ditadura do relativismo moral e de desconstrução da presença de Deus no tecido social. O ataque sistêmico à Igreja faz parte desse contexto terrível.

Não desejo de modo algum abrandar condutas nem me deixar guiar por “corporativismo”, mas é preciso separar o joio do trigo.

Desde Judas Iscariotes sabemos que dentro do seio da Igreja, entre aqueles escolhidos, sempre haverá traidores de Deus e do povo fiel, mas precisamos saber tratar as situações adversas que se nos apresentam da forma correta, não com vulgar sentimentalismo ou sob a influência dos afetos desordenados tão comum aos dias de hoje.

Que meu comentário-desabafo não seja indevidamente interpretado como salvo-conduto ao erro, mas como busca da razão e a preocupação com algo maior: a liberdade de crença religiosa.

Vaticano publica carta completa de Bento XVI sobre “A Teologia de Francisco”



A Secretaria para a Comunicação da Santa Sé publicou no sábado, 17 de março, a carta completa de Bento XVI sobre a coleção “A Teologia do Papa Francisco”, após polêmica por uma “suposta manipulação” fotográfica que, como assinalou um meio de comunicação internacional, “alterou significativamente o significado das citações” do Papa Emérito.

Como se recorda, em 12 de março foi apresentada a coleção “A Teologia do Papa Francisco”, no marco das celebrações pelo quinto aniversário da eleição do atual Pontífice.

Por isso, a Secretaria para a Comunicação divulgou uma nota de imprensa que anunciava uma “carta pessoal de Bento XVI sobre sua continuidade com o pontificado do Papa Francisco”, com uma foto que mostrava uma pilha de livros sobre a segunda folha da missiva, deixando a vista apenas a assinatura do Papa Emérito.

Entretanto, depois foram conhecidas algumas linhas não divulgadas pela secretaria vaticana. Nestas, Bento XVI expressa sua surpresa por estar incluído entre os autores o teólogo alemão Peter Hünermann, “que durante meu pontificado se distinguiu por ter liderado iniciativas antipapais” e por atacar de “forma virulenta a autoridade magisterial do Papa”.

A jornalista Nicole Winfield, de ‘AP’, escreveu em 14 de março que uma fonte vaticana, sob anonimato, “não explicou por que a Santa Sé eliminou as linhas e se limitou a comentar que nunca se teve a intenção de divulgar todo o documento”. 

CNBB pede transparência em investigação sobre desvio de verba na Diocese de Formosa



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou que a verdade sobre Operação Caifás, que levou à prisão temporária do Bispo de Formosa (GO), Dom José Ronaldo, e sacerdotes, “deve ser apurada com justiça e transparência”.

Dom José Ronaldo, quatro padres, um monsenhor e funcionários administrativos da Diocese de Formosa tiveram a prisão temporária decretada na segunda-feira, 19 de março, na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, acusados de desvio de recursos, causando um prejuízo superior a 2 milhões de reais.

Durante a operação, R$ 70 mil e dólares em dinheiro vivo foram encontrados no fundo falso de um armário que estava no quarto de Monsenhor Epitácio Cardoso Pereira, na paróquia de Planaltina. As investigações também apontaram desvios de recursos nas cidades de Formosa e Posse.

Os investigadores afirmam que Dom José Ronaldo seria o articulador do desvio de dízimos, doações de fiéis, arrecadações de festas e taxas de batismos e casamentos, em um esquema que teria sido montado há cerca de três anos, desde quando o Prelado assumiu a Diocese, em 2015.

De acordo com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, com o dinheiros desviado foram compradas uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com o dinheiro desviado.

A seguir, confira a íntegra da nota da CNBB assinada por dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo de Brasília e secretário geral da CNBB: 

segunda-feira, 19 de março de 2018

Bispo e padres são presos acusados de desviar R$ 1 milhão por ano de diocese em Goiás

José Ronaldo Ribeiro foi bispo da Diocese de Janaúba-MG no período de 06 de junho de 2007 a novembro de 2014, quando então, em 22 de novembro de 2014 assumiu a Diocese de Formosa, no estado de Goiás. Em 1º de agosto de 2015 ele retornou à Janaúba para a posse do bispo Ricardo Guerrino Brusatti.


O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres, um monsenhor e funcionários administrativos foram presos na manhã desta segunda-feira (19) durante operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) contra desvios de recursos na Igreja Católica em Posse e em duas cidades do Entorno do Distrito Federal – Formosa e Planaltina. O prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.

Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia três anos.

“O que nós temos certeza é que as contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas da cúria (administração da diocese) e dos gastos da casa episcopal”, disse uma fiel, que preferiu não se identificar.

O grupo que contesta as contas informou que não recolheria o dízimo até que as medidas sejam atendidas. A diocese disse na época que o custo das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a arrecadação, no mesmo período, é de R$ 16 milhões. O restante é destinado ao fundo de cada unidade.

Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não houve o pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas. “Não tem nada de impropriedade. Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são destinados à manutenção das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário, estrutura da cúria, funcionários, etc.”, declarou.

domingo, 18 de março de 2018

Vizinha é multada por projetar uma cruz de luz na Espanha

Cruz de luz projetada na fachada da igreja em Callosa de Segura. Foto: Plataforma Cidadã em Defesa da Cruz.

Uma vizinha de Callosa de Segura, Alicante (Espanha) foi multada a pagar 100 euros por dia à Câmara municipal por permitir que se projete uma cruz da varanda da sua casa até a fachada da igreja, onde estava a cruz que o prefeito da cidade retirou violando a Lei da Memória Histórica em 29 de janeiro.

Fran Macià, prefeito da cidade de Callosa de Segura, retirou a cruz que estava na praça da igreja, uma decisão que causou grande controvérsia, pois centenas de vizinhos permaneceram durante 400 dias se revezando a fim de evitar que a cruz fosse retirada e em três ocasiões conseguiram evitar.

O prefeito assegurava que esta cruz violava a Lei da Memória Histórica, a qual estabelece a retirada de monumentos, símbolos ou nomes de lugares públicos relacionados à Guerra Civil Espanhola e depois da ditadura de Francisco Franco. Entretanto, os monumentos da Igreja Católica estão fora da aplicação desta lei. Algo que não foi respeitado no caso de Callosa de Segura.

Em resposta, a Câmara Municipal aumentou a luz da praça para tornar a silhueta da cruz menos visível.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Vovó do Apostolado da Oração acorda com Jojo Todynho na tela de sua TV 50″


A vovó ligou a TV na Rede Vida pra rezar o seu terço diário, e logo depois pegou no sono. De repente, um grito gingado vindo da TV a desperta: “Que tiro foi esse”? Acordou assustada e gritou: “Maria”! Tossindo e com os olhos remelentos de sono, ela olha pra TV. Não sabia o que estava acontecendo ainda. Pensou até que o canal tinha pulado para a Globo ou para aqueles programas proibidos XXX, pois o que cobria a sua tela quase toda naquele instante eram dois peitos imodestos descobertos de propriedade de uma mulher que balançava a cabeça ostentando seu corpo Todynho. Tentou prestar a atenção, mesmo com a cabeça não funcionando muito bem naquela hora. Até que se deu conta de que a entrevistada foi anunciada como ex-cantora de igreja e que agora cantava Funk boladão. Ao que ela logo reagiu com um espanto: “Nossa! O que houve com essa rapariga? Arrancaram a camisa da moça? E ainda bem que ela não canta mais na Igreja. Com essa voz não duraria um dia com o padre José”.

“Maria, vem aqui por favor”, chamou a sua ajudante que lhe acompanhava durante a noite. Ainda cismada disse: “Tira daí. Tem alguma coisa errada. Era para estar passando aqueles programas que vendem jóias lindas, que eu usava quando mocinha, ou então aqueles carpetes iguais o que tenho lá na minha casa em Maricá. Porém pensando bem, hoje é terça, dia de sertanejo. Minha filha adora ver aqueles moços de calça apertadinha na Rede Vida. Tem um até que parece ser padre. Eu ri quando a Ester disse. Ela deve estar variando das idéias. Padre se veste direitinho. No meu tempo usavam até batina. Como achava bonito aqueles padres em procissão todos de preto. Todo mundo respeitava. Lembro que do meu Apostolado saíram três rapazes para se tornarem padres. Eram muito lindinhos. Ainda bem que Jesus os levou logo bem jovenzinhos, pois senão as moças teriam carregado os rapazotes”. “Tia Helena, eu acho que está na Rede Vida sim”, interrompeu Maria também com ar de confusa enquanto digredia a vovó. “Como assim, minha filha? Não é possivel. Por que não cubriram os melões dessa moça? Parece até quando eu peguei o meu filho Eduardo vendo aquele canal de safadeza da Playboy. Eu dei uma peia nele e mandei o cabra safado ir logo para se confessar com o padre José. Era um garoto sem vergonha demais. Ainda bem que casou e se ajuizou”. “O que eu faço, tia?” Enquanto Maria perguntava aparecia o slogan na TV que dizia: “Rede Vida, o canal da família”.

domingo, 11 de março de 2018

Nota à Thammy Gretchen: “A Igreja não é obrigada”!


Caríssima Thammy Miranda, no uso da minha liberdade religiosa e do ofício sacerdotal que desempenho, e tendo visto seu pronunciamento público veiculado pelo Jornal Extra no dia de ontem, 8 de março, sobre o seu desejo de ser madrinha de batismo, quero expressar a minha orientação. Julgo ser necessário manifestar-me, pois trata-se da fé da minha Igreja e isso gerou dúvidas entre muitos católicos, que inclusive a senhorita talvez possa ter também. Antes de tudo, isso está muito aquém de ser uma questão de preconceito e acolhida, trata-se de matéria de fé. A religião goza de liberdade perante o estado democrático para determinar as regras internas de sua vida moral correspondente ao seu credo. E mesmo que uma constituição não o reconhecesse, isso permaneceria um direito próprio do ato de crer do ser humano enquanto um ente dotado de consciência.

Não sei se sabe, assim como muitos católicos às vezes não o sabem, mas a Igreja tem uma espécie de “constituição” com as normas de fé as quais os bispos e padres devem obedecer sem hesitação, pois eles não estão acima das normas da fé, uma vez que são servos dela. Este conjunto normativo chama-se Código de Direito Canônico. Numa breve pesquisa pela internet até se consegue este livro em PDF para download. E o que diz lá sobre os padrinhos de batismo!? Cânon 872 – Ao batizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o batizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao batismo o batizando criança. Cabe também a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes. 

Cânon 874 – § 1. Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que: 1° – seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo; O pároco local de acordo com a lei canônica deverá julgar cada caso. Note-se o uso da palavra “aptidão” no final do 1° parágrafo do inciso 1. O que significa? Que há critérios de fé a serem julgados pelo sacerdote antes de admitir padrinhos para o batismo. Ademais, diz que eles “devem ter a intenção de cumprir esse encargo”, que é a missão de ensinar a fé integralmente com todas as suas exigências. Observe ainda que é dito no final do Cânon 872 que o padrinho “deve levar o batizado a ter uma vida de acordo com o batismo“, isto é, dando o padrinho ou madrinha testemunho ao viver de fato a fé e ajudando o batizado “a cumprir com fidelidade as obrigações inerentes“, que em outras palavras significa ensinar o que pede a Igreja para uma vida de cristão-católico. É com base nesses dados que o sacerdote irá julgar a aptidão de ser padrinho ou madrinha. Ele poderá negar o direito de sê-lo ou permitir segundo a lei da Igreja. Portanto, não se trata de uma mera questão documental de seu nome social como disse na reportagem. Pois essa é uma das questões menos relevantes ao processo, embora importante documentalmente. E não! A Igreja não tem obrigação de aceitar você como madrinha de batismo. A fé é da Igreja, o sacramento é católico e supõe leis católicas, e não se pode confundir de modo algum com direitos civis. 

sábado, 10 de março de 2018

Isaías 17 e a guerra na Síria!


Ontem foi postado um texto bíblico de Isaías 17 aqui na página que menciona uma destruição da Síria. Muitos vieram de imediato com links e argumentações sem parar para refletir que o texto, ainda que ele tenha um contexto histórico passado, pode ser relido hoje para perceber a própria instabilidade histórica das nações. As pessoas querem muito se mostrar conhecedoras das coisas se esquecendo que a Palavra de Deus é maior que o contexto original da própria Escritura podendo iluminar outros momentos históricos, e qualquer teólogo sabe disso.

Quantas vezes a Escritura se atualiza sobre nossas próprias vidas? Se não fosse assim, a Palavra de Deus tenderia a ser um livro histórico enfurnado em nossas gavetas. Somos vítimas do chamado historicismo na leitura dos textos sagrados, onde as pessoas se preocupam mais com uma cientifização da sua leitura que com o sentido pleno da palavra. Uma postura mais racionalizante produz a sensação de uma fé mais segura e de mais elevado nível que a de outros, anseio que inclusive leva muitos à soberba. Isso gera muitas vezes um reducionismo da Escritura a dados históricos e exegéticos, que são boníssimos, mas não podem limitar a sua exposição.

Ora, se a Síria foi relativamente destruída no passado, quantas vezes mais será até que as nações se convertam dos seus pecados e ouçam a voz de Deus? Pois a guerra é fruto do pecado humano. Quantas vezes Jerusalém foi destruída e o Templo posto abaixo? Duas! A história da nação israelita se repetiu? Podemos reler numerosas profecias do Antigo Testamento para refletir sobre o destino histórico de Jerusalém na sequência de suas infidelidades à Aliança e como isso tem a ver com a perda de sua identidade, o enfraquecimento da nacionalidade e a dispersão entre os povos.