segunda-feira, 19 de março de 2018

Bispo e padres são presos acusados de desviar R$ 1 milhão por ano de diocese em Goiás

José Ronaldo Ribeiro foi bispo da Diocese de Janaúba-MG no período de 06 de junho de 2007 a novembro de 2014, quando então, em 22 de novembro de 2014 assumiu a Diocese de Formosa, no estado de Goiás. Em 1º de agosto de 2015 ele retornou à Janaúba para a posse do bispo Ricardo Guerrino Brusatti.


O bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres, um monsenhor e funcionários administrativos foram presos na manhã desta segunda-feira (19) durante operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) contra desvios de recursos na Igreja Católica em Posse e em duas cidades do Entorno do Distrito Federal – Formosa e Planaltina. O prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.

Em dezembro de 2017, fiéis denunciaram que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que Dom José Ronaldo assumiu o posto, havia três anos.

“O que nós temos certeza é que as contas da cúria não fecham. Então, nós queremos a abertura pública das contas da cúria (administração da diocese) e dos gastos da casa episcopal”, disse uma fiel, que preferiu não se identificar.

O grupo que contesta as contas informou que não recolheria o dízimo até que as medidas sejam atendidas. A diocese disse na época que o custo das 33 paróquias é de cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a arrecadação, no mesmo período, é de R$ 16 milhões. O restante é destinado ao fundo de cada unidade.

Dom José Ronaldo alegou na época que não tocava no dinheiro e que não houve o pedido, por parte do grupo, para a apresentação de contas. “Não tem nada de impropriedade. Não toco nos repasses financeiros das paróquias que são destinados à manutenção das necessidades da Diocese, casa do clero, seminário, estrutura da cúria, funcionários, etc.”, declarou.

Dinheiro apreendido com fundo falso de guarda-roupa do monsenhor preso em operação contra desvios na Igreja Católica, em Goiás (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
 

Com base nas denúncias, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) realizou na manhã desta segunda-feira, 19 de março, uma operação contra desvios de recursos na Igreja Católica em três cidades goianas do Entorno do Distrito Federal. A ação, batizada de "Caifás", apura que o esquema se apropriava de dinheiro oriundo de dízimos, doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos. A suspeita é que o prejuízo estimado é de mais de R$ 2 milhões.

Foram cumpridos 13 mandatos de prisão e dez de busca e apreensão em Formosa, Posse e Planaltina. Entre os presos, estão o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, quatro padres e um monsenhor. Além de residências e igrejas, até um mosteiro é alvo da investigação.

Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury, um dos responsáveis pela operação, foram apreendidas caminhonetes da cúria em nomes de terceiros, além de uma grande quantia de dinheiro em espécie, cujo valor ainda não foi divulgado.
  

De acordo com o MP-GO, a suspeita é que a associação criminosa atuava na cúria da Diocese da Igreja Católica de Formosa e outras paróquias relacionadas a elas nas outras cidades. Participam da ação cerca de dez promotores de Justiça, além das polícias Civil e Militar.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o grupo comprou uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Em decisão, juiz disse haver indícios de que o dinheiro era usado para despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa eram usados com fins particulares.

“[Apuração aponta que as verbas arrecadadas] estão sendo sistematicamente desviados por ordem de José Ronaldo e igualmente aprovados em favor dos demais clérigos, chegando ao ponto na participação efetiva em atividades econômicas (pelo menos, atividade de pecuária e de exploração de casa lotérica). Além disso, é possível que veículos adquiridos pela diocese estejam sendo destinados para uso particular do Padre Moacyr na cidade de Posse”, declarou o juiz.

O juiz afirmou ainda que os padres forjavam informações para que as contas das igrejas de Posse, Formosa e Planaltina fossem ajustadas. À TV Anhanguera, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse estar buscando informações para conhecer melhor a denúncia.
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Com informações: G1 Goiás

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