quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Eleições 2016


Estamos vivendo a campanha eleitoral que visa a escolha dos prefeitos e vereadores de nossos municípios, no dia 02 de outubro e, para onde houver segundo turno, também no dia 30 de outubro. Nossa Diocese de Cruz Alta compreende 33 municípios. É fato que o processo eleitoral deste ano vem com a marca do descrédito, marcado pelas recorrentes notícias de corrupção e falta de ética de muitos que foram eleitos pelo povo para promoverem o bem comum. Não há como negar o sentimento de indignação e revolta da maioria da população diante destes fatos. Alguns se refugiam na indiferença, outros extravasam nervosamente nas redes sociais. Qual a postura correta que somos chamados a ter, como cristãos e como cidadãos?

A primeira postura é comprometer-se, interessar-se. Na mensagem para as eleições deste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirma que “a Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância político-partidária, a se lançarem candidatos.” É uma mensagem de esperança, ânimo e coragem. “Sonhamos e nos comprometemos com um país próspero, democrático, sem corrupção, socialmente igualitário, economicamente justo, ecologicamente sustentável, sem violência, discriminação e mentiras; e com oportunidades iguais para todos”, diz a mensagem. Numa sociedade democrática, o caminho para este sonho passa pela política. “Se quisermos transformar o Brasil, comecemos por transformar os municípios.” Claro que a cidadania não se esgota na escolha dos representantes políticos, mas encontra aí sua expressão e compromisso. Recordo as palavras do Papa: “a política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (EG 205). Por isso, evitemos as expressões: “não tem mais solução”, “são todos iguais”, “não quero saber disso”. Não obstante tantos e tão graves fatos nos possam fazer pensar diferente, é preciso continuar a sonhar, apostar e interessar-se pelo mundo da política. 

Papa: "Atenção às óticas preconceituosas sobre a mulher".


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho que ouvimos nos apresenta uma figura que se destaca pela sua fé e sua coragem. Trata-se da mulher que Jesus curou das suas perdas de sangue (cfr Mt 9, 20-22). Passando em meio à multidão, aproxima-se por trás de Jesus para tocar a orla do seu manto. “Dizia consigo: se conseguir tocar apenas o seu manto serei curada” (v. 21). Quanta fé! Quanta fé esta mulher tinha! Pensa assim porque é animada pela fé e por tanta esperança e, com um toque de astúcia, realiza quanto tem no coração. O desejo de ser salva por Jesus é tal a fazê-la ir além das prescrições estabelecidas pela lei de Moisés. Esta pobre mulher há muitos anos não estava simplesmente doente, mas era considerada impura porque tinha hemorragias (cfr Lv 15, 19-30). É, por isso, excluída das liturgias, da vida conjugal, das relações normais com o próximo. O evangelista Marcos acrescenta que tinha consultado muitos médicos, dando fundos aos seus meios para pagá-los e suportando tratamento doloroso, mas havia somente piorado. Era uma mulher descartada da sociedade. É importante considerar essa condição – de descartada – para entender o seu estado de alma: ela sente que Jesus pode libertá-la da doença e do estado de marginalização e de indignidade em que há anos se encontra. Em uma palavra: sabe, sente que Jesus pode salvá-la.

Este caso faz refletir sobre como a mulher muitas vezes é percebida e representada. Todos devemos prestar atenção, também as comunidades cristãs, para óticas da feminilidade cheias de preconceitos e suspeitas que lesam a intangível dignidade da mulher. Nesse sentido, são os próprios Evangelhos a restaurar a verdade e a reconduzir a um ponto de vista libertador. Jesus admirou a fé desta mulher que todos evitavam e transformou a sua esperança em salvação. Não sabemos o seu nome, mas as poucas linhas com que os Evangelhos descrevem o seu encontro com Jesus traçam um itinerário de fé capaz de restabelecer a verdade e a grandeza da dignidade de cada pessoa. No último encontro com Cristo, abre-se para todos, homens e mulheres de todo lugar e de todo tempo, a via da liberdade e da salvação.

O Evangelho de Mateus diz que, quando a mulher tocou o manto de Jesus, Ele “se voltou” e “a viu” (v. 22) e, portanto, dirigiu-lhe a palavra. Como diziam, por causa do seu estado de exclusão, a mulher agiu escondido, atrás de Jesus, um pouco temerosa, para não ser vista, porque era uma descartada. Jesus, em vez disso, a vê e o seu olhar não é de reprovação, não diz: “Vá embora, você é uma descartada”, como se dissesse: “Você é uma leprosa, vá embora!”. Não, não reprova, mas o olhar de Jesus é de misericórdia e ternura. Ele sabe o que aconteceu e procura o encontro pessoal com ela, aquilo que no fundo a mulher desejava. Isso significa que Jesus não só acolhe, mas a faz digna de tal encontro ao ponto de dirigir-lhe a palavra e sua atenção.

Papa cria Organismo para o Desenvolvimento Humano Integral


CARTA APOSTÓLICA EM FORMA DE "MOTU PROPRIO" 
DO SUMO PONTÍFICE FRANCISCO 
COM O QUAL SE INSTITUI O DICASTÉRIO PARA O 
SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL

Em todo o seu ser e obrar, a Igreja está chamada a promover o desenvolvimento integral do homem à luz do Evangelho. Este desenvolvimento tem lugar mediante o cuidado dos bens incomensuráveis da justiça, da paz e da proteção da criação. O Sucessor do Apóstolo Pedro, na Sua obra a favor da afirmação de tais valores, adapta continuamente os organismos que colaboram com Ele, para que possam atender melhor às exigências dos homens e mulheres a quem estão chamados a servir.

Portanto, a fim de implementar a solicitude da Santa Sé nos âmbitos mencionados, bem como com aqueles relacionados com a saúde e as obras de caridade, instituo o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Este Discastério terá competências de modo particular nas áreas relacionadas com as migrações, com os necessitados, os enfermos e excluídos, os marginalizados e as vítimas dos conflitos armados e desastres naturais, os encarcerados, os desempregados e as vítimas de qualquer forma de escravidão e de tortura.

No novo Dicastério, regido pelo Estatuto que aprovo ad experimentum em data hodierna, confluirão, a partir do dia 1º de janeiro de 2017, as competências dos atuais Pontifícios Conselhos indicados em seguida: o Pontifício Conselho Justiça e Paz, o Pontifício Conselho “Cor unum”, o Pontifício Conselho para Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e o Pontifício Conselho para Pastoral no Campo da Saúde. Nesta data, estes quatro Dicastérios cessarão as suas funções e serão suprimidos, ficando revogados os artigos 142-153 da Constituição Apostólica Pastor Bonus.

Celebrando o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação 2016


No dia 16/08/2015 o Papa Francisco instituiu a Data mundial de oração pelo cuidado da criação a ser celebrado no 1º de setembro de todos os anos. Enviou cartas aos Cardeais Peter Kodwo Appiah Turkson, do Pontifício Conselho de Justiça e Paz, e Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção das Unidade dos Cristãos, convidando ao irmão Patriarca Ecumênico Bartolomeu às iniciativas incentivadas pela Encíclica “Laudato Si” – sobre o Cuidado da Casa Comum.

Diante da crise ecológica e civilizatória que estamos vivendo, este evento espiritual está a nos lembrar da necessidade de uma verdadeira conversão ecológica que reduza e minimize os efeitos de nossa pegada, da nossa interferência nas mudanças climáticas, na poluição e degradação da criação.

CNBB Regional Norte 3 divulga nota sobre a saúde pública do Tocantins e motiva campanha


NOTA DOS BISPOS DO REGIONAL NORTE III, DA CNBB 
ESTADO DO TOCANTINS 

A SAÚDE DO TOCANTINS ESTÁ DOENTE E COM FOME


Nós, Bispos do Regional Norte III, da CNBB, Estado do Tocantins, assistimos, pelos meios de comunicação, e presenciamos, com os olhos de pastores, com pesar, quase impotente e com indignação, a situação pela qual passa a saúde pública no Estado do Tocantins. Embora admitamos não ser exclusividade do nosso Estado, a falta de vagas, de leitos, de materiais, de insumos, de médicos, de medicamentos são recorrentes e corriqueiras nos noticiários e nas redes sociais. No entanto, o que mais nos chama a atenção é a falta de alimentação para os pacientes e acompanhantes.

O fato é que nosso povo está sofrendo. A saúde é um dos direitos básicos do cidadão, assegurado pela Constituição Federal do Brasil. O Sistema Único de Saúde - SUS, a quem defendemos, embora revele seus limites, não suporta e não permite improvisação. Esta situação virou caso de polícia e gerou comentários e críticas nas grandes redes de comunicação do Brasil. A saúde, a doença e a fome não podem esperar. O que fazer? A quem responsabilizar? A quem recorrer? Como nos posicionarmos?

É difícil não admitir que as crises política, social e econômica pela qual passa o Brasil, ligadas às questões locais de má gestão dos recursos públicos, à falta de transparência, às denúncias de corrupção, à excessiva burocracia e aos problemas decorrentes de licitação e contrato com empresa prestadora de serviço à Secretaria de Saúde, contribuem, para o agravamento da situação do atendimento aos usuários do sistema de saúde no nosso Estado. A Auditoria que foi submetida à Secretaria de Saúde, embora não conheçamos o resultado, é um indicativo plausível de como os recursos destinados à saúde podem ter sido desviados para outras finalidades.

Enquanto ouvimos com perplexidade, a notícia do aumento de salário e de outras vantagens para alguns servidores públicos, ver a situação em que se encontra a saúde neste Estado, demonstra cabalmente que ela não é prioridade. Vemos também com preocupação o Estado basicamente parado, devido à greve geral dos servidores públicos.

Cristo falava do templo do seu corpo




Destruí este templo e em três dias o reedificarei (Jo 2,19). Os apegados ao corpo e às coisas sensíveis, creio, parecem indicar os judeus, que irritados por terem sido expulsos por Jesus, acusando-os de transformarem a casa do Pai em mercado de seus produtos, pedem um sinal. Por esse sinal devia Jesus justificar o seu procedimento e provar que era o Filho de Deus, o que eles na sua incredulidade não queriam admitir. Mas o Salvador ajuntou uma palavra sobre seu corpo, como se falasse daquele templo; aos que interrogavam: Que sinal mostras para assim fazeres?, responde: Destruí este templo e em três dias o reedificarei.  

Todavia ambos, tanto o templo como o corpo de Jesus, compreendidos como unidade, parecem-me ser figura da Igreja. Por ter sido edificada com pedras vivas; feita casa espiritual para o sacerdócio santo (1Pd 2,5). Edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo sua máxima pedra angular o Cristo Jesus (Ef 2,20), existindo em verdade, como templo. Se, porém, por causa da palavra: Vós sois o corpo de Cristo e membros uns dos outros (1Cor 12,27), se entender serem destruídas e deslocadas as junturas e disposições das pedras do templo, como se lê no Salmo 21 sobre os ossos de Cristo, pelas ciladas das perseguições e tribulações e por aqueles que combatem a unidade do templo por contradições, levantar-se-á o templo e ressuscitará o corpo ao terceiro dia. Após o dia da maldade que pesa sobre ele, e após o dia da consumação que se seguir.  

Seguirá de perto o terceiro dia do novo céu e da terra nova, quando esses ossos, quero dizer, toda a casa de Israel, serão reerguidos, no grande domingo, em que a morte é vencida. Assim a ressurreição de Cristo depois da paixão contém o mistério da ressurreição do corpo total de Cristo. Como aquele corpo de Jesus, sensível, foi pregado na cruz, sepultado e depois ressuscitado, assim todo o corpo dos santos de Cristo com ele foi pregado na cruz e agora já não vive mais. Cada um deles, à semelhança de Paulo, não se gloria em coisa alguma a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo por quem está crucificado para o mundo e o mundo para ele.  

Por isto não apenas foi cada um de nós, junto com Cristo, pregado à cruz e crucificado para o mundo, mas também, junto com Cristo, sepultado: Fomos consepultados com Cristo, diz Paulo (Rm 6,4) e acrescenta como quem já recebeu as aras da ressurreição: E com ele ressuscitamos (cf. Rm 6,4).


Do Comentário sobre o Evangelho de João, de Orígenes, presbítero
(Tomus 10,20:PG14, 370-371)                (Séc.I)

São Luís IX: padroeiro da cidade e da Arquidiocese de São Luís do Maranhão.


Aproxima-se o 08 de setembro, quando será comemorada a efeméride da presença francesa em Upaon-Açu e, para os católicos, os mais de 400 anos da chegada do Evangelho pela missão capuchinha composta de 4 frades do convento parisiense de Saint-Honoré. Polêmicas à parte quanto a uma fundação francesa ou uma invasão francesa e fundação portuguesa por obra de Jerônimo de Albuquerque, o fato é que os franceses cá estiveram e cá deixaram algumas marcas. Poucas? Talvez sim, porém a mais significativa e que permanece está no nome da cidade que fora tomado do forte erguido pelos franceses. São Luís foi o nome escolhido para homenagear o pequeno Luís XIII e seu ilustre antecessor, o Rei Luís IX, àquela altura já elevado à honra dos altares com o nome de São Luís, Rei de França.

Entretanto, o que muita gente desconhece é que São Luís é o padroeiro da cidade e da Arquidiocese de São Luís do Maranhão. Atribui-se equivocadamente a Nossa Senhora da Vitória o patronato de nossa capital. Nossa Senhora da Vitória é a padroeira da paróquia da Igreja da Sé, a nossa catedral, Ela é, portanto, a titular da Catedral, mas não a padroeira da cidade e da Arquidiocese. Em 25 de agosto de 1882, no Jornal “Diário do Maranhão” recolhemos a seguinte nota: “ Dia de gala por ser hoje dia de São Luiz, padroeiro desta capital estiveram embandeirados os fortes salvando o de São Luiz à 1 da tarde”. Mais próximo a nós, em 26 de agosto de 1934, no Jornal “A Pacotilha”, em coluna intitulada Vida Religiosa está a notícia, da qual transcrevemos alguns trechos: “ É hoje (sic) que se realiza na Sé Cathedral Metropolitana a festividade de São Luiz, padroeiro da cidade e da Arquidiocese do Maranhão. (...) Serão celebradas duas Missas: a primeira, às 7 horas (...); a segunda, às 8 e meia, cantada solenemente, fazendo o panegírico do padroeiro o Revmo. Sr. Cônego Arias Cruz.” Outra fonte que atesta São Luís como patrono da cidade é a obra História Eclesiástica do Maranhão, de Dom Felipe Condurú Pacheco: “São Luís – cidade ilustre, de 2000 habitantes, sede do bispado, estendido do Ceará ao Cabo Norte – teria o mesmo ex-soberano francês por Patrono” (1968, 16). Obviamente, não esgotamos as várias fontes que validam nossa informação.

São Raimundo Nonato


Raimundo nasceu na Espanha, em 1200. Seus pais eram nobres, porém não tinham grandes fortunas. O seu nascimento aconteceu de modo trágico, sua mãe morreu durante os trabalhos de parto, antes de dar-lhe à luz. Por isto Raimundo recebeu o nome de Nonato, que significa não-nascido de mãe viva.

Dotado de grande inteligência, fez com certa tranquilidade seus estudos primários. O pai, percebendo os dotes religiosos do filho, e com receio de que seu filho optasse pela vida da igreja, mandou-o administrar uma pequena fazenda de propriedade da família. Porém as coisas aconteceram exatamente ao contrário.

Raimundo, no silêncio e solidão que vivia, fortificou ainda mais sua vontade de dedicar-se unicamente à Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Apesar da dificuldade conseguiu o consentimento do pai e finalmente em 1224 ingressou na Ordem, recebendo o hábito das mãos do próprio fundador.

Ordenou-se sacerdote e seus dotes de missionário vieram à tona. Foi mandado em missão na Argélia, norte da África, para resgatar cristãos que viviam em regime de escravidão. Levava o conforto e a palavra de Deus aos que sofriam mais que ele e já estavam prestes a renunciar à fé em Jesus.

Sua ação missionária causou a revolta das lideranças muçulmanas e Raimundo foi preso e torturado. Durante oito meses teve sua boca presa com um cadeado, para que não pudesse pregar o Evangelho.

Raimundo sofreu durante oito longos meses essa tortura, mas finalmente foi libertado com a saúde totalmente abalada. De volta a pátria foi nomeado cardeal, mas não exerceu este cargo, pois morreu acometido por uma forte febre em 31 de agosto de 1240, quando ele tinha apenas quarenta anos de idade.  


Ó Pai, pela vossa misericórdia, São Raimundo Nonato anunciou as insondáveis riquezas de Cristo. Concedei-nos, por sua intercessão, crescer no vosso conhecimento e viver na vossa presença segundo o Evangelho, frutificando em boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.