quinta-feira, 28 de junho de 2012

Dízimo: Testemunho de Ação Missionária


No mês de junho, a Arquidiocese de São Luís reflete o sentido da partilha do dízimo em suas paróquias. É um momento forte de evangelização.

Jesus Cristo deu à Igreja a missão de evangelizar: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16,15). Todos nós, cristãos, somos chamados pelo nosso Batismo a ser discípulos missionários de Jesus Cristo. Existem muitas maneiras de ser missionário: alguns renunciam tudo e saem pelo mundo anunciando o evangelho, outros na sua própria comunidade se tornam missionários, sendo uma presença viva de Jesus pelo seu testemunho de vivência cristã.

Refletindo sobre o dízimo, podemos afirmar que todo dizimista é um missionário do plano de Deus, porque contribui para a missão da Igreja.

Como dizimista você é missionário e o seu testemunho é fonte de sabedoria que inspira o trabalho da pastoral do dízimo.

O seu dízimo ajuda as paróquias e deve ajudar a formação de novos padres, nossa Arquidiocese e a Igreja no mundo. Se não posso, meu dízimo faz por mim. Tudo isto ocorre por meio da partilha na Igreja, que vai desde o dizimista até o Papa. Desta forma estamos sendo missionários em todos os rincões da terra onde chega o nosso dízimo. Graças à nossa partilha o milagre acontece pela graça divina.

Pedro e Paulo


Numa única festa celebramos a vida dos apóstolos Pedro e Paulo, porque os dois perseguiram um mesmo objetivo, o seguimento de Jesus Cristo, terminando no martírio. Pedro era muito ligado ao povo judeu, e Paulo, numa visão bem missionária, vai às demais nações de seu tempo. Além da força das suas palavras, eles foram verdadeiras testemunhas de fé e compromisso com Jesus Cristo.

Na convivência com o Mestre, esses dois apóstolos contribuíram na construção de uma consciência coletiva sobre a identidade da vivência cristã. Mas era preciso compreender quem era Jesus Cristo e qual o verdadeiro sentido de sua mensagem. Só a partir daí foi possível dar solidez ao projeto da construção do Reino.


Em Pedro e Paulo está assentada a Igreja, sendo eles as principais colunas de sua sustentação. É uma construção feita no meio das forças do antirreino, no mundo da maldade e de tudo que é desconstrução do bem e da vida das pessoas. É um processo que continua na história, enfrentando o mal da cultura moderna.
Ambos fizeram o caminho da libertação, tendo como fim, a condenação. Na dimensão do Reino de Deus, só consegue libertar quem é capaz de dar a vida por aquele que vive em situação de indignidade. Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo, e Paulo, degolado, coincidente e curiosamente, em Roma, onde foram sepultados e tidos como marcos da Igreja.

Devemos entender que o martírio, por causa do Evangelho, é valorizado pela Igreja como autêntica oferta ou sacrifício. Fruto de um longo combate na fé e, ao mesmo tempo, confirma uma situação de vitória, por ser uma doação feita em nome de Deus. É consequência de um projeto assumido em vista do bem.

Não é fácil ter fidelidade em relação à vida, principalmente quando temos que enfrentar críticas e perseguições. Não conseguimos vencer por dizer muitas palavras, mas por ter uma vida marcada pelo testemunho de autenticidade na prática da fé e da vida cristã. O testemunho supõe determinação e coragem no que é assumido.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Ícone da Virgem da Paixão


O ícone da Mãe de Deus da Paixão é muito difundido no Oriente bizantino: nos museus de Atenas, Moscou, Creta, Leningrado como também no Instituto helênico de Veneza vemos muitos exemplares agradáveis da Virgem da Paixão. Naturalmente, muito mais numerosos são tais ícones nas igrejas tanto do Oriente como do Ocidente. No Ocidente, ele é venerado também com o nome de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Encontramos um exemplar em Roma, no Santuário da Via Merulana, mantida pelos padres Redentoristas e, sobretudo, graças a eles, esse ícone difundiu-se em todos os continentes.

O seu verdadeiro nome é, de fato, da Paixão; com esta representação, vemos escrito debaixo do Anjo à esquerda. Os dois Anjos visíveis dos lados, no alto, seguram: um a Cruz e outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre, instrumentos bastante conhecidos como sendo da paixão de Cristo. O Menino Jesus apresenta em seu rosto uma expressão de temor e está com as mãozinhas apertando a mão direita da Mãe, que olha para frente numa atitude de recolhimento e pensativa; talvez relembrando em seu coração a dolorosa e fatal profecia de Simeão, o misterioso plano da redenção, do qual Isaías já tinha apresentado o Servo Sofredor.


Observa-se com que respeito os Anjos (muitos dizem que, para quem olha, à esquerda é Miguel e, à direita, Gabriel) seguram os instrumentos da paixão: não os tocam com as mãos, mas com um tecido que os envolve. O fundo dourado, símbolo da Luz Eterna, destaca os coloridos vivos das vestes. Para a Virgem, o mafórion (véu-manto) é de púrpura, sinal da divindade, da qual ela se aproxima de modo excepcional e da realeza, enquanto o azul puríssimo é indicador de sua humanidade, representando o esplendor do Céu. O Divino Menino sempre conserva em seu rostinho aquela expressão de maturidade, como convém a um Deus Eterno; ele está vestido como se vestiam na antigüidade os nobres e os filósofos: uma túnica amarrada na cintura  com um manto que cobre apenas um ombro, está envolto em um tecido ouro, como convém à sua dignidade. De fato, devido à sua identificação com a luz do sol, o ouro é símbolo de Jesus, Luz, Sol e Oriente. Ele está perdendo uma sandalinha, talvez por medo, o que lhe faz virar e cruzar o pezinho. O rosto da Virgem já é luz, pura transparência. Somos convidados a contemplar na fé a cidade que “não precisa do sol nem da lua para iluminá-la, pois a Glória de Deus a ilumina, e sua lâmpada é o Cordeiro” (Ap 21,23).
São claramente visíveis os habituais escritos abreviados, em letras gregas, para indicar “Mãe de Deus”, “Jesus Cristo” e na auréola deste último as letras wn = Aquele que é, enquanto que as estrelas sobre a cabeça e os ombros de Maria Santíssima indicam a sua virgindade antes, durante e depois do parto.

Na sua dúplice denominação, essa bela imagem da Virgem nos lembra a centralização salvífica da paixão de Cristo e de Maria e juntos a pronta bondade da Mãe de Deus e Mãe nossa.

“Uma espada, verdadeiramente, transpassou a vossa alma, ó nossa Santa Mãe! De resto, não teria unido a carne do Filho senão passando pela alma da Mãe. Certamente, depois que o vosso Jesus, que era de todos, mas especialmente vosso, tinha expirado, a lança cruel não pôde atingir a Sua alma. Quando, com efeito, não respeitando nem mesmo a Sua morte, abriram-lhe o peito, já não podiam mais atingir com algum dano o vosso Filho. Mas, sim, a vós. A vossa alma foi transpassada. A alma dele já não estava mais ali, mas a vossa não se podia absolutamente desprender dele. Por isso, a força da dor transpassou a vossa alma e assim, com muita razão, podemos chamar-vos mais que mártir, porque em vós, a participação da paixão do Filho superou de muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio”. (Bernardo, Abade de Claraval + 1153).
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Fonte desconhecida.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - 27 de Junho



Em fins do século XV, Um negociante roubou o quadro do Altar onde estava, na ilha de Creta; escapou milagrosamente de uma tormenta em alto mar, levando o quadro até Roma. Lá, antes de morrer, entregou-o a um amigo, pedindo-lhe encarecidamente que o mandasse colocar numa igreja digna. O amigo descuidou-se de atender o pedido.

Nossa Senhora então apareceu ao romano, insistindo com ele para que executasse o encargo, ameaçando-o até com a morte. Entretanto, dando ouvido aos rogos de sua esposa, o homem ligou pouca importância à ameaça. Pouco depois ele morreu.

Em seguida, Nossa Senhora apareceu a uma filhinha da família. “Vai ter com tua mãe e teu avô – ordenou Maria – e dize-lhes: SANTA MARIA DO PERPÉTUO SOCORRO manda avisar-lhes que ela deve ser tirada de vossa casa; do contrário, em breve todos morrereis”. Tomada de pânico a mulher prometeu obedecer.

Nossa Senhora indicou então à menina precisamente onde o quadro devia ser colocado: Na Igreja situada entre a Basílica de Santa Maria Maior e a de São João do Latrão. No dia 27 de Março de 1499 o quadro foi transportado em procissão solene para a Igreja indicada, que era a de São Mateus, Apóstolo. No mesmo dia ocorreu um milagre: um homem que tinha um braço totalmente paralisado, ficou completamente curado.

Desse modo, por 300 anos, o quadro esteve exposto no altar-mor da Igreja de São Mateus, venerado por todos e largamente conhecido por seus milagres.

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Significado do Quadro


O quadro pertence aos ícones da Virgem Maria denominados “Virgem da Paixão“. O fundo em ouro é símbolo do Paraíso, onde a Virgem triunfa. Maria, ligeiramente inclinada para o Menino, em atitude tema, olha para os fiéis, oferecendo-lhes o Socorro, o Seu Filho. Na fronte de Maria, sobre o véu brilha a estrela de Belém: Ela leva-nos a Jesus. À direita de Maria, o Arcanjo S. Miguel mostra a lança e a esponja da Paixão de Cristo; à sua esquerda, o Arcanjo S. Rafael mostra a cruz de 3 braços, à maneira da Europa Oriental; o Menino Jesus, assustado à vista dos instrumentos da Sua futura Paixão, corre para o colo da Mãe, enlaçando as mãozinhas na sua mão direita.No fundo do quadro aparecem várias abreviaturas gregas: de ambos os lados da cabeça de MAria: “Mãe de Deus“; à sua direita: “O Arcanjo Miguel“; à sua esquerda: “O Arcanjo Rafael“; e ao lado do menino Jesus: “Jesus Cristo”.


“Como o Menino Jesus que admiramos no venerado quadro, também nós queremos apertar a vossa mão direita. Não vos faltam nem poder nem bondade para nos socorrer. A hora atual é a vossa hora! Vinde, pois, em nossa ajuda, ó Mãe do Perpétuo Socorro. Amém” (João Paulo II)

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Virgem da Paixão


Dentro da classificação dos grupos temáticos dos ícones, o quadro de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro é caracterizado pelos estudiosos da arte sacra como Virgem da Paixão. Isso porque toda a sua composição e a sua mensagem exprimem a paixão de Jesus, o Redentor do homem. Nesta imagem observam-se os arcanjos com instrumentos da paixão, a agonia do Senhor, a postura defensiva do Menino e os rostos cobertos de tristeza e dor. 

Comparando com os outros ícones da Virgem da Paixão, podemos depreender que o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro apresenta elementos iconográficos próprios: as estrelas na fronte e não nos ombros; e a cor das roupas. Mesmo considerando esses aspectos típicos do quadro de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, quais os traços comuns e fundamentais das diversas imagens da Virgem da Paixão?

Os ícones da Virgem da Paixão costumam representar Nossa Senhora com o Menino Jesus nos braços e anjos de cada lado segurando os instrumentos da paixão de Jesus. Na cultura brasileira tal título assemelha-se ao de “Virgem das Dores”ou “Nossa Senhora das Dores”.



Nos ícones da Virgem da Paixão, é característica a presença dos instrumentos da paixão de Cristo, levados por anjos ou arcanjos, com uma inscrição latina ou grega na parte superior das figuras. Esse tipo de ícone retrata o movimento do Menino que vê os instrumentos da paixão, se assusta com eles, busca refúgio nas mãos ou nos braços da Mãe e deixa ver a planta de um dos pés. O Menino move bruscamente a perna ou deixa desprender uma sandália, que, por sua vez, fica presa por um só de seus cordões. A Mãe, que acolhe o Menino com ternura e compaixão, olha para frente como se estivesse contemplando os sofrimentos de seu divino Filho. 

Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - 27 de junho

domingo, 24 de junho de 2012

Roubar de Padre é pecado?



Quando estou em casa, após a oração matinal, tenho o costume de acessar a internet e folhear os jornais para me inteirar das notícias que alimentam – ou destroem – a esperança e a vida das pessoas. Na segunda-feira, dia 30 de abril, chamaram-me particularmente a atenção três fatos relacionados com a religião.
Em São Paulo, quatro meliantes (dentre eles, duas menores) foram presos depois de obrigarem uma mãe e sua filha a acompanhá-los, durante três horas, enquanto faziam saques em diversas caixas eletrônicas. Ao mesmo tempo, talvez para não perder tempo (!), aproveitaram para assaltar pedestres e motoristas que encontravam pelo caminho. Um deles era padre. Mas, «foi poupado – transcrevo as palavras utilizadas pela imprensa – porque os criminosos acharam que, roubar de padre, é pecado».
No mesmo domingo, outro grupo de bandidos interrompeu um culto religioso numa igreja da Assembleia de Deus, em Caxias do Sul. Mataram um casal e feriram uma jovem. De acordo com a polícia, os criminosos invadiram o templo e ordenaram aos fiéis que deitassem no chão. Em seguida, atiraram contra o homem e a mulher, ambos com 46 anos e, aparentemente, sem nenhum antecedente criminal.
Por fim, no município piauiense de Coivaras, a 68 km de Teresina, uma professora aposentada conseguiu uma vaga na Câmara Municipal, após o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí cassar o mandato de outra vereadora. Evangélica convicta, ao tomar posse, ela garantiu que chegou ao posto por “um chamado de Deus”.  Detalhe: nas eleições de 2008, ela obtivera um único voto, o seu...
Escrevi acima que os “três fatos estão relacionados com a religião”. Será verdade?


No primeiro caso, os assaltantes não roubam do padre porque é pecado. Se assim pensam, talvez sejam “cristãos”. Ou melhor, batizados, mas não evangelizados. Roubar é sempre pecado, independente da pessoa que é afetada. Provavelmente, para eles – somente para eles?! – o pecado esteja confinado ao sagrado: faltar à missa, tomar o nome de Deus em vão, não cumprir uma promessa, violar a lei do jejum, etc. Esquecem que, no Juízo Final, Jesus os julgará a partir do social, ou seja, do que fizeram – ou deixaram de fazer – aos irmãos necessitados, independentemente da religião, raça ou condição social de cada um. Com isso, não estou menosprezando os pecados que se cometem diretamente contra Deus, sem passar pelo irmão. Mas, existem esses pecados?!
No segundo episódio, o crime é cometido num templo. Diferentemente dos bandidos de São Paulo, os de Caxias do Sul não fazem nenhuma distinção entre sagrado e profano. Para quem é dominado pelo ódio, pela vingança ou pela ambição, pouco ou nada significam o lugar ou a pessoa em que satisfazem seus instintos. Que o digam os leitores que já passaram por suas mãos: são tratados como animais. Aliás, há seres humanos que superam de longe a ferocidade dos brutos. Obcecados pelo vício, eles nada buscam senão o seu prazer.
O terceiro fato – a da mulher que se diz vereadora por um chamado de Deus – me lembra os jogadores de futebol que, ao vencerem um jogo, exclamam: “Graças a Deus!”. Em caso de derrota, a quem atribuiriam a culpa? Quando uma pessoa recupera a saúde, agradece a Deus. Mas, quando não sara, a culpa é de Deus? Não sou masoquista, mas estou certo que amadurecemos muito mais lutando nas dificuldades do que acomodados no bem-estar: é nelas que aprendemos a solidariedade, a paciência e a misericórdia. Tinha razão Jó quando dizia à esposa: «Se aceitamos de Deus os bens, não devemos aceitar também os males?» (2,10). Infelizmente, não é o que acontece em algumas igrejas ditas “cristãs”: renegando as bem-aventuranças proclamadas por Jesus, apresentam um deus que debandou para o lado de quem está por cima.
«O Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo», ensina São Paulo (Rm 14,17). É o trinômio que cria a sociedade sonhada por Deus e pelas pessoas de boa vontade. Mas, para «construir o Reino de Deus, é preciso enfrentar muitas tribulações» (At 14,22). Eis, então, o papel da religião: oferecer ao ser humano que, por natureza, «é corrupto e bebe a iniquidade como água» (Jó 15,16), os meios de que necessita para se transformar em protagonista dos «novos céus e da nova terra» (2Pd 3,13) que todos almejamos.
Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)