segunda-feira, 19 de julho de 2021

Papa Francisco manifesta solidariedade ao povo cubano

 

Ao final da oração do Angelus deste domingo, 18, o Pontífice manifestou sua proximidade à população, em especial às famílias que mais sofrem.

“Peço ao Senhor que os ajude a construir em paz, diálogo e solidariedade, uma sociedade sempre mais justa e fraterna. Exorto todos os cubanos a se entregarem à materna proteção da Virgem Maria da Caridade do Cobre. Ela os acompanhará neste caminho.”

Papa estabelece novas normas sobre o uso do missal pré-conciliar

 
O Papa Francisco, após consultar os bispos do mundo, decidiu mudar as normas que regem o uso do missal de 1962. Este foi liberalizado como “Rito Romano Extraordinário” há 14 anos por seu predecessor Bento XVI.

O Pontífice publicou, nesta sexta-feira, 16, o motu proprio “Traditionis custodes”, sobre o uso da liturgia romana anterior a 1970.

O documento em forma de carta explica as razões de sua decisão.

Novidades

Entre as principais novidades desta decisão de Francisco está a atribuição da responsabilidade de regulamentar a celebração segundo o rito pré-conciliar ao bispo, moderador da vida litúrgica diocesana. “É de sua exclusiva competência autorizar o uso do Missale Romanum de 1962 na diocese, seguindo as orientações da Sé Apostólica”.

O bispo deve certificar-se de que os grupos que já celebram com o antigo missal “não excluam a validade e a legitimidade da reforma litúrgica, os ditames do Concílio Vaticano II e o Magistério dos Sumo Pontífices”.

As missas com o rito antigo não serão mais realizadas nas igrejas paroquiais. O bispo determinará a igreja e os dias de celebração. As leituras devem ser “na língua vernácula”, utilizando traduções aprovadas pelas Conferências episcopais.

O celebrante deve ser um sacerdote delegado pelo bispo. O bispo também é responsável por verificar se é ou não oportuno manter as celebrações de acordo com o antigo missal, verificando sua “utilidade efetiva para o crescimento espiritual”.

De fato, é necessário que o sacerdote responsável tenha no coração não apenas a digna celebração da liturgia, mas também o cuidado pastoral e espiritual dos fiéis. O bispo “terá o cuidado de não autorizar a constituição de novos grupos”.

Os sacerdotes ordenados após a publicação hodierna do Motu próprio, que pretendem utilizar o missal pré-conciliar “devem enviar um pedido formal ao Bispo diocesano que consultará a Sé Apostólica antes de conceder a autorização”. Enquanto aqueles que já o fazem devem pedir a autorização ao bispo diocesano para continuar usando-o.

Os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, “na época erigidos pela Pontifícia Comissão Ecclesia Dei”, estarão sob a competência da Congregação para os Religiosos. Os Dicastérios para Culto, e para os Religiosos supervisionarão a observância destas novas disposições.

Explicações

Na carta que acompanha o documento, o Papa Francisco explica que as concessões estabelecidas por seus predecessores para o uso do antigo missal foram motivadas sobretudo “pelo desejo de favorecer a recomposição do cisma com o movimento liderado pelo bispo Lefebvre”.

O pedido, dirigido aos bispos, de acolher generosamente as “justas aspirações” dos fiéis que solicitavam o uso daquele missal, “tinha, portanto, uma razão eclesial de recomposição da unidade da Igreja”.

Essa faculdade, observa Francisco, “é interpretada por muitos dentro da Igreja como a possibilidade de usar livremente o Missal Romano promulgado por São Pio V, determinando um uso paralelo ao Missal Romano promulgado por São Paulo VI”.

O Papa lembra que a decisão de Bento XVI com o motu proprio “Summorum Pontificum” (2007) foi apoiada pela “convicção de que tal medida não colocaria em dúvida uma das decisões essenciais do Concílio Vaticano II, atingindo de tal modo sua autoridade”.

Há 14 anos, o Papa Ratzinger declarou infundado o temor de divisões nas comunidades paroquiais, porque, escreveu, “as duas formas de uso do Rito Romano poderiam enriquecer-se mutuamente”.

Mas a sondagem recentemente promovida pela Congregação para a Doutrina da Fé entre os bispos trouxe respostas que revelam, escreve Francisco, “uma situação que me aflige e me preocupa, confirmando-me na necessidade de intervir”, vez que o desejo de unidade foi “gravemente desatendido”, e as concessões oferecidas com magnanimidade foram usadas “para aumentar as distâncias, endurecer as diferenças, construir contraposições que ferem a Igreja e dificultam seu caminho, expondo-a ao risco de divisões”.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Dom Schneider adverte que as restrições do COVID estão criando ‘uma sociedade de escravos’



Em uma entrevista concedida aos produtores de um próximo documentário intitulado Planet Lockdown, o bispo Athanasius Schneider, de Astana, Cazaquistão, falou de como o contexto do COVID-19 parece ter como objetivo criar “uma sociedade de controle total”; sua posição moral “sem exceção” sobre o uso de vacinas contaminadas pelo aborto; e as semelhanças entre sua vida anterior crescendo sob a opressão comunista soviética e o que está acontecendo hoje no mundo ocidental.

Questionado sobre os bloqueios ocorridos nos últimos 15 meses, Schneider afirmou que a aplicação universal e semelhante dessas medidas era claramente “um exagero e fora de proporção” à ameaça do vírus e, portanto, indicou metas que iam além dos objetivos médicos.

“Por que eles estão fazendo isso?”, Perguntou o bispo. “Não é só para a saúde das pessoas, mas deve haver outro objetivo, uma espécie de objetivo político de criar novas estruturas e sistemas de vida social, provavelmente de mais controle sobre cada um de nós, então uma sociedade de controle total. E quando há uma sociedade de controle total… isso é muito próximo de uma sociedade de escravos, onde há um pequeno grupo de elite que controla o resto.”

“Essa impressão é deixada agora após as experiências deste ano de bloqueios e outras medidas, com a necessidade cada vez maior de ser vacinado. Portanto, pode-se acreditar que existe o objetivo de criar um novo sistema social, uma ordem”, disse.

Onda de prisões em Cuba: Agentes prendem seminarista



O seminarista Rafael Cruz Débora, de 26 anos, foi detido na sua própria casa ao final da madrugada da segunda-feira por agentes do governo de Cuba, na província de Matanzas. Seu paradeiro é desconhecido até o momento. Vários militantes foram presos depois dos protestos massivos na segunda-feira, os maiores contra o regime comunista cubano desde sua instalação em 1959.

Rafael Cruz é seminarista e estuda teologia em Havana. Ele “estava de férias na casa de seus pais”, em Matanzas. “Não se sabe com segurança onde ele está”, disse o padre Rolando Montes de Oca, da arquidiocese de Camagüey, à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI. “Entraram em sua casa às cinco da manhã. Dizem que ele foi detido violentamente e ainda não sabemos para onde foi levado”, informou o padre.

A página 14ymedio.com afirmou que se multiplicaram, desde as primeiras horas da segunda-feira, “as denúncias de detenções, repressão e violência policial, sem muitos detalhes. A informação chega a conta-gotas porque o serviço de internet continua cortado na ilha”.

Entre os detidos em Havana estão: “Raúl Prado, Yunior García, Solveig Font, Gretel Medina, Juan Carlos Calahorra, Daniel Triana e Reynier Díaz, que haviam sido detidos em frente ao Instituto Cubano de Rádio e Televisão”.

“A namorada de García, Dayana Prieto Espinosa, informou por telefone à 14ymedio que alguns, entre eles seu parceiro, foram espancados na prisão”, informou a página.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín.

Uma fonte vinculada à Igreja em Cuba informou que “os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández foram levados presos para Havana”.

“Tragicamente lamentável”, diz Arcebispo de Miami sobre repressão em Cuba



O arcebispo de Miami, nos Estados Unidos, dom Thomas Wenski, emitiu um comunicado solidarizando-se com o povo de Cuba e condenou a atitude repressiva do regime comunista contra os protestos massivos em toda a ilha no último domingo, 11 de julho. “As manifestações populares em toda a ilha expressaram as frustrações legítimas do povo cubano. É tragicamente lamentável que o governo cubano tenha optado por responder com ações repressivas e um discurso que ameaça com mais violência àqueles que, sob o lema de ´Pátria e Vida´ e ´Não temos medo´, buscam um futuro melhor para si mesmos e para seu país”, disse o bispo americano em 12 de julho.

Cerca de um 1,36 milhão de cubanos moram nos EUA segundo o censo americano. Muitos são exildos e moram em Little Havana, bairro cubano de Miami.

Em seu comunicado, dom Wenski lembrou que, “além da pandemia da covid-19 que afeta Cuba”, a ilha sofre uma série de privações como a “falta de liberdades, alimentos e perspectivas de futuro”. Segundo o arcebispo, essas foram as causas da explosão social. Ewenski lembrou a visita de São João Paulo II a Cuba em 1998 e da exortação que fez então aos cubanos, “especialmente os seus jovens, a serem protagonistas do seu futuro”.

“A falta de liberdades fundamentais, a marginalização e exclusão daqueles que discordam da linha partidária”, frustram o sonho de José Martí, apóstolo da independência cubana, de uma Cuba ´com todos e para o bem de todos´”, afirmou dom Wenski.

O arcebispo de Miami disse que “hoje os cubanos e os que não somos cubanos somos muito conscientes dos sofrimentos da nação cubana e sentimos nosso dever de ajudar, através de qualquer gesto possível de solidariedade efetiva e com nossas orações”.

Padre agredido em manifestações pede pelos que ainda estão presos em Cuba



O padre Castor Álvarez Devesa contou sua experiência de passar 13 horas como prisioneiro das autoridades cubanas por causa do protesto contra a situação do páis que ocorreu no domingo dia 11 de julho. Na tarde de ontem, depois de ser libertado, ele falou sobre a repressão do regime aos protestos e pediu pelas pessoas que continuam presas.

O padre Devesa, sacerdote da arquidiocese de Camagüey, foi detido na tarde do domingo quando defendia os manifestantes. Ele ficou preso até a madrugada da segunda-feira na delegacia de Monte-Carlo, acusado de desordem pública.

“Graças a Deus, já não estou preso e estou em casa. Obrigado a todos os que pediram por mim a Deus e pediram que eu estivesse em liberdade. Muito obrigado”, disse o sacerdote na mensagem difundida nas redes sociais na qual também contou o que aconteceu. “Ontem [domingo], comecei a rezar para ver o que fazia. E realmente, não pude chegar à minha casa. Fui aonde estavam os manifestantes para acompanhá-los”.

O padre Álvarez disse que caminhou ao lado das pessoas que protestavam para tentar “evitar que houvesse confrontos, que houvesse violência”, mas que “no final, tentando evitar a violência, recebi um golpe, de alguém com um taco”.

“Mas graças a Deus estamos bem e com o desejo de que todos os cubanos estejam em paz, que não haja violência, que não haja essa força que oprime, mas que tenhamos paz e justiça”, disse o sacerdote. “Acho que devemos seguir rezando pelos que ainda estão detidos, para que haja justiça e não haja excessos, e para que os cubanos possamos encontrar o caminho da paz e da liberdade”, afirmou.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, o cineasta Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín, diretor da revista La Hora de Cuba.

Osvaldo Gallardo, leigo católico de Camagüey que atualmente reside em Miami, informou que Manuel Yong foi transferido para a unidade El Cotorro, em Havana, “com outras 600 pessoas detidas no Capitólio”. “As acusações serão feitas em 72 horas. Essas pessoas já receberam roupas de presos”, informou.

O povo de Cuba tem o direito de se manifestar, diz conferência episcopal


A conferência episcopal de Cuba apoia o direito da população de expressar publicamente “sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social” e considera que não haverá solução através de “imposições, nem apelando ao confronto”. A Conferência dos Bispos Católicos de Cuba (COCC) publicou um comunicado no dia 12 de julho, um dia após milhares de pessoas saírem às ruas em dezenas de cidades em toda a ilha para exigir liberdade e expressar sua insatisfação pela crise econômica, a falta de alimentos, de medicamentos e a necessidade de vacinas para fazer enfrentar o coronavírus, que registrou um aumento do contágio nos últimos dias.

O presidente Miguel Díaz-Canel ordenou aos seus partidários que saíssem às ruas para confrontar os protestos. A oposição criticou a postura do presidente e denunciou a tentativa do regime de promover um confronto entre cubanos. Imagens difundidas nas redes sociais mostram agentes do governo e da polícia reprimindo manifestantes. A agência espanhola ABC denunciou a detenção de uma das suas jornalistas em Havana e exigiu sua liberação, além da devolução do material profissional confiscado. “A detenção da jornalista Camila Acosta, da ABC em Cuba, e a de muitos outros colegas seus de profissão, que se limitam a cumprir com seu direito e dever de informar, é totalmente inadmissível”, expressou o jornal.

No comunicado, a COCC disse que não é possível “fechar os olhos ou virar o rosto, como se nada estivesse acontecendo”. No país, “milhares de pessoas saíram às ruas em cidades e povoados de Cuba, protestando publicamente, expressando sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social que o nosso povo está vivendo e que tem piorado significativamente”.

“Entendemos que o governo tem responsabilidades e tentou tomar medidas para paliar as referidas dificuldades, mas também compreendemos que o povo tem o direito de manifestar suas necessidades, anseios e esperanças e de expressar publicamente as sérias consequências de algumas medidas que foram tomadas”, afirmou a conferência episcopal.

“Neste momento, como pastores, preocupa-nos que a resposta a esta reivindicações seja o imobilismo, que contribui para que os problemas continuem sem resolução. Vemos que a situação está se agravando e que, além disso, há uma crescente rigidez e endurecimento das posições. Isso poderia gerar respostas negativas, com consequências imprevisíveis que seriam prejudiciais para todos”.

Arcebispo venezuelano apoia protestos em Cuba pelo fim da ditadura


O arcebispo de Ciudad Bolívar, na Venezuela, dom Ulises Gutiérrez, expressou sua solidariedade com os manifestantes de Cuba que no domingo passado saíram às ruas para protestar contra a ditadura comunista está há 60 anos no poder. “Esta é a hora em que vocês decidiram seguir em frente. Estou seguro de que este é o início do fim da ditadura. Um ciclo histórico está se concluindo e vocês são protagonistas hoje, na construção de uma nova Cuba, na liberdade”, disse o arcebispo em mensagem de vídeo publicada nas redes sociais. A Venezuela também vive uma profunda crise econômica e social, fruto de mais de vinte anos do regime de esquerda estabelecido por Hugo Chávez no país em 1999.

Gutiérrez disse que, como pastor e membro da Ordem dos Mercedários, quer “elevar” sua “voz solidária” com Cuba, que “merece liberdade, merece saúde, merece progresso, merece bem-estar”. “Hoje, quero agradecer a Deus porque o povo cubano despertou. Mas também elevo minha oração para que este povo lutador vá em frente, porque a repressão não poderá com vocês”, expressou.