sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Quem financia a iniciativa “Amazônia Casa Comum” durante o Sínodo?


Durante a realização do Sínodo da Amazônia, em Roma, a Igreja de Santa Maria em Traspontina é a sede da iniciativa “Amazônia: Casa Comum”, na qual se realiza um evento diário de caráter sincrético chamado “Momentos de espiritualidade amazônica”, no qual se misturam tradições indígenas da Amazônia com referências cristãs.

Entre as organizações envolvidas nesta iniciativa e em outros eventos em Roma, por ocasião do Sínodo, estão a Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), duas agências de ajuda dos bispos da Alemanha e uma confederação de grupos sociais com sede em Bruxelas (Bélgica).

A iniciativa ‘Amazônia Casa Comum’ “é um esforço para tentar reunir as diferentes instituições da região amazônica, membros da Igreja ou a ela vinculados, que vieram a Roma para ter um espaço comum e um calendário comum. Mas cada instituição é responsável por seus eventos”, explicou Mauricio López Oropeza, secretário-geral da REPAM, em declarações à CNA, agência em inglês do Grupo ACI.

A REPAM, presidida pelo Cardeal brasileiro Claudio Hummes, é um dos 14 grupos do comitê organizador da iniciativa ‘Amazônia Casa Comum’, ressaltou López.

“Cada caso é diferente e eles estão compartilhando essa diversidade e espiritualidade de seu próprio contexto. Isso é o que eu sei. Existem cerca de 390 comunidades indígenas na região amazônica e a espiritualidade faz parte de toda cultura”, explicou.

A REPAM se descreve como uma organização que defende os direitos e a dignidade dos povos indígenas na Amazônia.

O Bispo emérito de Marajó, na Amazônia brasileira, Dom José Luis Azcona, disse em agosto deste ano que o trabalho do REPAM se baseia em um "pensamento único" que "ameaça" o caminho da sinodalidade e a unidade eclesial do Brasil.

Essas críticas foram negadas pelo presidente da REPAM, o bispo brasileiro de 85 anos, Cardeal Claudio Hummes, e outro importante colaborador da organização, o bispo austro-brasileiro, Dom Erwin Kräutler, que, há anos, defendem a ordenação de homens casados e o sacerdócio feminino.

O Cardeal Hummes é o Relator Geral do Sínodo da Amazônia.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Brasil terá sua primeira santa neste domingo


No dia 13 de outubro, o Papa Francisco canonizará a Beata Dulce Lopes Pontes, que será a primeira santa brasileira, conhecida como o "anjo bom da Bahia".

A futura santa é lembrada por ser a imagem da caridade, pois dedicou sua vida a cuidar dos pobres e realizou um importante trabalho social na Bahia, onde fundou hospitais de caridade e uma rede de apoio social.

Será declarada santa 27 anos após sua morte, sendo a terceira canonização mais rápida na história recente da igreja, depois de São João Paulo II (9 anos após sua morte) e Santa Teresa de Calcutá (19 anos após sua morte).

Sua vida

Maria Rita Lopes Pontes nasceu em Salvador (BA), em 26 de maio de 1914, foi a segunda de cinco irmãos. Seu pai, Augusto, era dentista e professor da Faculdade de Odontologia, sua mãe, Dulce Maria, morreu em 1921, aos 26 anos.

Maria Rita, aos 13 anos, começou a acolher em sua casa mendigos e doentes, transformando a residência da família em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como "A Portaria de São Francisco", devido ao grande número de pessoas carentes que acolhia.

Junto com uma de suas tias, conheceu os lugares mais carentes da cidade, ficando marcada pela pobreza. Seu interesse pela vida religiosa despertou durante sua adolescência. Assim, em 1933, após se formar como professora, ingressou no Instituto das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, com o nome de Dulce, em homenagem a sua mãe.

Irmã Dulce entregou sua vida ao serviço aos necessitados, fundou a União dos Trabalhadores de São Francisco, um movimento cristão de trabalhadores na Bahia, o Hospital Santo Antônio e uma rede de apoio social que administrou até o dia de sua morte.

Ordenado sacerdote aos 75 anos: “A concretização de um sonho”


Heldo Jorge dos Santos Pereira tem 75 anos, é viúvo, tem três filhos e quatro netos e, no último domingo, realizou “um sonho”: recebeu a ordenação sacerdotal das mãos do Arcebispo de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger.

A ordenação foi celebrada na manhã de 5 de outubro, na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor, e o agora Pe. Heldo definiu este dia como “a concretização de um sonho”.

“Estou sentindo a emoção sem medicação, já que a minha cardiologista me disse para não tomar nenhum remédio. Estou aqui sentido essa emoção, me colocando a serviço do Senhor e é Ele quem vai dizer para onde eu vou”, expressou o sacerdote, conforme informa o site da Arquidiocese de Salvador.

Por sua vez, Dom Murilo Krieger afirmou que, “se ele celebrar ao menos uma Missa, já realizou plenamente o seu sacerdócio”.

 “Facilmente se pensa que o sacerdócio é fazer, mas o sacerdócio exige ser de Jesus, ser do Seu Reino. Tanto assim que um padre doente e idoso que nada mais possa fazer a não ser rezar ou oferecer a sua doença, vive plenamente o seu sacerdócio”, acrescentou.

O Prelado disse ainda ter “certeza que, além de tudo isso, o Padre Heldo poderá fazer muito pela Igreja, ajudando muitos padres, colaborando em tantos trabalhos que ele tem condições de fazer. Então, eu me alegro, por que é mais um dom para a nossa Arquidiocese”.

Filhos e netos de Pe. Heldo participaram da celebração e compartilharam a emoção deste momento. “É uma felicidade imensa, porque na verdade é um sonho dele”, disse um dos filhos, Ricardo Pereiro.

Bispo no Sínodo da Amazônia: "Não podemos sacralizar tudo que é indígena, nem demonizar"


Dom Medardo de Jesús Henao del Río, Vigário Apostólico de Mitú (Colômbia), participou nesta quinta-feira da coletiva de imprensa da Sala Stampa do Vaticano e disse que "não podemos sacralizar tudo o que é indígena, nem demonizá-lo".

O Bispo incentivou a tomar os elementos, situações e celebrações indígenas “que têm, o que Santo Irineu diria, sementes do verbo e sementes de Deus” e incentivou a estudar os mitos das comunidades indígenas, para saber o que significam seus rituais e como aceitá-los; e apresentou a figura do diácono como a do “servidor da comunidade”.

Explicou que recentemente ordenou um diácono indígena pelos ritos romano e indígena e destacou que realizou o rito da ordenação diaconal "até o momento de entregar o Evangelho".

Depois, os líderes indígenas da comunidade “lhe colocaram uma coroa como um sinal do homem que adquire sabedoria dentro da comunidade e que vai guiá-la. Isso não é nenhuma oração, é um distintivo”.

“A comunidade o acolhe e diz: 'você vai nos ajudar' (...). Não é uma mistura, é assimilar certos valores que a comunidade indígena tem em comum com o valor cristão”, afirmou Dom del Río.

Também lembrou as palavras do Papa Francisco, nas quais assegurava que os diáconos "não deveriam servir em uma liturgia ao lado do bispo ou do sacerdote", e enfatizou que é "um ministério que tem muita harmonia com toda a tradição indígena”.

Bispo explica perigos de ordenar sacerdotes casados na Amazônia


O Bispo Prelado de Moyobamba (Peru), Dom Rafael Escudero López-Brea, explicou sobre os perigos de ordenar idosos casados, os chamados viri probati, como sacerdotes na Amazônia.

Em seu discurso no Sínodo da Amazônia, Dom Escudero indicou que a solução proposta pelo Instrumentum laboris ou documento de trabalho “é estudar a possibilidade de ordenar homens idosos casados, concedendo-lhes apenas a tarefa de administrar os sacramentos, mas não diz nada sobre a tarefa de ensinar e governar. Consequentemente, faz-se uma separação entre munus sanctificandi, munus regendi e munus docendi”.

A intervenção do Bispo se referiu ao documento de trabalho do Sínodo no número 129.2, que assinala: “Afirmando que o celibato é uma dádiva para a Igreja, pede-se que, para as áreas mais remotas da região, se estude a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idosas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas por sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os Sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Dom Erwin Kräutler pede ordenar homens casados e diaconisas na Amazônia


O Bispo Emérito do Xingu (Brasil), Dom Erwin Kräutler, se expressou a favor da ordenação de diaconisas e de homens casados de provada virtude, os chamados viri probati.

Ao ser perguntado sobre a ordenação dos viri probati, o prelado austríaco de 80 anos disse que, no caso da Amazônia, “não há outra possibilidade”.

Segundo Kräutler, “os povos indígenas não entendem o celibato” e, para isso, contou uma historieta:

“A primeira vez que fui, perguntaram se eu tinha mulher e, quando disse que não, eles ficaram com pena de mim”.

 Na segunda vez, continuou o Prelado, ele explicou aos indígenas que sim tinha uma mulher, mas se referia à sua mãe que vivia na Europa a 8000 km dali. “Para o povo indígena, talvez o branco possa ser celibatário, mas para eles é como diz São Paulo na Carta a Timóteo: o homem deve ser casado, esposo de uma só mulher e cuidar primeiramente de sua casa, assim, poderá cuidar da casa maior que é a comunidade”, disse em seguida.

Depois de indicar que não é contra o celibato, o Bispo disse que na situação atual “só pode haver Eucaristia quando há um homem celibatário, do contrário, não. Então, o celibato se sobressai à Eucaristia”.

Falando depois sobre as diaconisas, Dom Kräutler disse que “dois terços das comunidades indígenas (na Amazônia) são coordenadas por mulheres. Então, o que fazemos? Temos que fazer coisas concretas e sonham com o diaconato feminino. Por que não?”.

Dom Erwin Kräutler recordou ainda que ele propôs o tema da ordenação de homens casados ao Papa Francisco em 5 de abril de 2014 e que, naquela oportunidade, também falaram sobre a degradação da Amazônia.

O Bispo Emérito do Xingu é um dos prelados escolhidos pelo Sínodo da Amazônia para fazer parte da comissão de informação.

O Prelado está vinculado à Rede Eclesiástica Pan-Amazônica (REPAM) e defende há anos a ordenação sacerdotal de homens casados.

Cardeal Sarah critica que usem Sínodo da Amazônia para planos ideológicos


O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, advertiu que é abominável e um insulto a Deus usar o Sínodo da Amazônia para introduzir planos ideológicos, como a ordenação sacerdotal de homens casados.

O Purpurado fez esta advertência em uma entrevista publicada pelo jornal italiano ‘Corriere della Sera’.

Papa Francisco pede para não converter a fé em ideologia


O Papa Francisco pediu para não converter a vida de fé em "ideologia" e colocou como exemplo a conversão de São Paulo, que perseguiu os cristãos "pensando servir à Lei do Senhor" e, no entanto, o jovem Saulo é apresentado "como uma pessoa intransigente, isto é, alguém intolerante com os que pensavam diferente dele, absolutiza a própria identidade política ou religiosa e reduz o outro a um inimigo potencial a ser combatido”.

"Um ideólogo. Em Saulo, a religião é transformada em ideologia: ideologia religiosa, ideologia social, ideologia política", alertou o Santo Padre durante sua catequese semanal nesta quarta-feira, 9 de outubro, na Praça de São Pedro, quando presidia a Audiência Geral.

O Papa refletiu sobre o episódio bíblico da conversão do apóstolo São Paulo e explicou que é “a figura que, ao lado da de Pedro, é a mais presente e incisiva nos Atos dos Apóstolos: a de um jovem chamado Saulo. Ele é descrito, no início, como alguém que aprovou a morte de Santo Estevão e queria destruir a Igreja. Mas, depois, se tornou o instrumento escolhido por Deus para proclamar o Evangelho às nações”.

O Pontífice enfatizou que Saulo perseguia os cristãos e os capturava e, dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, acrescentou: “Vocês que vêm de alguns povos que foram perseguidos pelas ditaduras, vocês entendem bem o que significa caçar as pessoas e capturá-las. Assim Saulo fazia”.

No entanto, o Papa disse que Saulo estava "pensando servir à Lei do Senhor". “O jovem Saulo é apresentado como uma pessoa intransigente, isto é, alguém intolerante com os que pensavam diferente dele, absolutiza a própria identidade política ou religiosa e reduz o outro a um inimigo potencial a ser combatido. Um ideólogo. Em Saulo, a religião é transformada em ideologia: ideologia religiosa, ideologia social, ideologia política”, alertou o Santo Padre.