quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Por que ir à missa?


Ir à missa é ir para o céu, onde “Deus… enxugará toda lágrima” (Ap 21,3-4). Porém, o céu é ainda mais do que isso. O céu é onde nos colocamos sob julgamento, onde nos vemos na clara luz matinal do dia eterno e onde o justo juiz lê nossas obras no livro da vida. Nossas obras nos acompanham quando vamos à missa.

Ir à missa é renovar nossa aliança com Deus, como em uma festa de núpcias – pois a missa é o banquete das núpcias do Cordeiro. Como em um casamento, fazemos votos, comprometemo-nos, assumimos uma nova identidade. Mudamos para sempre.

Ir à missa é receber a plenitude da graça, a própria vida da Trindade. Nenhum poder no céu ou na terra nos dá mais do que recebemos na missa, pois recebemos Deus em nós mesmos.

Jamais devemos subestimar essas realidades. Na missa, Deus nos dá sua própria vida. Isso não é apenas uma metáfora, um símbolo ou uma antecipação. Precisamos ir à missa com os olhos e ouvidos, mente e coração abertos à vontade que está diante de nós, a verdade que se eleva como incenso. A vida de Deus é uma dádiva que precisamos receber apropriadamente e com gratidão. Ele nos dá graça como nos dá fogo e luz. Fogo e luz, mal usados, podem nos queimar ou cegar. De modo semelhante, a graça recebida indignamente sujeita-nos a julgamento e a consequências muito terríveis.

Em toda missa, Deus renova sua aliança com cada um de nós, colocando diante de nós a vida e a morte, a benção e a maldição. Precisamos escolher a bênção para nós e rejeitar a maldição, e precisamos fazer isso desde o início.

O que talvez seu professor de História nunca tenha lhe dito!


Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental”. Dr. Thomas Woods

Infelizmente muitos estudantes secundários e universitários têm uma visão deformada a respeito da Igreja Católica, sua vida e sua História. Isto tem muito a ver com a imagem errada que muitos professores, de várias disciplinas, especialmente História, lhes passam. Isto gera nos estudantes uma aversão à Igreja desde os bancos escolares. Também a mídia, muitas vezes, cujos elementos foram formados nas mesmas universidades, é a causa de uma visão negativa e deturpada da Igreja. Há uma má vontade explícita contra a Igreja.

O livro “Código da Vinci”, e depois o filme de mesmo nome, bem como inúmeras matérias fantasiosas sobre a Igreja, sem provas históricas ou científicas, aumentaram em todo o mundo, ainda mais, esta visão de que a Igreja Católica é uma Instituição corrupta, perversa, que inventou a divindade de Cristo, e que sobre este mito criou uma Instituição poderosa e dominadora, e que a custa de sangue sempre se impôs ao mundo.

Nada mais errado e perverso. Mas, mesmo assim, as últimas pesquisas de opinião pública mostram que a Igreja está entre as primeiras instituições que têm a confiança do povo.

É hora de os jovens estudantes, especialmente os católicos, conhecerem o outro lado dessa “História” que é mal contada nas escolas. Hoje é lhes mostrado apenas as “sombras” da vida da Igreja, mas há uma má vontade imensa que encobre as “luzes” brilhantes de sua História de 2000 anos. Uma bem montada propaganda laicista no mundo anti-Igreja Católica, envenena os jovens e os joga contra a Igreja.

Foi a Igreja quem salvou e quem moldou a nossa rica Civilização Ocidental da qual nos orgulhamos, onde se preza a liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem o trabalho lento e paciente da Igreja durante cerca de dez séculos, após a queda do Império Romano e a ameaça dos bárbaros, o Ocidente não seria o mesmo.

Foi esta civilização moderna, gerada no bojo do Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma filosofia assentada na razão, a agricultura, a arquitetura, as universidades, as Catedrais e muitos outros dons que nos fazem reconhecer em nossa Civilização a mais bela e poderosa civilização da História. E a responsável por tudo isto foi a Igreja Católica, diz o historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard, nos EUA. Ele afirma que:

“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de  gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”. [Woods, 2005, p. 7]

Mas eu só queria conhecer o futuro...

As práticas que abrem as portas a seres espirituais pouco recomendáveis


“A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos ‘médiuns’, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele” (Catecismo da Igreja Católica, 2116).
 
“Práticas que abrem as portas ao demônio” foi o tema de uma conferência do Pe. Rogelio Alcántara, diretor da Comissão para a Doutrina da Fé na arquidiocese do México, com o objetivo de orientar e esclarecer os fiéis sobre a existência e ação do demônio e o “além”.
 
Ao referir-se às maneiras como as pessoas podem abrir as portas ao demônio, o Pe. Rogelio explicou que uma delas é deixar-se levar por desejos desordenados, realizando atos imorais e corrompendo-se para obter poder, prazer ou coisas materiais, sem se importar com os outros.
 
Também se abrem portas quando se buscam “poderes sobre-humanos”, ser “diferentes”: poderes curativos, vencer as leis da matéria, conhecer o passado ou o futuro, influenciar a vida das pessoas. É como dizer a Deus que não aceitamos a maneira como Ele criou a natureza.
 
Outra maneira, segundo o sacerdote, é buscar um bem legítimo (harmonia, saúde, dinheiro, amor, felicidade etc.) por meios não naturais, sem esforço, sem o exercício das virtudes, ou buscar tais meios por ignorância, falta de fé ou de esperança.
 
Outra forma é deixar-se levar por formas de arte que têm o demônio e suas obras como protagonistas: por meio da música, dança, escultura, literatura, cinema, decoração, artes gráficas, jogos, festas etc.


A “abertura de portas” se dá voluntariamente, ainda que possa ser por ignorância, porque os demônios não respeitam as pessoas por serem ingênuas, observou o Pe. Rogelio.
 
Uma vez abertas as portas, o demônio agirá enfraquecendo a vida espiritual de relação com Deus, convencendo a pessoa a deixar de rezar, ir à Missa, receber sacramentos, dominará a alma pelo pecado, e indivíduo vai caminhando rumo à condenação. Também há o risco de possessão.

 
Para evitar cair neste tipo de situações, o Pe. Rogelio aconselha:
 
- Diante de qualquer dúvida, consultar alguém competente, que conheça a doutrina e os documentos da Igreja.
 
- Fazer uso das belas artes, que se referem ou conduzem a Deus.
 
- Uso de algum sacramental (água benta, por exemplo), de uma imagem, medalha, crucifixo, escapulário etc.
 
Para tomar ou retomar o caminho rumo a Deus e livrar-se das ciladas do inimigo, recomenda:
 
- Obras de piedade: confissão frequente, ir à Missa com fidelidade, oração, adoração ao Santíssimo.
 
- Obras de ascese: esforço por dominar os sentidos externos e internos.
 
- Obras de misericórdia corporais: dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; assistir os enfermos; visitar os presos; enterrar os mortos.

 
- Obras de misericórdia espirituais: dar bom conselho; ensinar os ignorantes; corrigir os que erram; consolar os aflitos; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; rogar a Deus por vivos e defuntos.


Zoila Bustillo
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Fonte: Aleteia

Plebiscito sobre União Gay?


"Comissãode Feliciano aprova projeto de plebiscito sobre união civil gay", dizem. A forma escolhida para passar a notícia carrega já na manchete uma dose grotesca de ideologia.

Antes de mais nada, a comissão não é "de Feliciano". É uma comissão permanente da Câmara dos Deputados que não foi inventada pelo pastor e nem pela dita "bancada evangélica". Está no RegimentoInterno da Câmara. Ainda, presidente de comissão não é "dono" dela. A frase faz tanto sentido quanto dizer, por exemplo, "Câmara de Henrique Alves", uma vez que o deputado doPMDB é o atual presidente da Câmara dos Deputados.

O projeto de plebiscito tampouco é da autoria do Marco Feliciano ou mesmo do seu partido. O PDC 232/2011 é do deputado Zacharow, do PMDB doParaná. Foi recebido pela CDHM no dia 14/06/2011, há mais de dois anos portanto, quando o deputado Feliciano sequer sonhava em ser presidente da Comissão.

Certo, o PDC 521/11 – apensado ao 232 – é da autoria do Marco Feliciano, mas (insista-se) foi proposto em novembro de 2011, quando o deputado não era presidente da CDHM e quando o 232/2011 já estava há meses nesta comissão. O projeto apensado é na verdade totalmente irrelevante aqui, uma vez que nada acrescenta ao que está em tramitação ordinária. Portanto, o que existe aqui é meramente uma tentativa retórica de desqualificar a priori a proposta, associando-a ao fundamentalismo evangélico. Não se trata de jornalismo informativo, e sim de guerrilha cultural disfarçada de boa imprensa. Tal não se pode perder de vista.

Isto posto, dois breves comentários sobre o mérito do projeto. Há dois aspectos sobre os quais ele pode ser analisado.


Primeiro, por princípio, trata-se de uma proposta absurda para qualquer um dos dois lados em litígio. Os que defendem que "Família" é uma realidade que não é passível de ser (re)inventada pelo direito positivo negam-se também, é óbvio, a aceitar que a sua destruição possa ser referendada via democracia direta. O povo não tem potestade para dizer que dois pederastas ou duas safistas são uma família, e não o tem nem por intermédio dos seus representantes e nem diretamente. Aqui, a forma de exercício da democracia (direta ou indireta) em rigorosamente nada altera os seus limites intrínsecos.

Depois, os que defendem que se trata de fazer justiça a uma minoria socialmente oprimida também não podem aceitar que o assunto seja levado a júri popular, uma vez que o próprio fato de se tratar de uma "minoria socialmente oprimida" implica em dizer que a maioria da população não é sensível aos seus anseios.

[E estariam cobertos de razão, registre-se, se este caso fosse de direitos de minorias. No entanto, é precisamente isso o que nós negamos. É isto o que deve ser discutido com honestidade, e não brandido ad baculum como se se tratasse de uma platitude auto-evidente.]

Segundo, para fins práticos, parece-me que um resultado não-manipulado deste plebiscito seria grandemente favorável aos defensores da Família. A maior parte da população brasileira, que ainda é conservadora, rejeitaria enfaticamente, penso, esta nefasta equiparação entre a união homossexual e a Família radicada na natureza humana. O que seria muito bom para o Brasil.


O problema é que esta seria uma vitória meramente parcial e contingente, obtida sobre falsas bases (é errado dizer que dois marmanjos são uma família não porque o povo "acha" que não é, e sim porque "Família" é uma entidade que contém em si mesma a potencialidade para a geração e educação de novos membros para a sociedade) e permanentemente periclitante (e quando o povo "mudar de idéia"? Qual deve ser o prazo de validade de uma consulta popular dessa natureza?). No entanto, nas atuais conjunturas, talvez seja o melhor que nós possamos ter. Talvez seja a nossa melhor oportunidade para rompermos a cortina de desinformação sobre o tema. Talvez seja a nossa melhor chance de esclarecermos – em igualdade de condições – a população sobre este assunto tão importante para a sobrevivência da civilização. E, por tudo isso, talvez não devamos ser tão ligeiros em rejeitar a proposta.
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Fonte: Deus lo Vult
Disponível em: Links Católicos

Perspectivas para o ano de 2014


Iniciamos o ano 2014 da era cristã. É a oportunidade de deixarmos para trás tudo aquilo que nos fez sofrer nos anos passados e iniciarmos um novo período. É também a oportunidade de reassumirmos com novo ânimo aquilo que está sendo importante para a nossa edificação e tocarmos a vida em frente.

Na passagem de ano muitas vezes ouvimos as palavras “paz – saúde – alegria”. Pessoalmente, espero que este seja um ano de paz no mundo, harmonia nas famílias, prosperidade para o povo brasileiro, alegria nos corações, revitalização da vivência de fé nas comunidades, crescimento do espírito de solidariedade entre os povos, incremento de políticas públicas que beneficiem os pobres, conversão das pessoas para a proteção do meio ambiente, solidificação da dimensão missionária da Igreja, maior abertura ecumênica e diminuição das injustiças.

Para a Igreja Católica se abrem boas perspectivas a partir do Sínodo Extraordinário sobre a família, que, espero eu, irá ajudar a Igreja a discernir as posições a serem adotadas frente às novas famílias que estão se constituindo no mundo. As milhares de pessoas e grupos que estão respondendo ao questionário da Santa Sé certamente vão indicar, para os bispos sinodais, a direção para onde aponta o Espírito Santo no atual momento da história. Também são boas as perspectivas que se abrem para a Igreja no Brasil a partir do tema do documento de estudo da CNBB sobre a revitalização das comunidades, que será tema da próxima assembléia geral da CNBB. Ainda, em nível de Brasil, vai merecer destaque em 2014 a Campanha da Fraternidade com o tema “Fraternidade e tráfico humano”, chamando a atenção da sociedade para as várias formas de tráfico humano, denunciando-o “como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” (Texto Bse da CF n. 5).


O Papa Francisco, em sua primeira Exortação Apostólica que tem o título de Evangelii Gaudium – “A alegria do Evangelho”, dirige-se aos fiéis cristãos e os convida “para uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria”, indicando, assim, “caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos”. O acento é a alegria, uma vez que “o grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é a tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, não se ouve a voz de Deus, não se goza da doce alegria do amor nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem”.

Diante do novo ano que estamos iniciando, considero-me uma pessoa otimista. Tenho muitas razões para acreditar que este ano será muito bom para todos nós e, particularmente, para a Igreja. É por isso que convido os irmãos e as irmãs a que nos unamos para fazer de 2014 um ano de muitas alegrias e grandes realizações. Que Deus nos abençoe!

Dom Canísio Klaus


Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

Não desejemos feliz 2014


O que mais se ouve nestes dias são pessoas expressando votos de feliz ano novo. É sempre assim em todo final de ano. Eu já usei e abusei muito desta expressão. O que acontece é que o ano começa e tudo segue o seu ritmo dinamizado por homens e mulheres com corações velhos. Não  desejemos feliz ano novo, mas vivamos de  tal modo que  possamos ser felicidade para as pessoas que as encontrarmos, ou que conseguirmos avistar, ou  que nossa voz chegar aos seus ouvidos, ou ainda que nossas mensagens entrarem para dentro de suas vidas.

Desejar feliz ano novo é muito fácil, mas fazer os outros felizes ao longo do ano exige-se  muita dedicação. Queiramos fazer felizes os pobres, os enfermos, os que não tem casa, aos desempregados, aos desestruturados, aos dependentes, aos machucados, aos nossos familiares, as pessoas do novo convívio, as pessoas que encontramos mesmo que seja por pouco tempo, as pessoas que atendemos, que cumprimentamos... São muitas as pessoas que podemos levar a elas a felicidade.

Vivendo de um jeito novo, com Cristo crescendo em nossas vidas, podemos contribuir para que as pessoas sejam mais felizes. Li certa vez que a alegria que causamos aos outros retorna a nós. Fazer alguém feliz não custa nada, basta ter um coração muito humano iluminado pela fé.


Estou sem jeito para desejar feliz ano novo, mas tenho como projeto de vida viver e agir contribuindo para sejam felizes os presbíteros, os diáconos, os religiosos, os seminaristas, os consagrados, os diocesanos, os irmãos bispos, a minha família e especialmente a categoria de pessoas dos “sem”, ou seja aqueles que lhes falta algo. Desejo a todos ser causa de alegria e felicidade. Até mesmo quando a dor for necessária, como faz um cirurgião, não seja essa dor um sofrimento sadista, mas seja ela como o germinar de paz, alegria e felicidade.

Jesus foi a felicidade de muitas pessoas. Ele viveu para os outros e por isso foi causador de felicidades. Sua maior alegria e realização foi na Cruz quando ele sentindo-se  que tudo estava consumado (Jo 19,30) entregou- se plenamente nas mãos do Pai.

Agradeçamos a Deus por este tempo que se finda e acolhamos o novo pedaço de tempo chamado  2014 que é dádiva a nós. O ano novo é um tempo de viver, ser feliz e fazer muita gente feliz. Aspiro que nossa vivência seja causadora de alegria e felicidade a muitas pessoas e Deus mesmo se alegrará com nosso projeto de felicidade. Não desejemos feliz ano novo, mas façamos um grande esforço para fazer a felicidade acontecer sempre que encontrarmos alguém.


Dom Messias dos Reis Silveira

Bispo da diocese de Uruaçu, GO

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Papa celebra Missa na Solenidade da Santa Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz


HOMILIA
Basílica de São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 01 de janeiro de 2014
Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Amados Irmãos e Irmãs,

A primeira leitura propôs-nos a antiga súplica de bênção que Deus sugerira a Moisés, para que a ensinasse a Aarão e seus filhos: “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz” (Nm 6, 24-26).

É muito significativo ouvir estas palavras de bênção no início de um novo ano: acompanharão o nosso caminho neste tempo que se abre diante de nós. São palavras que dão força, coragem e esperança; não uma esperança ilusória, assentada em frágeis promessas humanas, nem uma esperança ingênua que imagina melhor o futuro, simplesmente porque é futuro. Esta esperança tem a sua razão de ser precisamente na bênção de Deus; uma bênção que contém os votos maiores, os votos da Igreja para cada um de nós, repletos da proteção amorosa do Senhor, da sua ajuda providente.

Os votos contidos nesta bênção realizaram-se plenamente numa mulher, Maria, enquanto destinada a tornar-Se a Mãe de Deus, e realizaram-se n’Ela antes de qualquer outra criatura.

Mãe de Deus! Este é o título principal e essencial de Nossa Senhora. Trata-se duma qualidade, duma função que a fé do povo cristão, na sua terna e genuína devoção à Mãe celeste, desde sempre Lhe reconheceu.

Lembremos aquele momento importante da história da Igreja Antiga que foi o Concílio de Éfeso, no qual se definiu com autoridade a maternidade divina da Virgem. Esta verdade da maternidade divina de Maria ecoou em Roma, onde, pouco depois, se construiu a Basílica de Santa Maria Maior, o primeiro santuário mariano de Roma e de todo o Ocidente, no qual se venera a imagem da Mãe de Deus – a Theotokos – sob o título de Salus populi romani. Diz-se que os habitantes de Éfeso, durante o Concílio, se teriam congregado aos lados da porta da basílica onde estavam reunidos os Bispos e gritavam: “Mãe de Deus!” Os fiéis, pedindo que se definisse oficialmente este título de Nossa Senhora, demonstravam reconhecer a sua maternidade divina. É a atitude espontânea e sincera dos filhos, que conhecem bem a sua Mãe, porque A amam com imensa ternura.


Desde sempre Maria está presente no coração, na devoção e sobretudo no caminho de fé do povo cristão. “A Igreja caminha no tempo (…). Mas, nesta caminhada, a Igreja procede seguindo as pegadas do itinerário percorrido pela Virgem Maria” (JOÃO PAULO II, Enc. Redemptoris Mater, 2). O nosso itinerário de fé é igual ao de Maria; por isso, A sentimos particularmente próxima de nós! No que diz respeito à fé, que é o fulcro da vida cristã, a Mãe de Deus partilhou a nossa condição, teve de caminhar pelas mesmas estradas, às vezes difíceis e obscuras, trilhadas por nós, teve de avançar pelo “caminho da fé” (CONC. ECUM. VAT. II, Const. Lumen gentium, 58).

O nosso caminho de fé está indissoluvelmente ligado a Maria, desde o momento em que Jesus, quando estava para morrer na cruz, no-La deu como Mãe, dizendo: “Eis a tua mãe!” (Jo 19, 27). Estas palavras têm o valor dum testamento, e dão ao mundo uma Mãe. Desde então, a Mãe de Deus tornou-Se também nossa Mãe!

Na hora em que a fé dos discípulos se ia quebrantando com tantas dificuldades e incertezas, Jesus confiava-lhes Aquela que fora a primeira a acreditar e cuja fé não desfaleceria jamais. E a “mulher” torna-Se nossa Mãe, no momento em que perde o Filho divino. O seu coração ferido dilata-se para dar espaço a todos os homens, bons e maus; e ama-os como os amava Jesus.

A mulher que, nas bodas de Caná da Galileia, dera a sua colaboração de fé para a manifestação das maravilhas de Deus na mundo, no Calvário mantém acesa a chama da fé na ressurreição do Filho, e comunica-a aos outros com carinho maternal. Assim Maria torna-Se fonte de esperança e de alegria verdadeira.

A Mãe do Redentor caminha diante de nós e sempre nos confirma na fé, na vocação e na missão. Com o seu exemplo de humildade e disponibilidade à vontade de Deus, ajuda-nos a traduzir a nossa fé num anúncio, jubiloso e sem fronteiras, do Evangelho.


Deste modo, a nossa missão será fecunda, porque está modelada pela maternidade de Maria. A Ela confiamos o nosso itinerário de fé, os desejos do nosso coração, as nossas necessidades, as carências do mundo inteiro, especialmente a sua fome e sede de justiça e de paz; e invocamo-La todos juntos: Santa Mãe de Deus!
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Fonte: Canção Nova

1° de janeiro, Dia Mundial da Paz 2014: "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz".


Fraternidade, Fundamento e Caminho para a Paz – é o tema do Dia Mundial da Paz 2014, que a Igreja promove e celebra no dia 1º de Janeiro. Na sua primeira Mensagem para esta ocasião, o Papa Francisco começa por recordar que “no coração de cada homem e mulher habita o anseio de uma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.”

“Na realidade - logo observa o Papa, alargando o horizonte, de modo inclusivo -, a fraternidade é uma dimensão essencial do homem… A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. ”Sublinhando que “a família é a fonte de toda a fraternidade… o fundamento e o caminho primário para a paz”, a Mensagem papal chama a atenção para o fato de o número sempre crescente de ligações e comunicações tornar hoje em dia mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum. “Nos dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros”. Vocação esta, infelizmente, “muitas vezes contrastada e negada nos fatos, num mundo caracterizado pela «globalização da indiferença» que lentamente nos faz «habituar» ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos”.

“Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião… Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos econômico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas. ”Como justamente lembrou Bento XVI, “a globalização torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos.” As inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados «inúteis». 

Aliás – observa ainda a Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz - as éticas contemporâneas mostram-se incapazes de produzir autênticos vínculos de fraternidade, por falta de referência a um Pai comum como seu fundamento último: uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. É a partir do reconhecimento desta paternidade que se consolida a fraternidade entre os homens - aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.


Para compreender melhor a vocação do homem à fraternidade, reconhecer os obstáculos que se interpõem à sua realização e identificar as vias para a superação dos mesmos, Papa Francisco convida a deixar-se guiar pelo conhecimento do desígnio de Deus, tal como se apresenta na Sagrada Escritura. E comenta o episódio de Abel e Caim, no Livro do Gênesis (cap. 4), na certeza que “na história desta família primogênita, lemos a origem da sociedade, a evolução das relações entre as pessoas e os povos”.

“Abel é pastor, Caim agricultor. A sua identidade profunda e, conjuntamente, a sua vocação é ser irmãos, embora na diversidade da sua atividade e cultura, da sua maneira de se relacionarem com Deus e com a criação. Mas o assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros.”“À pergunta com que Deus interpela Caim – «onde está o teu irmão?» –, pedindo-lhe contas da sua ação, responde: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» Depois – diz-nos o livro do Gênesis –, «Caim afastou-se da presença do Senhor». É preciso interrogar-se sobre os motivos profundos que induziram Caim a ignorar o vínculo de fraternidade e, simultaneamente, o vínculo de reciprocidade e comunhão que o ligavam ao seu irmão Abel – sugere o Papa. 

A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças: na realidade, muitos homens e mulheres morrem pela mão de irmãos e irmãs que não sabem reconhecerem-se como tais, isto é, como seres feitos para a reciprocidade, a comunhão e a doação.

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“Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença, o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos e as irmãs?Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (cf. Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens (cf. Mt 6, 25-30)… uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha ativa.

Em particular, a fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar…

Jesus retoma o projeto inicial do Pai, reconhecendo-Lhe a primazia sobre todas as coisas. Mas Cristo, com o seu abandono até à morte por amor do Pai, torna-Se princípio novo e definitivo de todos nós, chamados a reconhecer-nos n’Ele como irmãos, porque filhos do mesmo Pai… Na morte de Jesus na cruz, ficou superada também a separação entre os povos, entre o povo da Aliança e o povo dos Gentios… Jesus Cristo é Aquele que reconcilia em Si todos os homens. Ele é a paz… Criou em Si mesmo um só povo, um só homem novo, uma só humanidade nova. O homem reconciliado vê, em Deus, o Pai de todos e, consequentemente, é solicitado a viver uma fraternidade aberta a todos. Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo. Na família de Deus, onde todos são filhos dum mesmo Pai e, porque enxertados em Cristo, filhos no Filho, não há «vidas descartáveis». Todos gozam de igual e inviolável dignidade; todos são amados por Deus, todos foram resgatados pelo sangue de Cristo… Esta é a razão pela qual não se pode ficar indiferente perante a sorte dos irmãos.

Posto isto, é fácil compreender que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz… Basta ver as definições de paz da “Populorum progressio”, de Paulo VI, ou da “Sollicitudo rei socialis”, de João Paulo II: “o desenvolvimento integral dos povos é o novo nome da paz” [Paulo VI]; “a paz é fruto da solidariedade” [João Paulo II].

Paulo VI afirma que tanto as pessoas como as nações se devem encontrar num espírito de fraternidade. E explica: «Nesta compreensão e amizade mútuas, nesta comunhão sagrada, devemos... trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade. Este dever recai primariamente sobre os mais favorecidos. As suas obrigações radicam-se na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspecto: o dever de solidariedade, que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social, que requer a reformulação em termos mais corretos das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal, que implica a promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros.A paz, afirma João Paulo II, é um bem indivisível: ou é bem de todos, ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável, se estiver viva, em todos, «a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum». Isto implica não deixar-se guiar pela «avidez do lucro» e pela «sede do poder». É preciso estar pronto a «“perder-se” em benefício do próximo em vez de o explorar, e a “servi-lo” em vez de o oprimir para proveito próprio (...). O “outro” – pessoa, povo ou nação – [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso “semelhante”, um “auxílio”». 

A solidariedade cristã pressupõe que o próximo seja amado não só como «um ser humano com os seus direitos e a sua igualdade fundamental em relação a todos os demais, mas [como] a imagem viva de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo e tornada objeto da ação permanente do Espírito Santo», como um irmão.

Falando depois da fraternidade como premissa para vencer a pobreza, escreve o Papa Francisco: “assistimos, preocupados, ao crescimento de diferentes tipos de carências, marginalização, solidão e de várias formas de dependência patológica. Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos presentes na vida das pessoas.”Perante “um grave aumento da pobreza relativa, isto é, de desigualdades entre pessoas e grupos que convivem numa região específica ou num determinado contexto histórico-cultural”, a Mensagem solicita “políticas eficazes que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas – iguais em dignidade e nos direitos fundamentais – acesso aos «capitais», aos serviços, aos recursos educativos, sanitários e tecnológicos.

Sente-se também a necessidade “políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento”. Não se esqueça o ensinamento da Igreja sobre a chamada hipoteca social: se é lícito – como diz São Tomás de Aquino – e mesmo necessário que «o homem tenha a propriedade dos bens», quanto ao uso, porém, «não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros».Para promover a fraternidade e vencer a pobreza, o Papa refere “o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros. Isto é fundamental para seguir Jesus Cristo e ser verdadeiramente cristão. É o caso não só das pessoas consagradas que professam voto de pobreza, mas também de muitas famílias e tantos cidadãos responsáveis que acreditam firmemente que a relação fraterna com o próximo constitua o bem mais precioso.

Nesta mesma ordem de ideias, a Mensagem para o Dia Mundial da Paz sugere… que se redescubra a fraternidade na vida econômica e financeira. Escreve o Papa:

“As graves crises financeiras e econômicas dos nossos dias – que têm a sua origem no progressivo afastamento do homem de Deus e do próximo, com a ambição desmedida de bens materiais, por um lado, e o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias, por outro – impeliram muitas pessoas a buscar o bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a lógica duma economia saudável. Já em 1979 o Papa João Paulo II alertava para a existência de «um real e perceptível perigo de que, enquanto progride enormemente o domínio do homem sobre o mundo das coisas, ele perca os fios essenciais deste seu domínio e, de diversas maneiras, submeta a elas a sua humanidade, e ele próprio se torne objeto de multiforme manipulação, se bem que muitas vezes não diretamente perceptível; manipulação através de toda a organização da vida comunitária, mediante o sistema de produção e por meio de pressões dos meios de comunicação social».As sucessivas crises econômicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento econômico e a mudar os estilos de vida. A crise atual, com pesadas consequências na vida das pessoas, pode ser também uma ocasião propícia para recuperar as virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza. Elas podem ajudar-nos a superar os momentos difíceis e a redescobrir os laços fraternos que nos unem uns aos outros, com a confiança profunda de que o homem tem necessidade e é capaz de algo mais do que a maximização do próprio lucro individual. 

Na sua última parte, a Mensagem recorda as guerras em curso, que são sempre – recorda o Papa - “uma grave e profunda ferida infligida à fraternidade”. Escreve Francisco: 

“Há muitos conflitos que se consumam na indiferença geral. A todos aqueles que vivem em terras onde as armas impõem terror e destruição, asseguro a minha solidariedade pessoal e a de toda a Igreja. Esta tem por missão levar o amor de Cristo também às vítimas indefesas das guerras esquecidas, através da oração pela paz, do serviço aos feridos, aos famintos, aos refugiados, aos deslocados e a quantos vivem no terror. De igual modo a Igreja levanta a sua voz para fazer chegar aos responsáveis o grito de dor desta humanidade atribulada e fazer cessar, juntamente com as hostilidades, todo o abuso e violação dos direitos fundamentais do homem.“Por este motivo, desejo dirigir um forte apelo a quantos semeiam violência e morte, com as armas: naquele que hoje considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! Renunciai à via das armas e ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para reconstruir a justiça, a confiança e esperança ao vosso redor! 

“Enquanto houver em circulação uma quantidade tão grande como a actual de armamentos, poder-se-á sempre encontrar novos pretextos para iniciar as hostilidades. Por isso, faço meu o apelo lançado pelos meus Predecessores a favor da não-proliferação das armas e do desarmamento por parte de todos, a começar pelo desarmamento nuclear e químico.“Em todo o caso (acrescenta ainda o Papa), não podemos deixar de constatar que os acordos internacionais e as leis nacionais, embora sendo necessários e altamente desejáveis, por si sós não bastam para preservar a humanidade do risco de conflitos armados. É precisa uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos. 

A Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2014 conclui recordando que, se é preciso descobrir, amar, experimentar, anunciar e testemunhar a fraternidade, contudo “só o amor dado por Deus nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade”.

“O necessário realismo da política e da economia não pode reduzir-se a um tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão transcendente do homem. Quando falta esta abertura a Deus, toda a atividade humana se torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objeto passível de exploração. Somente se a política e a economia aceitarem mover-se no amplo espaço assegurado por esta abertura Àquele que ama todo o homem e mulher, é que conseguirão estruturar-se com base num verdadeiro espírito de caridade fraterna e poderão ser instrumento eficaz de desenvolvimento humano integral e de paz. “Nós, cristãos, acreditamos que, na Igreja, somos membros uns dos outros e todos mutuamente necessários…


Isto implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, pelo perdão, pelo dom total de si mesmo, segundo a grandeza e a profundidade do amor de Deus, oferecido à humanidade por Aquele que, crucificado e ressuscitado, atrai todos a Si: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros». 

Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele». «O que for maior entre vós seja como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve – diz Jesus Cristo –. Eu estou no meio de vós como aquele que serve». Deste modo, cada atividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas. O serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz.
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Fonte: Rádio Vaticano

O Espírito Santo é a força que anima os construtores da paz, diz Papa


“Caros irmãos e irmãs, no início do novo ano a todos dirijo os mais cordiais votos de paz e de todos os bens. A todos faço votos de um ano de paz, na graça do Senhor e com a proteção materna de Maria.”

Estes foram os votos de Ano Novo do Papa Francisco no Angelus desta quarta-feira, 1º, Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e também 47º Dia Mundial da Paz.

Dirigindo-se à imensa multidão reunida na Praça de São Pedro, o Santo Padre observou que os seus votos de bom ano são os votos da Igreja, votos cristãos, não ligados a um sentido um tanto mágico e fatalista de um novo ciclo que agora inicia…

“Nós sabemos que a história tem um centro: Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado; tem um fim: o Reino de Deus, Reino de paz, de justiça, de liberdade, de amor; e tem uma força que a move em direção àquele fim: o Espírito Santo”, destacou o Pontífice.


Francisco explicou que este Espírito é a potência de amor que fecundou o ventre da Virgem Maria e é o mesmo que anima os projetos e as obras de todos os construtores de paz.

“Duas estradas se entrecruzam hoje – a festa de Maria Santíssima Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz”, ressaltou o Papa.

Sobre o Dia Mundial da Paz, o Santo Padre recordou o tema deste ano  – “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”–, e a mensagem a todos dirigida a esse propósito.

“Na base está a convicção de que somos todos filhos do único Pai celeste, fazemos parte da mesma família humana e partilhamos um destino comum”.

Daqui deriva para cada um a responsabilidade de atuar para que o mundo se torne uma comunidade de irmãos que se respeitam, se aceitam na sua diversidade e cuidam uns dos outros.

“Somos também chamados a darmo-nos conta das violências e das injustiças presentes em tantas partes do mundo e que não nos podem deixar indiferentes e imóveis: é necessário o empenho de todos para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e solidária”.

O Santo Padre fez votos de que todos os crentes peçam ao Senhor o dom da paz.


“Neste primeiro dia do ano, que o Senhor nos ajude a encaminharmo-nos mais decididamente pelos caminhos da justiça e da paz; que o Espírito Santo atue nos corações, desfaça a rigidez e durezas e nos conceda a graça de nos enternecermos diante da fragilidade do Menino Jesus. A paz, de fato, exige a força da doçura, a força não violenta da verdade e do amor”.
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Fonte: Canção Nova

Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus


Oitavas de Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Que graça para nós começarmos o primeiro dia do ano contemplando este mistério da encarnação que fez da Virgem Maria a Mãe de Deus!

Este título traz em si um dogma que dependeu de dois Concílios, em 325 o Concílio de Nicéia, e em 381 o de Constantinopla. Estes dois concílios trataram de responder a respeito desse mistério da consubstancialidade de Deus uno e trino, Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

No mesmo século, século IV, já ensinava o bispo Santo Atanásio: “A natureza que Jesus Cristo recebeu de Maria era uma natureza humana. Segundo a divina escritura, o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso”. Maria é, portanto, nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão. 


Fazendo a relação deste mistério da encarnação, no qual o Verbo assumiu a condição da nossa humanidade com a realidade de que nada mudou na Trindade Santa, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio de Maria, a Trindade continua sendo a mesma; sem aumento, sem diminuição; é sempre perfeita. Nela, reconhecemos uma só divindade. Assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo, por isso, a Santíssima Virgem é a Mãe de Deus.
 

No terceiro Concílio Ecumênico em 431, foi declarado Santa Maria a Mãe de Deus. Muitos não compreendiam, até pessoas de igreja como Nestório, patriarca de Constantinopla, ensinava de maneira errada que no mistério de Cristo existiam duas pessoas: uma divina e uma humana; mas não é isso que testemunha a Sagrada Escritura. porque Jesus Cristo é verdadeiro Deus em duas naturezas e não duas pessoas, uma natureza humana e outra divina; e a Santíssima Virgem é Mãe de Deus.
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Disponível em: Central Católica

Superstições de Ano Novo


Quanto mais cresce o neo-paganismo, mais cresce o esoterismo, o ocultismo, as superstições, etc.  Foi assim no tempo do paganismo pré-cristão em Roma, Grécia, Egito, Babilônia, Éfeso, etc., e hoje se repete em novas metrópoles modernas.

Quando o homem não encontra o Deus verdadeiro, e não se entrega a Ele, então, fabrica o seu deus, à sua pequena imagem e semelhança; semelhante á pedra, ao cristal, à magia, etc.

Este deus é um deus “que lhe obedece” mediante algumas práticas rituais um tanto secretas, misteriosas e mágicas. Ele busca neste deus com pés de barro, o conhecimento do futuro ou as revelações do presente, de modo a ser feliz durante o Ano que surge.

Sobretudo na festa de Ano Novo os espíritos esotéricos se exaltam em busca das melhores condições para serem agraciados por seus deuses e pelos poderes ocultos do além. Para uns é a exigência de começar o Ano com o pé direito; para outro é estar de roupa branca, mesmo as mais íntimas, ainda que alma não esteja tão clara; para outro é pular as ondinhas do mar… e a pobre miséria humana multiplica as fantasias e suas falsidades.

O homem tem sede de Deus! Ou ele adora e serve ao Deus verdadeiro, “Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”, como diz o Credo, ou passa a adorar e a servir a deuses falsos, mesmo que conscien­temente não se dê conta disso. E assim as seitas se multiplicam a cada dia.

Outros ainda, mais desorientados, correm atrás de horóscopos, de zodíacos, de mapas astrais, de cartomantes, de necromantes, de búzios, de umbanda, de macumba e de todos os tipos de ocultismos, ten­tando encontrar uma forma de satisfazer as suas necessidades.


Nas grandes e pequenas livrarias, proliferam todos esses tipos de livros, muito bem explorados por alguns escritores e editoras. Lamentavelmente, muitos cristãos (e até católicos!), por ignorância religiosa na sua maioria, acabam também seguindo esses caminhos tortuosos e perigosos para a própria vida espiritual.

A doutrina cristã sempre condenou todas essas práticas re­ligiosas. Já no Antigo Testamento, Deus proibiu todos os cultos idolátricos, supersticiosos e ocultos. O livro do Deuteronômio relata a Lei de Deus dada ao povo: “Que em teu meio não se encontre alguém que se dê à adivinhação, à astrologia, ao agou­ro, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo ou à evocação dos mortos, porque o Senhor teu Deus abomina aqueles que se dão a essas práticas” (Dt 18,10-12). É interes­sante que, logo em seguida, disse Deus ao povo: “Serás inteira­mente do Senhor; teu Deus” (Dt 18,13).

No livro do Levítico tam­bém encontramos: “Não vos dirijais aos espíritas nem aos adivinhos: não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 19,31) e: “Não praticareis a adivinha­ção nem a magia” (Lv 19,26b).

A busca dessas práticas ocultistas revela grande falta de fé e confiança em Deus, já que a pessoa está buscando poder ou conhecimento do futuro, fora de Deus e contra a Sua vontade.
Ao cristão é permitido buscar unicamente em Deus, pela oração, todo consolo, auxílio e força de que necessita – e em nenhum outro meio ou lugar. São Paulo disse: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4,6). E São Paulo advertiu severamente as comunidades cristãs de que fugissem da idolatria (cf. I Cor 10,14) e mais: “As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas a demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os demônios. Não podeis beber ao mesmo tempo o cálice do Senhor e o cálice dos demônios”

Não podeis participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou queremos provocara ira do Senhor?” (1 Cor 10,20-22)

Muitos católicos, por ignorância, quando não conseguem por suas orações as graças e favores que pedem a Deus, especialmente nos momentos difíceis da vida, perigosamente vão atrás dessas práticas supersticiosas proibidas pela fé católica, arriscando-­se, como disse São Paulo, a prestar culto ao demônio sem o saberem, magoando a Deus (cf. 1 Cor 10,20-22).

Quando Deus não atende um pedido nosso, Ele sabe a razão; e, se temos fé e confiança nEle, não vamos atrás de coi­sas proibidas. Toda busca de poder, de realização, de conheci­mento do futuro, etc., fora de Deus, sem que Ele nos tenha dado, é grave ofensa ao Senhor por revelar desconfiança nEle.

O Ano que começa é um grande presente de Deus para cada um de nós; e deve ser colocado inteiramente em Suas mãos para que Ele cuide de cada dia e de nós. Nada alegra tanto a Deus do que vivermos na fé.



Prof. Felipe Aquino
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Disponível em: Central Católica

Agradecer e pedir perdão a Deus no último dia do ano, recomenda o Papa


Na tarde desta terça-feira, 31, último dia do ano, o Papa Francisco presidiu a celebração das primeiras Vésperas da Solenidade da Santa Mãe de Deus, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A celebração faz parte da Oração das Horas – rito oracional da Igreja Católica.

Na reflexão após a leitura bíblica, o Santo Padre considerou que na última noite do ano, duas formas de oração devem estar no coração dos fiéis: o agradecimento e o pedido de perdão. “Nesta noite encerremos o ano do Senhor agradecendo, mas também pedindo perdão. Agradeçamos por todos os benefícios que Deus nos deu”, disse o Papa.

O Pontífice, ainda considerando o ano que termina, disse aos fiéis que todos devem recolher os dias, as semanas e os meses vividos em 2013, e oferecê-los ao Senhor. Afirmou que a resposta dada a Deus hoje incide sobre o futuro dos cristãos e que estes devem refletir sobre como viveram o ano que termina.

“Como vivemos o tempo que Ele [Deus] nos deu? Utilizamos para nós mesmos e nossos interesses ou o empregamos para os outros? Quanto tempo reservamos para estar com Deus na oração, no silêncio, na adoração?”, questionou o Pontífice.


Francisco também dedicou alguns instantes de reflexão sobre a qualidade de vida na cidade de Roma (Itália). Afirmou que o rosto de uma cidade é como um mosaico onde cada pessoa representa uma peça e é responsável tanto pelo bem, como pelo mal.

“Chegou o último dia do ano! O que faremos? Como agiremos no próximo ano para tornar a nossa cidade ainda melhor. Se todos nós formos atenciosos e generosos com os mais necessitados, a Roma do novo ano será melhor; se não houver pessoas que só a olhem de longe, nos cartões postais, que olham sua vida só da varanda, sem se deixar envolver por tantos problemas humanos”, refletiu.

Por fim, o Bispo de Roma pediu a intercessão de Maria, celebrada solenemente no primeiro dia de cada ano como a Mãe de Deus. “Que a Mãe de Deus nos ensine a acolher o Deus feito homem, a fim de que cada ano, cada mês, cada dia, seja repleto do seu amor eterno. Assim seja!”.

A celebração das primeiras Vésperas terminou com o canto do tradicional hino Te Deum, de agradecimento e conclusão do ano de 2013, e a bênção do Santíssimo Sacramento.


Após a celebração, o Santo Padre deslocou-se de papamóvel ao centro da Praça São Pedro onde visitou o presépio do Vaticano.
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Fonte: Canção Nova