domingo, 3 de março de 2013

O ateísmo marxista - parte I



Hoje começamos a abordar um tipo de ateísmo que começou na filosofia e acabou por se transformar em regime politico e, hoje, exerce ainda forte influência na cultura. O Concílio Vat. II a ele se refere quando afirma: “Não se deve passar em silêncio, entre as formas atuais de ateísmo, aquela que espera a libertação do homem sobretudo da sua libertação econômica. A esta, dizem, opõe-se por sua natureza a religião, na medida em que, dando ao homem a esperança duma enganosa vida futura, o afasta da construção da cidade terrena. Por isso, os que professam esta doutrina, quando alcançam o poder, atacam violentamente a religião, difundindo o ateísmo também por aqueles meios de pressão de que dispõe o poder público, sobretudo na educação da juventude.” (Vat. II, GS n.20).

Faço uma breve explanação sobre essa forma de ateismo que influenciou fortemente nossa juventude universitária e muitos intelectuais no séc. passado, levando-os a trocar a esperança cristã por uma esperança destituida de qualquer dimensão de transcendência. Um dos precursores desse ateismo militante foi um filósofo alemão: Ludwig Feuerbach. Para esse pensador Deus não é outra coisa que a essência do ser humano pensada como um outro. 

Ao pensar e cultuar Deus, o indivíduo humano se aliena, ou seja, projeta-se para fora e adora em um outro a própria essência. Donde as afirmações de Feuerbach: “A consciência do infinito revela o infinito da própria consciência”. “Consciência de Deus é autoconsciência, conhecimento de Deus é autoconhecimento” “Deus é a mais alta subjetividade do homem, abstraída de si mesmo.” “Este é o mistério – segredo - da religião: o homem projeta seu ser na objetividade e então se transforma a si mesmo num objeto face a esta imagem de si, então convertida em sujeito”. O leitor pode adivinhar que, segundo essa forma de pensar, quando o homem tomar posse de si mesmo, recuperar sua essência perdida no ato religioso, então descobrirá que aquilo que ele chamava “Deus” é ele mesmo em sua subjetividade mais profunda.

O homem religioso vive na miséria porque projeta em um outro a infinita riqueza de sua humanidade e a este outro entrega a direção de sua vida. Sua vida fica à mercê dos fenômenos da natureza ou do processo histórico pensados como ação de uma providência divina. Eis o homem alienado, submisso, despossuído de si mesmo, em estado de miséria. Entretanto, sonha. Deus com o céu é o seu sonho.

Marx assume a análise da religião de Feuerbach, mas se pergunta: por que o ser humano se aliena na religião? E responde com uma afirmação que abre caminhos para uma análise que pretende desocultar os mecanismos históricos que levam o ser humano a necessitar da religião como sonho e como busca de uma realidade perdida nas condições materiais de sua existência: “A miséria religiosa é, por um lado, a expressão da miséria real e, por outro, o protesto contra essa miséria. A religião é o gemido da criatura oprimida pelo mal, é a alma de um mundo sem coração, e é o espírito de uma época sem espírito. É ópio para o povo”.

Marx chama a religião de miséria, ou seja, o homem religioso ao adorar Deus se perde: “A religião é, na realidade, a consciência e o sentimento próprios do homem que, ou ainda não se encontrou, ou já acabou de se perder”. Por isso na religião o homem se encontra em estado de miséria, vítima de um mundo sem coração e de uma época sem espírito. O que tem de melhor é tomado por um outro diante do qual ele se sente miserável. Pois bem esta miséria – a religião – tem duplo significado: ela é expressão da miséria real e, ao mesmo tempo, protesto contra essa miséria. É protesto porque mostra que o ser humano, ao projetar em sonho um lugar de felicidade, explicita sua profunda discordância em relação às condições históricas que o fazem infeliz. Mas é consolo, como quando um prisioneiro, condenado à prisão perpétua, vive em sua imaginação sonhos de liberdade.

Esta afirmação de Marx é um convite a estudar a miséria real, que, compreendida e abolida, limpará a cultura do lixo religioso. Assim descreve ele sua tarefa: “Desde que a verdade da vida futura se desvaneceu, a história tem a missão de estabelecer a verdade da vida presente. E a primeira tarefa da filosofia, que está a serviço da história, depois de desafivelada a máscara da imagem santa, que representava a renúncia do homem a si mesmo, consiste em desmascarar esta renúncia, ainda latente sob suas formas profanas.

A crítica do céu transforma-se assim em crítica da terra; a crítica da religião em crítica do direito; e a crítica da teologia em crítica da política”. “A crítica da religião leva à doutrina de que o homem é para o homem o ser supremo”. Não basta perceber que a religião é alienação. É preciso descobrir as raízes ocultas da religião no mundo real, ou seja, é preciso, clarear os mecanismos da injustiça que no  mundo do direito, da política e da organização da sociedade, sobretudo na economia, fazem o ser humano infeliz e necessitado de religião. Mas isto é assunto para outra vez.


Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

sábado, 2 de março de 2013

João Paulo II ou Bento XVI?

"Nenhum Pontífice consegue satisfazer a esta geração".


João Paulo II morreu aos 84 anos em 2 de abril de 2005. Em 2002, o jornalista Mario Prata escrevia criticando a obstinação do pontífice em governar a Igreja com aquela idade e com seu precário estado de saúde:

“À uma semana vi o nosso papa na televisão. Sem ironia nenhuma, ele estava babando. Lendo um texto, todo curvado, denotando dores, articulando com extrema dificuldade, o papa babava. Será que nenhuma pessoa importante da Igreja Católica Apostólica Romana vai tomar uma providência? Deixar que o homem descanse em paz? João Paulo II está com 82 anos e é o nosso papa há 24 anos. [...] Comprem uma casinha numa montanha da Polônia e coloquem o homem lá, com todas as mordomias que ele merece. Que ele passe seus últimos dias cuidando de outras ovelhas. Aposentem quem não tem mais condições.[1]”.



Bento XVI anunciou sua renúncia aos 85 anos em 11 de fevereiro de 2013. Em seu anúncio, disse:

“Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado[2]”.

A notícia da renúncia de Bento XVI não foi, porém, capaz de agradar à jornalista Barbara Gancia, que escreveu em 15 de fevereiro uma severa crítica ao que ela considera covardia e “frouxidão”:

“Sinto muito, mas derrotismo por parte de quem deveria zelar por um rebanho de mais de 1 bilhão de fiéis tem limite.

E o poder simbólico da resiliência? Que mensagem de perseverança Bento 16 nos deixa? Muito conveniente exigir todo tipo de sacrifício do fiel e depois exibir publicamente tamanha frouxidão[3]”.
 
Porém, renunciar ou prosseguir no pontificado até a morte não constituem o cerne da questão. O que há em comum entre Mario Prata e Barbara Gancia (esta última, lésbica declarada) é que ambos não concordam com a doutrina de Cristo pregada pelos dois pontífices: a castidade, o respeito à vida intrauterina, tudo isso seriam valores ultrapassados, que a Igreja insiste em anunciar. É isso que eles deploram.
 
“A quem compararei esta geração?”

João Batista e Jesus tiveram comportamentos diferentes. O primeiro submeteu-se a uma rigorosa ascese, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3,4) em preparação para o Messias. O segundo não exigiu de seus discípulos nenhum jejum extraordinário, uma vez que estavam com ele, o Noivo, festejando as núpcias com a Igreja (Mt 9,15). Mas nem João nem Jesus foram bem aceitos.

“A quem compararei esta geração? Ela é como crianças sentadas nas praças, a desafiarem-se mutuamente: ‘Nós tocamos flauta e não dançastes! Entoamos lamentações e não batestes no peito!’ Com efeito, veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Um demônio está nele’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘Eis aí um glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a Sabedoria foi justificada pelas suas obras” (Mt 11,16-19).

Na comparação acima, crianças mal-humoradas recusavam-se a participar de qualquer brincadeira, fosse de um casamento, fosse de um enterro. De modo análogo, os judeus rejeitavam todas as ofertas divinas: tanto a penitência de João quanto a condescendência de Jesus. Mas as boas obras davam testemunho da sabedoria de Jesus e da de seu precursor, João Batista.

João Paulo II e Bento XVI, com comportamentos diferentes diante da doença e da idade, mas idênticos quanto ao Evangelho anunciado, não foram capazes de agradar a “esta geração”. No entanto, pelas suas obras identificamos a sabedoria de ambos.

Testemunhos a respeito do primado de São Pedro


São Cipriano (210-258) de Cartago : "Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro".

“Roma falou, encerrada a questão” (Santo Agostinho Sermão 131,10).

Tertuliano(202) de Cartago : "A Igreja foi construída sobre Pedro".

Santo Ambrósio (340-397) bispo Treves Italia: "Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo".

 No princípio do sec. II, Santo Inácio de Antioquia (110): escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a todas as demais.

São Pedro Crisólogo († 450): "No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões referentes à fé sem o consentimento do Bispo de Roma"

Papa Pio XII (Enciclica "Mystici Corporis Christi": "Há os que se enganam perigosamente, crendo poder e ligar a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a seu vigário na terra. Porque suprimindo este Chefe visível, quebrando os laços luminosos da Unidade, eles obscuressem e deformam o Corpo Mistico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens ,procurando o porto da Salvação eterna".

Orígenes: “E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3;

E o mesmo São Cipriano de Cartago: "No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: “Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo.”"Epist. 54, a Cornelius, n.7.

[Conselho de Laodicéia, AD 365] "Ninguém deve orar em comum com os hereges e cismáticos."

O Papa Pio IX, o Concílio Vaticano I, Sess. 4, Chap. 4, cap. 3, Canon, ex cathedra: "Se alguém fala assim, que o Romano Pontífice tem apenas o ofício de inspeção ou direção, mas não o poder pleno e supremo de jurisdição sobre a Igreja universal, não só nas coisas que dizem respeito à fé e à moral , mas também naqueles que pertencem à disciplina e ao governo da Igreja espalhada por todo o mundo;., ou que ele possui apenas as partes mais importantes, mas não plenitude de todo este poder supremo ... seja anátema "

Papa Bonifácio VIII, Unam Sanctam, 18 de novembro de 1302, ex cathedra: “Declaramos, proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano .."

Os cismáticos se beneficiaram com o Vaticano II

Os Papas conciliares são ‘amigos’ dos cismáticos.
O não reconhecimento da soberania de São Pedro sobre os demais no Concilio de Jerusalém, é uma forma dos hereges e cismático, de obscurecer a primazia de Pedro.

E mais, por três vezes, Nosso Senhor pede a São Pedro que apascente as suas ovelhas (conduza o rebanho): "Disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas." (S. João, XXI, 15-17).

Então, Nosso Senhor entregou o rebanho (os fiéis) à condução de São Pedro. Ele é o guia do rebanho, portanto a maior autoridade terrena da Igreja. Ou será que o falso pastor Paulo Cristiano pensa que o Jesus era um feliz proprietário de um rebanho de ovelhas?

Passemos então aos sofismas que ele usa para confundir os católicos e seus asseclas, ao citar os padres da Igreja.

Como todo herege protestante digno deste nome, Paulo Cristiano faz uma citação torta dos padres da Igreja, citando só o que lhe convém. Vejamos a citação de Inácio de Antioquia por inteiro:

"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada "feliz", digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai"(Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).

Elogios maiores a uma sé apostólica não poderiam ser ditos, em especial, que Roma "preside ao amor" e "porta a lei de Cristo". É o bispo de Roma então que porta a lei de Cristo, que detém a doutrina! E não o que o falacioso Paulo Cristiano quer fazer acreditar.

Continuemos a citação de Santo Inácio de Antioquia

"Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1).

"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 9,1).

Então, Santo Inácio, bispo da Igreja da Síria, diz que somente Jesus Cristo e o "vosso amor", isto é, o papa serão o bispo, querendo mostrar assim a sua submissão ao Papa.

Citemos ainda, para reforçar, alguns outros padres da Igreja:

Origines: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3; 

E o mesmo São Cipriano de Cartago:

"No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: "Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo." Epist. 54, a Cornelius, n.7.

E o mesmo santo diz ainda:

"(…) dado que ambos batismos são apenas um, e que o Espírito Santo é um, e a Igreja fundada por Cristo Senhor Nosso sobre Pedro, por fonte e princípio de unidade, é também única." Epist. 69, a Januarius, n. 3 

E ainda São Gregório de Nissa:

"A memória de Pedro que é a cabeça dos Apóstolos é celebrada e junto com ele [Pedro] os outros membros da Igreja são glorificados, e a Igreja de Deus [no próprio] é consolidada. Este, juntamente à prerrogativa concedida a ele pelo Senhor é pedra firma e solidíssima sobre a qual o Senhor fundou sua Igreja." (citado por Franca, Leonel, Pe., A Igreja a Reforma e a Civilização, Ed. Agir, 2a. ed. pág. 531).

E Paulo Cristiano ainda diz: "Deste prólogo se depreende que cada igreja tinha a sua jurisdição limitada ao seu território ou região.". Ora, ou este senhor desconhece a estrutura e organização da Igreja católica ou usou um sofisma barato. Cada bispo da Igreja tem a sua jurisdição local, e é o responsável pela condução temporal da igreja local e espiritual de seu rebanho. Assim, temos no estado de São Paulo, aqui no Brasil, várias dioceses, em Campinas, em São Paulo, em São José dos Campos, etc, todas elas subordinadas ao Papa, porém conduzindo os assuntos locais.

O malfadado mestre de sofismas, com sua mentalidade formigal, tenta mostrar que as divergências entre as várias sés apostólicas do início do cristianismo provam que estas eram independentes umas de todas as outras, como se cada uma fundasse uma denominação protestante em particular.

Na questão específica dos gentios, aparece novamente São Pedro, o papa, para definir a questão, o que o mestre de falácias sorrateiramente esconde:

"Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem. Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações. Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles".

Então, São Pedro, o primeiro papa, após uma grande discussão se levanta e define dogmaticamente que os gentios estavam dispensados das práticas judaica. "Roma locuta, causa finita" como bem o disse Santo Agostinho. Note como isto demonstra a unidade da Igreja sob o Papa!

Logo depois, o mestre de falácias tenta demonstrar que a diferença dos costumes das várias igrejas eram sinal de falta de união. Por fim, antes que perdesse totalmente o fio da meada, ele tenda se redimir dizendo que "De fato, havia unidade mais que uniformidade”.

Outro engano, ou desonestidade, do mestre de falácias é aplicar o pensamento formigal aos padres da Igreja. Discussões entre teólogos sempre existiram e sempre existirão na Igreja. Só o papa tem as chaves, ou seja, tem o poder de dizer ex-catedra quais as doutrinas da Igreja são verdadeiras.

Mas segundo o entendimento formigal de Paulo Cristiano, todos os teólogos tem que pensar exatamente a mesma coisa. O papel fundamental do Papa nesta questão é o de discernir aquilo que é ortodoxo e o que é herético nas proposições dos teólogos, mesmo os padres da Igreja.

Tertuliano, que escreveu muitas coisas boas, infelizmente acabou por se tornar um cismático ao se tornar um montanista, heresia condenada pela Igreja já em sua época, e terminou sua vida atacando-a furiosamente. Quem sabe se corrompido por um mestre em falácias?

E o falacioso mestre prossegue com sua lista duvidosa, sem uma citação sequer, nem mesmo tirada do contexto, como o fez com Santo Inácio de Antioquia.

E ainda tenta dizer que Santo Agostinho dizia que São Pedro não era o papa. Será que ele chegou a essa conclusão quando Santo Agostinho diz "Roma Locuta, causa finita" (Roma fala, causa finda)?

A seguir ele dá uma lista de hereges (como ele) e cismáticos, como se isto provasse a falta de unidade da Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo disse: "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha”.
(Evangelho segundo São Mateus, XII, 30)

Assim, prossegue o nosso malfadado mestre de falácias tentando provar a unidade das igrejas protestantes. Elas que só são unidas no seu ódio à verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana...

Com relação à falta de unidade protestante, onde diz que uma pesquisa minuciosa de um apologista protestante reduz o número de seitas protestantes para menos de... 10.000. Ora, 10.000 igrejolas protestantes com idéias contraditórias a respeito de dogmas tão fundamentais quanto a Trindade, segundo Paulo Cristiano, não podem ser sinal de falta de unidade. São "apenas" 10.000 denominações protestantes diferentes, um número que para ele deve parecer bem pequeno...

Com relação à unidade dos cristãos e à verdadeira Igreja de Cristo, o papa Pio XI escreveu, na encíclica Mortalium Animos

"Acreditamos, pois, que os que afirma serem cristão, não possam fazê-lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo. Mas, se indaga, além disso, qual deva ser ela pela vontade do seu Autor, já não estão todos em consenso."

"Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a necessidade da Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma Federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes, cada uma delas, a doutrinas opostas entre si."

"Entretanto, Cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17)."

"Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que por primeiro a propagaram, em razão da morte deles, não poderia cessar de existir e ser extinta, uma vez que Ela era aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os homens à salvação eterna: "Ide, pois, ensinai a todos os povos" (Mt 28,19)."

"Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente a ela: “Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos”(Mt 28,20).

"Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18)."

Então a Igreja deve ser visível, una e fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. E a única fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, sobre Pedro, foi a Igreja Católica Apostólica Romana. Contra a palavra de um falso pastor, a palavra de um Papa! Viva o Papa!
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Fonte: http://www.lucianobeckman.com/
Disponível em: Guia de Blogs Católicos.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Orientações litúrgicas para o período de Sé Vacante



Apresentamos as orientações litúrgicas para o período de Sé Vacante.

1 – OMISSÃO DA CITAÇÃO DO NOME DO PAPA NA ORAÇÃO EUCARÍSTICA E NA LITURGIA DAS HORAS.

Durante todo o período de Sé Vacante, ou seja, desde as 16:00 horas do dia 28 de fevereiro de 2013 até a eleição do novo Papa, se omite a citação do nome do Santo Padre na Oração Eucarística e o mesmo não é substituído por nenhum outro nome. Na oração da Liturgia das Horas se omitem as intercessões pelo Papa.

2 –  ORAÇÃO PELA ELEIÇÃO DO PONTÍFICE

Durante este período, se recomenda, entretanto, que os pastores e fiéis permaneçam em oração pela eleição do novo Papa. Pode-se celebrar nos dias de semana a Missa “Por várias necessidades: Para a Eleição do Papa” (Missal Romano), com a cor litúrgica do tempo da quaresma. Encoraja-se também realização de Hora Santa ou a recitação pública do rosário pela eleição do Papa.

3. APÓS A ELEIÇÃO DO SANTO PADRE

Como estabelece a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis:

“88. Depois da aceitação, o eleito que tenha já recebido a Ordenação episcopal, é imediatamente o Bispo da Igreja de Roma, verdadeiro Papa e Cabeça do Colégio Episcopal; e adquire efetivamente o poder pleno e absoluto sobre a Igreja universal, e pode exercê-lo. Se, pelo contrário, o eleito não possuir o caráter episcopal, seja imediatamente ordenado Bispo.”

Assim sendo, a partir do momento do anúncio da eleição do Pontífice, toda a Igreja passa a recordar do Papa como de costume.
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Fonte: CNBB.

Todo cuidado é pouco!



A renúncia do Papa Bento XVI foi explorada por alguns para lançar confusão nas mentes incautas numa manipulação diabólica de textos bíblicos e de fatos históricos.

O primado espiritual de Pedro e de seus sucessores está claro no Evangelho (Mateus 16,16-19; João 21,15). Pedro exerceu este primado (Atos dos Apóstolos 1,15 s; 2,14; 3,6; 10,1 s; 9,32; 15,7-12). Foi bispo de Roma, fato que diante das pesquisas arqueológicas realizadas na Basílica de São Pedro, está inteiramente comprovado.

Uma vez que o primeiro papa se estabeleceu em Roma há uma perfeita identidade entre a sede romana e o papado. É uma afirmação inverídica apresentar o bispo de Roma exercendo jurisdição na Igreja apenas a partir da Idade Média. Com efeito, a história eclesiástica antiga mostra os pontífices romanos no exercício de suas funções de chefes de toda a Igreja e, na verdade, cônscios deste poder espiritual. Assim, no ano 96 São Clemente Romano, terceiro sucessor de São Pedro, dirigiu uma carta à Igreja de Corinto e pela linguagem que usa, se pode claramente perceber que tinha total consciência de que era ele quem dirigia a Igreja. Sua admoestação foi acatada e produziu admiráveis efeitos. Neste tempo ainda vivia o apóstolo São João e, no entanto, quem tinha ampla atuação era o bispo de Roma. 

Santo Inácio de Antioquia, discípulo dos apóstolos, chama a Igreja de Roma de “cabeça da caridade”, revelando a posição primacial, da sede romana e, portanto, também a de seu chefe. Santo Ireneu, assim se expressou no ano de 180: “A esta Igreja (romana) por sua preeminência mais poderosa, é necessário que se unam todas as Igrejas, isto é, os fiéis de todas as partes, pois nela se conservou sempre a tradição recebida dos apóstolos pelos cristãos de todas as partes” (Adv. Haer. 3,3. cf. Conradus Kirch S.J. Enchiridion totius historiae ecclesiasticae antiquae. Barcelona, Editorial Herder. p. 75).

Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude



Caros irmãos Párocos e Administradores Paroquiais, 
Vigários Paroquiais e demais Presbíteros. 

"correu ao encontro do filho mais novo, abraçou-o e cobriu-o de beijos" (cf Lc 15, 20) 

Esperançoso de que os jovens estejam encontrando cada vez mais abraços calorosos em nossas paróquias, dirijo-me aos senhores, renovando minha estima e agradecimento por aquilo tudo que já têm investido na evangelização da juventude. principalmente neste ano a ela dedicado. Entramos em tini mês pleno de motivações cristãs e atividades. É março: Quaresma, Semana Santa, Páscoa, Campanha da Fraternidade, Conclave e, provavelmente. anúncio de nosso novo Papa. Que preciosas ocasiões para o crescimento da fé, a maior adesão à vida comunitária, o compromisso com a construção do Reino!

Como envolver ainda mais nossos jovens neste clima? O ambiente eclesial paroquial é o lugar privilegiado para se viver e aprofundar a Quaresma. Ele é capaz de transformar e animar o coração dos jovens quando estes encontram motivações suficientes e atraentes. Quantas mudanças observamos na juventude quando ela se sente contemplada e valorizada, quando envolvida nas diversas celebrações e atividades, muitas delas já com cara da juventude, como. por exemplo, as fitmosas vias-sacras da Sexta-Feira Santa. Como nossas comunidades poderiam manifestar sua alegria pascal pela presença do Ressuscitado na vida dos jovens que Deus nos confia para ouvir, amar e servir? Não basta que os jovens sejam considerados em nossos discursos e papéis; eles precisam perceber que são amados de verdade. A Campanha da Fraternidade 2013 é um grande clamor para este resgate da vida e do protagonismo dos jovens em prol de nossas comunidades e sociedade. Sua paróquia já definiu ações bem concretas e transformadoras para os jovens e com eles? Vivemos uni momento muito delicado e enriquecedor! 

A renúncia de Bento XVI e o processo de nomeação do próximo papa devem nos tocar a fundo, fortalecer nosso amor à Igreja, comprometer-nos ainda mais na vivência de nosso batismo e numa especial corrente de oração. Como nossas paróquias estão valorizando este momento de eclesialidade e aproveitando dele para o fortalecimento da vida e da fé de nossos jovens? A Jornada Mundial da Juventude que nasceu no coração de João Paulo 11 e foi tão bem acolhida e incentivada por Bento XVI terá, seguramente. em nosso novo Papa a sua total adesão e incremento! Desde já nos alegramos pela sua presença na .1M.1 Rio 2013 daqui cinco meses! Neste "Ano da Juventude" a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, coloca em suas mãos. também, mais uni subsidio para auxiliá-lo na evangelização das novas gerações. O recém lançado "Estudosl 03 da CNBB - Pastoral Juvenil no Brasil: Identidade e Horizontes- quer ser uni instrumento adequado para se entender e valorizar a realidade eclesial atual que, embasada numa importante experiência de trabalho junto aos jovens, continua apostando neles como principais evangelizadores dos próprios jovens. Este material é uni adequado suporte para que toda a beleza desenhada no Documento 85 da CNBB - "Erangeli:ocão da Juventude: Desafios e Perspectivas Pastorais" - possa ser mais hem entendida e aplicada. Solicito-lhes que conheçam este documento e o divulguem entre os lideres responsáveis pela evangelização. Ibrmação e educação da juventude. Sabemos que a Ressurreição de Jesus Cristo impacta a história da humanidade, minando a força da morte e potencializando a vida! 

A juventude é peça fundamental para os novos tempos. A Igreja precisa dos jovens para sua adequada "conversão pastoral" e, com eles, favorecer sida nova ao povo. Maria, que com sua obediência a Deus e matemidadL assumida acompanhou seu filho em todos os momentos até a Cruz, nos ensine e nos fortaleça nesta delicada missão de acompanhar TODOS os jovens em suas vivências de cruz e ressurreição. A todos os senhores: proveitosa Quaresma, frutuosa Campanha da Fraternidade, FELIZ PÁSCOA!


Brasília, 01 de março de 2013.
 CJ - N°0082/13



Dom Eduardo Pinheiro da Silva. sdh
Presidente da COSSNãO Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB 

Tudo o que nasce, morre!



Pode ser que o meu artigo – “Se existe o mal, existe Deus?” – tenha colocado alguns leitores em crise, e eles continuem se perguntando: «Se Deus é bom, se é todo-poderoso, se, por seis vezes, a Bíblia garante que, ao criar o mundo, ele “viu que tudo era bom” (Gn 1,10.12.18.21.25.31), por que, logo depois, “a maldade humana crescia em toda a parte e ele se arrependeu de ter criado o homem”?» (5,5-6).

Como fizemos no artigo anterior, para uma tentativa de resposta – porque a resposta completa só obteremos no paraíso –, também desta vez recorremos aos livros do teólogo espanhol, Pe. Andrés Torres Queiruga: “Um Deus para hoje” e “Repensar o mal”.


Primeiramente, importa lembrar que tudo o que nasce, morre! Ou seja, por mais perfeitos que sejam o ser humano e tudo o que o cosmos encerra, são sempre contingentes, sujeitos aos percalços de qualquer criatura. Se Deus criasse algo idêntico a si em perfeição, o que resultaria seria o panteísmo, onde a natureza se confunde com a divindade.

É o que tenta explicar o Pe. Queiruga: «O descobrimento da autonomia das realidades mundanas, ao mostrar sua consistência, mostra também o cunho infranqueável de seus limites, o caráter estritamente inevitável do mal no seio de um mundo finito. Um mundo em evolução não pode realizar-se sem choques e catástrofes; uma vida limitada não pode escapar ao conflito, à dor e à morte; uma liberdade finita não pode excluir a situação-limite da falha e da culpa. Dada a sua decisão de criar, Deus “não pode” evitar essas consequências na criatura, porque equivaleria a anular com uma mão o que teria criado com a outra. Isso não vai contra sua onipotência real e verdadeira, porque, falando com propriedade, não é que Deus “não possa” criar e manter um mundo sem mal; é que isso “não é possível”: seria tão contraditório como fazer um círculo quadrado».

Se essa é a dinâmica do amor de Deus, qual a atitude que o Pe. Andrés pede aos cristãos? «Urge, portanto, tirar com todo o rigor a consequência justa, que consiste em dar reviravolta radical à compreensão. Um Deus que cria por amor, é evidente que quer o bem – e só o bem – para suas criaturas. O mal, em todas as suas formas, é precisamente o que se lhes opõe da mesma forma a ele e a elas. Existe porque é inevitável, tanto física como moralmente, nas condições de um mundo finito e de uma liberdade limitada. Por isso, não se deve jamais dizer que Deus manda ou permite o mal, mas que o sofre e o padece como frustração da obra de seu amor em nós». A alegria de quem vive a fé é saber que Deus é maior do que o mal e o pecado, e se serve da própria fraqueza humana para realizar as suas maravilhas: «Felizmente, o mal não é um absoluto. Podemos e devemos lutar contra ele, sabendo que Deus está ao nosso lado, limitando-o e superando-o no possível já agora, dentro dos limites da história, e assegurando-nos o triunfo definitivo quando se romperão esses limites pela morte. Por isso, em elementar rigor teológico, não tem sentido que “peçamos” ou tentemos “convencer” a Deus para que nos livre de nossos males. Pelo contrário, ele é o primeiro a lutar contra eles e é ele quem nos chama e “suplica” que colaboremos com essa sua luta».

O Pe. Queiruga inicia o seu volume “Um Deus para hoje” com estas palavras: «Dize-me como é teu Deus, e dir-te-ei como é tua visão do mundo; dize-me como é tua visão do mundo, e dir-te-ei como é teu Deus». Assim sendo, ele conclui: «Esta é a imagem de Deus que os cristãos e as cristãs atuais devemos gravar em nosso coração e transmitir aos outros: não um Deus que, podendo livrar-nos do mal, não o faz, ou o faz somente às vezes, ou em favor de uns quantos privilegiados, mas um Deus solidário conosco até o sangue de seu Filho, que sofre conosco e nos compreende. Só por ter-se mantido, sem corrigir-se a tempo, a falsa imagem de uma onipotência arbitrária, puderam alguns crentes pensar que, depois de Auschwitz era impossível orar. Pelo contrário, a partir do Deus vivo e verdadeiro compreendemos que só a fé em Deus é capaz de manter viva a esperança das vítimas dentro do terror brutal da história».

Talvez tenha sido essa a intuição da CNBB, ao afirmar, no dia 11 de fevereiro de 2013, que «Bento XVI entrará para a história como o “Papa do Deus Pequeno”».


Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)

Sede Vacante



Do dia 28 de fevereiro, quinta-feira, às vinte horas de Roma, a Igreja Católica está sem Papa. Efetivada a renúncia de Bento XVI, começa o período de “sede vacante”. Está vago o cargo de Papa.

Tudo conforme ele mesmo tinha determinado, no dia 11 de fevereiro, quando estabeleceu o dia e a hora exata em que ele deixaria de exercer a missão de Papa.

De tal modo que toda a Igreja teve tempo de assimilar a notícia da inesperada decisão, e contar com a segurança das disposições que entram logo em vigor quando vem a faltar o Papa. Assim todos podemos ter segurança e serenidade, sabendo que estão agora previstos todos os passos que vão levar à eleição de um novo Papa, dentro de poucos dias.

Desta vez a situação foi inusitada. Quando morria um Papa, estávamos acostumados a acompanhar o seu enterro, e agradecer a Deus o dom de sua vida, colocada a serviço da Igreja até o momento de sua morte.


Fomos surpreendidos por uma inesperada decisão do Papa, que sentindo suas forças faltarem, decidiu renunciar, para deixar o lugar a outro que pudesse cumprir esta pesada missão com renovadas energias.

Desta maneira, não é que ele abandonou o barco, para cair fora. Ao contrário, sentiu tanta responsabilidade pesando em seus ombros, que achou mais acertado, para o bem da Igreja, renunciar à sua missão de Papa, para que esta missão seja assumida por alguém em plenas condições de suportar o peso deste cargo todo especial.

Com isto, de certa maneira, Bento XVI deu um claro recado ao novo Papa. Seja quem for o eleito, ele poderá contar com o apoio de todos para enfrentar “as questões  de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho”, como ele mesmo falou no dia em que anunciou sua renúncia.

Como todos já pudemos constatar, Bento XVI nos deixa um claro e comovente testemunho de tantas virtudes, que o ajudaram a tomar esta decisão.

Foi humilde para reconhecer sua fraqueza física.

Foi desprendido em deixar de lado as honras e o poder do cargo que ocupava.

Foi sobretudo responsável, comunicando sua decisão, a tempo de todos assimilarem a notícia e assumirem suas responsabilidades.

Com sua renúncia, Bento XVI nos deixa um comovente exemplo de total devotamento à missão que Deus dá a cada um. Sua renúncia se assemelha a um grande retiro, onde ele poderá agora se deter com mais serenidade, vinda de sua paz de consciência pelo dever cumprido, e da abundante semeadura, que a seu tempo germinará e dará muitos frutos.


Dom Demétrio Valentini 
Bispo de Jales (SP)