quarta-feira, 19 de julho de 2017

Homilética: 18º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Deus quer saciar a nossa fome e a nossa sede".


A Palavra de Deus, em Mt 14, 13 – 21, mostra-nos Jesus, ao desembarcar num lugar deserto, viu-se rodeado de uma grande multidão que O procurava. Jesus “encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes” (Mt 14, 14). Curou-os por própria iniciativa, porque, levar os doentes para aquele lugar isolado, deserto, era já uma bela oração e uma forte expressão de fé.

Os Apóstolos ficam preocupados com a multidão que não tem o que comer naquela região desértica e manifestam essa preocupação a Jesus. Eram cinco mil homens, sem contar as mulheres e as crianças; para comer tinham apenas cinco pães e dois peixes.

Cinco mil homens! Cinco mil homens! E Jesus tem a audácia de pronunciar aos seus discípulos as seguintes palavras: “Dai-lhe vós mesmo de comer”. Não eram “caritas”, nem uma ONG, tampouco eram os vicentinos, muito menos uma filantropia organizada. Eram somente doze homens que seguiam a Jesus e que compartiam aquilo que conseguiam entre todos. Como alimentar a cinco mil, isso sem contar as mulheres e as crianças? Gente demais!

Grande desafio à fé pessoal daqueles homens! Trata-se de um dos impossíveis de Deus, não porque seja impossível para Deus, mas porque nós os vemos como coisas que superam as nossas capacidades. O mesmo se diga se o Senhor nos ordenasse a transladar montanhas, a andar sobre as águas, a expulsar legiões de demônios, a ressuscitar mortos.

Essas coisas são verdadeiramente grandes aos nossos olhos. Mas também é verdade que com certa frequência nos sentimos desafiados por coisas bem menores. Quando Deus nos pede que façamos todos os dias um momento de oração na mesma hora, quando nos mostra que deveríamos fazer alguma penitência ou mortificação, quando insinua que devemos ir ao encontro de alguém e falar-lhe claramente que isso ou aquilo não está bem e que deveria mudar tal conduta, quando nos anima a convidar a um amigo a participar de alguma atividade na paróquia, quando… Esses são desafios que às vezes podem custar muito, ainda que sejam pequenos e possíveis aos nossos olhos. Há outros ainda: despertar-se na hora certa todos os dias, ler a Bíblia diariamente (ainda que sejam somente 5 minutinhos), ir a Missa todos os domingos e festas (sem faltar). Há outros? Poderíamos continuar enumerando-os, mas já é suficiente.

Em toda essa epopeia cotidiana o mais importante é que percebamos duas coisas: 1ª) é Jesus quem nos pede, 2ª) podemos oferecer com simplicidade aquilo que temos, ainda que sejam tão somente cinco pães e dois peixes.

Quando Jesus nos pede algo é preciso confiar que ele nos dará todas as graças, todo o auxílio e a força necessária para levarmos a bom termo aquilo que ele nos pede. Com outras palavras: se Deus nos pede alguma coisa é porque é a sua vontade e, portanto, o primeiro interessado em que isso aconteça é o mesmo Deus. Confiemos! Saber que estamos procurando fazer a vontade de Deus em cada momento deve encher-nos de paz e tranquilidade. Conta-se de Santa Bakhita, aquela escrava no Sudão que se tornou religiosa, que ao receber a visita de um Prelado, este lhe perguntou: “e o que a senhora faz, irmã?” Respondeu-lhe ela: “o mesmo que vós, excelência.” O bispo, intrigado, perguntou; “o mesmo que eu?”. A religiosa respondeu: “sim, o mesmo que vós: cumprir a vontade de Deus.” Não importa onde estejamos, aí mesmo, nesse lugar concreto, Deus pede que façamos a sua vontade com uma confiança total nele.

Mais concretamente, podemos e devemos colocar à disposição dos projetos de Deus para este mundo os cinco pães e dois peixes que temos, a começar pelos nossos cinco sentidos funcionando sob o impulso das faculdades superiores: inteligência e vontade. A visão, o tato, o paladar, a audição e o olfato (cinco pães) quando governados e auxiliados pela inteligência e a vontade (dois peixes) são “matéria” para que Deus realize verdadeiras obras da graça, algumas das quais só saberemos na eternidade. O importante é andar pelo mundo fazendo o bem. Fazendo o que está da nossa parte nem nos preocuparemos muito pelas estadísticas, teremos como único empenho realizar aquilo que Deus nos pede a cada momento.

Depois de mandar que se sentassem na relva, Jesus, tomando os cinco pães e os dois peixes, levantando os olhos ao Céu, pronunciou a bênção e, partindo os pães os deu aos discípulos e os discípulos às multidões. Todos comeram até ficarem saciados. O Senhor cuida dos seus, dos que O seguem! Então, Jesus realiza um gesto que faz pensar no Sacramento da Eucaristia: “Elevando os olhos ao Céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo” ( Mt 14,19 ). O milagre consiste na partilha fraterna de poucos pães que, confiados ao poder de Deus, não só são suficientes para todos, mas chegam a sobrar, a ponto de encher doze cestos. O Senhor pede aos discípulos que distribuam o pão à multidão; deste modo, orienta-os e prepara-os para a futura missão apostólica: com efeito, deverão levar a todos a alimentação da Palavra de Vida e do Sacramento.

O relato do Milagre começa com as mesmas palavras e descreve os mesmos gestos com que os Evangelhos e São Paulo nos transmitem a instituição da Eucaristia (Mt 26, 26; Mc 14, 22; Lc 22, 19; 1Cor 11, 25). Esse milagre, além de ser uma manifestação da misericórdia divina de Jesus para com os necessitados, era figura da Sagrada Eucaristia, da qual o Senhor falaria pouco depois, na sinagoga de Cafarnaum (Jo 6, 26 – 59). Assim o interpretaram muitos padres da Igreja. Cristo está atento às necessidades materiais, mas deseja dar ulteriormente, porque o homem tem sempre “fome de algo mais, precisa de algo mais. No Pão de Cristo está presente o Amor de Deus; no encontro com Ele, nós alimentamo-nos, por assim dizer, do próprio Deus vivo, e comemos verdadeiramente do Pão do Céu” ( Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, 2007 ).

O milagre daquela tarde junto do lago manifestou o poder e o amor de Jesus pelos homens. Poder e amor que hão de possibilitar também, ao longo da história, que o Corpo de Cristo seja encontrado, sob as espécies sacramentais, pelas multidões dos fiéis que O procurarão famintas e necessitadas de consolo. Como diz São Tomás de Aquino: “… tomam-no um, tomam-no mil, tomam-no este ou aquele, mas não se esgota quando O tomam…”.


Ver cristãmente, dar-nos conta de que o mundo necessita dessa visão que nós podemos oferecer – visão cristã das coisas – e oferecê-la através dos distintos meios é fazer a vontade a Deus. Viver a temperança, a sobriedade, aprender a saborear as coisas de Deus são realidades que manifestam que o tato e o paladar estão postos ao serviço do Reino de Deus. A nossa vida elegantemente sóbria dará uma imagem cada vez mais perfeita do que significa ser “uma pessoa que faz a vontade de Deus”. O bom gosto, o ouvido afinado, a percepção tanto daquilo que cheira bem espiritualmente quanto daquilo que fede expressarão que conservamos em bom estado tanto a audição quanto o olfato. Acreditemos: temos muito que contribuir para que aconteçam verdadeiros prodígios. Basta que ponhamos todo o nosso entendimento, o nosso engenho e as melhores energias da nossa vontade em encontrar as melhores maneiras de fazer aquilo que rezamos no Pai-nosso: “seja feita a vossa vontade”.

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

Leituras: Is 55, 1-3; Rm 8, 35.37-39; Mt 14, 13-21

A liturgia deste domingo nos chama a sentarmos à mesa que Deus preparou, e onde nos oferece gratuitamente o alimento que sacia a nossa fome de vida e eternidade.   O Evangelho nos apresenta Jesus como o novo Moisés, cuja missão é realizar a libertação do seu Povo. No contexto de uma refeição, Jesus mostra aos seus discípulos que é preciso acolher o pão que Deus oferece e reparti-lo com todos.

Conhecemos as maravilhas operadas por Deus em favor do seu povo desde o Antigo Testamento.  Basta lembrar o manã, quando o Senhor alimentou o povo que caminhava no deserto rumo à terra prometida. O autor bíblico lança o seu olhar para além dos fatos naturais que possibilitam a realização de um milagre.  Ele vê a ação de Deus.  Foi Deus que no momento oportuno mandou o alimento, pão e carne, para o seu povo. Quando os israelitas, vendo o maná perguntam a Moisés: “Que é isto?”, a resposta da fé que ele lhes dá é esta: “É o pão que o Senhor vos dá como alimento” (Ex 16,15). A lembrança do maná permaneceu muito viva, perpassando toda a história do povo hebreu.  “É o que podemos constatar diante de muitos livros do Antigo Testamento, recordando que o Senhor fez chover sobre eles o maná, deu-lhes um trigo do céu” (Sl 77, 24s).

O texto que nos é proposto neste domingo nos situa no âmbito de uma refeição. O “banquete” é, para os semitas, o momento do encontro, da fraternidade, em que os convivas estabelecem entre si laços de familiaridade e de comunhão. É, portanto, símbolo desse mundo novo que há de vir e no qual todos serão convidados a sentar-se à mesa de Deus para celebrar a fraternidade e a igualdade. No início do relato evangélico, o evangelista São Mateus ressalta que Jesus se retirou para o deserto, seguido por uma “grande multidão”; e que, admirado pela fome de vida de toda essa gente, Se encheu “de compaixão e curou os seus doentes” (v. 13-14).

O deserto é, para Israel, o tempo e o espaço do encontro com Deus. O deserto é ainda o lugar e o tempo da partilha, da igualdade, em que cada membro do Povo de Deus conta com a solidariedade, onde os bens pertencem a todos e todos dão as mãos para superar as dificuldades da caminhada.  É esta experiência que Jesus vai convidar os discípulos a fazer. Vai lhes ensinar, de uma maneira concreta, que tudo é um dom que deve ser agradecido ao amor de Deus; e vai ensinar-lhes também que os dons de Deus são para ser partilhados, colocados ao serviço dos irmãos.  A história da multiplicação dos pães apresenta todas as características de uma lição, destinada a demonstrar como é que deve viver quem quer aderir ao Reino.

À vista das multidões cansadas e famintas, Jesus diz aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9, 13). Na realidade, é Jesus que abençoa e parte os pães até saciar toda aquela multidão, mas os cinco pães e os dois peixes são oferecidos pelos discípulos, e era isto o que Jesus queria: que eles, em vez de mandarem embora a multidão, pusessem à disposição o pouco que tinham. E, depois, há outro gesto: os pedaços de pão, partidos pelas mãos do Senhor, passam para as mãos dos discípulos, que os distribuem às pessoas. Também isto é fazer com Jesus, é dar de comer juntamente com Ele. Evidentemente este milagre não pretende apenas saciar a fome de um dia, mas é sinal daquilo que Cristo tem em mente realizar pela salvação de toda a humanidade, dando a sua carne e o seu sangue (cf. Jo 6, 48-58). E, no entanto, é preciso passar sempre através destes dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão partido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos.

Ao ambientarmos este primeiro relato da multiplicação dos pães, temos o da continuação da referência a um banquete do tetrarca Herodes, em meio do qual João Batista foi martirizado e sua cabeça foi colocada em uma bandeja.  Após a morte de João Batista, Jesus ocupa o seu lugar no deserto.  E com a morte de João Batista a multidão que andava como ovelhas sem pastor, busca em Jesus o seu guia definitivo.  E esta compaixão pela multidão errante move Jesus a curar os enfermos sem que lhe peçam; e depois sacia a mesma multidão faminta num comovente milagre da multiplicação dos pães.

Aparentemente, o Evangelho de hoje, da multiplicação dos pães, nada fala sobre a Eucaristia; mas, ao contrário, é ele a premissa para se entender a instituição deste sacramento.  A intencionalidade eucarística e sacramental do fato que nos ocupa aparece visivelmente no seu  quadro ritual e literário.  Os gestos de Jesus que precedem a multiplicação e a hora da tarde, tanto no Evangelho de S. João como nos Sinóticos, são idênticos aos da última Ceia do Senhor, quando Jesus instituiu a Eucaristia, “tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo em seguida os pães, deu-os aos seus discípulos, que os distribuíram ao povo” (v. 19).

Este gesto de Jesus em abençoar (v. 19) antes de partir os pães e de os distribuir à multidão, é o mesmo que fará na última Ceia, quando instituirá o sacramento da Eucaristia. Na Eucaristia, Jesus não oferece um pão, mas o pão de vida eterna, doa-se a Si mesmo, oferecendo-se ao Pai por amor a nós. Contudo, nós devemos frequentar a Eucaristia com os sentimentos de Jesus, ou seja, com a compaixão e com a vontade de compartilhar.

Na Eucaristia há uma continuidade e uma harmonia admirável entre a realidade material e a graça espiritual.  Jamais entenderá a Eucaristia quem nunca teve experiência do alimento humano, da fome e da nutrição, do repartir o pão e do comer juntos.  Por isso a Igreja achou por bem não oferecer a Eucaristia a crianças pequenas, mas, sim, após ter elas uma experiência do alimento sólido.

Estamos habituados a explicar a Eucaristia com a palavra “transubstanciação”.  Mas, que significa transubstanciação?  Não podemos dizer que o sinal do pão e do vinho desaparecem totalmente para dar lugar ao Corpo e Sangue de Cristo.  O sinal, portanto, permanece.  Permanece, mas é elevado (como sempre, a graça eleva a natureza); pode-se dizer, em certo sentido, que é transformado em Corpo e Sangue de Cristo.  O pão e o Vinho, antes da consagração são sinais da fecundidade da terra, do trabalho do homem, da solicitude do pai de família, do alimento, da unidade daqueles que o comem juntos.  Após a consagração tornam-se sinal do Sacrifício de Jesus, do Seu ilimitado amor pelo homem, do alimento espiritual, da unidade do Corpo de Cristo. No mistério eucarístico acontece algo de mais profundo e insondável que somente a fé pode captar.  Nele, pelas palavras da instituição e pelo poder do Espírito Santo, se faz presente o mesmo acontecimento original da morte e ressurreição de Jesus Cristo.

E no Evangelho ainda ressalta: “Todos comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram doze cestos, cheios de pedaços que sobraram” (v. 20). Esta referência do evangelho tem um profundo sentido espiritual.  Faz lembrar a reserva Eucaristia.  Isto é, a Eucaristia deve sobrar também para os ausentes, para os distantes, para todo o povo.  Não é mais como o maná do deserto, que cada um recolhe quanto basta para si por um dia (cf. Ex. 16,4); mas é preciso recolher também para os irmãos.  Assim, o fruto da Eucaristia é para todos e nada deve ser perdido.  E quem recebe a Eucaristia deve assemelhar-se a Jesus, tornando-se, com Ele, um dom para os outros.

Peçamos ao Senhor que nos faça redescobrir a importância de nos alimentarmos não só do pão, mas da verdade, do amor, do Cristo, do corpo de Cristo, participando fielmente e com grande consciência na Eucaristia, para estarmos cada vez mais intimamente unidos a Ele. Com efeito, não é o alimento eucarístico que se transforma em nós, mas somos nós que acabamos misteriosamente mudados por ele. Ao mesmo tempo, peçamos ao Senhor que jamais falte ao homem o pão necessário para uma vida digna, e que saibamos partilhar com os outros nossos irmãos o pão que temos. 


Confiemos à intercessão materna da Virgem Maria, ela que gerou para o mundo o Cristo, o Pão da vida, nos ensine a viver sempre em profunda união com Ele pela oração e pela prática da comunhão eucarística, onde encontramos a presença real do Cristo, verdadeiro Pão do Céu.  Assim seja. 

PARA REFLETIR

Hoje o Evangelho nos apresenta Jesus como a plenitude da compaixão de Deus no nosso meio. Multiplicando os pães, ele realiza de modo pleno aquilo que Moisés e Elias, os mesmos personagens da Transfiguração, representantes da Lei e dos Profetas, já haviam realizado: Moisés deu de comer ao povo no deserto; Elias sustentou com alimento a viúva de Sarepta durante todo o tempo da seca em Israel. Ora, Jesus é aquele que nos alimenta em plenitude, é o Messias prometido a Israel e à humanidade. Como o Bom Pastor, de que fala o Salmo, ele faz seu rebanho descansar na relva mais fresca e lhe prepara uma mesa. Seu alimento não se reduz ao pão. Primeiro nos alimenta porque sente compaixão de nós, de nossa pobreza e indigência: “Viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes”. Mais do que de pão, é de amor, de ternura e compaixão que o Senhor nos alimenta! Alimenta-nos também com sua Palavra de vida eterna: vê a multidão cansada e abatida como ovelhas sem pastor e ensina-lhe, fala do Reino até o entardecer… Olhando o nosso Salvador, vemos cumprir-se nele o convite tão terno, tão comovente do Deus de Israel: “Ó vós todos que estais com sede, vinda às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, cinde comprar sem dinheiro, e alimentai-vos bem, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga!’

Que belo convite! Num mundo no qual tudo é pago, tudo gira em torno do lucro, tudo tem a preocupação do retorno econômico e do interesse (até nas seitas por aí a fora, o dízimo é a chave de entrada no céu), o Senhor se revela graciosamente! Quem dera, o mundo compreendesse esse amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus! Quem dera se reconhecesse faminto e sedento! Quem dera se deixasse interpelar: “Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção e alimentai-vos bem! Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida!” Infelizmente, o nosso é um mundo cansado, mas também auto-suficiente, prepotente, que pensa poder sozinho, do seu modo se saciar e viver de verdade! Também nós, nas nossas pobrezas, tanta vez fugimos do Senhor, ao invés de correr para ele, nosso Poço, nossa Água, nosso Pão, nosso Refrigério!

Mas, nós, cristãos, sabemos que em Cristo Jesus encontra-se a vida, encontra-se o verdadeiro caminho, a verdadeira vida do mundo! É isso que São Paulo exprime com palavras comoventes: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!” É por essa experiência do amor tão terno e presente de Jesus na nossa vida que somos cristãos! Deixemo-nos saciar pelo Senhor e experimentaremos que “nem a morte, nem a vida, nem o presente nem o futuro, nem outra criatura qualquer, será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor!”

Caríssimos, a verdadeira Boa-Nova para o mundo atual é esta: o amor terno e próximo de Deus, manifestado em Jesus Cristo! Mas, atenção: somente poderemos ser testemunhas de tal amor se nós mesmos nos deixarmos tocar e envolver pela ternura do Cristo! Atendamos, portanto, ao seu convite de ir gratuitamente a ele, apesar de nossas pobrezas! Deixemos que ele nos alimenta e sacie de vida e de paz!

Não esqueçamos também que, sobretudo na Eucaristia essa vida, essa alimento, essa paz vêm a nós! Neste Ano Eucarístico, sintamo-nos convidados pela Igreja a recobrar nossa devoção e piedade eucarísticas. Primeiro pela participação consciente e piedosa da Santa Missa todos os domingos. Mas, também pela adoração ao Santíssimo Sacramento. Aí o Senhor Jesus nos espera para nos falar ao coração e encher-nos da sua paz. Estejamos atentos a alguns aspectos desse carinho pela presença eucarística de Cristo. Eis alguns pontos para nossa meditação: (1) como está minha participação na Missa? (2) Tenho consciência do que é a Missa? Compreendo que ela é o sacrifício de Cristo tornado presente no Altar para vida nossa e do mundo inteiro? (3) Tenho respeito pela presença de Cristo na Eucaristia? Quando entro na Igreja, dobro meu joelho ante o Santíssimo? Detenho-me em adoração ou fico conversando e disperso? (4) Tenho reservado alguns minutos durante a semana para uma visita ao Santíssimo Sacramento, para falar-lhe em espírito e verdade, como um amigo ao outro amigo?

Eis, meus caros! Procuramos vida e realização em tantas bobagens! A Vida, a Realização, é Jesus que se dá a nós no Altar e por nós espera no sacrário! Saibamos valorizar esse Dom tão grande: “Ó vós todos que estais com sede, vinda às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, cinde comprar sem dinheiro, e alimentai-vos bem, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga!’ Que o Senhor nos dê a graça de aceitar seu convite! Amém.

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