terça-feira, 15 de setembro de 2015

Homilética: 25º Domingo Comum - Ano B: "Quem é o maior?".


A liturgia do 25º Domingo do Comum convida os crentes a prescindir da “sabedoria do mundo” e a escolher a “sabedoria de Deus”. Só a “sabedoria de Deus” possibilitará ao homem o acesso à vida plena, à felicidade sem fim.

Jesus, sabendo que os discípulos “haviam discutido entre si qual deles seria o maior” (Mc 9,34), lhes dá uma lição de humildade: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35).

A humildade encontra-se nos fundamentos da vida interior, ou seja, ela está na raiz de outras virtudes. A humildade remove os obstáculos para que a pessoa receba as graças de Deus, já que “Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes” (Tg 4,6). A humildade e a fé formam um par maravilhoso: a primeira remove os obstáculos à graça, entre os quais o orgulho; a segunda estabelece o primeiro contato com Deus.

Na prática, humildade não é dizer que não se tem qualidades, quando na verdade se tem (isso seria hipocrisia); tampouco se trata de inventar qualidades que não possuímos (isso seria mentira e soberba). 

A hipocrisia é ridícula! Andar cabisbaixo, com a cabeça meio torta e negar virtudes que se tem são, no fundo, características de uma falsa humildade. O curioso é que tais pessoas poderiam dizer de si mesmas: “eu sou um pobre pecador, não valho nada, sou um orgulhoso. Que Deus tenha pena de mim!”. Mas, se alguém lhe diz: “você é um orgulhoso e um pobre pecador”, então elas se irritam ao extremo. Ou seja: outros não podem dizer aquilo que elas dizem sem acreditar. É preciso lutar também contra a sensibilidade doentia: “o que pensarão de mim?”, “o que dirão de mim?”, “será que eles gostaram?”, “magoaram-me!” Nós não precisamos desprezar-nos diante dos outros para mostrar que somos humildes, mas também não precisamos supervalorizar-nos internamente. É suficiente mostrar-nos como somos, isto é, com autenticidade e moderando a própria desordem interior. Quando se é inteligente, por exemplo, e alguém elogia isso em nós, podemos dizer simplesmente um “obrigado”. Também é importante que, aceitado o elogio, dirijamos, no silêncio do nosso coração, esse louvor ao Senhor: “para Deus toda a glória!”. Por outro lado, não vamos andar por aí divulgando as nossas virtudes, os nossos cargos e as nossas responsabilidades; poderiam ser manifestações de soberba. 

O que nos diz tudo isto? Recorda-nos que a lógica de Deus é sempre “outra” em relação à nossa, como o próprio Deus revelou pela boca do Profeta Isaías: “Os meus pensamentos não são os vossos, e o vosso modo de agir não é o meu” (Is 55, 8). Por isso, seguir o Senhor exige sempre do homem uma profunda conversão – de todos nós – uma mudança do modo de pensar e de viver, requer que abramos o coração à escuta, para nos deixarmos iluminar e transformar interiormente. Um ponto – chave em que Deus e o homem se diferenciam é o orgulho: em Deus não há orgulho, porque Ele é toda a plenitude e está totalmente propenso para amar e dar vida; em nós homens, ao contrário, o orgulho está intimamente arraigado e exige vigilância e purificação constantes. Nós, que somos pequeninos, aspiramos a parecer grandes, a ser os primeiros; enquanto Deus, que é realmente grande, não tem medo de se humilhar e de se fazer último.

Jesus não nega o desejo existente no coração humano de ser grande, de ser o primeiro. Dá, porém, a chave para consegui-lo. Trata-se de imitar o Filho do Homem no seu mistério pascal. Morrer e ressuscitar, entregando-se por amor. Para ser o primeiro devemos ser o último, aquele que serve a todos. E para servir a todos é preciso morrer a si mesmo, aos próprios interesses, aos critérios de poder e de grandeza humanos.

Servir a todos é acolher a uma criança pelo valor que nela existe, é empregar tempo no serviço àqueles que como uma criança no tempo de Cristo, e hoje, não têm importância, não podem dar recompensa, não têm meios de compensar as nossas ações feitas.

Quem entendeu realmente este ensinamento de Jesus Cristo, começa a ver as coisas de modo diferente. Não mais na visão meramente humana. Em vez de pensar em si mesmo, começa a ver a necessidade do próximo. É urgente que lutemos para superar nossas limitações humanas, que sejamos mais dedicados, pacientes, perseverantes, capazes de escolher umas coisas e desistir de outras.

E nós, o que fazemos para sermos melhores diante de Deus? Há diariamente combates no nosso coração. Cada qual luta na sua alma contra uma turma da pesada. Os inimigos são: soberba, vaidade, avareza, gula, sensualidade, preguiça. E todos temos defeitos e misérias, uns nisso, outros naquilo. O Apóstolo São Tiago ensina: “Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más” (Tg 3, 16). “De onde vêm as guerras entre vós? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós?” (Tg 4, 1).

Assim, como nos esforçamos para deixar a vida de Deus crescer em nós? Como lutamos contra as paixões, os defeitos, o pecado, o mau gênio? A luta será concreta se mantivermos os momentos diários de oração, sem nos deixarmos levar pelo gosto; em viver a caridade, corrigindo as formas duras do nosso mau caráter; em realizar bem o trabalho e oferecê-lo a Deus; em cuidarmos da nossa formação cristã; em cumprir com pontualidade o dever; em praticar a justiça. 

COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

Leituras: Sb 2, 17-20; Tg 3, 16- 4, 3; Mc 9, 29-36

Caros irmãos, o texto evangélico que a Igreja nos convida a refletir para este domingo nos mostra Jesus a caminho de Jerusalém.  Ao longo desse itinerário Jesus vai catequizando o seu grupo de discípulos, ensinando a eles os valores do Reino de Deus e mostrando, com gestos concretos, o projeto que o Senhor tem para toda a humanidade. Jesus começa anunciando mais uma vez aos seus discípulos o caminho pelo qual terá que passar: paixão, morte e ressurreição (cf. Mc 9, 30-31). Ao longo do texto observamos que fica evidenciado o forte contraste entre a mentalidade de Jesus e a mentalidade dos seus doze Apóstolos, que não compreendem as palavras do Mestre e rejeitam a ideia de que ele vá ao encontro da morte (cf. Mc 8, 32). Entretanto, discutem entre si sobre quem deve ser considerado “o maior” (cf. Mc 9, 34).

A catequese de Jesus é feita com paciência, ressaltando que: “Se alguém quiser ser o primeiro, há de ser o último de todos e o servo de todos” (Mc 9, 35). É esta a identidade do amor que se faz serviço até à entrega de si mesmo.  Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta aparentemente indiscreta: “Que discutíeis pelo caminho?” (Mc 9,33). Eles ficaram em silêncio porque, no caminho, tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior, quem era o mais importante. Sentiam vergonha de dizer a Jesus aquilo de que estavam a falar.

É esta uma das principais mensagens que Jesus quer nos deixar para este domingo, a partir de uma pergunta feita aos seus discípulos: “Que discutíeis pelo caminho?” (v. 33). A discussão, de fato, mostra uma certa indiferença dos discípulos com relação ao caminho de Jesus, que é o caminho da dor, do sofrimento, da cruz.  É este o caminho pelo qual eles também estão chamados a ir.

Jesus é simples na sua resposta: “Se alguém quiser ser o primeiro, ou seja, o mais importante, há de ser o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). Quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros. E este é o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem seria selecionado como o privilegiado.

O convite ao serviço apresenta uma peculiaridade a que devemos estar atentos. Servir significa, em grande parte, cuidar da fragilidade. Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo.  Todos somos convidados, encorajados por Jesus a cuidar uns dos outros por amor.

Os discípulos de Jesus estavam imbuídos deste sentimento de honra e glória, uma vez que se aproximava o triunfo do Messias e iam ser distribuídos os postos-chave na cadeia de poder do reino messiânico, por esta razão, convinha ter o quadro hierárquico claro. Apesar de Jesus ter dito pouco antes sobre seu caminho de cruz, os discípulos recusavam-se a abandonar os seus próprios sonhos materiais e humanos.  Esta preocupação dos discípulos de Jesus afeta a essência da proposta apresentada pelo próprio Cristo. Na comunidade de Jesus, só é grande aquele que é capaz de servir e de oferecer a vida aos seus irmãos (v. 35). Dessa forma, Jesus exclui qualquer pretensão de poder, de domínio, de grandeza, segundo a lógica do mundo, pois sabe que isto contradiz a proposta de Deus.

Mas Jesus diz: “Se alguém quer ser o primeiro…”.  Portanto, é ilícito querer sê-lo! O que Jesus muda radicalmente é o motivo desse desejo e, portanto, também o modo de realizá-lo: “Seja o último de todos e o servo de todos” (v. 35). Os homens querem ser os primeiros: é um desejo inato, primordial: não é nem sequer um mau desejo; no fundo, coincide com o desejo de ser, de valorizar a própria existência, de subir mais alto.  Isso, em todos os campos. Mas é preciso que junto a isto esteja a disposição em servir o outro.  Por isso, seguir o Senhor exige sempre do homem uma profunda conversão, uma mudança do modo de pensar e de viver, requer que abramos o coração à escuta, para nos deixarmos iluminar e transformar interiormente.

Jesus foi o primeiro a nos dar um exemplo: “Eu estou no meio de vós, como aquele que serve” (Lc 22,27).  Ele também disse: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos” (Mc 10,45). E ele, que era Deus, isto é, o primeiro, fez-se servo, isto é, o último (cf. Fl 2,6-7).  E depois de lavar humildemente os pés de seus apóstolos, disse-lhes: “Eu vos dei o exemplo, para que, assim como eu fiz, vós também façais” (Jo 13,15).

Aos olhos de Deus é realmente o primeiro aquele que se dispõe a estar a serviço de todos.  Não se trata de um servir com segundas intenções ou até visando uma promoção.  Deus considera o primeiro aquele que em seu interior, com toda a sinceridade, assume uma posição de disponibilidade em relação aos demais.  Os postos mais importantes não devem ser um meio de alcançar poder ou domínio sobre os demais, mas sim, um meio de servir a todos.

Jesus completa a instrução aos discípulos com um gesto… Toma uma criança, coloca-a no meio do grupo, abraça-a e convida os discípulos a acolherem as “crianças”, pois quem acolhe uma criança acolhe o próprio Jesus e acolhe o Pai (v. 36-37).  Em certa ocasião, quando foram apresentadas a Jesus algumas crianças, os discípulos as repreenderam, mas Jesus, ao contrário, fez com que elas permanecessem com ele e afirmou que só quem é como elas pode entrar no Reino de Deus (cf. Mc 10,13-16).

Na sociedade palestina de então, as crianças eram seres sem direitos e não eram contadas, a partir do ponto de vista legal.  Por sua insignificância social, elas eram equiparadas aos pequenos, sendo, portanto, um símbolo dos débeis, dos sem direitos, dos pobres, dos indefesos, dos insignificantes, dos marginalizados. São esses, precisamente, que a comunidade de Jesus deve abraçar.

No contexto da conversa que Jesus mantém com os discípulos, o gesto de Cristo significa o seguinte: o discípulo de Jesus é grande, não quando tem poder ou autoridade sobre os outros, mas quando ama, quando serve os pequenos, aqueles que o mundo rejeita e abandona. No pequeno que se acolhe, é o próprio Jesus que se torna presente. Por isto, ele também disse: “Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no reino dos céus” (Mt 18,4).  Daí compreendemos que se chega ao reino pela humildade e pela simplicidade.

Quem quiser preceder o irmão no reino de Deus, deve precedê-lo primeiro no serviço, na honra, como nos exorta também o apóstolo São Paulo: “Rivalizai-vos mutuamente na estima” (Rm 12,10).  Esta deve ser a ideia central do cristianismo: retribuir com amor a quem nos ama e com paciência a quem nos ofende.

Na nossa sociedade, os primeiros são os que têm dinheiro, os que têm poder, os que frequentam as festas importantes, os que se vestem segundo as exigências da moda, os que têm sucesso profissional.  Mas, para Jesus, “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). Na comunidade dos cristãos, a única grandeza é a grandeza de quem, com humildade e simplicidade, faz da própria vida um serviço aos outros. Jesus não se identifica com os grandes, mas com os pequenos.

PARA REFLETIR

No domingo passado – deveis recordar – Jesus anunciou aos seus discípulos que ele era um Messias não de glória, mas de humildade e serviço até à morte de cruz. Ao final, triunfaria pela ressurreição. Pedro havia se escandalizado com tais palavras. Hoje, Jesus continua sua pregação. Ele ensinava a sós a seus discípulos: “’O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens e eles o matarão. Mas, três dias após, ele ressuscitará’. Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar”.

Vede, caríssimos, é a mesma atitude da semana passada. O ensinamento do Senhor tem como seu centro o Reino de Deus que viria pela sua cruz e ressurreição. Entrar no Reino é tomar com Jesus a cruz e com ele chegar à glória! Estejamos atentos: este não é apenas mais um dos muitos ensinamentos de Cristo; este é o ensinamento por excelência, a mensagem central que o Senhor veio nos revelar e mostrar com sua palavra, suas atitudes e sua própria vida. Repito: eis o que Jesus ensina: que o caminho do Reino passa pela cruz, passa pela morte e chega à plenitude da vida na ressurreição. Observai que ele ensina isso de modo insistente e prepara particularmente os discípulos para esse caminho… E, no entanto, os discípulos não compreendem a linguagem de Jesus, não compreendem sua missão, seu caminho! Esperavam um messias glorioso, cheio de poder, que resolvesse todos os problemas e reafirmasse orgulhosamente a glória terrena de Israel… Um messias na linha da teologia da prosperidade do Edir Macedo e do RR Soares. Nada mais distante de Cristo que esse tipo de coisa! Observai que, enquanto Jesus caminha adiante ensinando isso, os discípulos, seguindo-o com os pés, próximos fisicamente, estão com o coração muito longe do Senhor. No caminho, vão discutindo sobre quem deles era o maior! Jesus fala da humilhação e do serviço até à cruz; seus discípulos, nós, falamos de quem é o primeiro, o maior… Que perigo, caríssimos, pensarmos que somos cristãos, que seguimos Jesus, e estarmos com o coração bem longe do Mestre amado!

Temos nós essa tentação também? Certamente! A linguagem da cruz continua difícil, dura, inaceitável para nós. É claro que não teoricamente: persignamos-nos com a cruz, beijamos a cruz, trazemo-la pendurada ao pescoço, veneramos a cruz… Mas, o caminho da cruz se faz na vida, não na teoria! Essa cruz de Cristo está presente nas dificuldades, no convite à renúncia de nossa vontade para fazer a vontade do Senhor, na aceitação dos caminhos de Deus, na doença e na morte, nas perdas que a vida nos apresenta, nos momentos de escuridão, de silêncio do coração e de aparente ausência de Deus… Todas essas coisas nos põem à prova, como o justo provado da primeira leitura deste hoje. É a vida, são os acontecimentos, são os outros que nos provam: “Armemos ciladas aos justos… Vamos pô-lo à prova para ver sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. Jesus passou por esse caminho, fez essa experiência em total obediência à vontade do Pai. E nos convida a segui-lo no hoje, no aqui da nossa vida. Nossa tentação é a dos primeiros discípulos: um cristianismo fácil, de acordo com a mentalidade do mundo atual; um cristianismo a baixo preço – isso: que não custe o preço da cruz! Se assim for, como estaremos longe de Jesus, como não o conheceremos! Ele nos dirá: “Apartai-vos de mim! Não vos conheço!” (Mt 7,23).

Caros irmãos, ouvindo isso, talvez digamos: mas, como suportar a dureza da cruz? Como amá-la? Não é possível! É que ninguém pode amar a cruz pela própria cruz, caríssimos. Cristo amou sua cruz e a abraçou por amor total e absoluto ao Pai, por fidelidade ao Pai. Nós, também, somente poderemos compreender a linguagem da cruz e somente não nos escandalizaremos com ela se for por um amor apaixonado pelo Senhor Jesus, para segui-lo em seu caminho, para estarmos em união com ele. Eis, portanto: é o amor ao Senhor que torna a cruz aceitável e até desejável! Sem o amor ao Senhor, a cruz é destrutiva, é louca, e desumana! Com Jesus e por causa de Jesus, a cruz é árvore bendita de libertação e de vida. É o amor a Jesus que torna doce o que é amargo neste vida!

O problema é que precisamos redescobrir a experiência tão bela e doce de amar Jesus. Não se pode ser cristão sem paixão pelo Senhor, sem um amor sincero entranhado para com ele! Como se consegue isso? Estando com ele na oração, aprendendo a contemplá-lo no Evangelho, alimentando durante o dia, dia todo, sua lembrança bendita, procurando a sua graça nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, lutando pacientemente para vencer os vícios e colocar a vida, os sentimentos, os instintos e a vontade em sintonia com a vontade do Senhor Jesus… Sem esses exercícios não há amor, sem amor não há como compreender a linguagem da cruz e sem tomar a cruz com e por Jesus não há a mínima possibilidade de ser cristão! Quando vier a crise, largaremos tudo, trairemos o Senhor e terminaremos por fazer do nosso jeito, salvando a pele e fugiremos covardemente da cruz…

Então – pode ser que perguntemos – por que o Senhor quer nos fazer passar pela cruz? Por que escolheu e determinou um caminho tão difícil? Eis a resposta: porque somos egoístas, imaturos, quebrados interiormente! O pecado nos desfigurou profundamente! São Tiago traça um perfil muito realista e muito feio da nossa realidade: guerras interiores, paixões, disputas, auto-afirmação doentia, desordens e toda espécie de obras más… Quem tiver a coragem de entrar em si mesmo, quem for maduro para se olhar de frente verá em si todas essas tendências. Quantas vontades, quantas guerras interiores! Ora, isso tudo nos fecha para Deus, nos joga na idolatria do ter, do poder, do prazer, da auto-suficiência de pensar que somos deuses… É a cruz do Senhor quem nos purifica, nos corrige e nos liberta de verdade. Não há outro modo, não há outro caminho. Somente sentimentos, risos, cantorias e boa vontade não nos construiriam, não nos colocariam de verdade em comunhão com o Senhor no seu caminho. O mistério do pecado é sério demais, profundo demais para ser tratado com leviandade… “Quem quiser seu meu discípulo tome a sua cruz e siga-me” – diz o Senhor!

Caríssimos, tenhamos coragem! Na docilidade ao Espírito Santo que o Senhor nos concedeu, teremos tal união com o Senhor Jesus, que tudo poderemos e suportaremos. Foi esse o caminho dos santos de Deus de todos os tempos; é esse o caminho que agora nos cabe caminhar… Que o Senhor no-lo conceda por sua graça, ele que é Deus com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.

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