domingo, 25 de dezembro de 2016

Um Menino nos foi dado


“Um Menino nasceu para nós: um Filho nos foi dado! O poder repousa nos Seus ombros. Ele será chamado ‘Mensageiro do Conselho de Deus’” (Is 9,6).

Na noite de ontem, na madrugada deste hoje, contemplamos como Igreja um mistério inaudito: um Menino nos nasceu, pobre e frágil de uma Virgem Mãe! Quantos vieram ao Sacrifício eucarístico foram inundados pela paz desse Menino, descido do Céu no meio da escuridão deste mundo. Agora, passada a noite, vencida a aurora, com o sol já alto, aproximemo-nos, inclinemo-nos para ver melhor: Quem é Aquele que repousa nos braços da Virgem Maria?

Ele é o prometido aos nossos pais, Ele é o anunciado pelos profetas, Ele é o esperado por Israel: “Muitas vezes e de muitos modos falou Deus outrora aos nossos pais, pelos profetas; nestes dias, que são os últimos, Ele nos falou por meio do Filho, a Quem constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo”.

Atenção! Este Menino não é simplesmente humano, não é uma pessoa qualquer: por Ele o Pai criou o universo! Escutai: “Ele é o esplendor da glória do Pai, a expressão do Seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de Sua palavra. Ele sentou-Se à direita da majestade divina, nas alturas”. Só a Ele o Pai diz: “Tu és o Meu Filho, Eu hoje Te gerei!”

Caríssimos, Ele, esse Menino, não é um mensageiro de Deus, não é um portador qualquer: Ele é a própria mensagem de Deus para nós, Ele é a própria Palavra de Deus; aquela pela qual o Pai criou tudo! Escutai, pasmos de admiração: No princípio era o Verbo, a Palavra, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. No princípio estava com Deus. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele nada se fez de tudo que foi feito”. Compreendei, sem sombra de dúvidas, sem rastro de hesitação: esse Menino é Deus! Esse Verbo, essa Palavra, esse Filho, esse Menino é a fonte de toda a vida do mundo, é a fonte da nossa vida e o único que pode saciar o nosso coração. Ouvi ainda: é sobre o Verbo! “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens!” Ele, o Verbo, a Palavra, veio para nos iluminar, veio assumir a nossa vida humana para nos encher da Sua Vida divina; Ele tomou o que é nosso – fraqueza, mortalidade, fragilidade – para dar-nos o que é Seu – força, imortalidade, vigor! Ele veio para encher a nossa vida de graça e de verdade, num mundo que nos ameaça com tantas desgraças e com uma vida ilusória e mentirosa...

Pois, que sejas bem-vindo, Santo Menino! Que sejas sempre em nós, ó Santo Emanuel, Deus-conosco! Pensando em Ti, repetimos com unção as palavras de Santo Isaías profeta: “Como são belos andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião, diz à Igreja: ‘Reina o teu Deus’! O Senhor desnudou Seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus”. 

Mensagem de Natal 2016 da CNBB


MENSAGEM DE NATAL

Ele está no meio de nós!

Em Belém quanta delicadeza, singeleza, nobreza, humildade: a proximidade de Deus! “A Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós” (Papa Bento XVI). 

A criança que dorme tranquilamente é a fala mais eloquente de Deus entre nós. É o sinal que o “Senhor visitou o seu povo e o libertou”. 

“Nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho” (Is 9,5). Deus no meio de nós como nosso filho! Envolvo nas faixas de nossa fragilidade e humanidade concede-nos a dignidade de filhos e filhas. Nele somos filhos no Filho. 

O Natal é a celebração do encontro entre o céu e a terra, a nossa humanidade e a divindade: Deus como nós, um de nós; Emanuel, Deus conosco! O encontro dos nossos olhos e do nosso coração com a Criança reclinada na manjedoura desperta uma profunda gratidão e admiração: Deus no nosso meio!  

Papa reza pela paz: "é tempo que as armas se calem definitivamente".


MENSAGEM URBI ET ORBI
DO PAPA FRANCISCO

NATAL DE 2016
Balcão Central da Basílica Vaticana
Domingo, 25 de dezembro de 2016


Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

Hoje, a Igreja revive a maravilha sentida pela Virgem Maria, São José e os pastores de Belém ao contemplarem o Menino que nasceu e jaz numa manjedoura: Jesus, o Salvador.

Neste dia cheio de luz, ressoa o anúncio profético:

«Um menino nasceu para nós,
um filho nos foi dado;
tem a soberania sobre os seus ombros
e o seu nome é:
Conselheiro-Admirável, Deus herói,
Pai-Eterno, Príncipe da Paz» (Is 9, 5).

O poder deste Menino, Filho de Deus e de Maria, não é o poder deste mundo, baseado na força e na riqueza; é o poder do amor. É o poder que criou o céu e a terra, que dá vida a toda a criatura: aos minerais, às plantas, aos animais; é a força que atrai o homem e a mulher e faz deles uma só carne, uma só existência; é o poder que regenera a vida, que perdoa as culpas, reconcilia os inimigos, transforma o mal em bem. É o poder de Deus. Este poder do amor levou Jesus Cristo a despojar-Se da sua glória e fazer-Se homem; e levá-Lo-á a dar a vida na cruz e ressurgir dentre os mortos. É o poder do serviço, que estabelece no mundo o reino de Deus, reino de justiça e paz.

Por isso, o nascimento de Jesus é acompanhado pelo canto dos anjos que anunciam:

«Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens do seu agrado» (Lc 2, 14).

Hoje este anúncio percorre a terra inteira e quer chegar a todos os povos, especialmente aos povos que vivem atribulados pela guerra e duros conflitos e sentem mais intensamente o desejo da paz.

Paz aos homens e mulheres na martirizada Síria, onde já demasiado sangue foi versado. Sobretudo na cidade de Alepo, cenário nas últimas semanas de uma das batalhas mais atrozes, é tão urgente que, respeitando o direito humanitário, se assegurem assistência e conforto à população civil exausta, que se encontra ainda numa situação desesperada e de grande tribulação e miséria. É tempo que as armas se calem definitivamente, e a comunidade internacional se empenhe ativamente para se alcançar uma solução negociada e restabelecer a convivência civil no país.

Paz às mulheres e homens da amada Terra Santa, eleita e predileta de Deus. Israelitas e palestinenses tenham a coragem e a determinação de escrever uma página nova da história, onde o ódio e a vingança cedam o lugar à vontade de construir, juntos, um futuro de mútua compreensão e harmonia. Possam reencontrar unidade e concórdia o Iraque, a Líbia e o Iémen, onde as populações padecem a guerra e brutais ações terroristas.
Paz aos homens e mulheres em várias regiões da África, particularmente na Nigéria, onde o terrorismo fundamentalista usa mesmo as crianças para perpetrar horror e morte. Paz no Sudão do Sul e na República Democrática do Congo, para que sejam sanadas as divisões e todas as pessoas de boa vontade se esforcem por embocar um caminho de desenvolvimento e partilha, preferindo a cultura do diálogo à lógica do conflito.

Paz às mulheres e homens que sofrem ainda as consequências do conflito no leste da Ucrânia, onde urge uma vontade comum de levar alívio à população e implementar os compromissos assumidos.

Concórdia, invocamos para o querido povo colombiano, que anela realizar um novo e corajoso caminho de diálogo e reconciliação. Tal coragem anime também a amada Venezuela a empreender os passos necessários para pôr fim às tensões atuais e edificar, juntos, um futuro de esperança para toda a população.

Paz para todos aqueles que, em diferentes áreas, suportam sofrimentos devido a perigos constantes e injustiças persistentes. Possa o Myanmar consolidar os esforços por favorecer a convivência pacífica e, com a ajuda da comunidade internacional, prestar a necessária proteção e assistência humanitária a quantos, delas, têm grave e urgente necessidade. Possa a Península Coreana ver as tensões que a atravessam superadas num renovado espírito de colaboração.

Paz para quem foi ferido ou perdeu uma pessoa querida por causa de brutais atos de terrorismo, que semearam pavor e morte no coração de muitos países e cidades. Paz – não em palavras, mas real e concreta – aos nossos irmãos e irmãs abandonados e excluídos, àqueles que padecem a fome e a quantos são vítimas de violência. Paz aos deslocados, aos migrantes e aos refugiados, a todos aqueles hoje são objeto do tráfico de pessoas. Paz aos povos que sofrem por causa das ambições econômicos de poucos e da avidez insaciável do deus-dinheiro que leva à escravidão. Paz a quem suporta dificuldades sociais e econômicas e a quem padece as consequências dos terremotos ou doutras catástrofes naturais.

E paz às crianças, neste dia especial em que Deus Se faz criança, sobretudo às privadas das alegrias da infância por causa da fome, das guerras e do egoísmo dos adultos.

Paz na terra a todas as pessoas de boa vontade, que trabalham diariamente, com discrição e paciência, em família e na sociedade para construir um mundo mais humano e mais justo, sustentadas pela convicção de que só há possibilidade dum futuro mais próspero para todos com a paz.

Queridos irmãos e irmãs!

«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado»: é o «Príncipe da Paz». Acolhamo-Lo!

***
[depois da Bênção] 

Em clima de Natal, revista Superinteressante debocha da fé católica e publica falsa matéria contra a Mãe de Deus


A Revista Superinteressante mantém seu costume de desinformar a juventude brasileira. Mas desta vez (não é a primeira) atacando a fé de milhões de brasileiros, os católicos e cristãos comprometidos com a verdade, ao caluniar a vida daquela que gerou Deus no tempo, a Santíssima Virgem Maria.

“Era mais rica e independente do que reza o mito. Teve pelo menos sete filhos. E dois deles se tornaram líderes religiosos. Conheça a figura humana por trás da mãe de Deus”, diz a capa da revista Superinteressante da editora Abril na edição de janeiro/2017 cuja capa é intitulada de “A verdadeira Maria”.

O padre Augusto Bezerra, publicou um comentário criticando tamanha blasfêmia sobre a Mãe de Deus:

“A revista "Superinteressante" quer abrir concorrência com os evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João. Depois de 2 mil anos querem editar um novo apócrifo. Queridos editores do artigo sobre a pessoa de Maria, vocês querem ser interessantes. Na verdade, tudo é muito desinteressante ao saber que são apenas mais uns sensacionalistas mentirosos que querem competir atenções com a Mãe da Humanidade, a Igreja. Muitos já tentaram. Não são os primeiros que caíram na lista do desinteresse. A Igreja porém permanece super interessante porque é um mistério do Espírito inalcançável pelos orgulhosos”, disse o sacerdote no facebook.

O arcebispo da Arquidiocese de Sorocaba, dom Eduardo Benes de Sales, também criticou a matéria da revista:

Como cristão e católico, e cidadão brasileiro, repudio a reportagem de capa levada a público nesta véspera de #Natal, pela Revista SuperInteressante, na qual se ofende claramente a fé cristã e católica em #Maria, Mãe de #Jesus, pela difusão de teorias aberrantes e sem fundamento historiográfico, disse. 

Os refugiados de Belém


Caros amigos,

Ouvi algumas canções natalinas enquanto escrevia esta mensagem, ao lado de uma bela árvore repleta de piscantes luzes coloridas. Estrondos me fizeram dar um salto da cadeira. As luzes se transformaram em explosões. Gritos apavorados. Choros estridentes.

Apaguei os primeiros parágrafos. E meus olhos deixaram de perseguir São Bonifácio e São Nicolau e fitaram uma cidade castigada pela guerra: Aleppo. Milhares de mortos em cinco anos. Milhares de refugiados. Crianças órfãs e assustadas. A imagem de um garoto resgatado dos escombros atravessou o mundo e tocou milhões de corações. O que o pequeno Omran, de cinco anos, e seus conterrâneos refugiados têm a ver com o Natal?

Nesta semana, nossos olhos se voltam para a manjedoura. Há mais de dois mil anos, contemplando o recém-nascido, José e Maria não imaginavam que o nascimento improvisado em um estábulo – talvez uma gruta –, no meio de uma viagem tumultuada, era o começo de uma jornada mais árdua e longa. Pouco depois, precisariam fugir da perseguição atroz de um rei tão sanguinário que nem piscaria os olhos para ordenar o massacre de bebês. E se refugiariam em um país seguro naquela época: o Egito. Não há registros da passagem da Sagrada Família por lá. Mas, certamente, esses humildes refugiados foram bem acolhidos.

Não importa a época, os episódios da vida de Cristo carregam uma mensagem sempre atual. Como comentei em textos natalinos anteriores, não basta olharmos para o presépio e festejarmos o Natal com nossas famílias. É preciso buscar Cristo além. Neste momento, consigo vê-lo em Aleppo e em inúmeros campos de refugiados, fugindo da perseguição atroz e vergonhosa de líderes inescrupulosos. A mensagem é bastante clara. Sim, ela é tão óbvia que me poupa algumas linhas. 

Reconhece, ó cristão, a tua dignidade


Hoje, caríssimos irmãos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida, uma vida que destrói o temor da morte e nos infunde a alegria da eternidade prometida. 

Ninguém é excluído desta felicidade, porque é comum a todos os homens a causa desta alegria: Nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio para nos libertar a todos. Alegre-se o santo, porque se aproxima a vitória; alegre-se o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; anime-se o gentio, porque é chamado para a vida. 

Ao chegar a plenitude dos tempos, segundo os insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do gênero humano para a reconciliar com o seu Criador, de maneira que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que ele tinha vencido. 

Por isso, quando nasce o Senhor, os Anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens por Ele amados. Eles vêem, com efeito, como se levanta a Jerusalém celeste, formada pelos povos de toda a terra. Perante esta obra inefável da misericórdia divina, como não há-de alegrar-se o mundo humilde dos homens, se ela provoca tão grande júbilo nos coros sublimes dos Anjos?

Caríssimos irmãos, demos graças a Deus Pai, por meio de seu Filho, no Espírito Santo, porque na sua infinita misericórdia nos amou e teve piedade de nós: estando nós mortos pelo pecado, fez-nos viver com Cristo, para que fôssemos n’Ele uma nova criatura, uma nova obra das suas mãos. 

Deponhamos, portanto, o homem velho com suas más ações e, já que fomos admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne. 

Reconhece, ó cristão, a tua dignidade. Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias com um comportamento indigno da tua geração. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Não esqueças que foste libertado do poder das trevas e transferido para a luz do reino de Deus. 

Pelo sacramento do Batismo, foste transformado em templo do Espírito Santo. Não queiras expulsar com as tuas más ações tão digno hóspede, nem voltar a submeter-te à escravidão do demônio. O preço do teu resgate é o Sangue de Cristo.


Dos Sermões de São Leão Magno, papa 
(Sermo 1 in Nativitate Domini, 1-3: PL 54, 190-193) (Sec. V)

GO: Dom Messias responde às críticas ao decreto que proíbe o uso de véus e correntes na Diocese de Uruaçu


RESPOSTA DE DOM MESSIAS REIS SILVEIRA
SOBRE AS CRITICAS AO SEU DECRETO

Com consciência e responsabilidade de pastor emiti o Decreto sobre a devoção e consagração a Nossa Senhora. O mesmo foi publicado no Portal de nossa Diocese de Uruaçu. Não quero me defender, mas apenas esclarecer. Até mesmo porque Jesus disse que a defesa vem pelo nosso Mestre interior (Lc 12,12), quando for necessária.

Nosso Padroeiro Diocesano é o Imaculado Coração de Maria. Temos dois Santuários Marianos na Diocese. O de Muquém acolhe 400 mil pessoas durante a Romaria acontecida em agosto. Temos várias paróquias dedicadas à Nossa Senhora na Diocese. O Coracäo Desta Diocese é Mariano e o meu também. A reza do terço e devoção Mariana é sempre incentivada.

As repercussões me deram a certeza que realmente o Decreto era necessário. Está claro que não se trata de ir contra a devoção e consagração à Nossa Senhora, que me acompanham desde a infância. No Batismo fui consagrado à Virgem Maria e essa consagração renovo diariamente. Cresci ouvindo pela Rádio Aparecida a Consagração à Nossa Senhora. Sempre às 15:00 estava rezando com o padre para me entregar à Virgem Mãe. A oração do terço me acompanha desde a infância.

O Decreto é para evitar grupos sectários que não caminham na comunhão. O que não é uma realidade ainda entre nós, mas que existem em outros lugares. Como alguns grupos estão surgindo, na diocese, é meu dever dar as indicações especialmente para salvar a comunhão eclesial evitando o espírito diabólico como percebemos existir, nos comentários feitos. Existem pessoas desses grupos que não aceitam o Papa e nem a Cnbb, símbolo da comunhão do episcopado. A comunhão é um projeto a ser abraçado. O Decreto é uma medida preventiva, para que não nos desviemos da meta. É preciso acolhê-lo desarmado para compreender sua mensagem. O perigo é termos uma aparência e carregarmos armas internas para usá-las quando quisermos, como percebemos na guerra acontecida ontem. Existe muita gente armada. Isso não é cristão. Verifiquei muitos comentários maldosos revelando que há uma mentalidade diabólica (que divide) em muitos dos consagrados. O Decreto é para evitar que essa mentalidade sectária cresça no meio deste povo de nossa diocese que tanto amo e que muito ama a Igreja. O acompanhamento é necessário e também a correção. Essa é minha missão. O Decreto se refere apenas à pessoas à mim confiadas. É somente para a nossa diocese. Muitos comentários vieram de pessoas de fora, o que demonstra incompreensão do significado de Igreja particular que caminha na unidade com seu pastor. Nenhum Bispo interfere em outra diocese. Existem corações aparentemente bons, mas quando questionados revelam grandes neuroses interiores. Revelam o que realmente está dentro deles. As reações me deixaram em paz. Era realmente necessário fazer o decreto.

Véu é uma questão pessoal, mas quando se trata de grupos usando é preciso orientar, como também é meu dever orientar outros grupos de pastorais e movimentos.

Conheço senhoras piedosas que usam o véu. Minha mãe mesmo usava. 
Corrente é o que indica o termo do Decreto. Não se trata de correntinha, terços de pulso, ou pequenas pulseiras com medalhinhas, tão comum hoje em dia. Trata-se de correntes de aço com cadeados, usados por grupos. Sei de pessoas na diocese que usa esse aparato, mas é uma opção pessoal, não imposta por grupos. Quando se trata de grupos com tendências sectárias que passam usar cabe a mim como pastor, orientar. Certamente se fossemos perguntar a São Luíz, ele também nos indicaria o caminho da comunhão.

Judeus celebram o Hanukkah, a Festa das Luzes


Enquanto os cristãos celebram neste domingo (25/12) o nascimento de Jesus, os Judeus do mundo inteiro celebram, de 25 a 31, o Hanukkah, em hebraico “Festa das luzes”.

Esta festa assinala a libertação, a purificação do Templo de Jerusalém e a revolta contra os selêucidas, liderada por Matatias Macabeu e seus cinco filhos, segundo o Antigo Testamento.

A revolta teria começado devido a uma deterioração das relações entre os judeus e os selêucidas, de cultura helênica, que ocupavam o território no II século antes de Cristo.

Degeneração

No início, os exércitos ocupantes eram bem recebidos em Jerusalém por garantirem aos judeus o respeito do seu culto e a isenção de impostos para os sacerdotes e para o Templo.
Durante o reinado de Antíoco IV, porém, a situação se degenerou. As práticas religiosas judaicas foram proibidas e o Templo profanado. Por fim, foi emanada uma ordem para que os judeus oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos dos selêucidas.

O sacerdote Matatias se recusou a cumprir esta ordem. Por isso, outro judeu aproximou-se do altar e ofereceu o sacrifício em seu lugar. Matatias aproximou-se do homem e o matou, fugindo, em seguida, com seus filhos e seguidores e armando uma guerrilha contra os selêucidas e judeus colaboracionistas, que terminou com a libertação de Israel.

Raiz da revolta

Uma descoberta arqueológica deu mais credibilidade a esta história bíblica: percebeu-se que três fragmentos de pedra, descobertas em períodos diferentes, faziam parte da mesma tábua; a composição dos fragmentos resultou em um decreto real, que nomeava um cobrador de impostos para as províncias de Israel para recolher o dinheiro dos templos.

Esta decisão do rei Selêuco IV reflete uma alteração radical nas relações entre os ocupantes e os judeus, que teria causado muito mal-estar entre eles e explicaria a degeneração da situação pacífica da região, a ponto de desencadear a revolta dos Macabeus.

Poucos anos depois do decreto, Antíoco IV subiu ao trono, radicalizando a hostilidade e transformando o Templo num santuário a Zeus, um deus grego. 

Deus se fez pequeno e próximo


O anúncio do nascimento de Jesus, que os pastores recebem, revela a grandeza e, ao mesmo tempo, a simplicidade do maior acontecimento da história, que devem encontrar a partir de um “sinal” (cf. Lc 2,11): “Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura.” (Lc 2,12). Todo o esplendor do Natal se resume no fato que Deus se fez pequeno e próximo. Naquele tempo, como hoje, passa quase despercebido aos olhos humanos e segundo a lógica das notícias relevantes. “E não havia lugar para eles na sala” (Lc2,7). Perdidos entre tantas ocupações e preocupações “veio para o que era seu e os seus não o receberam” (Jo 1,11). Haverá lugar para uma manjedoura, com uma pequena imagem do Menino Jesus, nos ambientes e vidas saturadas pelo Papai Noel? 

Fez-se pequeno. “A Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós” (Bento XVI). Este menino tão normal e frágil é o Emanuel, o Deus-conosco. O anúncio aos pastores diz: “nasceu-vos hoje o Salvador, que é o Messias, o Senhor.” (Lc 2,11). Ninguém o teria imaginado assim. Fugiu a todas as expectativas da chegada do Messias. Foi prometido por Deus, anunciado pelos profetas e esperado com ânsia por todos, sobretudo por Maria, sua Mãe. Tão pequeno, tão frágil, totalmente sujeito aos cuidados de Maria e José. Como haverá de apresentar-se ao mundo como Messias? Desde seu nascimento aprendemos que a onipotência  de Deus se manifesta na sua misericórdia. Deus assume um rosto humano. Ele pode ser visto, ser tocado. Comunica-se conosco com palavras humanas. Sem deixar de ser Deus, faz-se um de nós e vive como nós. Prova a alegria e o sofrimento. Isto tudo porque Deus é unicamente movido pelo amor, qual Bom Pastor que se inclina sobre a humanidade ferida.  Então, não cremos num Deus distante e indiferente, nem somente em belas teorias, mas no “Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Sua vida e seu jeito de ser é o evangelho para a humanidade, que fixa o olhar nele para buscar sentido para viver.  São Paulo dirá que “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.” (Fl 2, 6). O Natal nos ajude a nos esvaziarmos de nossas pretensões de grandeza e poder. Esvazie o orgulho que incha, fere e afasta. Esvazie nossa ânsia de “consumistas desenfreados” (Papa Francisco). Ao contemplar o nascimento de Jesus, dizia Santa Terezinha: “Não posso temer um Deus que se fez tão pequeno por mim. [...] Eu o amo!” 

Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo


Hoje é um dia especial, onde toda a Igreja celebra o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Acompanhemos o testemunho da Palavra de Deus a respeito deste acontecimento que transformou a história da humanidade:

“…José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: ‘Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor’.” (Lc 2,4-11).

Por isso hoje celebramos a eterna solidariedade do Pai das Misericórdias que, no seu plano de amor, quis o nascimento de Jesus, que é o verdadeiro Sol, a Luz do mundo. Este não é um dia de medo e nem de desespero, é dia de confiança e de esperança, pois Deus veio habitar no meio de nós, e assim encher-nos da certeza de que é possível um mundo novo. Solidário conosco, Ele nos quer solidários neste dia de Glória que refulge ao redor de cada um de nós!

Sendo assim, tudo neste dia só tem sentido se apontar para o grande aniversariante deste dia: o Menino Deus! Presépios, árvores, enfeites, banquetes e os presentes natalícios representam os presentes que os Reis Magos levaram até Jesus, mas não são estes símbolos a essência do Natal. O importante, o essencial, é que Cristo realmente nasça em nossos corações de uma maneira nova, renovadora, e que a partir daí, possamos sempre caminhar na sua luz solidária deste Deus Único e Verdadeiro, que nos quer também solidários uns com os outros!

Vivamos com muita alegria este dia solidário, que o Senhor fez para nós! Um Santo Natal para você e para a sua família!


Menino Santo, que vieste ao mundo para nos salvar,estamos reunidos para agradecer o dom e a graça de sermos família.Em torno desta mesa queremos que nossa vida seja partilha.

Neste ano que passou, procuramos viver a harmonia e a concórdia, mas nem sempre conseguimos, confessamos que somos limitados,que temos nossos pecados.

Hoje, queremos celebrar o perdão, sabemos que a vida é muito curta, não queremos perder tempo cultivando as intrigas e as inimizades. Por isso, perdoamos a todos os que nos ofenderam e suplicamos o perdão de todos a quem ofendemos.

Menino Deus, pedimos também por todos os que não estão aqui hoje, nossos amigos e parentes, inclusive por aqueles que partiram para nunca mais voltar, que sejam todos abençoados.

Expulsa deste lar e de nossas vidas, tudo aquilo que não provém de ti.Purifica nossas almas para que esta festividade nos transforme em criaturas melhores.E que sempre, em toda circunstância, saibamos reconhecer tua divindade e poder. Que nossa família jamais se afaste de ti.

Louvamos e rendemos graças por cada um aqui presente,Suas histórias e conquistas.Senhor, nos propomos construir uma história de amor verdadeira entre nós.

Que no ano que se aproxima possamos todos viver em unidade, sem divisões.Nossa família, Senhor, quer que tua santa vontade se realize em cada um de nós. Queremos nos consagrar a teu serviço.

Bem-vindo à nossa casa, Santo menino, nasce aqui e agora, Faz de nós o teu presépio. Amém!

sábado, 24 de dezembro de 2016

É Natal!


Eis o mistério da festa do Natal: nesta criança nascida para nós, Deus visitou o Seu povo, Deus entrou na humanidade! Que mistério tão profundo: Ele, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem verdadeiramente. Veio desposar a nossa condição humana, veio caminhar pelos nossos caminhos, veio experimentar a dor e a alegria de viver humanamente: amou com um coração humano, sonhou sonhos humanos, chorou lágrimas humanas, sentiu a angústia humana… Ele, Filho eterno do Pai, tornou-Se filho dos homens para salvar toda a humanidade, “tornou-se de tal modo um de nós, que nós nos tornamos eternos”!

Hoje, cumpriram-se as Escrituras: o Dia tão esperado brilhou no meio da noite. Hoje, “o povo, que andava na treva”, a humanidade perdida e confusa, “viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte”, para nós, que temos sempre de lutar contra tantas e tantas mortes, “uma luz resplandeceu”! Nesta Noite Santa, podemos comemorar, alegrarmo-nos como os que colhem depois do trabalho e do suor do plantio, por que algo inacreditável, algo que parece um sonho, um conto de fadas, nos aconteceu! Escutai, escutai: “Nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; Ele traz nos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim… a partir de agora e por todo sempre”! Eis a graça, a glória, o mistério desta Noite!

A Liturgia não evoca apenas os mistérios de Cristo, mas vive-os no presente. Cristo manifesta-se hoje, quando a Igreja, reunida, comemora os mistérios de Sua presença na história. Importa, pois, viver o nascimento de Cristo; importa ver como Cristo continua a nascer e manifestar-Se em nós e nos outros hoje. 

É preciso fazer-se pequenino para encontrar Jesus, diz Papa


HOMILIA
Santa Missa da noite na solenidade do Natal do Senhor
Sábado, 24 de dezembro de 2016


«Manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11). Estas palavras do apóstolo Paulo revelam o mistério desta noite santa: manifestou-se a graça de Deus, o seu presente gratuito; no Menino que nos é dado, concretiza-se o amor de Deus por nós.

É uma noite de glória, a glória proclamada pelos anjos em Belém e também por nós hoje em todo o mundo. É uma noite de alegria, porque, desde agora e para sempre, Deus, o Eterno, o Infinito, é Deus conosco: não está longe, não temos de O procurar nas órbitas celestes nem em qualquer ideia mística; está próximo, fez-Se homem e não Se separará jamais desta nossa humanidade que assumiu. É uma noite de luz: a luz, profetizada por Isaías e que havia de iluminar quem caminha em terra tenebrosa (cf. 9, 1), manifestou-se e envolveu os pastores de Belém (cf. Lc 2, 9).

Os pastores descobrem, pura e simplesmente, que «um menino nasceu para nós» (Is 9, 5) e compreendem que toda aquela glória, toda aquela alegria, toda aquela luz se concentram num único ponto, no sinal que o anjo lhes indicou: «Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Este é o sinal de sempre para encontrar Jesus; não só então, mas hoje também. Se queremos festejar o verdadeiro Natal, contemplemos este sinal: a simplicidade frágil dum pequenino recém-nascido, a mansidão que demonstra no estar deitado, a ternura afetuosa das fraldas que O envolvem. Ali está Deus.

Com este sinal, o Evangelho desvenda-nos um paradoxo: fala do imperador, do governador, dos grandes de então, mas Deus não Se apresentou lá; não aparece no salão nobre dum palácio real, mas na pobreza dum curral; não nos fastos ilusórios, mas na simplicidade da vida; não no poder, mas numa pequenez que nos deixa surpreendidos. E, para O encontrar, é preciso ir aonde Ele está: é preciso inclinar-se, abaixar-se, fazer-se pequenino. O Menino que nasce interpela-nos: chama-nos a deixar as ilusões do efêmero para ir ao essencial, renunciar às nossas pretensões insaciáveis, abandonar aquela perene insatisfação e a tristeza por algo que sempre nos faltará. Far-nos-á bem deixar estas coisas, para reencontrar na simplicidade de Deus-Menino a paz, a alegria, o sentido da vida.

Deixemo-nos interpelar pelo Menino na manjedoura, mas deixemo-nos interpelar também pelas crianças que, hoje, não são reclinadas num berço nem acariciadas pelo carinho duma mãe e dum pai, mas jazem nas miseráveis «manjedouras de dignidade»: no abrigo subterrâneo para escapar aos bombardeamentos, na calçada duma grande cidade, no fundo dum barco sobrecarregado de migrantes. Deixemo-nos interpelar pelas crianças que não se deixam nascer, as que choram porque ninguém lhes sacia a fome, aquelas que na mão não têm brinquedos, mas armas. 

Natal perene!


“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”.

Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!

O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”, a face da misericórdia do Pai.  

A origem da Missa do Galo


Para celebrar o nascimento de Jesus, a Missa do Galo foi instituída no século V, após o Concílio de Éfeso (431 d.C.), começando a ser celebrada, oficialmente, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, pelo o papa Sisto III.

É celebrada à meia-noite do dia 24 de dezembro. O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque, histórica e tradicionalmente, representa vigilância, fidelidade e testemunho cristão.

Nos primeiros séculos, as vigílias festivas eram dias de jejum. Os fiéis reuniam-se na igreja e passavam a noite rezando e cantando. A Igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e com tochas.

Na tradição católica cristã, todas as velas do Advento são acesas na Missa do Galo, para celebrar solenemente o nascimento do Messias, Jesus Cristo: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”!

O Natal é a única celebração do calendário litúrgico que contempla três celebrações Eucarísticas, mas a da noite reúne os aspectos históricos e humanos do nascimento de Cristo.

Hoje, tradicionalmente, depois da missa, as famílias voltam para suas casas, colocam a imagem do Menino Jesus no Presépio, realizam cânticos e orações em memória do Messias, filho de Deus, e confraternizam-se e compartilham a Ceia de Natal, com eventual distribuição de presentes. 

4ª Pregação do Advento 2016: “Encarnado por obra do Espírito Santo através da Virgem Maria”.


ENCARNADO POR OBRA DO ESPÍRITO SANTO
ATRAVÉS DA VIRGEM MARIA

1. Natal, um mistério "para nós"

Continuando nossas reflexões sobre o Espírito Santo, e dada a iminência do Natal, meditemos no artigo do credo que fala da obra do Espírito Santo na Encarnação. No credo, dizemos: "Para nós, homens e para a nossa salvação, desceu do céu, e pelo Espírito Santo se encarnou da Virgem Maria e se fez homem".

Santo Agostinho distinguiu duas maneiras de celebrar um evento na história da salvação: como um mistério (em Sacramento) ou como um simples aniversário. Na celebração de um aniversário, disse ele, precisamos apenas "indicar com uma solenidade religiosa o dia do ano em que a lembrança do próprio evento ocorre". Na celebração de um mistério, no entanto, "não só é a Comemorado, mas o fazemos de maneira que seu significado para nós seja compreendido e recebido devotadamente".

O Natal não é uma celebração na categoria de um aniversário. (Como sabemos, a escolha de 25 de dezembro como data foi escolhida por razões simbólicas e não históricas.) É uma celebração na categoria de um mistério que precisa ser entendida em termos de seu significado para nós. S. Leão, o Grande, já havia destacado o significado místico do "sacramento da Natividade de Cristo", dizendo: "Assim como fomos crucificados com ele em sua paixão, ressuscitados com Ele na sua ressurreição... Assim também nós nascemos junto com ele em sua Natividade."

A base de tudo isso é o acontecimento bíblico realizado de uma vez por todas em Maria: a Virgem se tornou a Mãe de Jesus pela ação do Espírito Santo. Este mistério histórico, como todos os eventos da salvação, é estendido num nível sacramental na Igreja e num nível moral na vida do crente individual. Maria, como a Virgem Mãe que gera Cristo pelo Espírito Santo, aparece como o "tipo", ou exemplar perfeito, da Igreja e do crente. Vamos ouvir um autor na Idade Média, o beato Isaac de Stella, resumir o pensamento dos Padres, a este respeito: 

Maria e a Igreja são uma mãe, ainda mais do que uma mãe; Uma virgem, mas mais do que uma virgem. Ambas são mães, ambas são virgens... Nas Escrituras inspiradas, o que é dito num sentido universal da Virgem Mãe, a Igreja, é entendido em um sentido individual da Virgem Maria... De certo modo, também se acredita que todo cristão é noiva da Palavra de Deus, mãe de Cristo, sua filha e irmã, ao mesmo tempo virginal e frutífera. 


Esta visão patrística foi trazida à luz pelo Concílio Vaticano II nos capítulos da constituição Lumen gentium dedicada a Maria. Em três parágrafos separados, o documento fala da Virgem Maria como modelo exemplar e modelo da Igreja (n. 63), que também é chamada a virgem e mãe na fé (n. Crente que, imitando a virtude de Maria, dá à luz e permite a Jesus crescer em seu coração e no coração de irmãos e irmãs (nº 65).

2. "Pelo Espírito Santo"

Vamos meditar ao lado sobre o papel de cada um dos dois protagonistas, o Espírito Santo e Maria, para buscar inspiração para o nosso próprio Natal. St. Ambrosio escreve: 

O nascimento da Virgem é a obra do Espírito... Não podemos duvidar que o Espírito é o Criador que conhecemos como o Autor da Encarnação do Senhor... Se a Virgem concebeu com Sua operação e poder do Espírito, quem negará o Espírito como Criador? 

Neste texto, Ambrósio interpreta perfeitamente o papel que o Evangelho atribui ao Espírito Santo na Encarnação, que o chama sucessivamente de "Espírito Santo" e "poder do Altíssimo" (Lc 1, 35). Ele é o "Espírito Criador" que age para trazer seres à existência (como em Gênesis 1,2), para criar uma nova e mais elevada forma de vida. É o Espírito que é "o Senhor, o que dá a vida", como proclamamos no mesmo credo. 

Aqui também, como no princípio, o Espírito cria "do nada", isto é, da total ausência de possibilidades humanas, sem necessidade de assistência ou apoio. E este "nada", este vazio, essa ausência de explicações e causas naturais, é chamada, neste caso, a virgindade de Maria. - Como será isso, já que não tenho marido? E o anjo lhe disse: O Espírito Santo virá sobre ti, eo poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; Por isso o filho a nascer será chamado santo, o Filho de Deus "(Lc 1, 34-35). Sua virgindade aqui é um sinal magnífico que não pode ser eliminado ou anulado sem rasgar todo o tecido do relato evangélico e seu significado. 

O Espírito que desceu sobre Maria é, então, o Espírito Criador que milagrosamente formou a carne de Cristo da Virgem. Mas há ainda mais. Além de ser o "Espírito Criador", ele é também para Maria "fons vivus, ignis, carita, / et spiritalis unctio", "fonte de vida e fogo de amor e doce unção de cima". O mistério torna-se enormemente empobrecido se Ela é reduzida apenas à sua dimensão objetiva, às suas implicações dogmáticas (dualidade da natureza, unidade da pessoa), enquanto negligencia seus aspectos subjetivos e existenciais.

São Paulo fala de "uma carta de Cristo entregue por nós, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de corações humanos" (2 Cor 3, 3). O Espírito Santo escreveu esta maravilhosa carta que é Cristo, acima de tudo, no coração de Maria, para que, como diz Agostinho, Cristo "permanecesse na mente de Maria na medida em que é verdade, foi carregado no seu ventre enquanto homem". Dizendo também: "Maria concebeu Cristo primeiro em seu coração e depois em seu corpo" (prius conceit mente quam corpore) significa que o Espírito Santo trabalhou no coração de Maria, iluminando-o e inflamando-o com Cristo antes mesmo de encher Seu ventre com Cristo.

Somente os santos e místicos que tiveram uma experiência pessoal da erupção de Deus em suas vidas podem nos ajudar a entender o que Maria deve ter experimentado no momento da Encarnação da Palavra em seu ventre. Um deles, São Boaventura, escreve:

Quando ela deu seu consentimento a ele, o Espírito Santo veio sobre ela como um fogo divino inflamando sua alma e santificando sua carne em perfeita pureza. Mas o poder do Altíssimo a ofuscou (Lucas 1:35) para que ela pudesse suportar tal fogo... Oh, se você pudesse sentir de alguma forma a qualidade e intensidade desse fogo enviado do céu, a frieza refrescante que a acompanhava, o consolo que ela proporcionava; Se você pudesse perceber a grande exaltação da Virgem Mãe, o enobrecimento da raça humana, a condescendência da majestade divina,... Então estou certo de que cantaria em tom doce com a Santíssima Virgem aquele hino sagrado: Minha alma glorifica ao Senhor.

A Encarnação foi vivida por Maria como um evento carismático do mais alto grau que fez dela o modelo de uma alma que está "resplandecente com o Espírito" (Rom 12:11). Era seu Pentecostes. Muitas das ações e palavras de Maria, especialmente no relato de sua visita a Santa Isabel, não podem ser compreendidas a menos que as vejamos à luz de uma experiência mística incomparável. Tudo que vemos operando visivelmente em alguém que é visitado pela graça (amor, alegria, paz, luz) devemos reconhecer em medida única em Maria na Anunciação. Maria foi a primeira a experimentar "a intoxicação sóbria do Espírito" de que falei na última vez, e seu "Magnificat" é a melhor evidência disso.

É, no entanto, uma intoxicação "sóbria", humilde. A humildade de Maria após a Encarnação nos parece como um dos maiores milagres da graça divina. Como Maria foi capaz de suportar o peso desse pensamento: "Você é a Mãe de Deus! Você é a mais alta de todas as criaturas!"? Lúcifer não era capaz de lidar com essa tensão de forma justa e, apanhado pela cabeça de sua própria estatura elevada, foi derrubado. Não é assim Maria. Ela permanece humilde, modesta, como se nada tivesse acontecido em sua vida para o qual ela pudesse fazer qualquer afirmação. Em certa ocasião, o Evangelho nos mostra-nos no ato de suplicar aos outros, até mesmo pela oportunidade de ver seu Filho: "Sua mãe e seus irmãos", dizem a Jesus, "estão de pé, desejando vê-lo" (Lc 8,20).